12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

isto é, a formulação de um discurso com propósito de manifestar<br />

a ciência, o saber, semanticamente ancorado no étimo latino sci-<br />

re, por seu turno, filiado à raiz indoeuropeia skei-, que quer dizer<br />

“cortar, separar”. Ter ciência de alguma coisa significa, portanto,<br />

ser capaz de recortar no <strong>tem</strong>po e de separar no espaço a comple-<br />

xi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, tornando-a acessível por um discurso metó-<br />

dico de legibili<strong>da</strong>de gramaticalmente garanti<strong>da</strong>.<br />

7. Esse exercício de recortar, de separar, será mais fácil nas cha-<br />

ma<strong>da</strong>s ciências exatas, geofísicas e bioquímicas do que nas cha-<br />

ma<strong>da</strong>s ciências humanas, obviamente de natureza discursiva não<br />

exclusivamente <strong>empírica</strong>. Bem sabemos que essa dicotomia clas-<br />

sificatória <strong>da</strong>s ciências não é isenta de controvérsia, como pode se<br />

verificar, por exemplo, numa obra tão interessante quanto útil es-<br />

crita por Dennis Flanagan, Flanagan’s Version. A Spectator’s Guide<br />

to Science on the Eve of the 21st Century, fun<strong>da</strong>dor e diretor por 37<br />

anos <strong>da</strong> prestigia<strong>da</strong> Revista Scientific America, na qual o autor afir-<br />

ma, com desassombro, que “as ciências são to<strong>da</strong>s humani<strong>da</strong>des”.<br />

Nessa obra e, no mesmo sentido dessa asserção, Flanagan conta<br />

um episódio em que Einstein, perguntado por que razão a física<br />

havia progredido tanto e as ciências sociais tão pouco, terá respon-<br />

dido: “A física é muito mais simples do que as ciências sociais”.<br />

8. A maior complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ciências sociais fica, naturalmente, a<br />

dever-se à sua forte componente <strong>empírica</strong>, à <strong>tem</strong>eri<strong>da</strong>de do mé-<br />

todo indutivo, devi<strong>da</strong> à multiplici<strong>da</strong>de de ângulos de observação<br />

e à subjetivi<strong>da</strong>de tivi<strong>da</strong>de presente na produção de enunciados que, to<strong>da</strong>-<br />

via, pretendem ser objetivos.<br />

9. É sobretudo no meio <strong>da</strong>s ciências <strong>empírica</strong>s que se movem e se<br />

alimentam as designa<strong>da</strong>s ciências <strong>da</strong> informação e <strong>da</strong> comunica-<br />

ção, <strong>da</strong>s quais o jornalismo é expressão socialmente mais valori-<br />

za<strong>da</strong>, desde que alicerça<strong>da</strong> numa gramática <strong>da</strong> comunicação que<br />

A Pesquisa Empírica como instrumento de • 285<br />

comunicação científica • 285

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!