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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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emergência de uma indústria cultural coloca o problema <strong>da</strong> penetração<br />

de bens culturais produzidos por uma classe dominante em ambientes<br />

sociais que desenvolvem formas culturais próprias. O par emissor-re-<br />

ceptor desdobra o choque político, de modo que o processo de comuni-<br />

cação é entendido como conflito de classes sociais. A materiali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

comunicação, estritamente falando, é a mesma do comportamento e <strong>da</strong>s<br />

práticas culturais, mas elas recebem uma significação que ultrapassa o<br />

nível descritivo.<br />

Assim, os estudos culturais irão se desenvolver dentro de dois parâ-<br />

metros: de um lado, o trabalho de identificar esses ambientes de recepção<br />

e descrever suas formações culturais; de outra parte, devem apontar as<br />

formas de dominação e de resistência que lhes acompanham, para que<br />

possam ser avalia<strong>da</strong>s. Além <strong>da</strong> submissão ou <strong>da</strong> resistência à ideologia <strong>da</strong><br />

classe dominante, a significação de uma prática social também pode ser<br />

a negociação, que representa os diferentes matizes entre esses dois polos.<br />

Essas três possibili<strong>da</strong>des, certamente, fixam um interessante quadro para<br />

a análise <strong>da</strong> significação. Mas, de quê exatamente? Do processo de co-<br />

municação ou do resultado de uma relação de poder? Não resta dúvi<strong>da</strong><br />

de que a resposta se volta para esta última, deixando ver que os processos<br />

de comunicação são apenas o suporte, o “canal”, o lócus... de uma análise<br />

do poder. Nesse caso, a identificação é uma redução do processo de co-<br />

municação às estruturas de poder.<br />

De outra parte, no<strong>tem</strong>os que a ênfase na resistência e na possibili<strong>da</strong>de<br />

mesma de escapar à ação ideologizante <strong>da</strong> indústria cultural é o traço que<br />

distingue a abor<strong>da</strong>gem dos Estudos Culturais em relação à Escola de<br />

Frankfurt. Esta lhe poderia objetar se as “resistências” em questão seriam<br />

apenas válvulas de escape, pequenas concessões ou mesmo um atrativo<br />

para o bom funcionamento do sis<strong>tem</strong>a de produção dominante. O que<br />

leva os Estudos Culturais a acentuarem sua visão não-negativa e a valo-<br />

rizarem as formas culturais, tendendo ao argumento de que as estruturas<br />

de poder são formas culturais – e não o inverso. Desse modo, eles favore-<br />

ceriam a uma visão mais antropológica do que política.<br />

Pesquisa <strong>empírica</strong> e o campo aca<strong>da</strong>mêmico <strong>da</strong> comunicação • 133

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