12.04.2013 Views

câncer de boca um campo a ser explorado pela ... - CEFAC

câncer de boca um campo a ser explorado pela ... - CEFAC

câncer de boca um campo a ser explorado pela ... - CEFAC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>CEFAC</strong><br />

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA<br />

MOTRICIDADE ORAL<br />

CÂNCER DE BOCA<br />

UM CAMPO A SER EXPLORADO PELA<br />

FONOAUDIOLOGIA<br />

ANA MARIA DA SILVA MENDES<br />

RIO DE JANEIRO<br />

2000


<strong>CEFAC</strong><br />

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA<br />

MOTRICIDADE ORAL<br />

CÂNCER DE BOCA<br />

Um <strong>campo</strong> a <strong>ser</strong> <strong>explorado</strong> <strong>pela</strong> fonoaudiologia<br />

ANA MARIA DA SILVA MENDES<br />

RIO DE JANEIRO<br />

2000<br />

2<br />

Monografia <strong>de</strong> conclusão do curso <strong>de</strong><br />

especialização em Motricida<strong>de</strong> Oral<br />

Orientadora: Mirian Gol<strong>de</strong>nberg


3<br />

Dedico este trabalho a minha mãe Léa e<br />

ao meu marido Roberto pelo carinho,<br />

ajuda e confiança.


Agra<strong>de</strong>cimento<br />

Ao meu “filho” Daniel, mais do que <strong>um</strong> “filho”, presença atuante e imprescindível ao<br />

longo <strong>de</strong>ste trabalho. A ele, por direito e com carinho, o meu agra<strong>de</strong>cimento.<br />

4


S<strong>um</strong>ário<br />

1. Introdução 09<br />

2. Descrição Anatômica da Boca 11<br />

3. Etapas da Carcinogênese 13<br />

4. Estadiamento 14<br />

5. Fatores <strong>de</strong> Risco 16<br />

6. Lesões Precursoras<br />

7. Lesões Malígnas<br />

6.1 – Lesões Brancas<br />

Leucoplasia<br />

Líquen Plano<br />

Ceratose Actínica<br />

Estomatite Nicotínica<br />

Candidíase Pseudo Membranosa<br />

Candidíase Crônica Hiperblásica<br />

6.2 – Lesões Vermelhas<br />

Eritroplasia<br />

Líquem Plano Erosivo<br />

Lúpus Eritematos<br />

Candidíase Eritematose<br />

T<strong>um</strong>ores <strong>de</strong> Glândulas Salivares<br />

Sarcomas<br />

Melanoma<br />

Nervo<br />

8. Diagnóstico<br />

Citologia<br />

Teste do Azul-<strong>de</strong>-toluidina<br />

Bíopsia<br />

9. Bases do tratamento do <strong>câncer</strong> bucal<br />

9.1 – Cirurgia<br />

Soalho <strong>de</strong> <strong>boca</strong><br />

Lábios<br />

Retromolares<br />

Palato<br />

Língua<br />

5<br />

22<br />

23<br />

23<br />

24<br />

25<br />

25<br />

25<br />

26<br />

26<br />

26<br />

27<br />

27<br />

28<br />

28<br />

31<br />

31<br />

31<br />

32<br />

32<br />

34<br />

35<br />

36<br />

37<br />

38<br />

39<br />

39<br />

40<br />

40<br />

40


9.2 – Radioterapia<br />

Lábios<br />

Língua<br />

Soalho <strong>de</strong> <strong>boca</strong><br />

Mucosa oral<br />

Gengiva<br />

Retromolar<br />

Palato<br />

10. Quimioterapia 48<br />

11. A atuação fonoaudiológica na orientação pré e pós operatória no <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> 50<br />

12. Avaliação fonoaudiológica 52<br />

13. Fonoterapia<br />

13.1 – Disfagia<br />

13.2 – Palatotomias<br />

13.3 – Lábios<br />

13.4 – Língua<br />

13.5 – Retromolar<br />

14. Procedimento <strong>de</strong> controle do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> 62<br />

15. Consi<strong>de</strong>rações finais 64<br />

16. Referências bibliográficas 66<br />

17. Anexo I 70<br />

18. Anexo II 72<br />

6<br />

44<br />

45<br />

46<br />

46<br />

47<br />

47<br />

47<br />

47<br />

54<br />

56<br />

57<br />

58<br />

59<br />

61


Res<strong>um</strong>o<br />

Este trabalho teve como objetivo enten<strong>de</strong>r melhor o tratamento <strong>de</strong> pacientes<br />

portadores <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> bucal, alertar aos fonoaudiólogos sobre a importância <strong>de</strong> sua atuação<br />

para <strong>um</strong>a sobrevida melhor e <strong>um</strong> <strong>campo</strong> novo <strong>de</strong> trabalho.<br />

As seqüelas <strong>de</strong>ixadas <strong>pela</strong>s ressecções, radioterapia e quimioterapia são <strong>de</strong>scritas<br />

juntamente com as dificulda<strong>de</strong>s que o paciente apresenta durante ou após o tratamento e/ou<br />

cirurgia.<br />

Foram mencionados alguns exercícios com o fito <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar aos profissionais<br />

que nada é tão misterioso quanto possa parecer, mas que precisamos pesquisar e estudar<br />

mais, para que esse tratamento possa sempre contribuir para <strong>de</strong>senvolvimento da ciência.<br />

Dentro do nosso país poucos são os profissionais que atuam somente com<br />

portadores <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> bucal. É preciso reverter este quadro para que mais pessoas sejam<br />

beneficiadas com este tratamento, e firmar o papel <strong>de</strong> fonoaudiólogo na área <strong>de</strong> oncologia.<br />

7


Abstract<br />

This work did have the objective to a un<strong>de</strong>rstand better the treatment of patients<br />

bearers of cancer buccal, to alert the speech pathologists about the importance of her<br />

actuation for a best longer lives and a new field working.<br />

The sequels left for the resection, radio-therapy and chemotherapy are <strong>de</strong>scribed<br />

along the difficulties that the patient presents during or after the treatment and/or surgery.<br />

Went mentioned some exercises with a view to <strong>de</strong>monstrate the pros swimming is so<br />

cabalistical as can opinion, but that need to research and more study, wherefore that<br />

treatment always can to contribute for <strong>de</strong>velopment of science.<br />

Insi<strong>de</strong> of our country there are few of the occupational that solely they act with bearers<br />

of cancer buccal. Is precise redound this picture wherefore more people be process with this<br />

treatment, and anchor the paper of speech pathologists in the area of oncology.<br />

8


Introdução<br />

Atualmente a fonoaudiologia vem se expandindo em alg<strong>um</strong>as áreas que até então<br />

não eram conhecidas ou exploradas <strong>pela</strong> classe. Começaram com caráter <strong>de</strong> ob<strong>ser</strong>vação e<br />

aprendizado e hoje já avalia, orienta pacientes, reabilita quando necessário e participa dos<br />

estudos <strong>de</strong> casos junto a <strong>um</strong>a equipe multidisciplinar.<br />

Diante das conquistas, a motivação <strong>de</strong> escolher <strong>um</strong> tema para a realização <strong>de</strong>ste<br />

trabalho ficou ainda mais criteriosa, já que gostaria <strong>de</strong> abordar <strong>um</strong> assunto pouco divulgado<br />

pelos profissionais <strong>de</strong> fonoaudiologia e que pu<strong>de</strong>sse vir a somar com esse progresso,<br />

surgindo assim a idéia <strong>de</strong> escrever sobre Câncer <strong>de</strong> Boca, também conhecido como <strong>câncer</strong><br />

da cavida<strong>de</strong> oral.<br />

Segundo Nemr (1998), a prática da fonoaudiologia neste <strong>campo</strong> impõe <strong>um</strong> gran<strong>de</strong><br />

conhecimento técnico e psicossocial, pois é certo que o profissional irá lidar com o óbito, as<br />

recidivas da doença e frustração do paciente. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses problemas o<br />

fonoaudiólogo <strong>de</strong>verá obter alg<strong>um</strong>as informações sobre a oncologia, antes <strong>de</strong> entrar na<br />

terapia propriamente dita e estar preparado para enfrentar as dificulda<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>rão<br />

surgir.<br />

Atualmente, ficou fácil estabelecer <strong>um</strong> diagnóstico mais preciso através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

citologia esfoliativa, biópsia, radiografia e outros recursos. Entretanto, quanto mais<br />

precocemente for <strong>de</strong>tectado a lesão, as chances <strong>de</strong> <strong>um</strong> resultado satisfatório a<strong>um</strong>entam.<br />

Mas só estabelecer o diagnóstico não é o fundamental, é preciso que o paciente coopere<br />

com o tratamento, pois caso contrário as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cura diminuem drasticamente.<br />

Os Registros <strong>de</strong> Câncer <strong>de</strong> Base Populacional (R.C.B.P.) <strong>de</strong>stacam que o <strong>câncer</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>boca</strong> apesar <strong>de</strong> <strong>ser</strong> <strong>de</strong> fácil diagnóstico, vem crescendo nos últimos anos entre os<br />

homens brasileiros.<br />

9


T<strong>um</strong>ores que afetam lábios, língua, soalho da <strong>boca</strong>, pilares amigdalianos, palato<br />

duro e palato mole, que precisam <strong>de</strong> cirurgias e que geralmente <strong>de</strong>ixam seqüelas. Além <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s, causam disfunções na <strong>de</strong>glutição, fonação e mastigação, pois po<strong>de</strong>m estar<br />

comprometidas <strong>um</strong>a ou mais estruturas, parcial ou totalmente. Acarretam também<br />

problemas <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> emocional. Associado a esses distúrbios, a doença neoplásica<br />

em ativida<strong>de</strong> quase sempre está ligada a distúrbios nutricionais. O paciente apresenta<br />

alterações do paladar e consequentemente falta <strong>de</strong> apetite, que o leva a <strong>um</strong>a piora no<br />

estado geral <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Com a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se alimentar, que é generalizada a todos os doentes<br />

portadores <strong>de</strong> <strong>câncer</strong>, torna-se clara a importância <strong>de</strong> <strong>um</strong>a reabilitação ainda mais especial<br />

para as pessoas que sofreram alg<strong>um</strong>a remoção cirúrgica na cavida<strong>de</strong> oral, pois além <strong>de</strong><br />

falta <strong>de</strong> apetite existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o doente apresentar alg<strong>um</strong> distúrbio no sistema<br />

estomatognático. Cabe ao fonoaudiólogo criar manobras facilitadoras para a alimentação,<br />

pois só assim possibilitará ao paciente a a<strong>um</strong>entar suas chances <strong>de</strong> <strong>um</strong>a sobrevida.<br />

Carrara <strong>de</strong> Angelis e colaboradores (1998) afirmam que a permanência e o contato<br />

diário do fonoaudiólogo n<strong>um</strong> ambiente hospitalar po<strong>de</strong> contribuir <strong>de</strong> forma bastante<br />

satisfatória e eficiente para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em indivíduos portadores <strong>de</strong> <strong>câncer</strong>.<br />

