12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de cultural a que está associado o <strong>tem</strong>a do hibridis-<br />

mo, “muito popular no nosso <strong>tem</strong>po nas discussões pós-coloniais <strong>da</strong>s<br />

identi<strong>da</strong>des coloniais”, mas que para ele “é de alguma forma trivial<br />

na sua generali<strong>da</strong>de, pois que é possível argumentar, analogamente<br />

ao caso do colonialismo, que to<strong>da</strong> a identi<strong>da</strong>de humana é híbri<strong>da</strong>,<br />

porque culturas e civilizações foram colonizando e hibridizando as<br />

suas populações ao longo dos <strong>tem</strong>pos.”<br />

29. Dirlik concor<strong>da</strong>, portanto, com Achille Mbembe para quem a<br />

“<strong>tem</strong>ática do anti-imperialismo está exausta”. Deveremos, por isso,<br />

acrescentar que a problemática do pós-colonialismo também<br />

está exausta. Escreve Dirlik : “a problemática do nacionalismo ra-<br />

dical anticolonial <strong>da</strong>s déca<strong>da</strong>s próximas <strong>da</strong> descolonização e a proble-<br />

mática <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de cultural, que <strong>tem</strong> dominado o recente pensa-<br />

mento pós-colonial, que revelou as contradições do pós-colonialismo<br />

mais <strong>tem</strong>prano, mas parece incapaz de produzir alguma coisa mais do<br />

que crescentes litanias formulaicas acerca de fronteiras e hibridismos.”<br />

30. As teorias pós-coloniais têm ain<strong>da</strong> um outro crítico implacável<br />

em Terry Eagleton que, em “Postcolonialism and ´Postcolonia-<br />

lism´”, enuncia, ironicamente, como regras dum manual secreto<br />

para teórico aspirando ao pós-colonial as seguintes: “1ª Seja tão<br />

obscurantista quanto possa ser decen<strong>tem</strong>ente para sair com ou sem o<br />

que escreveu absolutamente não-lido; 2ª Comece o seu ensaio por pôr<br />

em questão to<strong>da</strong> a noção de pós-colonialismo”. E isso para que se veja<br />

a lamentável inadequação desse termo, “porque é uma maneira eu-<br />

rocêntrica de olhar e uma forma pós-modernista de se ocupar de tudo<br />

o que exista a sul de Palermo, porque sugere que tudo, numa socie<strong>da</strong>de<br />

‘pós-colonial’, é pós-colonial no sentido de que tudo colorido de<br />

verde é verde, e por aí fora.”<br />

31. Eagleton, de forma mais irônica, conclui que, afinal, as especi-<br />

fici<strong>da</strong>des do objeto de estudo do pós-colonialismo não são nem<br />

292 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!