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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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separados. O empiricismo representa um modus operandi que<br />

permite construção colaborativa em prol de compreensão<br />

compartilha<strong>da</strong>.<br />

Há que diferenciar, entretanto, o empirismo ingênuo do empirismo<br />

epis<strong>tem</strong>ologicamente informado. No primeiro caso, parte-se “do pressu-<br />

posto de que é possível a observação imediata e direta <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de feita<br />

por um observador despreconceituoso e imparcial”. Já o empiricismo não-<br />

-ingênuo leva em conta que “aquilo que um observador observa depende<br />

de sua experiência passa<strong>da</strong>, de seu conhecimento, de sua expectativa” e,<br />

sobretudo, no caso de uma <strong>pesquisa</strong>, deve-se considerar a dependência<br />

que esta <strong>tem</strong> de teorias adequa<strong>da</strong>s. (ROSSETTI, 2010, p. 75), de modo<br />

que o empírico não deve significar primazia sobre a teoria, muito menos<br />

ao invés <strong>da</strong> teoria. O contrário também é, muitas vezes, ver<strong>da</strong>deiro, pois<br />

“se a teoria estrutura e dá sentido ao <strong>da</strong>do empírico, por sua vez, este sele-<br />

ciona e regula o jogo <strong>da</strong>s teorias concorrentes” (MARTINO, 2010, p. 142).<br />

No seu artigo sobre “Panorama <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong> em comunica-<br />

ção”, Martino (ibid., p. 135-160), alerta para os diferentes usos e com-<br />

preensões do termo empírico. Apesar de diversi<strong>da</strong>de, <strong>tem</strong> predominado a<br />

compreensão vaga de que <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong> envolve coleta de <strong>da</strong>dos que,<br />

na comunicação, está atrela<strong>da</strong> à corrente norte-americana <strong>da</strong> Communi-<br />

cation Research, dos anos 1940.<br />

Ain<strong>da</strong>, segundo Martino (p. 144), em comunicação há dois usos dis-<br />

tintos do empírico, primeiramente, entendido como uma característica<br />

geral <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> científica. Esse uso está ligado à divisão <strong>da</strong>s ciências<br />

em formais e <strong>empírica</strong>s. O segundo uso refere-se apenas a um tipo de<br />

<strong>pesquisa</strong> científica. Esclarecedora é a tipologia <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong> pro-<br />

posta por Martino (ibid., p. 148-149), como se segue:<br />

(a) Pesquisa <strong>empírica</strong> em sentido forte, na qual “os <strong>da</strong>dos contri-<br />

buem estruturalmente para a produção do conhecimento”. Expli-<br />

cando: “se a teoria estrutura a observação, a observação regula a<br />

176 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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