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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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Segundo Bourdieu, a reali<strong>da</strong>de social é forja<strong>da</strong> por dois aspectos <strong>da</strong><br />

História: a história que se faz corpo ou subjetiva, denomina<strong>da</strong> habitus e<br />

a história objetiva sob a forma de lugares, instituições, rituais, objetos...<br />

é denomina<strong>da</strong> de estruturas sociais. 22 Para que exista um campo social,<br />

é preciso haver um capital em disputa, o que torna a presença de agentes<br />

ou atores sociais com posições diferencia<strong>da</strong>s, com os estatutos desses<br />

atores tendo um “valor” variável. Esse espaço social pode ser uma esco-<br />

la, um escritório, um partido político, um jornal...<br />

A reali<strong>da</strong>de social evolui e a “história se faz coisa” e se transforma<br />

em campos sociais, que são esferas que podem adquirir, aos poucos,<br />

uma certa autonomia. Assim, os campos sociais podem, através de um<br />

processo de autonomia, livrar-se <strong>da</strong> influência de outros campos. Tor-<br />

nando-se um campo com forte grau de autonomia, ele poderá dominar<br />

ou ter influência sobre outros campos sociais. O grau de autonomia de<br />

um campo varia segundo as épocas, a tradição nacional, regional... Por<br />

exemplo, o campo de produção jornalístico francês não é o mesmo do<br />

brasileiro. Da mesma forma, hoje, <strong>tem</strong>os um campo jornalístico que é<br />

diferente <strong>da</strong>quele que tínhamos nos anos 40.<br />

Exis<strong>tem</strong> três momentos de análise de um campo. Em primeiro lugar,<br />

é importante saber a posição do campo estu<strong>da</strong>do em questão em relação<br />

ao campo do poder, com o qual ele está numa relação macro e micro-<br />

cosmo. Por exemplo, para estu<strong>da</strong>r o jornalismo regional, uma primeira<br />

análise pode ser feita em relação à imprensa nacional e em relação aos<br />

outros campos sociais (político, econômico...). É importante saber como<br />

se dá a ressonância <strong>da</strong> influência, segundo seu grau de autonomia. Em<br />

segundo lugar, é necessário conhecer as estruturas internas de um cam-<br />

po social. Essa etapa é a identificação <strong>da</strong> “regra” do jogo, <strong>da</strong> divisão de<br />

recursos específicos do campo em questão. Em terceiro e último lugar,<br />

22. BOUDIEU, P. “Espace social et pouvoir symbolique, in Choses dites, Paris, Les<br />

Editions de Minuit, 1987.<br />

164 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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