Este trabalho tem como objetivo divulgar aos profissionais <strong>de</strong> fonoaudiologia a<br />

importância <strong>de</strong> estarmos integrados a essa patologia, já que nos cabe (em parte) a<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudar na reabilitação do paciente tratado.<br />

10


Descrição Anatômica da Boca<br />

“A cavida<strong>de</strong> oral é anatômicamente <strong>de</strong>scrita como <strong>um</strong>a região <strong>de</strong>limitada<br />

anteriormente <strong>pela</strong> transição entre o vermelhão dos lábios e a pele e posteriormente pelos<br />

pilares amigdalianos” (Vicente e colaboradores, 1997). A região da orofaringe se esten<strong>de</strong><br />

do palato mole e úvula à base <strong>de</strong> língua e valecula. Formando <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sses limites as<br />

seguintes sub-regiões anatômicas: lábios; gengivas superior e inferior; língua; soalho da<br />

<strong>boca</strong>; mucosa bucal; palato duro; área retromolar; palato mole; úvula. (Vicente e<br />

colaboradores, 1997)<br />

O <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> inclui diferentes texturas, as quais tem gran<strong>de</strong> importância sob o<br />

aspecto técnico - cirúrgico, para que seja escolhido as técnicas e táticas que <strong>ser</strong>ão<br />

seguidas ou recomendadas conforme a localização do t<strong>um</strong>or. Porém para as finalida<strong>de</strong>s da<br />

oncologia clínica, não é necessário que se <strong>de</strong>talhe os focos, já que estas sofrem influência<br />

dos mesmos fatores <strong>de</strong> riscos e há probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se esten<strong>de</strong>r para outras partes da<br />

<strong>boca</strong>. (Ramos Jr. 1984).<br />

Conhecer as partes da <strong>boca</strong> irá facilitar a fonoterapia, o procedimento a<strong>de</strong>quado ao<br />

exame e à busca <strong>de</strong> alterações que é <strong>de</strong> localização preferencial. Através dos <strong>de</strong>senhos à<br />

seguir, po<strong>de</strong>remos verificar as distribuições anatômicas do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>, as regiões da<br />

cavida<strong>de</strong> oral e a distribuição anatômica da disseminação das ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> linfonodos da<br />

cabeça e do pescoço que, embora estejam envolvidos na <strong>de</strong>fesa do organismo contra<br />

diversas doenças, os mesmos po<strong>de</strong>m propagar <strong>um</strong> <strong>câncer</strong> existente na região on<strong>de</strong> se<br />

situam (Fehrenbach e Herring, 1998).<br />

Tabela 1 - Distribuição dos casos <strong>de</strong> <strong>câncer</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>boca</strong> em relação ao sítio anatômico<br />

5,9 7,5 10,1 13,5 15 21,8 26,2<br />

Gengiva<br />

Lábio<br />

Base da Língua<br />

Assoalho da Boca<br />

Palato<br />

Outras partes-<strong>boca</strong><br />

Outras partes-Língua<br />

Fonte: INCA/HC/Registro Hospitalar <strong>de</strong> Câncer<br />

11


Fonte: Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996)<br />

Fonte: Fehrenbach e Herring (1998)<br />

12


Etapas da Carcinogênese<br />

Segundo Barbosa (1962), a neoplasia é <strong>de</strong>finida como <strong>um</strong> tecido anormal que é<br />

formado por células transformadas <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> células normais e por <strong>um</strong> estroma<br />

vascularizado. Uma neoplasia po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> benigna ou maligna, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do seu<br />

comportamento e da sua influência na sobrevida do seu portador.<br />

As células neoplásicas po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> diferenciadas das normais por <strong>um</strong>a série <strong>de</strong><br />

fatores: como a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invadir e, no caso <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> infiltrar e <strong>de</strong>struir os<br />

tecidos vizinhos e causar a propagação do <strong>câncer</strong> para outro local (metástase), bem como a<br />

diminuição ou perda das características <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida<br />

vegetativa, como a <strong>de</strong> multiplicação.<br />

O autor citado, <strong>de</strong>screve que existem três fases para o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

carcinogênese: a Iniciação, a Promoção e a Progressão. Na primeira fase existe a<br />

transformação da célula normal n<strong>um</strong>a célula oculta, <strong>de</strong>corrente da ação cancerígena. Na<br />

segunda fase, a Promoção, ocorre após a lesão inicial. As células iniciadoras se expostas<br />

aos fatores <strong>de</strong> risco, viriam a apresentar os efeitos carcinogênicos. Por não <strong>ser</strong>em agentes<br />

mutáveis seus efeitos po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> reversíveis n<strong>um</strong>a fase inicial, mas se a lesão for intensa e<br />

prolongada, levará ao <strong>de</strong>senvolvimento das displasias. Que po<strong>de</strong>m evoluir <strong>de</strong> <strong>um</strong> grau leve a<br />

intenso, levando a <strong>um</strong> carcinoma In Situ (Tis - T<strong>um</strong>or encontrado apenas na epi<strong>de</strong>rme). Na<br />

terceira fase, Progressão, acontece in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente ou não da ação cancerígena, as<br />

células ocultas se transformam <strong>de</strong>finitivamente em células neoplásicas sob a ação <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

agente irritativo.<br />

Para Cascíato e Lowitz (1991), as células modificadas propiciam o surgimento <strong>de</strong><br />

pequenos nódulos ou úlceras (feridas) <strong>de</strong> bordas endurecidas e elevadas <strong>de</strong> difícil<br />

cicatrização e outras vezes como placas esbranquiçadas compatíveis com leucoplasias,<br />

principalmente quando encontradas com manchas vermelhas. A leucoplasia <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong><br />

13


diferenciada <strong>de</strong>: Monilíase, que são manchas brancas que po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> removidas<br />

esfregando-se a região e <strong>de</strong> Líquem plano, que são finas linhas brancas, geralmente<br />

provocadas por <strong>de</strong>ntaduras, que se localizam particularmente na região ventral da língua,<br />

soalho da <strong>boca</strong>, arco das faces ou palato mole.<br />

As lesões <strong>de</strong> monilíase e líquem plano apresentam como sintoma <strong>um</strong> ligeiro<br />

<strong>de</strong>sconforto, sensação <strong>de</strong> algo estranho no local, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala, mastigação, <strong>de</strong>glutição<br />

e raramente apresentam dor.<br />

Quando se encontra <strong>um</strong>a lesão suspeita, para confirmar que a mesma tem natureza<br />

maligna ou benigna existem vários recursos. Os mais recorridos são a Citologia esfoliativa<br />

que é o exame microscópico do material da lesão com o auxílio <strong>de</strong> <strong>um</strong>a espátula, aplicado<br />

sobre <strong>um</strong>a lâmina <strong>de</strong> vidro e fixado imediatamente como álcool - éter a 50% e a Biópsia que<br />

é a retirada <strong>de</strong> pequena parte da lesão para análise histopatológica, é o único método <strong>de</strong><br />

diagnóstico <strong>de</strong>finitivo.<br />

Em suas pesquisas, Shedd (1982) constatou que cerca <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong> todos os casos<br />

<strong>de</strong> neoplasias malignas estão localizadas na <strong>boca</strong>. Sendo mais propensos no lábio inferior,<br />

borda lateral da língua, soalho bucal, mucosa gengival e julgal. Das neoplasias malignas da<br />

<strong>boca</strong> o carcinoma espino celular é o que mais aparece, representando cerca <strong>de</strong> 95% dos<br />

canceres bucais.<br />

Estadiamento<br />

Kowalsk e Parese Jr. (1996) <strong>de</strong>screveram que antes <strong>de</strong> enquadrar o paciente aos<br />

grupos específicos, os médicos <strong>de</strong>vem se basear no que ob<strong>ser</strong>vam no doente antes <strong>de</strong><br />

<strong>ser</strong>em submetidos a qualquer tratamento. A palpação do pescoço, radiografias, tomografia<br />

computadorizada e a oroscopia contribuem para o diagnóstico.<br />

14


As regras para <strong>de</strong>nominação do estadiamento são padronizadas <strong>pela</strong> União<br />

Internacional contra o Câncer. Os t<strong>um</strong>ores são caracterizados <strong>pela</strong> extensão do local (T),<br />

pelo acompanhamento metastático linfonodal regional nas áreas <strong>de</strong> drenagem (N) e <strong>pela</strong><br />

presença ou ausência <strong>de</strong> metástase à distância (M).<br />

pescoço:<br />

Os mesmos autores citam a seguinte classificação para as neoplasias <strong>de</strong> cabeça e<br />

TNM — Classificação Clínica<br />

T — T<strong>um</strong>or Primário<br />

Tx — T<strong>um</strong>or primário não po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> avaliado<br />

T0 — Não há evidência <strong>de</strong> t<strong>um</strong>or primário<br />

Tis — Carcinoma In Situ<br />

T1 — Lesão medindo no máximo 2cm na sua maior dimensão<br />

T2 — Lesão medindo entre 2cm e 4cm na sua maior dimensão<br />

T3 — Lesão medindo no máximo 4cm na sua maior dimensão<br />

T4 — Lesão inva<strong>de</strong> estrutura profundas; músculos, pterigói<strong>de</strong>o, base da língua, ossos, etc<br />

N — Linfonodos regionais<br />

Nx — Linfonodos regionais não po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> avaliados<br />

N0 — Ausência <strong>de</strong> metástase em Linfonodos regionais<br />

Ni — Metástase em <strong>um</strong> único linfonodo homolateral, com 3cm ou menos na sua maior<br />

dimensão<br />

N2a — Metástase em <strong>um</strong> único linfonodo homolateral, com mais <strong>de</strong> 3cm na sua maior<br />

dimensão<br />

15


N2b — Metástase em linfonodos homolaterais múltiplos, com no máximo 6cm na sua maior<br />

dimensão<br />

N2c — Metástase em linfonodos bilaterais ou centralaterais, com no máximo 6cm na sua<br />

maior dimensão<br />

N3 — Metástase em linfonodos com mais <strong>de</strong> 6cm na sua maior dimensão<br />

M — Metástase à distância<br />

Mx — Impossível avaliar a ausência ou presença <strong>de</strong> metástase á distância<br />

Ml — Presença <strong>de</strong> metástase á distância<br />

M0 — Ausência <strong>de</strong> metástase à distância<br />

Existe ainda <strong>um</strong>a classificação baseada nas características histopatológicas do<br />

carcinoma, pois para que seja dada <strong>um</strong> prognóstico correto é preciso que se veja a<br />

extensão e expansão do t<strong>um</strong>or, <strong>de</strong>finindo assim os diferentes graus do <strong>câncer</strong>.<br />

