12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

McLuhan (1911 - 1980) é objeto de inúmeras comemorações e releitu-<br />

ras críticas ou ditirâmbicas para avaliar o alcance de sua contribuição em<br />

diversos âmbitos disciplinares e, particularmente, nas ciências <strong>da</strong> comuni-<br />

cação. Paradoxalmente, parece que, se a história <strong>da</strong> comunicação tornou-<br />

-se um âmbito de <strong>pesquisa</strong> independente foi, ao mesmo <strong>tem</strong>po, graças e<br />

apesar dos trabalhos de McLuhan (HYER, 1989). Eis a ambivalência <strong>da</strong><br />

recepção <strong>da</strong> obra do autor canadense. Elogia<strong>da</strong>s, durante os anos de 1960,<br />

abandona<strong>da</strong>s no fim de sua vi<strong>da</strong>, as ideias de McLuhan retornariam com<br />

força nos anos 1990. O entusiasmo pelo pós-estruturalismo desempenha-<br />

ria um papel importante nesse sentido. Ao desconstruir e problematizar a<br />

objetivi<strong>da</strong>de, o saber científico e a racionali<strong>da</strong>de, o pós-estruturalismo teria<br />

esgotado os argumentos dos detratores de McLuhan, permitindo que suas<br />

ideias adquirissem uma digni<strong>da</strong>de nova no âmbito científico realizando,<br />

a título póstumo, um retorno em força plena (WILMOTT, 1996). No<br />

início dos anos 1960, sua notorie<strong>da</strong>de mun<strong>da</strong>na e midiática conheceu um<br />

desenvolvimento importante, a ponto de preceder sua recepção científica<br />

e de desviá-la consideravelmente. Caricaturado e reduzido a dois aforis-<br />

mos simplistas 2 (“o meio é a mensagem” e a “aldeia global”), auxiliado por<br />

um sentido agudo <strong>da</strong> fórmula, mas prejudicado por um estilo aforístico<br />

hermético, a posteri<strong>da</strong>de de McLuhan não é, de modo algum, fácil de<br />

avaliar, pois as toma<strong>da</strong>s de posição estão essencialmente entrincheira<strong>da</strong>s,<br />

apesar de certas tentativas de nuançar a proposta (ROSENTHAL, 1969).<br />

2. Jeffrey (1989) considera que McLuhan é estereotipado e utilizado como um<br />

espantalho por ser um tecnodeterminista. Para ele, não se faz justiça ao pensa-<br />

mento de McLuhan remetendo-o a esses dois clichês. O trabalho de McLuhan<br />

em The Gutenberg Galaxy se inscreveria na tradição de <strong>pesquisa</strong> antiga à qual<br />

ele trouxe sua própria contribuição: “Os detalhes variam, mas todos veriam o<br />

descolamento na organização cultural e cognitiva humana <strong>da</strong> orali<strong>da</strong>de para o<br />

letramento como fun<strong>da</strong>mental para a compreensão <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças históricas na<br />

organização social” (4).<br />

202 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!