Magnetismo Curativo Psicofisiologia / Alphonse Bue

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12.04.2013 Views

importância; limitou-se a empregar a faca e os reativos violentos, onde era preciso restabelecer um equilíbrio desfeito; lesou-se mais profundamente o organismo, dispersaram-se os últimos elementos de reação vital, que deixavam ainda ao doente algumas probabilidades de cura. Pelo método derivativo ou antagonista, esgota-se em vez de reconstituir. Por que, pois, não recorrer aos fortificantes? Mas ainda aí, julgando-se praticar o bem, preparam-se desilusões, porque as substâncias nervinas ou tóxicas, pretensamente fortificantes, tais como a quina, os amargos, os marciais, que formam a base do método excitante, estão longe de ter as propriedades analépticas que se lhes dá; e na maioria dos casos, não fazem mais que juntar sua má influência à da causa desconhecida que se procura combater; é um preconceito acreditar que os caldos concentrados, os consomés, os sucos e extratos de carne, a polpa de carne crua, os chás de carne, o ferro, o manganês, o fosfato de cal, o cloreto de sódio, os alcoólicos sejam, por intermédio do sangue, reconstituintes da nutrição; os corpos gordurosos, o leite, a água, os óleos comestíveis, as féculas, o são ainda muito mais; a realização normal da nutrição e da assimilação depende, mais intimamente, de um equilíbrio nervoso que das metamorfoses químicas que se procura provocar com os adjuvantes artificiais empregados. O medicamento, qualquer que ele seja, mesmo reconstituinte, não pode ser administrado internamente senão por certas vias, o estômago ou o reto. Por acaso sabe-se, previamente (admitindo que o estômago, cuja função é mais ou menos comprometida no estado de moléstia, possa digeri-los e não os rejeite), até que ponto o organismo desamparado poderá assimilar as substâncias ingeridas? O próprio suco gástrico, por sua ação poderosa, não neutralizará a influência de todos os corpos postos em contacto com ele? Foi com a idéia de obviar esses inconvenientes, que se instituiu nestes últimos tempos um novo método de medicação; introduz-se, agora, diretamente no organismo, por injeções hipodérmicas, os produtos farmacêuticos que se quer fazer absorver.

Foi o Dr. Koch, de Berlim, o primeiro que abriu o caminho com as suas injeções contra a tuberculose; por momentos, o mundo científico emocionou-se; acreditou-se ter encontrado a maravilhosa panacéia dessa terrível afecção, que fez tantas vítimas; o entusiasmo não foi de longa duração. O método do professor alemão, por causa dos numerosos insucessos e dos seus perigos, desanimou muito depressa os mais audaciosos. O professor Brown-Séquard reviveu, logo depois, a atenção pública, anunciando à Sociedade de Biologia que havia descoberto o meio de não envelhecer. O elixir de longa vida dos alquimistas da Idade média havia sido encontrado. E (como são os tempos!) esses filtros mágicos, que à Ciência há tanto tempo proscrevera, juntamente com os seus autores, eram então favoneados em todas as doutas Faculdades modernas. Brown-Séquard teve numerosos imitadores e todas as vacinas de ovelha, de vitelo, de cabra, de cão e de cobaia, invadiram a matéria médica; o que leva Emile Gautier, o muito espirituoso redator científico do Figaro a formular seus receios: “Contanto que, diz ele, todas essas essências animais, de que os Circêus da fisiologia nos saturam à porfia, não nos façam, com o correr dos tempos, cair na bestialidade. Contanto que o homem que descende, dizem, do macaco, não acabe, a pretexto de enganar a morte, remontando ao porco da Índia...” Gracejaríamos de boa vontade com o nosso amável colega sobre o lado cômico do novo método, se não víssemos nesses singulares desvios da Ciência um grave erro fisiológico e um verdadeiro perigo a assinalar. Voltaremos mais tarde e amplamente à questão das injeções hipodérmicas e das vacinas, mas não queremos esperar para protestar contra esse método que preconiza, no círculo fechado da circulação, a introdução direta de uma substância estranha – produto orgânico ou outro – quando a Fisiologia nos ensina que toda substância ingerida deve ser previamente submetida ao exame severo dos numerosos aparelhos, cuja missão é elaborar o minucioso trabalho de eliminação e absorção, salvaguarda do santuário da vitalidade.

Foi o Dr. Koch, de Berlim, o primeiro que abriu o caminho<br />

com as suas injeções contra a tuberculose; por momentos, o<br />

mundo científico emocionou-se; acreditou-se ter encontrado a<br />

maravilhosa panacéia dessa terrível afecção, que fez tantas<br />

vítimas; o entusiasmo não foi de longa duração.<br />

O método do professor alemão, por causa dos numerosos insucessos<br />

e dos seus perigos, desanimou muito depressa os mais<br />

audaciosos.<br />

O professor Brown-Séquard reviveu, logo depois, a atenção<br />

pública, anunciando à Sociedade de Biologia que havia descoberto<br />

o meio de não envelhecer. O elixir de longa vida dos<br />

alquimistas da Idade média havia sido encontrado. E (como são<br />

os tempos!) esses filtros mágicos, que à Ciência há tanto tempo<br />

proscrevera, juntamente com os seus autores, eram então favoneados<br />

em todas as doutas Faculdades modernas.<br />

Brown-Séquard teve numerosos imitadores e todas as vacinas<br />

de ovelha, de vitelo, de cabra, de cão e de cobaia, invadiram a<br />

matéria médica; o que leva Emile Gautier, o muito espirituoso<br />

redator científico do Figaro a formular seus receios: “Contanto<br />

que, diz ele, todas essas essências animais, de que os Circêus da<br />

fisiologia nos saturam à porfia, não nos façam, com o correr dos<br />

tempos, cair na bestialidade. Contanto que o homem que descende,<br />

dizem, do macaco, não acabe, a pretexto de enganar a morte,<br />

remontando ao porco da Índia...”<br />

Gracejaríamos de boa vontade com o nosso amável colega<br />

sobre o lado cômico do novo método, se não víssemos nesses<br />

singulares desvios da Ciência um grave erro fisiológico e um<br />

verdadeiro perigo a assinalar. Voltaremos mais tarde e amplamente<br />

à questão das injeções hipodérmicas e das vacinas, mas<br />

não queremos esperar para protestar contra esse método que<br />

preconiza, no círculo fechado da circulação, a introdução direta<br />

de uma substância estranha – produto orgânico ou outro – quando<br />

a Fisiologia nos ensina que toda substância ingerida deve ser<br />

previamente submetida ao exame severo dos numerosos aparelhos,<br />

cuja missão é elaborar o minucioso trabalho de eliminação<br />

e absorção, salvaguarda do santuário da vitalidade.

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