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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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Cabe, aqui, então, indicar uma distinção entre a influência <strong>da</strong> psico-<br />

logia e <strong>da</strong> sociologia. Na primeira vertente, os processos de comunicação<br />

são identificados aos processos psicológicos. Geralmente, essas <strong>pesquisa</strong>s<br />

são desenvolvi<strong>da</strong>s por psicólogos, os quais não têm por que se inquieta-<br />

rem de assumir a assimilação dos processos de comunicação ao compor-<br />

tamento ou à vi<strong>da</strong> mental: atitude, memória, percepção, motivação (esses<br />

mesmos alcançados pela observação do comportamento).<br />

De fato, para muitos teóricos de nossa área, a comunicação interpes-<br />

soal não poderia se separar dos processos psicológicos. Tal abor<strong>da</strong>gem<br />

facilitou o tratamento empírico, permitindo inclusive o uso de méto-<br />

dos experimentais, mas a questão que fica é até que ponto tais <strong>pesquisa</strong>s<br />

podem ser considera<strong>da</strong>s estudos de comunicação, num sentido estrito?<br />

Certamente não, se os processos se encontram identificados ou se são ex-<br />

plicados por processos mentais.<br />

Vemos que a questão do <strong>da</strong>do empírico, rapi<strong>da</strong>mente, estende-se para o<br />

problema <strong>da</strong> própria existência <strong>da</strong> área de estudos, como veremos mais à frente.<br />

De outra parte, a vertente sociológica toma como objeto a comunica-<br />

ção mediática, o que lhe permite trazer alguma especifici<strong>da</strong>de ao proble-<br />

ma <strong>da</strong> comunicação, embora raramente tenha se colocado de forma séria<br />

a questão de uma identi<strong>da</strong>de epis<strong>tem</strong>ológica para a área. Uma <strong>pesquisa</strong><br />

paradigmática é a do famoso The People’s Choice, com base <strong>empírica</strong> e<br />

foca<strong>da</strong> no efeito dos meios. O processo comunicacional é ali analisado<br />

como comportamento de voto, mas seu modelo teórico (dois estágios <strong>da</strong><br />

comunicação) permite que se façam generalizações para outros campos,<br />

como o consumo cultural, a mo<strong>da</strong>, o aconselhamento pessoal ou a ado-<br />

ção de inovações tecnológicas. Em todos eles, a abor<strong>da</strong>gem do processo<br />

comunicacional consiste na conversão ao comportamento.<br />

Mas, o grande diferencial, aqui, como para outras correntes, dá-se no<br />

modo de explicação, pois a isso estão atrelados os <strong>da</strong>dos empíricos. É de<br />

grande importância, então, ter em conta a distinção entre as <strong>pesquisa</strong>s<br />

em cujas explicações os meios aparecem como vetor de explicação e aquelas<br />

<strong>pesquisa</strong>s que comportam explicações, nas quais a ação ou funcionamento<br />

130 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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