Os graus histológicos estão abaixo representados:<br />

Gx — grau <strong>de</strong> diferenciação não po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> avaliado.<br />

G1 — carcinoma bem diferenciado<br />

G2 — carcinoma mo<strong>de</strong>rado diferenciado<br />

G3 — carcinoma pouco diferenciado<br />

G4 — carcinoma indiferenciado<br />

Fatores <strong>de</strong> Risco<br />

O <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> tem o seu <strong>de</strong>senvolvimento estimulado <strong>pela</strong> interação <strong>de</strong> fatores<br />

ambientais e fatores hospe<strong>de</strong>iros, próprios do indivíduo. A ação dos fatores do hospe<strong>de</strong>iro<br />

com os fatores externos, associados ao tempo <strong>de</strong> exposição a estes, é condição básica<br />

16


para a formação da gênese dos t<strong>um</strong>ores malignos que acontecem a <strong>boca</strong>. Entretanto, o<br />

indivíduo reage <strong>de</strong> maneira particular à cada estimulo, <strong>um</strong>a vez que as reações estão<br />

relacionados à hereditarieda<strong>de</strong>, ida<strong>de</strong>, sexo e muitos outros fatores. Explicando assim a<br />

existência <strong>de</strong> múltiplas causas para cada tipo <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> (Barbosa, 1962).<br />

A pessoa é pertencente a <strong>um</strong> grupo <strong>de</strong> risco quando ela apresenta gran<strong>de</strong>s<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> adquirir <strong>um</strong>a doença. Isso não significa que obrigatoriamente a<br />

<strong>de</strong>senvolverá, apenas têm maiores probabilida<strong>de</strong>s comparada com a população em geral<br />

(Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996).<br />

O Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996) relata todos os fatores ambientais que estão<br />

relacionados ao <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>. Entre eles o Tabagismo, que <strong>de</strong> acordo com a<br />

Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS), é <strong>um</strong> dos mais potentes agentes cancerígenos<br />

conhecidos da h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong>. O tabaco é a maior causa <strong>de</strong> doenças e mortes no mundo.<br />

Estudos comprovam que o risco <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong> <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> é bem maior em<br />

pessoas que fazem uso <strong>de</strong> tabaco, quando comparados com os que não são usuários.<br />

Na f<strong>um</strong>aça do tabaco e no próprio f<strong>um</strong>o, já foram encontrados mais <strong>de</strong> 60<br />

substâncias <strong>de</strong> ação cancerígena, entre elas o alcatrão que se <strong>de</strong>staca por conter o<br />

benzepireno, que é <strong>um</strong> dos principais agentes cancerígenos. Essas substâncias acima<br />

mencionadas associadas a exposição contínua do calor provocado <strong>pela</strong> f<strong>um</strong>aça, são<br />

alterações que facilitam a presença <strong>de</strong> carcinomas.<br />

Os indivíduos que apresentam úlceras bucais, mesmo que sejam transitórias, são<br />

mais vulneráveis, pois permitem o contato direto das substâncias cancerígenas e elementos<br />

agressivos com o tecido. Este fato se agrava nos casos <strong>de</strong> tabagistas que usam prótese<br />

<strong>de</strong>ntária mal ajustada, a<strong>um</strong>entando ainda mais o risco <strong>de</strong> contrair <strong>um</strong> <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>.<br />

17


Qualquer forma <strong>de</strong> tabaco, seja para mascar, rapé, cigarros, charutos ou<br />

cachimbos, constituem a mesma taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> do <strong>câncer</strong> da cavida<strong>de</strong> bucal. Sendo<br />

que alguns autores consi<strong>de</strong>ram o cachimbo o f<strong>um</strong>o mais agressor que os outros.<br />

Ao abandonar o tabagismo, geralmente o paciente f<strong>um</strong>ava em média 30 cigarros<br />

por dia, é necessário que se espere 10 anos para que o ex-f<strong>um</strong>ante tenha seu nível <strong>de</strong> risco<br />

<strong>de</strong>crescente po<strong>de</strong>ndo se tornar comparável ao não f<strong>um</strong>ante.<br />

Distribuição <strong>de</strong> Carcinoma Epi<strong>de</strong>rmói<strong>de</strong> Bucal em relação ao tabagismo<br />

Tabagismo Freqüência %<br />

Tabagista 232 95,08<br />

Não-Tabagista 12 4,92<br />

TOTAL 244 100,00<br />

Tabagista<br />

95,08%<br />

Fonte: Kignel e colaboradores (1999)<br />

Nãotabagista<br />

4,92%<br />

Outro fator é o Alcoolismo que também proporciona o risco <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>,<br />

principalmente os t<strong>um</strong>ores <strong>de</strong> soalho bucal e da língua. Ainda não é possível <strong>de</strong>terminar os<br />

mecanismos pelos quais o álcool po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong> <strong>câncer</strong>. Sabe-se que o a<strong>um</strong>ento da<br />

permeabilida<strong>de</strong> das células da mucosa aos agentes carcinogênicos contido no tabaco,<br />

<strong>de</strong>vido ao efeito solubilizantes do álcool, presença <strong>de</strong> substâncias carcinogênicas nas<br />

bebidas alcóolicas, dano celular produzidos pelos metabólicos do etanol (al<strong>de</strong>ídos),<br />

18


<strong>de</strong>ficiências nutricionais secundárias ao cons<strong>um</strong>o crônico do próprio álcool; e diminuição<br />

dos mecanismos dos locais <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa são alg<strong>um</strong>as possibilida<strong>de</strong>s existentes que<br />

contribuem para o surgimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> t<strong>um</strong>or.<br />

Pesquisas realizadas no Brasil, comprovam que o vinho é mais maléfico do que a<br />

cachaça, no que se refere ao <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> língua, mesmo entre os cons<strong>um</strong>idores mo<strong>de</strong>rados.<br />

Já os cons<strong>um</strong>idores crônicos sofrem <strong>um</strong> risco relativo para o <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> nos índices 8,5<br />

a 9,2 vezes maior do que o grupo não cons<strong>um</strong>idor.<br />

Quando existe associação do tabaco e o álcool, o risco para o <strong>câncer</strong> bucal é<br />

potencialmente gran<strong>de</strong>, sendo maior o peso do tabagismo.<br />

Distribuição <strong>de</strong> Carcinoma Epi<strong>de</strong>rmói<strong>de</strong> Bucal em relação ao etilismo<br />

Etilismo Freqüência %<br />

Etilista 158 64,75<br />

Não-Etilista 86 35,25<br />

TOTAL 244 100,00<br />

Etilista<br />

64,75%<br />

Fonte: Kignel e colaboradores (1999)<br />

19<br />

Não-<br />

Etilista<br />

35,25%<br />

Por modificarem a mucosa bucal os Fatores Nutricionais fazem parte do grupo <strong>de</strong><br />

risco. Essa anormalida<strong>de</strong> se dá <strong>pela</strong> falta <strong>de</strong> alguns nutrientes, que facilitam o aparecimento


do t<strong>um</strong>or. Uma dieta rica em gorduras, álcool e ferro ou pobre em proteínas, vitaminas (A, E,<br />

C, B2) e alguns minerais, como cálcio e selênio é consi<strong>de</strong>rada <strong>um</strong> importante fator <strong>de</strong> risco.<br />

Certos nutrientes específicos são consi<strong>de</strong>rados fatores que a<strong>um</strong>entam a<br />

predisposição do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>, eles são: a diferença <strong>de</strong> ferro e beta-caroteno, o<br />

precursor da vitamina A (encontradas no espinafre, couve, batata doce, cenoura, mamão e<br />

abóbora). O cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> alimentos e bebidas quentes não é consi<strong>de</strong>rado fator isolado no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> <strong>câncer</strong>. Vários estudos tem comprovado que o uso excessivo<br />

<strong>de</strong> chimarrão, a<strong>um</strong>enta o risco <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> bucal.<br />

Evidências epi<strong>de</strong>miológicas tem <strong>de</strong>monstrado que existe <strong>um</strong>a relação inversa entre<br />

cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> frutas frescas, principalmente as cítricas (limão, laranja) e vegetais em relação<br />

a incidência <strong>de</strong> <strong>câncer</strong>, ou seja, existe <strong>um</strong> baixo risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>boca</strong> em pessoas que consomem frutas cítricas e vegetais ricos em beta-caroteno (vitamina<br />

A).<br />

Alguns Agentes Biológicos têm sido correlacionados como fator <strong>de</strong> risco. Alg<strong>um</strong>as<br />

<strong>de</strong>ssas associações são os Vírus Herpes Simples (HSV) tipo I — <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> língua, Vírus do<br />

Papiloma H<strong>um</strong>ano (HPV), são semelhantes àqueles localizados no trato genital. Existe <strong>um</strong>a<br />

possível transformação maligna nas lesões verrugosas da <strong>boca</strong> e Estomatites Crônicas<br />

causadas pelo fungo Cândida albinas em locais irritados por próteses mal ajustadas.<br />

A Radiação Solar também é <strong>um</strong> fator contribuinte para o surgimento <strong>de</strong><br />

carcinomas, pois o indivíduo exposto a raios ultravioletas por <strong>um</strong> período superior à 15 ou<br />

30 anos é capaz <strong>de</strong> causar lesões <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância biológica, e principalmente as<br />

neoplasias malignas que encontramos na parte inferior dos lábios. A primeira alteração<br />

somática <strong>de</strong>corrente a exposição da luz solar é a transformação da histidina em histamina<br />

que proporciona o eritema da pele (vermelhão) principalmente em pessoas <strong>de</strong> cor clara, por<br />

20


terem pouca pigmentação melânica. São as que apresentam maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver o carcinoma.<br />

O resto <strong>de</strong> propagação do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da intensida<strong>de</strong> e do tempo <strong>de</strong><br />

exposição da pele ao sol, da mucosa e da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pigmentação dos tecidos. Para<br />

minimizar esse transtorno, é necessário que o indivíduo, ao se expor no período das 10 às<br />

15 horas, se proteja com o uso <strong>de</strong> chapéu e filtros solares, pois a porção vermelha do lábio<br />

inferior é a zona da <strong>boca</strong> que mais sofre com as radiações solares.<br />

Sabe-se que há poucas evidências para afirmarmos que a Irritação Mecânica<br />

Crônica seja <strong>um</strong> dos fatores <strong>de</strong> risco, mas já se discute que os fenômenos irritativos <strong>de</strong><br />

baixa intensida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ação prolongada ajudam no aparecimento do carcinoma <strong>de</strong> <strong>boca</strong>,<br />

por favorecerem a ação <strong>de</strong> outros agentes carcinógenos, como o álcool e o f<strong>um</strong>o.<br />

Constantemente encontramos em trabalhos, que tratam dos fatores etiológicos do <strong>câncer</strong><br />

bucal, esse fatores como responsáveis pelo <strong>de</strong>senvolvimento das neoplasias bucais.<br />

