12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> do Lobo Mau?<br />

<strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de<br />

Virginia Woolf ?<br />

<strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de<br />

Pesquisa Empírica ?<br />

Foi na Mesopotâmia, literalmente região entre<br />

rios de água potável, terra fertilíssima ladea<strong>da</strong><br />

pelo elemento primordial Água que nasce a nossa<br />

história e a História nas primeiras representações<br />

verbais escritas nos relatos do que teria acontecido<br />

aos nossos antepassados recriados pela mão<br />

de quem vivenciou os fatos, fictícios ou não. Isso<br />

não importa! Da<strong>da</strong> a importância de não apenas a<br />

aquisição <strong>da</strong> competência de manipular os símbolos<br />

agora pictóricos nos maravilhar como também<br />

a capaci<strong>da</strong>de de sua utilização para construir mitos.<br />

Por suas narrativas somos informados, não mais sem<br />

registro, que ali vicejaram civilizações que abraçaram<br />

o Céu e seus corpos luminosos como a primeira<br />

fonte do Conhecimento que vislumbra a deseja<strong>da</strong><br />

Eterni<strong>da</strong>de ante o aprendizado amargo <strong>da</strong> finitude<br />

humana e a transitorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Se o primeiro<br />

círculo <strong>da</strong> abóbo<strong>da</strong> celeste é traçado pela trajetória<br />

dos deuses – Sol e Lua – semoventes e grandes e fortes<br />

e constantes, por outro lado, é o quarto e último<br />

círculo que foi escolhido pelos homens como o lugar<br />

<strong>da</strong> mora<strong>da</strong> dos outros deuses junto ao deus maior,<br />

apenas entrevistos ou sonhados.<br />

Em contraposição à condição humana é lá no chamado<br />

Empíreo, locus onde os deuses permanecem<br />

misturados e confundidos com as estrelas brilhantes<br />

e perenes que os humanos devem almejar habitar<br />

a dividirem com elas a primeira quali<strong>da</strong>de<br />

atribuí<strong>da</strong> aos deuses – a Onipresença que a eles<br />

confere a Imortali<strong>da</strong>de. A segun<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de – a<br />

Onipotência, foi facilmente deduzi<strong>da</strong> bem anteriormente<br />

justo pela força dos habitantes do primeiro<br />

círculo que tudo pode crestar ou aliviar ou<br />

mu<strong>da</strong>r com sua luz. E é dessa força – a LUZ - que<br />

a eles sob forma de estrelas luminosas foi atribuído<br />

a terceira quali<strong>da</strong>de que por nos vigiar eternamente<br />

tudo sabem de nós, e a sua Sabedoria<br />

tudo observa, não havendo como deles fugir ou<br />

esconder pois é deles o Conhecimento... e também<br />

por na<strong>da</strong> haver que desconheçam ao possuir a sua<br />

Onisciência deriva<strong>da</strong> de sua luz eterna.<br />

Para sermos como os deuses e as estrelas, ou no mínimo<br />

a eles tentarmos nos igualar, é necessário que busquemos<br />

as três quali<strong>da</strong>des que definem a dei<strong>da</strong>de.<br />

Do Oriente soprou o vento que perambulando<br />

pelo caminho do sol consigo trouxe do antigo Iraque<br />

para as ilhas gregas e suas terras continentais<br />

o Conhecimento, e os gregos arcaicos cunharam<br />

uma palavra única que traduzisse os deuses.<br />

E eles criaram LOGOS que deles her<strong>da</strong>mos junto<br />

também à sua polissemia. Nós, ocidentais de formação<br />

ju<strong>da</strong>ico-cristã, a usamos em todos ou quase<br />

todos os seus sentidos possíveis... Para nós, dependendo<br />

<strong>da</strong> nuança pretendi<strong>da</strong>, ela pode significar:<br />

palavra, discurso, sabedoria, razão, conhecimento,<br />

luz, ciência... e por aí, adiante!<br />

Também de lá veio o ensinamento que para possuirmos<br />

a palavra e sua força devemos executar duas<br />

ações – Observar e Experimentar – que quando as<br />

realizamos somos conduzidos ao Empíreo. Vigorando<br />

para nós, simples mortais, a condição de nos tornarmos<br />

empiristas ou habitantes do espaço em que<br />

brilha a luz do conhecimento, imiscuídos aos deuses<br />

e as estrelas, na<strong>da</strong> mais é necessário do que abrirmos<br />

os nossos olhos e demais sentidos e não fugir<br />

quando chamados à ação <strong>da</strong>s experimentações.<br />

Através <strong>da</strong> via, sen<strong>da</strong>, vere<strong>da</strong>, caminho ou como<br />

querem os gregos – método - é que a <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong><br />

oferece levar o investigador ao Conhecimento.<br />

Sendo como é a Comunicação, um fenômeno<br />

eminen<strong>tem</strong>ente humano em virtude <strong>da</strong> separação<br />

dos homens dos outros seres vivos pela capaci<strong>da</strong>de<br />

de simbolização é que as <strong>pesquisa</strong>s comunicacionais<br />

<strong>tem</strong>-no prioritariamente como objeto. Historicamente,<br />

mesmo as ciências duras que exigem<br />

quantificação e redução do conhecimento em números<br />

para chegar à comprovação, quando se trata<br />

do objeto humano, se exige que o homem seja<br />

substituído por sucedâneos, como fez Mendel que<br />

lançou as bases gerais <strong>da</strong> Genética utilizando-se de<br />

flores - órgãos sexuais e reprodutores de ervilhas.<br />

É, por questões liga<strong>da</strong>s à ética, que condicionam<br />

que seja humano o uso dos seres humanos nas<br />

<strong>pesquisa</strong>s acadêmicas, no dizer de Norbert Wiener,<br />

que torna tão controversas as <strong>pesquisa</strong>s liga<strong>da</strong>s às<br />

células tronco e a utilização de embriões humanos.<br />

Esses arrazoados nos fazem crer ser correto afirmar<br />

que para o estudioso do campo <strong>da</strong> Comunicação<br />

a Pesquisa Empírica é seu melhor método, e<br />

nem há razão alguma de <strong>tem</strong>ê-la.<br />

Paulo B. C. Schettino<br />

Professor e Pesquisador do Mestrado em<br />

Comunicação e Cultura <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />

de Sorocaba - UNISO

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!