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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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Em nenhum dos casos a comunicação é vista como disciplina cienti-<br />

fica: ela é menos ou é mais. Tal convergência deve ser leva<strong>da</strong> em conside-<br />

ração para nossa reflexão sobre o <strong>da</strong>do empírico, porque essas posições,<br />

eviden<strong>tem</strong>ente, esvaziam a questão de <strong>pesquisa</strong>s <strong>empírica</strong>s em comunicação.<br />

Temos aí as condições para que grande parte <strong>da</strong>s <strong>pesquisa</strong>s de nossa área<br />

apareça sob o dilema: ou são <strong>empírica</strong>s, porque na ver<strong>da</strong>de são <strong>pesquisa</strong>s<br />

de outras disciplinas (o processo de comunicação é o empírico, mas não<br />

é o elemento teórico); ou são de comunicação, mas já não seria mais válido<br />

falar de “<strong>da</strong>do empírico”, porque a comunicação é fun<strong>da</strong>mento último<br />

de todos os fenômenos humanos, ela deixa de ser um processo empí-<br />

rico. De qualquer forma, o processo de comunicação não desempenha<br />

nenhuma função na explicação do fenômeno, ele é a essência por detrás<br />

dos fenômenos ou coincide com a própria manifestação genérica destes.<br />

Estaríamos, então, no registro <strong>da</strong> filosofia.<br />

Essas compreensões do <strong>da</strong>do empírico expressam o curioso movi-<br />

mento que faz oscilar o status do saber comunicacional, que vai <strong>da</strong> sim-<br />

ples inexistência ao imperialismo absoluto. Mas, deixam sem sentido a<br />

questão de <strong>da</strong>dos empíricos, pois não sendo pertinentes em ciência, pri-<br />

vam o saber comunicacional de uma base <strong>empírica</strong>. A morte <strong>da</strong> teoria é um<br />

convite ao empiricismo (empirismo ingênuo) ou ao abandono <strong>da</strong> ciência.<br />

Também é preciso ter em conta o quadro que normalmente se dá essa<br />

discussão. O embotamento <strong>da</strong> reflexão epis<strong>tem</strong>ológica faz com que boa<br />

parte do capital de inteligência epis<strong>tem</strong>ológica de nossa área se dedique a<br />

mobilizar a filosofia para opô-la à ciência. O que certamente não reflete o<br />

pensamento dos filósofos <strong>da</strong> ciência, visto que está longe de ser a melhor<br />

maneira de articular ciência e filosofia.<br />

Por fim, também devemos colocar a pergunta: se a questão <strong>empírica</strong><br />

é fun<strong>da</strong>mental e incontornável para o pensamento científico, por que ela<br />

precisa ser lembra<strong>da</strong>, hoje, como um ponto de discussão para nós? Qual<br />

o sentido de se colocar essa questão?<br />

Na história <strong>da</strong> formação de nossa área de estudos, no Brasil, déca<strong>da</strong>s<br />

se passaram sem que a <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong> não fosse associa<strong>da</strong> ao positivismo<br />

Pesquisa <strong>empírica</strong> e o campo aca<strong>da</strong>mêmico <strong>da</strong> comunicação • 145

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