12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

subjetivi<strong>da</strong>de e acção do colonizado, assim replicando, textualmente,<br />

as operações repressivas do colonialismo.”<br />

27. Aijaz Ahmad, crítico também <strong>da</strong>s teorias pós-coloniais, nota que<br />

nelas “o colonialismo torna-se numa coisa trans-histórica, sempre<br />

presente e sempre em processo de dissolução numa parte do mundo ou<br />

noutra, para que ca<strong>da</strong> um tenha o privilégio, mais cedo ou mais tarde,<br />

de ser colonizador, colonizado e pós-colonial”. E, to<strong>da</strong>via, como bem<br />

notou Benita Parry, Bhabha insiste, nos seus escritos, na ambi-<br />

valência e no hibridismo como formas subjetivas pós-colonais;<br />

mas não há, estranhamente, nos seus textos quaisquer referênên- cias ao crioulo ou ao mestiço, cuja similari<strong>da</strong>de com as suas teo-<br />

rias é evidente. Essa é uma <strong>da</strong>s razões por que Arif Dirlik acusa<br />

Bhabha de “mestre <strong>da</strong> mistificação política e <strong>da</strong> ofuscação teórica.” A<br />

outra razão é o seu jargão linguístico, tantas vezes incompreensí-<br />

vel pelo propositado hermetismo, designa<strong>da</strong>mente nos estudio-<br />

sos dos “subaltern studies”, que é outra <strong>da</strong>s vertentes dos estudos<br />

pós-coloniais, nasci<strong>da</strong> especialmente na Índia. Outra <strong>da</strong>s razões<br />

prende-se com a manifesta incompreensão, para não dizer ig-<br />

norância, com que alguns “estudiosos” do pós-colonial falam do<br />

colonialismo e <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des coloniais, o que levou Jasper Goss<br />

a chamá-los de “descolonizadores de sofá” (armchair decolonisers).<br />

28. Como escreve Dirlik, em “Rethinking Colonialism” (Interven-<br />

tions, vol. 4(3) 428-448, 2002), “colonialismo é também um termo<br />

muito complicado e vago. O colonialismo diferiu, historicamente, con-<br />

forme não só o colonizador, mas mesmo mais importan<strong>tem</strong>ente con-<br />

forme o colonizado. Ele não levou às mesmas consequências por todo o<br />

lado e, dentro <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des de indivíduos, classes diferentes, gêneros<br />

e etnici<strong>da</strong>des sentiram os seus efeitos, e relataram-nos, diferen<strong>tem</strong>en-<br />

te.” Essa é uma <strong>da</strong>s razões por que Dirlik desvaloriza a questão<br />

central <strong>da</strong> crítica pós-colonial con<strong>tem</strong>porânea, isto é, a questão<br />

A Pesquisa Empírica como instrumento de • 291<br />

comunicação científica • 291

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!