¥ KIT EDUCATIVO 3 - Museu Lasar Segall
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esforço constante de denúncia social pautada pela compaixão humanista.<br />
No final de 1923, emigra para o Brasil, fixando-se em São Paulo. Separa-se de Margarete e, em 1925, casase<br />
com Jenny Klabin, sua antiga aluna de desenho, com quem tem os filhos Mauricio e Oscar.<br />
Sua chegada ao Brasil deflagra o início de um novo momento em sua produção, marcado pela paisagem,<br />
pelos tipos humanos e pela luz tropical. “O Brasil me revelou o milagre da luz e da cor”, diz <strong>Segall</strong> mais tarde,<br />
comentando as obras desse período. Suas telas tornaram-se mais luminosas e coloridas, representando a<br />
paisagem e os tipos humanos brasileiros. O artista rapidamente trava amizade com alguns dos mais importantes<br />
modernistas brasileiros, como Mario de Andrade e Tarsila do Amaral.<br />
Em 1927, <strong>Segall</strong> naturaliza-se brasileiro e, no ano seguinte, vai para Paris, onde vive com a família até 1932.<br />
É lá que começa a fazer esculturas, linguagem a que iria se dedicar por muitos anos.<br />
Ao retornar ao Brasil, instala-se na residência concebida por seu cunhado, o arquiteto Gregori Warchavchik.<br />
A casa, no bairro de Vila Mariana, que hoje abriga o museu <strong>Lasar</strong> <strong>Segall</strong>, é um projeto de arquitetura<br />
moderna, de linhas geométricas, sem as ornamentações florais ou figurativas comuns nas construções da<br />
época. Parte da mobília é desenhada pelo próprio <strong>Segall</strong>, que também se empenha no projeto e construção<br />
de seu ateliê, localizado no jardim ao lado da casa.<br />
Nesse mesmo ano de 1932, <strong>Segall</strong> é um dos fundadores da SPAM (Sociedade Pró Arte Moderna), cujo objetivo<br />
principal era divulgar a arte moderna, “com um fim altamente educativo e de esclarecimento amplo das<br />
questões contemporâneas da arte”. A SPAM promove diversas atividades culturais como exposições, palestras e<br />
concertos, além de bailes de carnaval com painéis e figurinos desenhados e confeccionados pelos próprios artistas,<br />
vários deles de autoria de <strong>Segall</strong>. A alegria das festas promovidas pela SPAM chegou a provocar reações inflamadas<br />
da parte das alas mais conservadoras da imprensa, como a seguinte declaração, feita pelo jornalista José<br />
Bonifácio de Souza Amaral no artigo Os fins secretos da Spamolândia:“Da obscuridade do meu reduto de jornalista,<br />
ergo um brado reacionário e intimorato porque ainda creio em Deus, creio na Pátria, creio na Família e creio<br />
na suprema força de costumes”. Além desse tipo de conservadorismo, <strong>Segall</strong> também foi alvo de alguns ataques<br />
anti-semitas como pertencente da Sociedade, o que, entre outras coisas, ocasionou sua saída em 1934.<br />
Em 1935, <strong>Segall</strong> inicia duas séries de trabalhos: as paisagens de Campos de Jordão e os retratos da pintora Lucy<br />
Citti Ferreira. Paralelamente, dedica-se aos grandes temas universais, que se tornam ainda mais veementes com<br />
o início da Segunda Guerra. É a época das pinturas Pogrom (1937), Navio de Emigrantes (1939/41) e Guerra(1942).<br />
Na década de 1950, <strong>Segall</strong> retoma alguns dos temas já trabalhados anteriormente. As pinturas da série<br />
erradias referem-se ao tema da prostituição, já abordado na série de desenhos e gravuras sobre o Mangue,<br />
dos anos 1920. O conjunto de trabalhos sobre as florestas representa a paisagem de Campos do Jordão e as<br />
favelas retomam a paisagem do Rio de Janeiro.<br />
Durante sua trajetória artística, <strong>Lasar</strong> <strong>Segall</strong> realiza várias exposições individuais no Brasil, Estados Unidos,<br />
Alemanha, Itália e França. É homenageado com sala especial pela Bienal de São Paulo, na primeira e na terceira<br />
edições; na quarta e na quinta Bienal recebe homenagens póstumas. Também se destacam a sala especial<br />
a ele dedicada na XXIX Bienal de Veneza, em 1958, e a exposição no <strong>Museu</strong> de Arte Moderna de Paris, em 1959.<br />