As causas <strong>de</strong> lesões hiperplásicas fibrosa inflamatória ou tra<strong>um</strong>ática (ver fig.1<br />

anexo III) são provocadas <strong>pela</strong> ação contínua <strong>de</strong> próteses <strong>de</strong>ntárias mal ajustadas, <strong>de</strong><br />

câmaras <strong>de</strong> sucção (artificio utilizado para obter-se <strong>um</strong>a maior fixação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntaduras) e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntes quebrados ou restos <strong>de</strong>ntários.<br />

É com<strong>um</strong> <strong>ser</strong>em encontradas lesões no sulco-labial e bucal po<strong>de</strong>ndo ulcerar,<br />

tornando-se dolorosa e <strong>de</strong>sconfortável para o paciente. Pequenas lesões po<strong>de</strong>m regredir<br />

com o ajuste da prótese; lesões maiores requerem reajuste da prótese, ressecção cirúrgica<br />

e exame histopatológicos. É muito raro que essas lesões evoluam para <strong>um</strong>a forma t<strong>um</strong>oral.<br />

Para os profissionais da área <strong>de</strong> oncologia os Fatores Ocupacionais nos últimos<br />

anos vem a<strong>um</strong>entando o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> em pessoas que trabalham na<br />

agricultura e industrias <strong>de</strong> tecidos, metais e ma<strong>de</strong>ira. Em razão <strong>de</strong>sses dados, alguns<br />

autores incluem os fatores ocupacionais entre os fatores <strong>de</strong> risco. Na realida<strong>de</strong> o fator<br />

21


ocupacional não é o agente cancerígeno, mas o fato <strong>de</strong> as pessoas se exporem a certos<br />

agentes químicos, propiciam <strong>um</strong> maior risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver carcinomas bucais.<br />

De acordo com Ramos Jr. (1984) os agentes cancerígenos <strong>de</strong>verão <strong>ser</strong> ob<strong>ser</strong>vados<br />

na terapia e na prevenção dos t<strong>um</strong>ores da <strong>boca</strong>. Mesmo em pacientes com t<strong>um</strong>ores<br />

consi<strong>de</strong>rados curados é necessário que se faça sempre novos exames, já que esses<br />

indivíduos ten<strong>de</strong>m a ter lesões cancerígenas em maior porcentagem do que as outras<br />

pessoas em geral.<br />

Descrevendo o pacientes que mais se enquadra a esses fatores <strong>de</strong> risco, o<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996) o i<strong>de</strong>ntifica como sendo do sexo masculino, ida<strong>de</strong> superior a 40<br />

anos, tabagista crônico, alcoólatra, má higiene bucal, imuno<strong>de</strong>primidos, portadores <strong>de</strong><br />

próteses mal ajustadas ou que sofram <strong>de</strong> outra irritação crônica da mucosa bucal e cons<strong>um</strong>o<br />

excessivo e prolongado <strong>de</strong> chimarrão.<br />

Lesões Precursoras<br />

Barbosa (1962) citou que as Lesões Precursoras apresentam condições<br />

anormais sem <strong>ser</strong>em diagnosticadas malignas, mas criam <strong>um</strong>a atmosfera favorável ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do <strong>câncer</strong>. São consi<strong>de</strong>radas pré-cancerígenas e classificadas como<br />

Lesões Brancas e Lesões Vermelhas, causando preocupação aos profissionais ligados à<br />

área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pois alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>ssas lesões quando são estimuladas, propiciam mudanças<br />

na condição <strong>de</strong> pré-cancerosa para cancerosa. Temos por exemplo a lesão leucoplásica e a<br />

lesão eritroplásica, que quase sempre se transformam em carcinomas.<br />

Lesões Brancas<br />

Apresentam coloração acinzentada ou esbranquiçada contrastando com a<br />

coloração rósea avermelhada da mucosa normal. As mais freqüentes são:<br />

22


Leucoplasia<br />

Estudos feitos por Dib e Curi (1996) revelam que a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

(OMS) classifica leucoplasia como <strong>um</strong>a lesão esbranquiçada, plana ou elevada, lisa ou<br />

rugosa que se apresentam na mucosa da <strong>boca</strong>, porém quando associadas com áreas<br />

avermelhadas, exibem características histopatológicas agressivas ou até mesmo já<br />

caracterizam <strong>um</strong> carcinoma invasivo.<br />

Destacam-se por não <strong>ser</strong>em removíveis <strong>pela</strong> raspagem, não regri<strong>de</strong> após a<br />

eliminação <strong>de</strong> possíveis fatores causais e histologicamente não po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> classificada como<br />

nenh<strong>um</strong>a outra doença. Na maioria das vezes, são <strong>de</strong>scobertas ocasionalmente em exames<br />

<strong>de</strong> rotina ou <strong>pela</strong> própria pessoa que se sente <strong>um</strong>a rugosida<strong>de</strong> ao roçar da língua.<br />

Seu aspecto clínico po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong>: múltiplos ou únicos, localizados ou dispersos na<br />

mucosa bucal e variar <strong>de</strong> homogêneo à mosqueado.<br />

Na leucoplasia homogênea (ver fig.2 anexo III), as lesões são esbranquiçadas, <strong>de</strong><br />

limites <strong>de</strong>finidos e superfície lisa ou levemente irregular. É o tipo mais com<strong>um</strong> <strong>de</strong><br />

leucoplasia. Quando <strong>de</strong>tectadas <strong>de</strong>ve-se afastar os fatores que possam tê-la provocado<br />

(irritantes crônicos da mucosa). Na leucoplasia mosqueada (ver fig.3 anexo III), as lesões<br />

apresentam coloração variada, po<strong>de</strong>ndo <strong>ser</strong> leve ou intensamente mosqueadas (áreas<br />

avermelhadas ou se apresentam pontilhadas). Constituem erosões em sua superfície e<br />

apresentam <strong>um</strong> potencial <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> maior que o da forma homogênea.<br />

As áreas mais afetadas são soalho da <strong>boca</strong>, bordas e face ventral da língua,<br />

mucosa julgal e lábio. Sendo que as lesões <strong>de</strong> língua e soalho bucal têm <strong>um</strong> maior<br />

significado clínico, por <strong>ser</strong>em áreas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> alta incidência do carcinoma<br />

espinocelular.<br />

23


Acredita-se que o tratamento só com Beta-Caroteno ou em combinação com outros<br />

antioxidantes, como as vitaminas C e E, po<strong>de</strong>rá reverter a leucoplasia sem toxida<strong>de</strong>s, em<br />

<strong>um</strong> período curto <strong>de</strong> aplicação. Caso não se tenha o resultado <strong>de</strong>sejado, a cirurgia é<br />

indicada para que se faça <strong>um</strong>a remoção completa da lesão. Atualmente essa ressecção é<br />

feita com la<strong>ser</strong> <strong>de</strong> CO2, pois a cicatrização apresenta <strong>um</strong> resultado satisfatório.<br />

Devido a extensão <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as lesões, às vezes não é possível removê-las n<strong>um</strong><br />

único tempo cirúrgico, sendo então recomendado que se faça diversas biópsias incisionais,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> mapear as áreas mais prioritárias à ressecção.<br />

O prognóstico das leucoplasias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da ida<strong>de</strong> do paciente, já que acomete<br />

geralmente pessoas com ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 50 anos. Temos que verificar seu aspecto clínico<br />

e a sua localização.<br />

Líquen Plano<br />

Becker, Na<strong>um</strong>ann e Pfaltz (1998) <strong>de</strong>screveram o líquen plano como <strong>um</strong>a doença<br />

cutânea que acomete a mucosa bucal, gengival e língua. Elas são freqüentemente múltiplas,<br />

bilaterais, estriadas e se amostram como placas esbranquiçadas, ocasionalmente<br />

erosados. Também apresentam-se em forma <strong>de</strong> encontrar placas lisas cinza ou azuladas<br />

bem pequenas no dorso da língua. Essas lesões não po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> removidas, são firmes e<br />

planas. Não há dor e tem baixo potencial <strong>de</strong> cancerização. Preferencialmente acometem<br />

adultos após os 50 anos e seu aparecimento às vezes apresentam relação com problemas<br />

emocionais. Geralmente se divi<strong>de</strong>m em 1/3 somente <strong>de</strong> lesões intraorais, e ou 1/3 <strong>de</strong> lesões<br />

gerais e cutâneas.<br />

Manifestam-se por duas formas <strong>um</strong>a queratótica e <strong>um</strong>a não queratótica. As lesões<br />

queratóticas apresentam formas reticular, com estrias brancas que se embaralharam,<br />

tomando como forma simétrica, são encontradas na mucosa julgal, gengiva, palato, língua,<br />

24


etc. Os pacientes não relatam qualquer sintoma, sendo somente <strong>de</strong>tectada nos exames <strong>de</strong><br />

rotina ou pelo próprio. O grupo <strong>de</strong> lesão não queratótica apresentam formas atróficas ou<br />

erosiva. É na língua que encontramos com freqüência as formas atróficas. O paciente relata<br />

dor, ardor e queimação durante alimentação. Já na forma erosiva são encontradas áreas<br />

<strong>de</strong>scamadas com gran<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> e sob essa região <strong>um</strong>a pseudomembrana<br />

acinzentada que durante a alimentação ou mesmo na <strong>de</strong>glutição salivar ocorre sangramento.<br />

Com<strong>um</strong>ente afetam a mucosa julgal, língua e gengivas.<br />

O Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996), explica que o tratamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do grau <strong>de</strong><br />

severida<strong>de</strong> dos sintomas e aspectos clínicos. Muitas vezes as formas queratóticas não<br />

necessitam <strong>de</strong> tratamento, só <strong>um</strong>a orientação a<strong>de</strong>quada ao paciente. Mas às vezes ocorre<br />

remissão da doença após a tranqüilização do mesmo, necessitando que se faça <strong>um</strong>a nova<br />

biópsia. Já as não queratóticas são tratadas com corticói<strong>de</strong>s, que produzem bons<br />

resultados. Po<strong>de</strong>m reaparecer após o interrompimento do uso do medicamento.<br />

Existem controvérsias quanto ao risco <strong>de</strong>ssa lesão se transformar em <strong>câncer</strong>. O que<br />

se lê em alg<strong>um</strong>as literaturas são erros do próprio diagnóstico clínico do líquem plano inicial<br />

ou má interpretação histopatológica. Atualmente o risco <strong>de</strong>ssa doença se tornar maligna é<br />

consi<strong>de</strong>rada inexistente para alguns autores.<br />

25


Ceratose Actínica<br />

Em outro estudo Dib e Curi (1996) relataram que as ceratose actínicas, (ver fig.4<br />

anexo III) são alterações que acometem principalmente o lábio inferior <strong>de</strong>vido a exposição<br />

contínua e prolongada à luz solar. As pessoas <strong>de</strong> pele muito clara apresentam pouca<br />

resistência aos raios solares, por conseqüência são as que mais sofrem com essa lesão.<br />

