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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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No domínio <strong>da</strong> comunicação, um investigador interessado, por exem-<br />

plo, na relação <strong>da</strong> Internet com a democracia poderia ser levado a ter<br />

boas razões para acreditar que o potencial de livre expressão desse meio<br />

traz um aporte à democracia. No entanto, a análise de uma determina<strong>da</strong><br />

situação pode lhe trazer informações que contradizem suas expectati-<br />

vas, estimulando-o a encontrar explicações que possam compatibilizar<br />

os achados empíricos com sua teoria a respeito desse meio. Por exemplo,<br />

a vigilância dos servidores de acesso à rede permite incrementar a per-<br />

seguição a indivíduos julgados subversivos; além disso, a capaci<strong>da</strong>de de<br />

expressão pode ter outros destinos (diversão, pornografia, arte, esporte...)<br />

e não necessariamente ser emprega<strong>da</strong> para fins políticos ou de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia;<br />

ou ain<strong>da</strong>, pode haver um movimento de contrainformação, colocando<br />

em dúvi<strong>da</strong> o teor <strong>da</strong>s informações divulga<strong>da</strong>s ou a veraci<strong>da</strong>de de certas<br />

intervenções nos debates virtuais.<br />

Essas possibili<strong>da</strong>des de obstrução do processo democrático pode-<br />

riam ser levanta<strong>da</strong>s no plano teórico, revelando uma ambigui<strong>da</strong>de na<br />

conceitualização <strong>da</strong> Internet, mas somente em um contexto empírico é<br />

que teríamos condições de saber se essa ambigui<strong>da</strong>de será manti<strong>da</strong> ou se<br />

alguma tendência irá sobressair, marcando o sentido do meio para aquele<br />

contexto (que pode ser uma situação ou uma época). Em suma, como no<br />

exemplo anterior, o avanço <strong>da</strong> teoria depende de sua confrontação com a<br />

reali<strong>da</strong>de <strong>empírica</strong>, ao mesmo <strong>tem</strong>po em que esta não aparece de forma<br />

independente, mas a partir <strong>da</strong>s inquietações provoca<strong>da</strong>s pela teoria.<br />

Pelo exposto, seria de se esperar que a designação “<strong>pesquisa</strong> empí-<br />

rica” refletisse um importante ramo <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> em comunicação. Mas,<br />

não é assim, ao contrário, ela é raramente emprega<strong>da</strong>. As classificações<br />

normalmente seguem outros princípios 3 , mesmo porque <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong><br />

3. As classificações <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> de nossa área tomam como critério: as correntes<br />

teóricas, a metodologia no aspecto do desenho <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> (experimental ou de<br />

campo), a metodologia no tocante ao tipo de <strong>da</strong>do (quantitativa ou qualitativa),<br />

Pesquisa <strong>empírica</strong> e o campo aca<strong>da</strong>mêmico <strong>da</strong> comunicação • 125

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