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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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Por isso, as identificações do processo de comunicação com instân-<br />

cias do regime de produção capitalista – mensagem como mercadoria<br />

(Escola de Frankfurt), emissor-receptor como produtor-consumidor<br />

(Estudos Culturais), mercado como comunicação (Economia Políti-<br />

ca) – são considera<strong>da</strong>s váli<strong>da</strong>s (naturais), já que sua significação cor-<br />

responde ao valor que elas assumem para o desenvolvimento do ser<br />

humano. To<strong>da</strong> mercadoria carrega uma mensagem (a comunicação<br />

expressa o capitalismo), assim como to<strong>da</strong> mensagem é consumi<strong>da</strong><br />

como uma mercadoria (a comunicação assume a forma do capita-<br />

lismo). Qualquer tentativa de marcar diferenças seria inútil, pois<br />

equivaleria a desconhecer a reali<strong>da</strong>de última dessas manifestações do<br />

sis<strong>tem</strong>a de dominação capitalista.<br />

Desse modo, a redução ou deslocamento do <strong>da</strong>do empírico corres-<br />

ponde a operações “teóricas” justifica<strong>da</strong>s de modos diferentes para as<br />

<strong>pesquisa</strong>s com base positivista (redução dos níveis de reali<strong>da</strong>de) e as pes-<br />

quisas marxistas (deslocamento <strong>da</strong> significação). Mas, ambas se apoiam<br />

em um sis<strong>tem</strong>a de hierarquização (respectivamente, do real e dos valores)<br />

e implicam na extrapolação do plano científico.<br />

Em sua interessante obra A explicação em Ciências Sociais, Robert<br />

Brown, num esforço de síntese, define explicação como “a busca do ir-<br />

redutível” (1972, p. 268). Mas, isso num sentido epis<strong>tem</strong>ológico e não<br />

ontológico. Segundo o autor, uma explicação em ciências sociais:<br />

É a explicação final de uma série de um certo tipo. Esta série<br />

consistirá em explicações que só se referem a proprie<strong>da</strong>des sociais,<br />

e o último elemento <strong>da</strong> série será aquela explicação cujas<br />

variáveis exigem outras explicações em termos de proprie<strong>da</strong>des<br />

não sociais. Dito de outro modo, a explicação última será o<br />

membro final de uma série de explicações sociais, final porque<br />

em si mesma não terá uma explicação social (p. 267).<br />

“Não terá uma explicação social”, comple<strong>tem</strong>os de nossa parte, pois<br />

será de outra natureza, encontra-se em outro nível de reali<strong>da</strong>de, que<br />

142 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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