Apresentam manchas, placas brancas ou avermelhadas, po<strong>de</strong>ndo ter áreas <strong>de</strong>scamadas ou<br />

ulceradas. Po<strong>de</strong>m ter dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimentar os lábios, secura, ardor, queimação e<br />

sangramento espontâneos.<br />

Seu diagnóstico é fácil <strong>de</strong> <strong>ser</strong> executado, mas é pru<strong>de</strong>nte que se faça <strong>um</strong>a biópsia<br />

incisional para avaliar o grau <strong>de</strong> modificações histológicas. Caso seja <strong>de</strong>tectado a quelite<br />

actínica, é preciso orientar para o uso <strong>de</strong> protetores solares no lábio, uso <strong>de</strong> chapéu,<br />

redução a exposição solar e aguardar a evolução com possível regressão da lesão, que<br />

<strong>de</strong>vem <strong>ser</strong> <strong>de</strong> pouco tempo. Mas se existir alterações epiteliais, é recomendado a cirurgia<br />

para que a remoção seja feita em toda a área afetada.<br />

O Ministério da Saú<strong>de</strong> afirma que o diagnóstico diferencial das lesões brancas<br />

<strong>de</strong>ve <strong>ser</strong> feito com as seguintes doenças:<br />

- Estomatite Nicotínica<br />

São lesões freqüentemente encontradas no palato mole e duro. Seu formato é como<br />

pápulas esbranquiçadas com pontos avermelhados no centro, que ocasionalmente se<br />

apresentam em placas cortadas por sulcos ou fissuras. Apresentam respostas individuais<br />

mais intensa ao tabagismo.<br />

- Candidíase Pseudo Membranosa<br />

É com<strong>um</strong>ente conhecido como sapinho ou monilíase. Como já citado, a candidíase<br />

pseudo membranosa é caracterizada <strong>pela</strong> presença <strong>de</strong> áreas brancas espessadas que,<br />

quando removidas apresentam hiperemia. Esse fungo é encontrado na maioria das <strong>boca</strong>s<br />

26


aparentemente sadias, seu <strong>de</strong>senvolvimento ocorre a partir <strong>de</strong> doenças crônicas<br />

<strong>de</strong>bilitantes, <strong>de</strong>sidratação, corticoterapia e aids ou fatores locais, como o uso <strong>de</strong> prótese,<br />

má higiene da <strong>boca</strong> e xerostomia (ver fig.5 anexo III).<br />

- Candidíase Crônica Hiperplásica<br />

São lesões da forma <strong>de</strong> candidíase mais difíceis <strong>de</strong> diferenciar das leucoplasias,<br />

<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> <strong>um</strong>a resposta hiperplásica da mucosa, que produz ceratinização excessiva.<br />

As placas não po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> removidas <strong>pela</strong> raspagem da mucosa e o diagnóstico diferencial<br />

só po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> feito por meio <strong>de</strong> biópsia. Os indivíduos que apresentam infecção pelo vírus da<br />

imuno<strong>de</strong>ficiência h<strong>um</strong>ana (HIV, sigla em inglês), são freqüentemente acometidos por essa<br />

lesão.<br />

Lesões Vermelhas<br />

São consi<strong>de</strong>radas mais perigosas que as lesões brancas, pois apresentam<br />

gran<strong>de</strong>s chances <strong>de</strong> se tornarem malignas. As principais lesões vermelhas, são as<br />

eritroplasias, <strong>de</strong>scritas abaixo pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996).<br />

Eritroplasia<br />

Este termo é usado para <strong>de</strong>signar as placas <strong>de</strong> cor vermelho escuro, brilhantes,<br />

sem características inflamatórias da mucosa bucal (ver fig.6 anexo III). Não fazem parte do<br />

quadro clínico <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>a doença já diagnosticada no paciente e não apresentam sintomas.<br />

Quando associados com alg<strong>um</strong>as áreas leucoplásicas, são chamados <strong>de</strong> nodulares (ver<br />

fig.7 anexo III). Geralmente acometem indivíduos com mais <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

preferência do sexo masculino. Po<strong>de</strong>m localizar-se em quaisquer região da <strong>boca</strong>, sendo os<br />

mais freqüentes no soalho, no palato e nas bordas da língua.<br />

27


As eritroplasias são muito mais raras que as leucoplasias, porém constituem <strong>um</strong><br />

alto potencial <strong>de</strong> cancerização. Pesquisas comprovam que 90% dos casos são<br />

diagnosticados como displasia grave ou carcinoma. Seu diagnóstico se dá pelo somatório<br />

dos dados clínicos e características histopatológicas encontradas em biópsias. Alteração<br />

displásicas dificultam <strong>um</strong> resultado específico, mas com exames bem elaborados po<strong>de</strong>m se<br />

diferenciar <strong>pela</strong> candidíase eritematosa, o líquem plano erosivo e o lúpus eritematoso.<br />

Dib e Curi (1996) ob<strong>ser</strong>varam que o tratamento <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong> cirúrgico, com ressecção<br />

completa da lesão, variando <strong>de</strong> acordo com o grau histopatológico encontrado em <strong>um</strong>a<br />

biópsia prévia. O uso do la<strong>ser</strong> é <strong>um</strong> recurso utilizado pelos médicos por apresentarem<br />

resultados satisfatórios na maioria dos pacientes. Se faz necessário que o paciente<br />

suspenda os hábitos <strong>de</strong> f<strong>um</strong>ar e cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> álcool, pois são dois fatores <strong>de</strong> rico que<br />

possibilitam recidivas.<br />

O Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996) relata que as características <strong>de</strong> <strong>um</strong> diagnóstico das<br />

lesões vermelhas da <strong>boca</strong> <strong>de</strong> <strong>ser</strong> feita com as seguintes doenças:<br />

- Líquen Plano Erosivo<br />

Mesmo sendo mais freqüente no diagnóstico diferencial da leucoplasia, apresenta<br />

<strong>um</strong>a forma erosiva geralmente como <strong>um</strong>a lesão avermelhada. Po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> encontrada em<br />

ambos os lados e regiões da mucosa bucal. As lesões cutâneas mais freqüentemente<br />

presentes compõe o quadro clínico e facilita o diagnóstico.<br />

- Lúpus Eritematoso<br />

São encontrados com freqüência na língua, palato e mucosa julgal seja na forma<br />

sistêmica ou na forma discói<strong>de</strong> crônica. Essas lesões po<strong>de</strong>m sangrar, ulcerar e se associar<br />

as áreas esbranquiçadas. O principal diagnóstico diferencial do Lúpus Eritematoso se faz<br />

com o Líquen Plano quando as lesões são exclusivamente bucais. Também é discutido<br />

entre os profissionais o seu potencial neoplásico.<br />

28


- Candidíase Eritematosa<br />

Os portadores <strong>de</strong> próteses total superior apresentam com freqüência essa lesão,<br />

que é constituída por placas vermelhas sem pontos brancos. Outros locais da mucosa bucal<br />

e do dorso da língua também po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> acometidos, mas não com muita assiduida<strong>de</strong>.<br />

Os autores relatam que suspeitar <strong>de</strong> <strong>um</strong> estágio avançado <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> é<br />

muito fácil. Difícil é perceber que <strong>um</strong>a lesão aparentemente inofensiva po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> maligna,<br />

pois os sintomas específicos <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> são inexistentes em suas fases iniciais. A conduta<br />

clínica, portanto, <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong> criteriosa ao examinar qualquer indivíduo, principalmente os que<br />

pertencem aos grupos <strong>de</strong> riscos.<br />

Lesões Malignas<br />

O Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996) afirma que 90% a 95% dos carcinomas que surgem<br />

na <strong>boca</strong> é o epi<strong>de</strong>mói<strong>de</strong>, também chamado <strong>de</strong> espinocelular ou <strong>de</strong> células escamosas. Ele<br />

causa o rompimento do epitélio formando úlceras <strong>de</strong> consistência e base endurecida que<br />

dificilmente apresentam alg<strong>um</strong>a parte mole, com<strong>um</strong>ente ocorre nas lesões herpéticas e<br />

tra<strong>um</strong>áticas, como as aftas.<br />

Classificam-se as lesões da <strong>boca</strong> em ulcerada, nodulares e vegetantes, sendo que<br />

as ulceradas são divididas em: superficial (ver fig.8 anexo III), que se encontra paralela ao<br />

plano do epitélio; infiltrante (ver fig.9 anexo III), as que inva<strong>de</strong>m os tecidos subjacentes; e<br />

infiltrantes <strong>de</strong>strutiva (ver fig.10 anexo III), além <strong>de</strong> infiltrar ocorre perda <strong>de</strong> tecido e a lesão<br />

se aprofunda, constituindo <strong>um</strong>a lesão endófila. As lesões nodulares apresentam-se<br />

recobertas por <strong>um</strong>a mucosa sadia e geralmente representam lesões benignas ou malignas<br />

<strong>de</strong> glândulas salivares menores. Já as lesões vegetantes (ver fig.11 anexo III) se<br />

caracterizam por se exteriorizarem e por isso, são <strong>de</strong>nominadas exófiticas.<br />

29


Os carcinomas In Situ ou microinvasivos, segundo Kowalski (1996), ocasionalmente<br />

po<strong>de</strong>m afetar áreas <strong>de</strong> lesão cancerizáveis, ou áreas <strong>de</strong> mucosa aparentemente normal, e<br />

po<strong>de</strong>m apresentar alg<strong>um</strong>as vezes apenas alguns vasos irregulares bem pequenos.<br />

Quanto as suas características histopatológicas se enquadram nos graus I e II, com<br />

extensão superficial inferior à 2cm e espessura menor que 2mm. Seu tratamento consiste na<br />

ressecção ampla ou radioterapia. É raro ocorrer metástases regionais.<br />

De acordo com o autor o carcinoma invasivo se manifesta na forma <strong>de</strong> lesão<br />

ulcerada <strong>de</strong> crescimento progressivo e indolor no início. Outros sintomas só ocorrem bem<br />

<strong>de</strong>pois da doença já instalada, quando são <strong>de</strong>tectados invasões na musculatura e nos filetes<br />

nervosos, dando como sintomas a dor, sangramento, amolecimento <strong>de</strong>ntário, halitose,<br />

trismo e emagrecimento. Geralmente a maioria dos pacientes apresentam <strong>um</strong>a lesão oral<br />

única.<br />

A ocorrência <strong>de</strong> metástase <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do grau histológico do local do t<strong>um</strong>or e <strong>de</strong><br />

suas dimensões, a propagação do <strong>câncer</strong> para outro local é associada à presença <strong>de</strong><br />

múltiplos linfonodos metásticos. Os linfonodos mais acometidos são os do grupo mandibular<br />

e submandibular. Para o Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996), o diagnóstico precoce do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>boca</strong> é dificultado por <strong>ser</strong> assintomático e suas lesões iniciais (ver figs.8,12 e 13 anexo III)<br />

são raramente i<strong>de</strong>ntificadas <strong>pela</strong> maioria dos profissionais que examinam a <strong>boca</strong>.<br />

