12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Por conseguinte, esses matizes geram uma tensão entre o viés descri-<br />

tivo (ou antropológico) e o viés filosófico. O primeiro é caro aos Estudos<br />

Culturais que, frequen<strong>tem</strong>ente, recorrem a um tipo de etnometodologia<br />

como uma maneira de <strong>da</strong>r tratamento a seu objeto empírico. O vetor<br />

filosófico, por sua vez, é intrínseco às noções de emancipação ou de au-<br />

tonomia, emprega<strong>da</strong>s na avaliação <strong>da</strong>s formações culturais (resistência,<br />

submissão ou negociação?). Porém, onde se apoia a explicação: numa<br />

redução <strong>da</strong> cultura ao poder ou ao inverso (viés filosófico), uma redução<br />

do poder à cultura (viés antropológico)?<br />

Em todo caso, a questão que emerge é se o processo comunicacio-<br />

nal pode ser reduzido ao conflito de classes sociais. Ou melhor, qual o<br />

sentido dessa redução? No plano metodológico, ela expressa um recurso<br />

normal <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> científica, e leva os Estudos Culturais a se aproxima-<br />

rem ou coincidirem com a Antropologia Social. Mas, se seu escopo for<br />

um plano ontológico, então, passamos para a filosofia (incluindo, aí, o<br />

ativismo político-social). Tanto em um caso como no outro, a análise do<br />

processo de comunicação é apenas uma primeira etapa de algo que será<br />

resolvido em outra instância, a do poder.<br />

c) Economia Política<br />

A economia política leva mais longe a assimilação descrita acima e<br />

identifica completamente a comunicação à mercadoria, para analisar os<br />

fluxos informativos como um mercado. Diferente dos outros enfoques<br />

críticos, ela tende a permanecer mais fiel à visão ortodoxa do marxismo<br />

no tocante a considerar a cultura como uma infraestrutura redutível à<br />

base econômica e a considerar o processo de comunicação sob o controle<br />

de instâncias econômicas e interesses políticos.<br />

Mesmo admitindo a possibili<strong>da</strong>de de que o controle capitalista <strong>da</strong><br />

produção cultural não a transforme, necessariamente, em suporte <strong>da</strong> ide-<br />

ologia dominante, tal possibili<strong>da</strong>de não pode ser leva<strong>da</strong> às suas últimas<br />

consequências, sem esvaziar o ponto de vista <strong>da</strong> economia política. Uma<br />

134 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!