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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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Feitos esses esclarecimentos, vol<strong>tem</strong>os à análise <strong>da</strong>s opções de inter-<br />

pretação <strong>da</strong> conversão do processo de comunicação. Das opções acima,<br />

apenas as duas últimas – a de redução e a de deslocamento <strong>da</strong> significação<br />

– despertam polêmica e nelas iremos nos concentrar.<br />

Pouca atenção <strong>tem</strong> sido <strong>da</strong><strong>da</strong> para o fato de que o modo de configurar<br />

os <strong>da</strong>dos empíricos está ligado ao desenvolvimento teórico <strong>da</strong> área. A<br />

discussão sobre a <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong> em comunicação não pode ser inde-<br />

pendente <strong>da</strong> maneira como a área compreende a si própria. Na falta de uma<br />

reflexão epis<strong>tem</strong>ológica mais desenvolvi<strong>da</strong>, grande parte de nossas <strong>pesquisa</strong>s<br />

naturalizam a conversão do processo comunicacional a outras instâncias.<br />

Não é fácil entender porque muitos estudos de comunicação se per-<br />

mi<strong>tem</strong> uma liber<strong>da</strong>de sem limites e não se intimi<strong>da</strong>m frente ao paradoxo<br />

de estu<strong>da</strong>rem os processos de comunicação como mercadoria, comporta-<br />

mento, processos mentais etc. Uma resposta mais exata talvez devesse in-<br />

cluir considerações de ordem <strong>da</strong> sociologia <strong>da</strong> ciência. Consideraremos,<br />

aqui, apenas aquelas de ordem epis<strong>tem</strong>ológica.<br />

Uma maneira corrente de naturalizar a conversão do processo comu-<br />

nicacional <strong>tem</strong> sido negar a repartição disciplinar (e ignorar suas razões),<br />

com isso, buscam um fun<strong>da</strong>mento último (filosofia) ou apreendem seus<br />

objetos de reflexão diretamente, como no senso comum. Os procedimen-<br />

tos de conversão também podem ser naturalizados se forem hipervalori-<br />

zados (tendência para a communication research) ou subvalorizados (ten-<br />

dência para a corrente crítica), sendo desligados do quadro mais geral <strong>da</strong><br />

explicação. Nessas condições, eles passam a assumir valores ontológicos<br />

e não visam gerar explicações que articulam o <strong>da</strong>do empírico à teoria,<br />

como é necessário na <strong>pesquisa</strong> científica.<br />

No caso do positivismo filosófico, o valor ontológico se estabelece<br />

como uma hierarquia de disciplinas (sociologia, psicologia, biologia, fí-<br />

sica, esta última como a mais fun<strong>da</strong>mental). As <strong>pesquisa</strong>s em nossa área,<br />

frequen<strong>tem</strong>ente, recorrem a teorias importa<strong>da</strong>s de outras disciplinas para<br />

realizar suas explicações (Berger, 2007), por conseguinte, a conversão<br />

do processo de comunicação também acaba sendo um reenvio à outra<br />

140 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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