Principalmente os <strong>de</strong>ntistas.<br />

T<strong>um</strong>ores <strong>de</strong> Glândulas Salivares<br />

São encontrados em toda a mucosa bucal, mas apresentam preferência nas<br />

regiões do palato mole e na parte interna do lábio, on<strong>de</strong> encontramos gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

glândulas salivares menores (ver fig.14 anexo III).<br />

30


Essas lesões são nodulares, <strong>de</strong> evolução lenta e assintomática, e quando atingem<br />

<strong>um</strong> gran<strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e se ulceram. Entre os t<strong>um</strong>ores malignos que encontramos nas glândulas<br />

salivares os mais freqüentes são os carcinomas a<strong>de</strong>nocísticos ou cilindromas, os<br />

carcinomas muco-epi<strong>de</strong>rmói<strong>de</strong>s, os t<strong>um</strong>ores <strong>de</strong> células acinares e o a<strong>de</strong>nocarcinoma. Já os<br />

t<strong>um</strong>ores benignos, o a<strong>de</strong>noma pleomórfico ou t<strong>um</strong>or misto <strong>de</strong> glândula salivar, sendo este<br />

último o mais freqüente, raramente apresentam <strong>um</strong> correspon<strong>de</strong>nte maligno.<br />

O diagnóstico diferencial dos t<strong>um</strong>ores glandulares salivares só po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> realizado<br />

através <strong>de</strong> biópsia. É no sexo feminino que verificamos a maior incidência <strong>de</strong>ssa lesão.<br />

(Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996)<br />

Sarcomas<br />

Esse t<strong>um</strong>or (ver figs.15,16 anexo III) é consi<strong>de</strong>rado o mais maligno já encontrado,<br />

pois além <strong>de</strong> acometer a região bucal, ele se expan<strong>de</strong> por vias hematogênicas até alcançar<br />

os pulmões.<br />

São lesões raras, que se apresentam com muita vascularização e com rápida<br />

evolução. Relatos apontam que esse tipo <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> ocorre mais em crianças e adultos<br />

jovens. (Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996)<br />

Melanoma<br />

Surgem como <strong>um</strong>a mancha isolada <strong>de</strong> coloração acastanhada, azul-acinzentada ou<br />

negra, se instalando nos rebordos alveolares, palato ou gengivas (ver fig.17 anexo III). Por<br />

constituirem essa cor, ele po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> confundido com <strong>um</strong>a tatuagem e principalmente com o<br />

nervo. Raramente são encontrados, mas quando surgem sempre apresentam <strong>um</strong> grau alto<br />

<strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong>.<br />

31


Os negros e os mulatos são os indivíduos que naturalmente apresentam áreas<br />

pigmentadas na <strong>boca</strong>. O que difere essas áreas dos melanomas é que nessa pessoa as<br />

manchas melânicas apresentam-se difusas <strong>pela</strong> mucosa bucal, além da textura do eptélio<br />

guardar suas características próprias (Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996).<br />

Nervo<br />

Este t<strong>um</strong>or nos nervos se caracterizam como lesões planas ou elevadas,<br />

pigmentados (<strong>de</strong> cor marrom, cinza, azul ou preto) ou não, e que apresentam potencial <strong>de</strong><br />

malignização. Para que se tenha <strong>um</strong> diagnóstico correto é preciso pesquisar a distinção<br />

entre outras lesões <strong>de</strong> pigmentação benigna, principalmente se existir tra<strong>um</strong>atismos<br />

provocados pelo uso <strong>de</strong> prótese, má higiene bucal, mastigação ina<strong>de</strong>quada ou maceração<br />

por cúspi<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntárias. Suas localizações preferenciais são: a orofaringe, o palato e a<br />

mucosa julgal (Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996).<br />

Diagnóstico<br />

O momento do diagnóstico é <strong>um</strong> dos mais difíceis para o paciente e sua família,<br />

todavia, quando esse resultado é dado em <strong>um</strong> ambiente no qual confiam, tornando-se mais<br />

fácil, segundo relato dos próprios pacientes. Gran<strong>de</strong>s instituições no Brasil são formadas<br />

por profissionais capacitados para lidar com esse momento difícil, esclarecendo as dúvidas<br />

quanto à doença e seu tratamento.<br />

Na maioria das vezes, o que acontece com o paciente ao <strong>ser</strong> comunicado é que<br />

eles parecem não querer acreditar no diagnóstico, relatando inclusive a outros profissionais<br />

que ainda não sabem o que têm, na expectativa <strong>de</strong> <strong>um</strong> diagnóstico errado. Fazendo <strong>um</strong>a<br />

interpretação da maneira como <strong>de</strong>sejariam que o fosse. (Martins e colaboradores, 1999)<br />

32


O melhor método para o diagnóstico diferencial do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> é o exame<br />

clínico, e para que seja realizado não é necessário <strong>um</strong>a aparelhagem especial. Se disporem<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a boa il<strong>um</strong>inação, espelho bucal, abaixadores <strong>de</strong> língua ou espátulas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira,<br />

luvas e compressas <strong>de</strong> gaze ou lenços <strong>de</strong> papel, os médicos terão condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir<br />

lesões precursoras do <strong>câncer</strong> ou lesões malignas em suas fases iniciais.<br />

Nos casos <strong>de</strong> lesões invasivas o diagnóstico é sem dúvida fácil <strong>de</strong> se ob<strong>ser</strong>var,<br />

apesar <strong>de</strong> apresentar diversos aspectos. O t<strong>um</strong>or é quase sempre irregular, com aspectos<br />

granuloso grosseiro e <strong>de</strong> textura endurecida, as bordas são irregulares e elevadas. Os<br />

indivíduos que apresentam lesões com essas características, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar o<br />

diagnóstico <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> até obter o resultado da biópsia (Kowalski – 1996).<br />

O diagnóstico precoce do <strong>câncer</strong> bucal é prejudicado <strong>pela</strong> falta <strong>de</strong> informação da<br />

população, pelo fato <strong>de</strong> <strong>ser</strong> assintomático e as lesões iniciais raramente i<strong>de</strong>ntificadas <strong>pela</strong><br />

maioria dos profissionais que examinam a <strong>boca</strong> (Kowalski – 1996).<br />

Em res<strong>um</strong>o, o diagnóstico <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong> comunicado ao paciente em sua integrida<strong>de</strong>,<br />

sem <strong>de</strong>ixar dúvidas ou inseguranças. Essa árdua tarefa requer do profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

muito conhecimento e auto-controle, pois neste momento todos os tipo <strong>de</strong> emoções po<strong>de</strong>rão<br />

surgir. É preciso apren<strong>de</strong>r a percebê-las e lidar com elas, <strong>de</strong> forma a não interferir no bom<br />

relacionamento entre profissional-paciente, e consequentemente, contribui para sucesso<br />

terapêutico (Kignel e colaboradores, 1999).<br />

33


Citologia<br />

A citologia esfoliativa (ver fig.18 anexo III) é o exame microscópico <strong>de</strong> células<br />

isoladas que consiste em aplicar força suficiente para <strong>de</strong>scamar a camada superficial da<br />

lesão da mucosa bucal. Aplica-se o material obtido sobre <strong>um</strong>a lâmina, com <strong>um</strong> só<br />

movimento e em <strong>um</strong> único sentido, para que se realize <strong>um</strong> esfregaço uniforme e <strong>de</strong>lgado. A<br />

qualida<strong>de</strong> do esfregaço é essencial, pois o preparo incorreto e a interpretação errônea,<br />

compromete os resultados e a conduta com relação ao paciente. Cabe ressaltar que gran<strong>de</strong><br />

parte dos resultados falsos aconteciam <strong>de</strong>corrente da escassez <strong>de</strong> patologistas ou<br />

citologistas bem especializados. Hoje já encontramos profissionais capacitados para esta<br />

função (Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996).<br />

Esta técnica ajuda no diagnóstico <strong>de</strong> lesões mal <strong>de</strong>finidas ou mesmo com<br />

aparência não cancerígena, e no controle dos pacientes com <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> submetidos a<br />

cirurgias extensas e à radioterapia. É <strong>um</strong> método indolor, inócuo, barato, não cruente e <strong>de</strong><br />

execução simples e segura, o que facilita ao profissional <strong>um</strong>a interpretação clínica,<br />

diferenciando as lesões em foco das neoplasias malignas em fase inicial.<br />

A citologia esfoliativa é indicada para as seguintes situações:<br />

- Controle <strong>de</strong> pacientes submetidos a tratamento radioterápico<br />

- Controle <strong>de</strong> pacientes submetidos a quimioterapia<br />

- Interpretação <strong>de</strong> áreas anormais sem indicação clara <strong>de</strong> biópsia, on<strong>de</strong> apenas o exame<br />

clínico não <strong>ser</strong>ia suficiente para diagnostico, mas não surge <strong>câncer</strong><br />

- Controle <strong>de</strong> áreas on<strong>de</strong> lesões malignas prévias foram tratados por cirurgia ou<br />

irradiação<br />

- Pacientes com problemas cardio-vasculares importantes<br />

- Preparo <strong>de</strong> pacientes com fobias diversas em relação à biópsia.<br />

34<br />

(Berman e Soraya, 1999)


O Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996) relata que a esfoliação apresenta boa eficácia nas<br />

displasias, lesões ulceradas e eritroplasia. Não obtendo o mesmo resultado para as<br />

leucoplasias homogêneas, portanto <strong>de</strong>vem <strong>ser</strong> submetidas a biópsias, re<strong>ser</strong>vando-se a<br />

citologia nesses casos, apenas quando houver impedimento momentâneo à realização <strong>de</strong><br />

biópsias.<br />

Apesar <strong>de</strong> representar <strong>um</strong> método <strong>de</strong> diagnóstico, não se po<strong>de</strong> excluir o exame<br />

histopatológico por meio <strong>de</strong> biópsia. Como já foi <strong>de</strong>scrito, a citologia esfoliativa apresenta<br />

aproximadamente 20% <strong>de</strong> resultados falsos.<br />

Teste do Azul-<strong>de</strong>-Toluiduina<br />

Este teste baseia-se na fixação do corante básico azul-<strong>de</strong>-toluidina pelos ácidos<br />

nucléicos presentes nos núcleos das células sendo o número <strong>de</strong> células t<strong>um</strong>orais por<br />

centímetro cúbico maior do que as células normais, a área da lesão se cora mais do que as<br />

outras. Antes da aplicação do corante, a superfície da lesão é limpa com gaze ou cotonete<br />

embebido em solução <strong>de</strong> ácido acético e logo em seguida se faz a colocação do azul-<strong>de</strong>-<br />

toluidina durante 1 minuto. Ao terminar o paciente faz <strong>um</strong> bochecho com água para remoção<br />

do excesso <strong>de</strong> corante. Novamente o examinador limpa a superfície da lesão com a solução<br />

