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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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corresponde à outra disciplina e não mais à sociologia. A explicação<br />

em ciência é incompatível à ideia de uma redução última, já que para o<br />

pensamento científico a reali<strong>da</strong>de não se apresenta como uma hierarquia de<br />

níveis, nem de valores. Os níveis de reali<strong>da</strong>de não são tomados de forma<br />

ontológica, eles são perspectivas, cuja vali<strong>da</strong>de deriva de pressupostos que<br />

não podem ser totalmente esclarecidos. Estão baseados em conjecturas<br />

(na forma lógica do “se... então”) e se encontram vincula<strong>da</strong>s, portanto, ao<br />

problema e as questões que as introduzem: os níveis equivalem a tipos de<br />

problema, disciplinas, e não a cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de.<br />

Apesar de a ciência postular a reali<strong>da</strong>de como uni<strong>da</strong>de, esta aparece<br />

fragmenta<strong>da</strong>, na forma de disciplinas de estudo, correlaciona<strong>da</strong>s às pers-<br />

pectivas conceituais que recortam e definem instâncias ou níveis de rea-<br />

li<strong>da</strong>de. Por conseguinte, como estes últimos não têm existência absoluta,<br />

não há sentido efetuar reduções ontológicas. As reduções no trabalho<br />

de <strong>pesquisa</strong> científica só podem ser de ordem epis<strong>tem</strong>ológica (pon-<br />

to de vista de uma disciplina) ou de ordem teórico-metodológica<br />

(como artifício para viabilizar o tratamento de um determinado ob-<br />

jeto de estudo). Tampouco podem ser hierarquizados por seu valor,<br />

já que as proposições científicas só podem ser avalia<strong>da</strong>s em relação<br />

ao problema e ao conjunto dos conhecimentos com o qual se rela-<br />

cionam. Diferente <strong>da</strong> filosofia, os níveis de reali<strong>da</strong>de comportam<br />

um valor intrínseco às disciplinas científicas, não havendo possibi-<br />

li<strong>da</strong>de de síntese.<br />

Enfim, se o procedimento de redução ontológica se justificasse, te-<br />

ríamos que tomar o <strong>da</strong>do empírico como real e não como uma cons-<br />

trução teórica. Ao inverso, se aceitássemos a ideia de um nível mais<br />

importante, a partir do qual pudéssemos atribuir a significação dessa<br />

instância aos <strong>da</strong>dos empíricos, estes teriam um papel secundário ou<br />

irrelevante, visto que não teriam significação própria.<br />

Pesquisa <strong>empírica</strong> e o campo aca<strong>da</strong>mêmico <strong>da</strong> comunicação • 143

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