Em agosto de 1957, <strong>Lasar</strong> <strong>Segall</strong> falece em sua residência em São Paulo. Jenny Klabin <strong>Segall</strong> idealiza um<br />
museu em homenagem ao marido. Após sua morte, em 1967, seus filhos criam o <strong>Museu</strong> <strong>Lasar</strong> <strong>Segall</strong>, no local<br />
da antiga residência e ateliê do artista.<br />
Questões para o professor: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />
1) Na sua opinião, qual é a importância e quais podem ser os problemas de se conhecer as<br />
características de um movimento artístico?<br />
2) É possível afirmar que os movimentos artísticos são conseqüência dos acontecimentos históricos?<br />
E o inverso?<br />
3) Como se explica o surgimento de tantas vanguardas simultâneas na Europa do início do século XX?<br />
ALGUMAS NOTAS SOBRE O EXPRESSIONISMO<br />
“O Expressionismo está vinculado ao que a terra, a vida e o homem contêm de essencial<br />
e não pode entregar-se a um jogo abstrato de formas que os separe da existência terrestre.<br />
Faz parte da humanidade e da vida e procura instintivamente o ‘humano’ na arte.”<br />
<strong>Lasar</strong> <strong>Segall</strong><br />
O TERMO EXPRESSIONISMO SURGIU NA ALEMANHA, NO INÍCIO DO SÉCULO XX,para designar a arte que resulta não<br />
diretamente da observação da natureza, como o Impressionismo, mas de reações subjetivas à realidade. “A<br />
linha diluída e a atmosfera fluida não satisfazem mais as necessidades de expressão psicológica e dramaticidade”,<br />
segundo as palavras de Claudia Valadão de Mattos, e, em lugar dela, são utilizados a distorção e o<br />
exagero cromático e linear, para a expressão de sentimentos como a dor, o medo e “as terríveis paixões do<br />
homem”, segundo dizia Van Gogh.<br />
Se antes da Primeira Guerra o Expressionismo pode ser definido como uma vanguarda interessada na<br />
superação das idéias de objetividade e observação, próprias do Impressionismo, buscando em seu lugar formas<br />
mais diretamente vinculadas à expressividade e à abstração e retomando as formas de culturas primitivas,<br />
depois da guerra há uma geração também preocupada com o engajamento político e social da arte.<br />
O movimento expressionista alemão, nas artes plásticas, se inicia em 1905, em Dresden, com o grupo<br />
A Ponte (Die Brücke) e inclui diversas outras tendências, como O Cavaleiro Azul (Blaue Reiter) e a Nova Objetividade<br />
(Neue Sachlichkeit). O pintor Franz Marc dava a esses grupos o nome de “selvagens”, pois não se<br />
adaptavam à ordem estabelecida, à idéia do belo na arte, à técnica pela técnica, típicas do bom gosto<br />
pequeno-burguês. Essa inadaptação justifica, entre outras coisas, o clima constante de ironia, quando não<br />
escárnio, nas obras expressionistas. Os artistas pertencentes ao grupo A Ponte são influenciados por pintores<br />
como Van Gogh, Cézanne e Munch, considerados como precursores do Expressionismo, e também<br />
pela arte primitiva da África e da Oceania. Demonstram assim seu interesse pelo primitivo e pelo exótico<br />
e procuram ressaltar os valores emocionais através de cores gritantes, do uso de planos e linhas tensas e<br />
da simplificação de formas.<br />
Na mesma época, os fovistas franceses (fauves,em francês, significa feras, animais selvagens) cujo mentor<br />
é Henri Matisse, pintam empregando cores fortes e desprezando as formas da natureza.<br />
O grupo O Cavaleiro Azul, fundado em Munique, em 1911, por Wassily Kandinsky, Franz Marc e Paul Klee,<br />
marcados pelo fovismo, também rejeita as regras tradicionais da pintura. O programa dá nova ênfase à arte<br />
infantil, às formas abstratas e aos aspectos simbólicos da linha e da cor. O grupo dispersa-se em 1914.<br />
Durante os anos 1920, na Alemanha, uma nova tendência, chamada Nova Objetividade, reage às distorções<br />
exploradas pelos primeiros expressionistas, propondo uma maneira mais objetiva de encarar a situação<br />
política e economicamente conturbada da época. Desenvolve-se um estilo claro e impiedoso, atento aos<br />
detalhes, que dá ênfase aos aspectos grotescos e satíricos da realidade.<br />
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