<strong>de</strong> ácido acético. O local que permanecer mais impregnado pelo corante é o que <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong><br />

biopsiado (ver fig.19 anexo III).<br />

Apesar <strong>de</strong> não <strong>ser</strong> indicado com a finalida<strong>de</strong> diagnóstica, orienta na biópsia <strong>de</strong><br />

lesão <strong>de</strong>tectadas ao exame físico que apresentam suspeitas <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>. Esse<br />

método é aplicado em programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> em gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong> risco<br />

(Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996).<br />

35


Biópsia<br />

A biópsia é a comprovação <strong>de</strong> <strong>um</strong> diagnóstico <strong>de</strong>finitivo. Ela é indicada em todos<br />

os casos em que o exame microscópio diferencial entre as doenças que alteram<br />

caracteristicamente os tecidos. Esse método consiste na remoção <strong>de</strong> <strong>um</strong> fragmento <strong>de</strong><br />

tecido <strong>de</strong> <strong>um</strong>a lesão suspeita. O pedaço retirado do tecido lesado <strong>de</strong>ve conter <strong>de</strong><br />

preferência a margem da lesão e sempre que possível <strong>um</strong>a parte do tecido normal para que<br />

se possa comparar. (Barbosa, 1962)<br />

O tipo <strong>de</strong> biópsia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tratamento da lesão. A biópsia incisional é utilizada<br />

quando a lesão é gran<strong>de</strong>, pois consiste na renovação <strong>de</strong> <strong>um</strong> pequeno fragmento da borda<br />

da lesão. Já a biópsia excisional é realizada para lesões pequenas, inteiras e facilmente<br />

ressecável, <strong>pela</strong> qual a lesão é retirada em toda sua totalida<strong>de</strong> (ver fig.20 anexo III).<br />

É preciso ter a certeza que na peça <strong>de</strong> biópsia a lesão esteja ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> tecido<br />

normal em toda a sua extensão e profundida<strong>de</strong>, para que não se tenha <strong>um</strong>a biópsia negativa<br />

nos casos <strong>de</strong> pacientes com lesões clinicamente suspeita <strong>de</strong> <strong>câncer</strong>. O teste <strong>de</strong> azul-<strong>de</strong>-<br />

toluidina auxilia na escolha <strong>de</strong> locais à <strong>ser</strong>em biopsiados, <strong>de</strong>terminando os limites da lesão.<br />

As condições i<strong>de</strong>ais para a realização <strong>de</strong> <strong>um</strong>a biópsia são:<br />

1. A zona mais corada ao teste do azul-<strong>de</strong>-toluidina;<br />

2. As bordas da lesão, incluindo-se <strong>um</strong>a pequena parte <strong>de</strong> tecido normal (biópsia<br />

incisional);<br />

3. Qualquer ulceração superficial das eritroplasias ou leucoplasicas;<br />

4. A porção mais verrucosa <strong>de</strong> <strong>um</strong>a leucoplasia;<br />

5. Lesões livres <strong>de</strong> excesso <strong>de</strong> queratinização, <strong>pela</strong> prévia <strong>de</strong> crostas; e<br />

6. Zonas lesionais livres <strong>de</strong> áreas necróticas ou ulceradas profundas<br />

36


A coleta <strong>de</strong> material por aspiração (biopsia aspirativa) é o método que vem sendo<br />

usado ultimamente como meio <strong>de</strong> diagnóstico, principalmente <strong>de</strong> lesões nodulares<br />

submucosas (Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996)<br />

Bases do Tratamento do Câncer Bucal<br />

Confirmado o diagnóstico <strong>de</strong> <strong>câncer</strong>, é preciso que o paciente procure <strong>um</strong><br />

especialista que tenha condições <strong>de</strong> avaliar a doença e indicar a forma mais eficiente ao<br />

seu caso, evitando qualquer procedimento precipitado que vá dificultar os recursos<br />

oferecidos <strong>pela</strong> reabilitação. Em relação à neoplasia, vários fatores precisam <strong>ser</strong> levados<br />

em consi<strong>de</strong>ração: a localização, aspecto macroscópio, extensão, grau <strong>de</strong> infiltração e<br />

natureza dos tecidos infiltrados, tipos histológicos e grau <strong>de</strong> diferenciação, presença ou<br />

ausência <strong>de</strong> metástases regional e as características <strong>de</strong>stas metásteses. É fundamental<br />

ob<strong>ser</strong>var a ida<strong>de</strong> do paciente, suas condições clínicas e nutricionais, sua predisposição em<br />

cooperar e o seu perfil psicológico, para que se tenha a garantia <strong>de</strong> sucesso na escolha<br />

terapêutica mais a<strong>de</strong>quada (Carvalho 1999).<br />

Existem controvérsias quanto a escolha <strong>de</strong> alguns métodos, seja por cirurgia,<br />

quimioterapia, radioterapia, suas intensida<strong>de</strong> e extensão. Cabe aos profissionais da saú<strong>de</strong><br />

pon<strong>de</strong>rar pelo equilíbrio entre a quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do paciente. Na verda<strong>de</strong> o<br />

que mais importa é o planejamento da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong>sse t<strong>um</strong>or (Barbosa, 1962).<br />

A cirurgia seguida <strong>de</strong> radioterapia é a modalida<strong>de</strong> terapêutica mais empregada na<br />

maioria dos casos. A quimioterapia também po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> utilizada em alg<strong>um</strong>as pessoas, porém<br />

ela não consegue promover isoladamente <strong>um</strong> tratamento efetivo, sendo sempre associada à<br />

outras técnicas. A cirurgia é sem dúvida a <strong>de</strong>cisão mais tomada, <strong>pela</strong> reconhecida<br />

radicalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parar o crescimento do t<strong>um</strong>or. (Ramos Jr., 1984)<br />

37


Ao <strong>de</strong>screverem as etapas do tratamento Parker, Rice e Casciatto (1991)<br />

abordaram as seguintes questões:<br />

A Cirurgia<br />

Este procedimento geralmente é realizado em quase todos os <strong>câncer</strong>es da<br />

cavida<strong>de</strong> oral, principalmente nos t<strong>um</strong>ores que se infiltram para os ossos. Através <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

planejamento e da histologia, o cirurgião <strong>de</strong>cidirá o procedimento mais apropriado. Nessa<br />

escolha envolve a ressecção ampla para que a incisão não ocorra entre as áreas<br />

supostamente t<strong>um</strong>orais, impedindo que surja alg<strong>um</strong> t<strong>um</strong>or residual.<br />

Em se tratando <strong>de</strong> lesões iniciais (ou seja, restrita ao local <strong>de</strong> origem, sem<br />

apresentar metástase) o tratamento é preferencialmente cirúrgico e a radioterapia é<br />

empregada em associação pós-operatória. Nas <strong>de</strong>mais lesões a cirurgia é indicada<br />

associada ou não à radioterapia e a quimioterapia.<br />

Quando existe metástase linfáticas, indica-se o esvaziamento das áreas <strong>de</strong><br />

drenagem linfática. Admite-se que <strong>um</strong> esvaziamento seletivo abrangindo as ca<strong>de</strong>ias mais<br />

próximas da lesão primária po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> suficiente para controlar a doença regional nos casos<br />

em que não existam linfonodos clinicamente suspeitos. Alguns autores afirmam que esse<br />

procedimento só se <strong>de</strong>ve realizar quando não é possível <strong>um</strong> “follow-up” regular e quando a<br />

metastatização é elastisticamente significante. O prognóstico nesses casos não são<br />

satisfatórios.<br />

Na cirurgia radical do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>, existe <strong>um</strong>a reconstrução imediata, permitindo<br />

gran<strong>de</strong>s ressecções e <strong>um</strong>a recuperação boa do paciente. As <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s cosméticas e<br />

funcionais são gran<strong>de</strong>s. Po<strong>de</strong> ocorrer comprometimento total ou parcial da fala, pne<strong>um</strong>onia<br />

<strong>de</strong> aspiração, paralisia facial, parestesias e dor na dissecção radical.<br />

38


Fúria (2000):<br />

Especificamente o papel da cirurgia para as regiões da cavida<strong>de</strong> oral é <strong>de</strong>scrito por<br />

Câncer do soalho <strong>de</strong> <strong>boca</strong> – As pequenas ressecções não inva<strong>de</strong>m estruturas<br />

adjacentes, habitualmente não acarretam déficits funcionais, pois são ressecções limitadas<br />

à área, com reconstruções menores que não interferem na mastigação, <strong>de</strong>glutição e fala.<br />

Em gran<strong>de</strong>s t<strong>um</strong>ores, existe a necessida<strong>de</strong> da ressecção do soalho da <strong>boca</strong>,<br />

porção da mandíbula (mandibulectomia) e as vezes parte da língua. A face do paciente se<br />

modifica em seu terço inferior, permanecendo a mandíbula pequena em relação a maxila.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo da extensão da língua, po<strong>de</strong> apresentar dificulda<strong>de</strong>s para <strong>de</strong>glutir e falar.<br />

Na reconstrução da cavida<strong>de</strong> oral são usados retalhos miocutâneos,<br />

osteomicutâneos, os enxertos <strong>de</strong> pele ou ainda o fechamento primário que é a reconstrução<br />

da área ressecada com a própria estrutura.<br />

O enxerto feito com tecido <strong>de</strong> outra área (não adjacente) temporariamente causa<br />

alteração na <strong>de</strong>glutição, principalmente em relação ao acúmulo <strong>de</strong> saliva e ao<br />

posicionamento do alimento.<br />

Câncer <strong>de</strong> lábio – O t<strong>um</strong>or maligno dos lábios quando sofre ressecção parcial,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da reconstrução, não apresentam resultados quanto às alterações funcionais.<br />

Sendo que a ressecção completa dos lábios, dificulta a contenção salivar e alimentar, altera<br />

a sensibilida<strong>de</strong>, rima bucal, tonicida<strong>de</strong> labial e sucção. Não se consegue articular as vogais<br />

/o/, /ó/ e /u/ e os fonemas bilabiais per<strong>de</strong>m suas características plosivas, sendo confundidos<br />

com as fricativas labio<strong>de</strong>ntais. Com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arredondar os lábios, não conseguem<br />

assobias, assoprar e outras funções.<br />

Câncer <strong>de</strong> retromolares – Ao se realizar as ressecções da região amigdaliana,<br />

são incluídos a base da língua, porção lateral da mandíbula e esvaziamento radical do<br />

pescoço. Se a extensão do t<strong>um</strong>or afetar os pilares, <strong>ser</strong>á necessário que se remova <strong>um</strong>a<br />

