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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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Aqui também, devemos mencionar a implicação do historiador Innis<br />

no contexto de sua época, qual seja, o <strong>da</strong> primeira metade do século XX,<br />

quando o engajamento social dos intelectuais estava na ordem do dia.<br />

Assim, por exemplo, um dos fun<strong>da</strong>dores <strong>da</strong> escola dos Annales, Lucien<br />

Febvre, encorajava os jovens historiadores aos quais se dirigia no ano de<br />

1943 a participar dos debates de sua época:<br />

“Entre a ação e o pensamento, não há divisão. Não há barreiras. É<br />

necessário que a história deixe de lhes parecer uma necrópole sonolenta,<br />

onde passam apenas as sombras desprovi<strong>da</strong>s de substância. É necessá-<br />

rio que vocês inva<strong>da</strong>m os antigos palácios silenciosos onde ela dorme,<br />

animados para a luta e cobertos com a poeira do combate, do sangue<br />

coagulado do monstro vencido e que, ao abrir as janelas, reacendendo as<br />

luzes e recor<strong>da</strong>ndo o barulho, desper<strong>tem</strong> a vi<strong>da</strong> em vocês, sua vi<strong>da</strong> quente<br />

e juvenil, a vi<strong>da</strong> congela<strong>da</strong> <strong>da</strong> princesa que dorme... ” 5 .<br />

Esta implicação pessoal, esta participação no processo, está na ori-<br />

gem, segundo McLuhan, <strong>da</strong>s reticências manifesta<strong>da</strong>s por muitos leito-<br />

res dos livros de Innis: “A razão para as ‘dificul<strong>da</strong>des’ que muitas pessoas<br />

encontram na leitura de Innis decorre de seu interesse participativo em<br />

processos, mais que num ponto de vista. À medi<strong>da</strong> que se tornou mais<br />

familiarizado com os processos históricos desencadeados pela inovação<br />

tecnológica, estava ca<strong>da</strong> vez menos inclinado a moralizar” (p. VI). Como<br />

não ver nesse comentário, uma alusão às pretensões de McLuhan sobre<br />

a abor<strong>da</strong>gem global em oposição à dos pontos de vista particulares her-<br />

<strong>da</strong>dos pela era de Gutenberg, ao seu método de penetração nos objetos<br />

de análise (light through), ao de esclarecimento exterior <strong>da</strong>s abor<strong>da</strong>gens<br />

positivistas (light on)?<br />

Em terceiro lugar, McLuhan se esforça para apresentar Innis em rup-<br />

tura com o pensamento causal linear, que ele atribui ao método científico <strong>da</strong><br />

5. Febvre Lucien. Propos d’initiation: vivre l’histoire. In: Mélanges d’histoire so-<br />

ciale, N°3, 1943. p. 17<br />

Conhecimento empírico crítico: extensões de • 191<br />

McLuhan na comunicação • 191

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