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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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apresentação mínima dessa perspectiva pode ser formula<strong>da</strong> como a ade-<br />

são à proposição que atribui algum grau de determinação dos fluxos de<br />

comunicação (influência, controle) pelas estruturas que viabilizam esses<br />

próprios fluxos.<br />

Para a economia política, a materiali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comunicação se traduz<br />

nas realizações <strong>da</strong> tecnologia e dos investimentos financeiros. Juntos, eles<br />

formam as instituições fornecedoras de mercadorias (commodities), que são<br />

reali<strong>da</strong>des sintéticas toma<strong>da</strong>s como uni<strong>da</strong>de de observação para o jogo po-<br />

lítico que se instaura na luta pelo seu controle. Por isso, a centrali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> no-<br />

ção de mercadoria e a conversão dos processos comunicacionais a essa noção.<br />

Os <strong>da</strong>dos empíricos são fun<strong>da</strong>mentalmente de ordem econômica.<br />

Eles fornecem a descrição do mercado de informação, cujo comporta-<br />

mento os modelos políticos irão procurar explicar, a fim de discernir as<br />

possíveis linhas de ação para a intervenção, tanto no sentido econômico<br />

de regulação, quanto, também, de regulamentação legal, através de pro-<br />

posição de políticas públicas para os órgãos de comunicação.<br />

Não podemos encerrar sem uma observação geral para to<strong>da</strong>s as cor-<br />

rentes críticas. Devemos ter em conta que o deslocamento <strong>da</strong> significa-<br />

ção dos fenômenos empíricos para o plano do poder desdobra as inves-<br />

tigações marxistas em dois planos diferentes: como teoria no âmbito de<br />

uma disciplina ou campo científico, volta<strong>da</strong> para a análise <strong>da</strong>s estruturas do<br />

poder (ciências políticas, economia-política) ou como filosofia, que reduz<br />

to<strong>da</strong>s as significações a um nível, ontologicamente, mais importante. De<br />

acordo com a primeira, o poder é uma chave de leitura, uma conjectura,<br />

para se explicar a reali<strong>da</strong>de; na segun<strong>da</strong>, ele é o fun<strong>da</strong>mento último de<br />

to<strong>da</strong>s as reali<strong>da</strong>des.<br />

É, nesse último sentido, que se apoiam as críticas à ciência como uma<br />

ideologia, desenvolvendo uma visão negativa – e indevi<strong>da</strong>mente genera-<br />

liza<strong>da</strong> – do positivismo como tudo aquilo que não é pensamento crítico<br />

e, também, a negação de todo e qualquer tipo de objetivi<strong>da</strong>de como ide-<br />

ológica. Esses pilares do pensamento crítico mais radical são expressões<br />

do marxismo, enquanto filosofia e se apoiam em uma hierarquização de<br />

Pesquisa <strong>empírica</strong> e o campo aca<strong>da</strong>mêmico <strong>da</strong> comunicação • 135

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