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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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mais nem menos aquelas que são comuns a to<strong>da</strong> a humani<strong>da</strong>de,<br />

tais como os “conceitos de hibridismo, não-exclusivismo, multiplici-<br />

<strong>da</strong>de, transgressivi<strong>da</strong>de, não-identi<strong>da</strong>de, abertura ao Outro, a disse-<br />

minação <strong>da</strong> diferença e o resto dessa litania familiar.”<br />

32. Robert Young, em “Ideologies and the Postcolonial”, editorial do<br />

primeiro número de Interventions (1998), reconhece Edward<br />

Said com o seu Orientalism(1978) como fun<strong>da</strong>dor dos estu-<br />

dos pós-coloniais modernos. Sendo um defensor do movimento,<br />

Young não deixa de assinalar que o “pós-colonialismo oferece mais<br />

uma visão política do que uma metodologia teórica coerente.” E, to-<br />

<strong>da</strong>via, as questões <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de, centrais no pós-colonialismo<br />

atual, na<strong>da</strong> interessavam a Said :”´Identity´bores me, I am simply<br />

not interested in defending ´identity´.”<br />

33. Talvez, seja essa ausência duma metodologia clara, nos estudos<br />

pós-coloniais, que tenha levado Said, em entrevista a John Hi-<br />

ggins para a Pretext: literary and cultural studies, vol. 10, nº 2 ,<br />

2001, a pôr o dedo na feri<strong>da</strong> <strong>da</strong> crise dos estudos humanísticos na<br />

universi<strong>da</strong>de do nosso <strong>tem</strong>po: “O que é muito mais importante do<br />

que a lenta aprendizagem de competências de alta literacia é a mestria<br />

dum sis<strong>tem</strong>a filosófico e alguma espécie de desenvolvimento concetual<br />

desse sis<strong>tem</strong>a quase inacessível. É isso que as pessoas associam à profun-<br />

di<strong>da</strong>de. Eu tenho assistido a conferências por estrelas acadêmicas nessa<br />

espécie de sis<strong>tem</strong>a de pensar. Eles falam uma língua que eu não consi-<br />

go entender e, de alguma forma, isso atrai para eles mais estu<strong>da</strong>ntes,<br />

exatamente porque não se consegue entender. Tudo isso parece residir<br />

na ideia de que se não podemos entender, então, é porque é profundo.”<br />

34. Passar-se-á o mesmo com a mais recente dimensão dos estu-<br />

dos pós-coloniais que dá pelo nome de “estudos subalternos”, cujo<br />

conceito, como nos informa José Rabasa, foi cunhado por Ra-<br />

najit Guha, a propósito <strong>da</strong> pós-coloniali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Índia, donde<br />

A Pesquisa Empírica como instrumento de • 293<br />

comunicação científica • 293

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