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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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cultura, ciência política, bem como política econômica. Eles demonstram<br />

que o conceito de comunicação de Innis não podia ser reduzido a uma<br />

forma de matéria-prima midiática, mas poderia ser considerado mais<br />

como um processo interativo, associado de modo inerente ao crescimen-<br />

to <strong>da</strong> civilização, à emergência <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong>des e ao advento de novas<br />

formas de público. Sem dúvi<strong>da</strong>, Innis estava muito atento à importân-<br />

cia do alcance <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des tecnológicas <strong>da</strong>s mídias; mas, repeti<strong>da</strong>-<br />

mente, enfatizou o alcance em que outros fatores eram constitutivos do<br />

processo de comunicação. Por exemplo, como observou em relação aos<br />

jornais: “O impacto <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça tecnológica na imprensa modificou-se<br />

não apenas com as grandes revoluções na impressão, confecção do papel,<br />

coleta <strong>da</strong>s notícias e distribuição dos jornais; mas, também, com as ca-<br />

racterísticas <strong>da</strong> organização por meio <strong>da</strong> qual esses processos eram reali-<br />

zados.” Ao examinar o desempenho dessas proprie<strong>da</strong>des, Innis enfatizou<br />

a importância de aspectos “que não eram a matéria-prima” <strong>da</strong> imprensa,<br />

como o controle <strong>da</strong> imprensa pelo impressor (e, mais tarde, editor), a in-<br />

fluência exerci<strong>da</strong> pelo jornalista e editor e a “construção <strong>da</strong> boa vontade”<br />

que tornou possível a propagan<strong>da</strong>, a “expansão <strong>da</strong>s notícias na primei-<br />

ra página” e “o desenvolvimento <strong>da</strong>s manchetes”. 33 As mídias, tal como<br />

discutido aqui, vão muito além <strong>da</strong>s “matérias-primas econômicas” que<br />

McLuhan afirmava serem o ponto central <strong>da</strong> obra de Innis na história<br />

<strong>da</strong>s comunicações. Elas, também, tinham pouco em comum com a hipó-<br />

tese de McLuhan de que o aspecto mais importante <strong>da</strong>s matérias-primas<br />

midiáticas era como elas afetavam os sentidos humanos e a consciência<br />

por meio <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des materiais. Innis sugeriu que as características<br />

essenciais dos jornais eram deriva<strong>da</strong>s, sobretudo, dos processos sociais e<br />

culturais mais que <strong>da</strong>s matérias-primas midiáticas per se.<br />

33. Harold Innis. “The Newspaper in Economic Development,” in Political<br />

Economy in the Modern State (Toronto: University of Toronto Press, 1946),<br />

15-16.<br />

274 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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