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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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porque os primeiros expressariam níveis superficiais <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, ou seja,<br />

seriam efeitos ou consequências de um nível mais profundo, no qual deve<br />

se fun<strong>da</strong>mentar a explicação. Tomando como exemplo os processos de<br />

comunicação, estes seriam efeitos dos processos psicológicos e devem ser<br />

explicados por esses últimos, os únicos reais.<br />

d) Também se pode entender a conversão como uma busca do signi-<br />

ficado do processo de comunicação através do deslocamento <strong>da</strong> significação<br />

a um plano diferente <strong>da</strong>quele, no qual se passa o fenômeno imediata-<br />

mente observado. É desse outro plano que seria possível explicar ou en-<br />

tender o primeiro. Tal deslocamento implica um sis<strong>tem</strong>a de valor, pois é<br />

a importância atribuí<strong>da</strong> ao segundo plano que assegura essa passagem.<br />

Esse procedimento pode ser considerado similar ao <strong>da</strong> redução, na me-<br />

di<strong>da</strong> em que instaura uma hierarquia, ain<strong>da</strong> mais se o valor for derivado<br />

do próprio real (um nível profundo ou escondido do real). A “luta de<br />

classes”, por exemplo, poderia ser considera<strong>da</strong> como ontológica, como ex-<br />

pressão de um real mais profundo que explicaria todos os elementos <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> social, em sentido amplo. Então, o valor é derivado do real. Porém,<br />

de outra parte, o valor não precisa ter um lastro direto no real, e ser pu-<br />

ramente um valor humano, de modo que um <strong>da</strong>do fenômeno é avaliado,<br />

por exemplo, por seu potencial de emancipação, o quanto ele promove a<br />

realização <strong>da</strong> essência humana. De qualquer modo, a colocação como va-<br />

lor fun<strong>da</strong>menta as correntes críticas, inclusive sua tendência ao ativismo<br />

político-social.<br />

Esses posicionamentos estão na base de grande parte <strong>da</strong>s <strong>pesquisa</strong>s<br />

realiza<strong>da</strong>s em nossa área. Eles não esgotam to<strong>da</strong>s as possibili<strong>da</strong>des. Três<br />

correntes merecem ser menciona<strong>da</strong>s, embora seus posicionamentos epis-<br />

<strong>tem</strong>ológicos “contornem” o problema <strong>da</strong> conversão, focando diretamente<br />

o processo comunicacional (o que gera outro tipo de problema, diferente<br />

<strong>da</strong>quele que nos ocupamos aqui). As teorias cognitivistas, embasa<strong>da</strong>s no<br />

paradigma de construção <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de social, focam a natureza simbólica<br />

138 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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