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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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de tantos anos, coerência e fideli<strong>da</strong>de aos seus ideais – permite-me afirmar<br />

que as <strong>pesquisa</strong>s em comunicação, no Brasil, têm, sem dúvi<strong>da</strong>, acompanha-<br />

do pari passu a expansão <strong>da</strong> área.<br />

Penetrar mais profun<strong>da</strong>mente na veraci<strong>da</strong>de de tal afirmação implica-<br />

ria levantar <strong>da</strong>dos e proceder a uma <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>, algo que, no mo-<br />

mento, não tenho em mãos. Na falta de <strong>da</strong>dos conclusivos, nesta ocasião<br />

do lançamento do Prêmio Luiz Beltrão-2011, na ci<strong>da</strong>de de Recife, em<br />

que me honram com o convite para esta apresentação, optei por discorrer,<br />

reflexivamente, sobre o papel <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong> no contexto <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong><br />

científica em geral. Tomo, portanto, um caminho muito mais epis<strong>tem</strong>oló-<br />

gico do que propriamente empírico sobre a ênfase na <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong><br />

que me foi requeri<strong>da</strong>.<br />

2. As subdivisões <strong>da</strong>s ciências<br />

A tradição filosófica nos legou como eixo central a dimensão logo-<br />

-teórica do homem. Logos – discurso e theorein – con<strong>tem</strong>plação. Se-<br />

gundo Aquiles von Zuben (1994), “O primado <strong>da</strong> teoria remonta aos<br />

primórdios <strong>da</strong> filosofia grega, que afirmava a vi<strong>da</strong> con<strong>tem</strong>plativa como a<br />

mais eminente, a mais eleva<strong>da</strong>. A vi<strong>da</strong> con<strong>tem</strong>plativa prevalecia sobre a<br />

vi<strong>da</strong> prática. O saber foi, ao longo <strong>da</strong> história ocidental, identificado com<br />

um projeto teórico. Essa teoria se apresentava igualmente em um logos,<br />

um discurso racional.” Quando se interroga sobre o real, sobre sua es-<br />

sência, sua origem, seu fim, o homem fala. “Aristóteles o qualificou ‘zoon<br />

logon echon’, isto é, o homem é um ser falante, um ente de linguagem. A<br />

linguagem pressupõe to<strong>da</strong> questão e to<strong>da</strong> resposta. O saber é, então, uma<br />

logo-teoria, discurso e con<strong>tem</strong>plação”. Essa foi a característica do saber<br />

clássico. “Pela natureza teorética impôs-se o privilégio absoluto do olhar,<br />

<strong>da</strong> visão” (Theorein). Isso assim se deu até o nascimento <strong>da</strong> ciência mo-<br />

derna, quando o saber, a partir de Descartes, dividiu-se em duas esferas, a<br />

<strong>da</strong> filosofia, de um lado, e a <strong>da</strong> ciência, de outro. Com suas principais ca-<br />

170 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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