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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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qual a ver<strong>da</strong>de de uma proposição científica depende de um acordo sobre<br />

o uso de conceitos e postulados iniciais .<br />

Uma lembrança importante feita, ain<strong>da</strong>, sobre o quanto essa estrutu-<br />

ra de pensamento marca uma época é que, na Viena dos anos 20, muitos<br />

dos neopositivistas são socialistas e trazem, nos seus trabalhos, a preo-<br />

cupação básica com aprimoramento social. Essa estrutura programática<br />

encontra-se presente em diversos pensadores, mesmo aqueles que não<br />

faziam parte, diretamente, do Círculo de Viena. Como exemplos de neo-<br />

positivistas, Vattimo aponta Wittgenstein, Popper, Carnap, tendo como<br />

lema a ideia de que “o significado de uma proposição está no método <strong>da</strong><br />

sua verificação <strong>empírica</strong>” algo como: se não se pode indicar sob que condições<br />

um enunciado pode ser ver<strong>da</strong>deiro não há significado. 14 O que acontece, se-<br />

gundo o filósofo, é que vários problemas filosóficos tradicionais tornam-se<br />

privados de significados, já que não estão ancorados na experiência concreta. 15<br />

Em síntese, para nos neopositivistas, um enunciado deve ser de-<br />

composto em enunciados mais simples, que são ver<strong>da</strong>deiros, quando se<br />

referem às experiências elementares e passíveis de comprovação. Essas<br />

proposições são conheci<strong>da</strong>s como Protocolos ou Proposições Protoco-<br />

lares. Os protocolos são proposições e não fatos. E assim ocorre com o<br />

“Tractatus lógico-philosophicus” de Wittgenstein, em 1922: são asser-<br />

tivas que possuem princípios de verificação, ain<strong>da</strong> que a <strong>tem</strong>ática verse<br />

sobre o problema religioso e o místico.<br />

Esse cenário, segundo argumenta Vattimo, conduziu ao renascimen-<br />

to do pragmatismo, cuja versão clássica surge, no século XVIII, nos Esta-<br />

dos Unidos, e <strong>tem</strong> como marcos os trabalhos de William James, Charles<br />

14. Apud VATTIMO, 1997, p.53<br />

15. E esta é uma <strong>da</strong>s maiores críticas que se faz ao Pragmatismo. Argumenta-se<br />

ser muito restritivo ao elencar seus <strong>tem</strong>as. Ver<strong>da</strong>de é só o que pode contribuir<br />

para o bem estar <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de<br />

116 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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