12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

assim, desde os anos 1930, com as chama<strong>da</strong>s <strong>pesquisa</strong>s experimentais<br />

de laboratório, e não <strong>tem</strong> deixado de sê-lo, mesmo com as mais cui<strong>da</strong>-<br />

<strong>da</strong>s <strong>pesquisa</strong>s de campo. Os contextos se modificam; os próprios sujeitos<br />

podem mu<strong>da</strong>r suas práticas. Aprender sobre uma situação não implica<br />

necessariamente poder generalizá-la de imediato, a não ser com muito<br />

cui<strong>da</strong>do. E, no entanto, há, sim, alguns princípios e algumas práticas co-<br />

municacionais que são ver<strong>da</strong>deiramente universais.<br />

Mas, quero me referir, sobretudo, a uma outra perspectiva e, com ela,<br />

retomar a abertura desta reflexão. Vivemos numa socie<strong>da</strong>de de classes,<br />

extremamente hierarquiza<strong>da</strong> e preconceituosa, com uma forte herança<br />

escravagista, mesmo que disso nem sempre nos demos conta. Por conse-<br />

quência, apostamos mais no ensinar do que no aprender. Ou seja, estamos<br />

mais preocupados em transmitir conhecimento do que levar o aluno a<br />

descobrir por ele mesmo sobre determina<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Preferimos repro-<br />

duzir que criar. Ora, acredito que um bom caminho para defendermos<br />

e realizarmos, convictamente, a <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong> é nos lembrarmos <strong>da</strong><br />

lição de Paulo Freire. De modo geral, o que encontramos na situação<br />

‘<strong>pesquisa</strong>dor-<strong>pesquisa</strong>-<strong>pesquisa</strong>do’ é, também, um posicionamento auto-<br />

ritário e hierarquizado. Raramente, o <strong>pesquisa</strong>dor se dispõe, de fato, a<br />

ouvir ou ver a coisa – o sujeito – <strong>pesquisa</strong>do.<br />

Alerta-nos, contudo, Paulo Meksenas:<br />

Abor<strong>da</strong>r a contribuição <strong>da</strong> teoria de Paulo Freire na questão<br />

<strong>da</strong>s metodologias <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong> implica refletir acerca <strong>da</strong><br />

relação que se estabelece entre o sujeito e o objeto de <strong>pesquisa</strong>,<br />

superando a noção comum do sujeito-que-<strong>pesquisa</strong> atuando sobre<br />

os sujeitos-que-são-<strong>pesquisa</strong>dos, de modo unilateral e vertical 12 .<br />

12. MEKSENAS, Paulo. “Aspectos metodológicos <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> empíri-<br />

ca: A contribuição de Paulo Freire” in http://www.espacoacademico.com.<br />

br/078/78meksenas.htm, acessado em 25.06.2011.<br />

100 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!