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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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Lisboa ou nos arredores de Paris. O terceiro mundo, portanto,<br />

morreu com o fim <strong>da</strong> Guerra Fria, mas tinha começado já a mor-<br />

rer com a descolonização, o que só demonstra a vacui<strong>da</strong>de do<br />

conceito e a circunstanciali<strong>da</strong>de de que estava ferido.<br />

24. Por to<strong>da</strong>s essas variantes de análise do fenômeno colonial, as<br />

teorias pós-colonais ressen<strong>tem</strong>-se de algum monocordismo. No<br />

estudo de Goss, já citado, dá-se conta de alguns importantes<br />

pontos de vista críticos sobre o pós-colonial, que parece tender<br />

ca<strong>da</strong> vez mais para “um mero jargão”, usado, segundo McClinto-<br />

ck, para “o marketing de to<strong>da</strong> uma nova geração de painéis, artigos,<br />

livros e cursos” ou, como prefere, G. Eley, para uma “orgia de re-<br />

flexivi<strong>da</strong>de”.<br />

25. Goss insiste em que “o pós-colonialismo, como conceito, tornou-se<br />

mo<strong>da</strong> e, na linha de outros “pós” (tais como pós-industrial ou pós-<br />

-feminismo), parece ser de uso particular em estudos textuais (como<br />

Bhabha, Spivak e Said o demonstraram). Contudo, a teoria do pós-<br />

-colonialismo é, no melhor, uma amálgama de elementos profun-<br />

<strong>da</strong>mente confundintes, retirados <strong>da</strong> crítica literária, <strong>da</strong> história e<br />

<strong>da</strong> filosofia.” Parece que Bhabha e Spivak, entre outros, foram<br />

a Derri<strong>da</strong> buscar a máxima de que “na<strong>da</strong> existe fora do texto” e<br />

converteram-na em “na<strong>da</strong> mais existe a não ser o texto”. Nessa<br />

acepção, to<strong>da</strong>s as relações (coloniais, pessoais, institucionais etc.)<br />

só têm sentido como relações textuais.<br />

26. Benita Parry argumenta que, nessa perspetiva, “no interesse de<br />

estabelecer a autarcia do significante o acontecimento narrado é exis-<br />

tencialmente diminuído”. Por isso, Henry Louis Gates conclui<br />

que a teoria pós-colonial criou o seu duplo dilema, já que pode<br />

escolher-se entre “promover o nativo discursivamente…reduzindo<br />

o papel <strong>da</strong> violência epistémica (e literal) do colonialismo; ou real-<br />

çando a natureza absoluta <strong>da</strong> dominação colonial, pela negação <strong>da</strong><br />

290 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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