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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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poderia se aconselhar com o físico.” 39 Com efeito, McLuhan sugeria que<br />

a obra de Innis era fun<strong>da</strong>cional pelo seu próprio projeto de usar o estu-<br />

do <strong>da</strong> comunicação para encontrar um solo comum entre pessoas que<br />

tinham interesses e especiali<strong>da</strong>des totalmente variáveis. 40 Ain<strong>da</strong>, assim, é<br />

contestável que Innis partilhasse dessa visão. Diferen<strong>tem</strong>ente <strong>da</strong> noção<br />

de um “monopólio do conhecimento” de Innis, o elemento de poder está<br />

visivelmente ausente <strong>da</strong> concepção de McLuhan <strong>da</strong> teoria e <strong>da</strong> prática <strong>da</strong><br />

comunicação, que envolve tornar explícito o discurso compartilhado por<br />

vários interesses cognitivos. Entretanto, para Innis, as diferenças de poder<br />

eram fun<strong>da</strong>mentais, era apenas por meio de conflitos políticos planejados,<br />

dirigidos <strong>da</strong>s margens para o centro, que a mu<strong>da</strong>nça poderia ocorrer. 41<br />

O que emerge do exame dos escritos, amplamente negligenciados de<br />

Innis sobre comunicação, é uma concepção do trabalho na área que está<br />

39. McLuhan, “The Later Innis,” 393-394.<br />

40. A rede que McLuhan sugeriu a Innis, em sua carta de março de 1951, se base-<br />

ava neste projeto. Ele também elaborou o que tinha em mente numa carta a Ezra<br />

Pound no início do ano: “Minha ideia... é enviar algumas folhas a 30 - 40 pessoas<br />

sérias... e deixá-las re<strong>da</strong>tilografar e passar essas folhas a alguém que conheçam e/<br />

ou receber comentários, idiogramas, etc. O objetivo dessas folhas é disseminar a<br />

intercomunicação nos diversos âmbitos. Para abrir os olhos e ouvidos dos físicos,<br />

antropólogos, historiadores, etc., para os desenvolvimentos relevantes nas artes.<br />

McLuhan a Pound, 5 de janeiro de 1951, in Molinaro, McLuhan, Toye, Letters<br />

of Marshall McLuhan, 218.<br />

41. Isso se alinha à observação de James Carey de que “a compreensão <strong>da</strong> tradição<br />

oral [de McLuhan] (uma compreensão muito distinta <strong>da</strong> de Innis) é profun<strong>da</strong>-<br />

mente informa<strong>da</strong> por um sentido litúrgico do canto e <strong>da</strong> memória mais que pela<br />

discussão e o debate.” O mundo pré-letrado que ele almejava era um mundo<br />

litúrgico e não político. Carey, “Marshall McLuhan: Genealogy and Legacy,” 83.<br />

278 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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