Magnetismo Curativo Psicofisiologia / Alphonse Bue
Magnetismo Curativo Psicofisiologia / Alphonse Bue Magnetismo Curativo Psicofisiologia / Alphonse Bue
menos imperfeita ou mais ou menos duvidosa, é raro que se apanhe um bom sonâmbulo em falta, quanto à clarividência sobre si mesmo. Eu tratava de uma jovem de 24 anos, Luíza C., que estava afetada, havia doze anos, de uma atrofia muscular progressiva; tinha as pernas completamente paralisadas e os braços começavam a ficar paralíticos; no fim de um mês de tratamento, a doente caiu em estado sonambúlico, tornou-se quase imediatamente muito lúcida; violentas crises anunciadas por ela, muitos dias antes, sucederam-se irremissivelmente; sob a influência do Magnetismo operou-se benéfica reação e a vitalidade voltou pouco a pouco às partes que ameaçava abandonar. Luíza, em sono magnético, seguia diariamente esse trabalho de reorganização da Natureza, com interesse crescente; como via perfeitamente o interior do corpo, tinha prazer em pôr-me ao corrente das flutuações que o tratamento imprimia ao seu estado; o que lhe chamava principalmente a atenção era o aspecto dos seus músculos. Não possuindo nenhuma noção de anatomia, limitava-se simplesmente a explicar-me a seu modo aquilo que via. Os músculos assim enferrujados pela inação, afiguravam-selhe, a princípio, como que empastados de substância amarelofosca, que parecia ter invadido os interstícios fibrilares; de amarela que era, essa substância tornou-se branca; depois, pareceu fundir-se e reabsorver-se; o sangue afluiu, então, mais abundantemente para o músculo, vindo restituir-lhe a vitalidade e mobilidade; mas, ao mesmo tempo, ela previu uma crise próxima e de grandes sofrimentos: “A vida volta – disse-me ela –, mas é acompanhada da inflamação; já se acha invadido o envoltório dos músculos por placas vermelhas, semeadas de milhares de botõezinhos; oh! como vou sofrer horrivelmente!” E passado um momento de silêncio, acrescentava: “Mas é necessário e depois passarei muito melhor”. As coisas realizaram-se como havia predito: no fim de algumas semanas os músculos das mãos, dos braços e das espáduas, depois de sofrimentos muito dolorosos, readquiriram a sua amplitude e tonicidade; o movimento voltou tão bem que ela
pôde depois escrever, coser e tocar piano, o que era incapaz de fazer, vendo-se cada dia ameaçada de ficar completamente paralítica como a irmã mais velha, que, com a idade de 32 anos, já tinha perdido o uso de pernas e braços. Essas duas pobres senhoras são vítimas de um mal congênito. Não é absolutamente necessário pôr diretamente o sonâmbulo em relação com o doente, para obter uma consulta; pode-se utilizar corpos intermediários: um objeto tendo pertencido ao doente, ou que fosse manuseado por ele, um lenço, luva, uma carta, uma mecha de cabelos, bastam. Os cabelos, principalmente, possuem a propriedade de conservar e manifestar melhor que qualquer outro objeto, o estado patológico do doente; os cabelos, esses nervos externos, como lhes chama Louis Lucas, são efetivamente, qual os nervos, verdadeiros acumuladores da força irradiadora; suas qualidades se modificam, ao mesmo tempo em que a irradiação nervosa se transforma com a idade; o sexo, o temperamento, a idiossincrasia, o estado de saúde ou de moléstia e, pode dizer-se que as impressões táteis e olfativas que eles dão acham-se em relação direta com as evoluções físicas e psíquicas do ser. Qualquer sonâmbulo, ao qual se dê uma mecha de cabelos, procura primeiramente formar uma impressão pelo tato; manuseia-os, apalpa-os, alonga-os em todos os sentidos; submete-os, em seguida, ao exame do olfato, cheira-os por muito tempo; e o olfato, esse sentido instintivo, desenvolvido em tão alto grau entre os animais, parece aqui, por analogia, tirar do estado primitivo, que caracteriza o sono magnético, uma importância especial. Enfim, numerosos fatos vêm provar a transmissibilidade possível das moléstias, o fenômeno se opera por transmissão direta ou indireta, por meio das correntes; é uma espécie de contato nervoso; o organismo do magnetizado percebe as menores perturbações nervosas do organismo do consulente. Se assim é, compreende-se todas as precauções que se devem tomar com uma pessoa imersa no estado sonambúlico. Não se deve jamais deixá-la tocar por pessoas que não estiverem em
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apanhe um bom sonâmbulo em falta, quanto à clarividência<br />
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Eu tratava de uma jovem de 24 anos, Luíza C., que estava afetada,<br />
havia doze anos, de uma atrofia muscular progressiva;<br />
tinha as pernas completamente paralisadas e os braços começavam<br />
a ficar paralíticos; no fim de um mês de tratamento, a<br />
doente caiu em estado sonambúlico, tornou-se quase imediatamente<br />
muito lúcida; violentas crises anunciadas por ela, muitos<br />
dias antes, sucederam-se irremissivelmente; sob a influência do<br />
<strong>Magnetismo</strong> operou-se benéfica reação e a vitalidade voltou<br />
pouco a pouco às partes que ameaçava abandonar.<br />
Luíza, em sono magnético, seguia diariamente esse trabalho<br />
de reorganização da Natureza, com interesse crescente; como via<br />
perfeitamente o interior do corpo, tinha prazer em pôr-me ao<br />
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o que lhe chamava principalmente a atenção era o aspecto dos<br />
seus músculos. Não possuindo nenhuma noção de anatomia,<br />
limitava-se simplesmente a explicar-me a seu modo aquilo que<br />
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Os músculos assim enferrujados pela inação, afiguravam-selhe,<br />
a princípio, como que empastados de substância amarelofosca,<br />
que parecia ter invadido os interstícios fibrilares; de<br />
amarela que era, essa substância tornou-se branca; depois, pareceu<br />
fundir-se e reabsorver-se; o sangue afluiu, então, mais abundantemente<br />
para o músculo, vindo restituir-lhe a vitalidade e<br />
mobilidade; mas, ao mesmo tempo, ela previu uma crise próxima<br />
e de grandes sofrimentos: “A vida volta – disse-me ela –, mas é<br />
acompanhada da inflamação; já se acha invadido o envoltório<br />
dos músculos por placas vermelhas, semeadas de milhares de<br />
botõezinhos; oh! como vou sofrer horrivelmente!” E passado um<br />
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passarei muito melhor”.<br />
As coisas realizaram-se como havia predito: no fim de algumas<br />
semanas os músculos das mãos, dos braços e das espáduas,<br />
depois de sofrimentos muito dolorosos, readquiriram a sua<br />
amplitude e tonicidade; o movimento voltou tão bem que ela