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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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sobre o mercado <strong>da</strong>s teorias, em algumas frentes. Em primeiro lugar, as<br />

matérias significantes abarcam matérias linguísticas e não-linguísticas,<br />

fazendo com que o contrato de leitura não fosse prisioneiro de uma aná-<br />

lise puramente linguística. Em segundo lugar, essa abor<strong>da</strong>gem deixava<br />

para trás a perspectiva ilusionista do “além” (au-delà), tendo marcado<br />

bastante a análise dos discursos, que era ti<strong>da</strong> como uma extensão <strong>da</strong> aná-<br />

lise linguística. (Ao contrário, o funcionamento discursivo socialmente<br />

relevante está constan<strong>tem</strong>ente borrando as fronteiras impostas por cer-<br />

tas análises que primam por um só tipo de matéria, no caso, a matéria<br />

verbal). 15 Por último, a perspectiva do contrato de leitura começa assina-<br />

lar a presença de sujeitos extradiscursivos na sua análise de discurso. O<br />

leitor inicia um processo, no qual ele deixa de ser um simples “fantasma”<br />

mergulhado somente no interior <strong>da</strong>s tramas discursivas.<br />

3.2. Do contrato de comunicação<br />

Observando a presença dos jornais no interior <strong>da</strong> relação proposta<br />

pela empresa de comunicação em relação aos seus leitores e não-leitores,<br />

percebe-se que essa relação ultrapassava as fronteiras do produto, isto é,<br />

do suporte imprensa pelo viés de suas estratégias e estruturas discursivas.<br />

O contrato proposto pelos jornais é regido também pela presença de su-<br />

jeitos extradiscursivos, sobretudo do jornal na inserção na esfera pública.<br />

O contrato de leitura é, assim, um dos ‘contratos’ propostos pelos jornais,<br />

ou melhor, parte de uma relação contratual que extrapola as dimensões<br />

de uma análise do dispositivo de enunciação e de uma consulta junto aos<br />

leitores e não-leitores.<br />

Nessa proposta metodológica, contrato de comunicação, busca-se<br />

assentar sobre dois domínios aparen<strong>tem</strong>ente distantes: de um lado, a<br />

15. VERON, E., “Matière linguistique e analyse des discours (pièce à conviction),<br />

in Langage et société, n° 28, Paris, juin, 1984,<br />

158 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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