39


porção do palato mole e a pare<strong>de</strong> faríngea. São ob<strong>ser</strong>vados alg<strong>um</strong>as alterações na<br />

mobilida<strong>de</strong> da língua e propulsão do bolo, acúmulo <strong>de</strong> alimento em sulco lateral e palato<br />

duro; na mastigação, trismo, atraso ou ausência do reflexo da <strong>de</strong>glutição e redução do<br />

peristaltismo faríngeo, refluxo nasal ou apenas entrada em nasofaringe possibilitando<br />

aspirações tardias. Por apresentar ausência do refluxo da <strong>de</strong>glutição, existe a possibilida<strong>de</strong><br />

do paciente aspirar antes da <strong>de</strong>glutição, pois o alimento é impulsionado para a faringe sem<br />

a proteção da via aérea. Os fonemas posteriores e a voz (hipernasal) po<strong>de</strong>m estar<br />

alterados.<br />

Câncer <strong>de</strong> palato – os t<strong>um</strong>ores <strong>de</strong> palato po<strong>de</strong>m estar situados no palato duro e/ou<br />

palato mole, <strong>de</strong>terminando o tratamento, a extensão cirúrgica e o déficit funcional.<br />

As palatotomias parciais e/ou totais alteram a <strong>de</strong>glutição na fase oral e facilitam os<br />

refluxos nasais do alimento. A ressecção <strong>de</strong> palato duro altera a <strong>de</strong>glutição na fase oral e<br />

facilita o refluxo nasal do alimento. Se a ressecção for na região anterior, a qualida<strong>de</strong> da<br />

vocal não se altera <strong>de</strong> forma acentuada, mas a inteligibilida<strong>de</strong> da fala fica prejudicada <strong>pela</strong><br />

distorção das plosivas e fricativas.<br />

Nas ressecções do palato mole a <strong>de</strong>glutição fica alterada na passagem da fase oral<br />

para a faringe, ocorrendo o refluxo nasofaríngeo e/ou o refluxo para a cavida<strong>de</strong> nasal. A<br />

qualida<strong>de</strong> vocal é hipernasal e po<strong>de</strong> acontecer na fala discretas alterações relacionadas à<br />

alteração do filtro. A movimentação da porção remanescente do véu é muito importante para<br />

que a reabilitação da <strong>de</strong>glutição e fonação.<br />

Câncer <strong>de</strong> língua – Nas glossectomias parciais, o paciente po<strong>de</strong> apresentar<br />

alterações da forma, vol<strong>um</strong>e, posição e mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a utilização dos retalhes linguais<br />

e a manipulação excessiva da língua remanescente. Em lesões unilaterais é possível<br />

realizar <strong>um</strong>a microcirurgia que pre<strong>ser</strong>ve a mobilida<strong>de</strong>, forma e vol<strong>um</strong>e da língua, pois a<br />

inervação motora unilateral está pre<strong>ser</strong>vada. Esta reconstituição é feita geralmente com<br />

40


etalhos livres ou enxertos livres <strong>de</strong> antebraço, já que os mesmos ajudam na reinervação<br />

sensorial da língua remanescente. Apresentam no pós-operatório mínimas alterações <strong>de</strong><br />

fala e <strong>de</strong>glutição, sendo <strong>de</strong> fácil adaptação.<br />

Já nas glossectomias totais, os comprometimentos funcionais são gran<strong>de</strong>s e a<br />

reabilitação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores, <strong>um</strong> <strong>de</strong>les é a pre<strong>ser</strong>vação dos músculos extrínsecos<br />

da língua e supra-hiói<strong>de</strong>os, que com a colocação do retalho facilitará a fase oral da<br />

<strong>de</strong>glutição e a articulação dos fonemas línguo<strong>de</strong>ntais. Esta cirurgia não tem como objetivo<br />

principal pre<strong>ser</strong>var a mobilida<strong>de</strong>, e sim impedir a atrofia do retalho. São usados retalhos<br />

livres enervados da parte lateral da coxa e antebraço na recuperação da sensibilida<strong>de</strong> e<br />

vol<strong>um</strong>e a<strong>de</strong>quados, mas apresentam dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sustentar à neolíngua.<br />

As alterações nas glossectomias menores que 50%, são as seguintes:<br />

- Disfagia na fase preparatória e oral<br />

A formação, o controle, a propulsão do bolo alimentar e a mastigação estão<br />

prejudicados. Sendo que a última função citada, está alterada porque a porção<br />

remanescente da língua não é suficiente para realizar os movimentos <strong>de</strong> lateralização.<br />

Logemann (1983) explica a necessida<strong>de</strong> que os pacientes tem <strong>de</strong> <strong>ser</strong> ensinados a<br />

proteger conscientemente a via aérea inferior durante a <strong>de</strong>glutição, <strong>um</strong>a vez que a<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar a alimentação causa escape para esta região antes da <strong>de</strong>glutição<br />

voluntária iniciar-se.<br />

De acordo com o referido autor, na ressecção <strong>de</strong> base <strong>de</strong> língua os pacientes tem<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> abertura do esfíncter cricofaríngeo durante a <strong>de</strong>glutição, visto que a base da<br />

língua tem a função <strong>de</strong> relaxar os esfíncter. Nestes casos, a realização da miotomia é<br />

indicada.<br />

- Higiene oral prejudicada<br />

41


Feito a glossectomia, a higienização é prejudicada durante as reduções <strong>de</strong>vido à<br />

perda <strong>de</strong> massa e diminuição da mobilida<strong>de</strong> da língua remanescente.<br />

- Articulação prejudicada<br />

Os autores Casper e Colton citados por Vicente e colaboradores (1997) afirmam<br />

que o contato da porção remanescente da língua com o alvéolo e palato prejudicam a<br />

produção dos fonemas consonantais, línguo<strong>de</strong>ntais, línguoalveolares, línguopalatais e<br />

velares. As vogais que requerem <strong>um</strong>a posição superior ou anterior da língua encontram-se<br />

também alteradas. Como compensação para a produção <strong>de</strong> <strong>um</strong> som, alguns pacientes<br />

usam a faringe, a epiglote, <strong>um</strong> resíduo qualquer <strong>de</strong> língua remanescente ou <strong>um</strong> retalho <strong>de</strong><br />

língua moldado e movimentos da mandíbula (rebaixamento/elevação ou protusão/retração),<br />

a fim <strong>de</strong> produzir a acústica apropriada.<br />

- Ressonância alterada<br />

A ressonância <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do formato, tamanho e tonicida<strong>de</strong> do trato vocal. Decorrente<br />

dos resultados das cirurgias orais ablativos, po<strong>de</strong>m esses três aspectos sofrerem<br />

alterações.<br />

Nas glossectomias totais são encontrados comprometimentos severos, tais como:<br />

- Disfagia nas fases preparatória, oral e faríngea<br />

Quando o paciente necessita realizar <strong>um</strong>a pequena ressecção <strong>de</strong> língua,<br />

geralmente ocorre e<strong>de</strong>ma e/ou dificulda<strong>de</strong>s no disparo do reflexo da <strong>de</strong>glutição. Devido a<br />

essas ocorrências o mesmo po<strong>de</strong>rá apresentar <strong>um</strong>a disfagia temporária. Além <strong>de</strong>sses<br />

sintomas, o paciente notará que sua língua “per<strong>de</strong>” alguns movimentos que o ajudam a falar,<br />

mastigar e <strong>de</strong>glutir. A reconstrução com fechamento primário é feita através <strong>de</strong> sutura da<br />

língua no soalho da <strong>boca</strong>, o que explica a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutir, pois existe <strong>um</strong> acúmulo <strong>de</strong><br />

alimentos na <strong>boca</strong>, geralmente no sulco lateral, ou até a incontinência dos alimentos na <strong>boca</strong><br />

através dos lábios.<br />

42


Na ressecção completa da língua, alg<strong>um</strong>as habilida<strong>de</strong>s ficam prejudicadas como a<br />

mastigação; controle do bolo alimentar; diminuição da inteligibilida<strong>de</strong> da fala; realização dos<br />

movimentos <strong>de</strong> propulsão; disparar o reflexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição e realização do relaxamento do<br />

segmento cricofaríngeo. O retalho miocutâneo do peitoral que não apresenta mobilida<strong>de</strong> e a<br />

reconstrução geralmente escolhida po<strong>de</strong> sugerir aspiração <strong>de</strong>corrente da falta <strong>de</strong> controle<br />

do bolo alimentar na cavida<strong>de</strong> oral e da ausência do disparo do reflexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição. Como<br />

conseqüência há <strong>um</strong>a redução dos movimentos peristálticos da faringe, causando acúmulo<br />

<strong>de</strong> alimento nesta região após a <strong>de</strong>glutição.<br />

A fonoterapia <strong>de</strong> pacientes glossectomizados parciais e totais po<strong>de</strong> auxiliar na<br />

ativida<strong>de</strong> compensatória à <strong>de</strong>glutição. Através <strong>de</strong> exercícios que propiciem o máximo <strong>de</strong><br />

mobilida<strong>de</strong> das estruturas remanescentes no tônus muscular. (Logemann, 1983)<br />

- Deglutição da saliva alterada<br />

Ocorre <strong>pela</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, acúmulo <strong>de</strong> saliva na cavida<strong>de</strong> oral,<br />

geralmente acarretando sialorréia e/ou aspiração (Vicente e colaboradores, 1997).<br />

- Estado nutricional geralmente <strong>de</strong>bilitado<br />

O paciente com <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> apresenta diversos riscos para a <strong>de</strong>snutrição<br />

<strong>de</strong>vido à: localização do t<strong>um</strong>or, dor e mal-estar durante a mastigação e <strong>de</strong>glutição, hábitos<br />

ina<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> alimentação associado ao Tabagismo e Etilismo e ageusia (perda total do<br />

paladar) que é <strong>um</strong> fator <strong>de</strong>sestimulante à alimentação. Os efeitos da <strong>de</strong>snutrição a<strong>um</strong>entam<br />

a morbida<strong>de</strong> e, consequentemente, a tolerância aos tratamentos diminuem drasticamente. O<br />

acompanhamento nutricional, tanto pré-operatório como pós-operatório é fundamental para<br />

<strong>de</strong>terminar <strong>um</strong> suporte nutricional (Kignel, 1999).<br />

- Qualida<strong>de</strong> vocal alterada<br />

A voz nos pacientes que sofreram cirurgias, ficam com as características pastosa,<br />

monótona e hipernasal (Vicente e colaboradores, 1997).<br />

43


- Articulação alterada<br />

Existe comprometimento na proporção <strong>de</strong> diversos sons da fala, como nas<br />

consoantes t, d, k, g, n, nh, s, z, ch, j, l, lh, r, rr e as vogais é, ê, i, ó, ô, u, que po<strong>de</strong>m causar<br />

imprecisão articulatória, que acrescida do trismo acentuado, prejudicam a inteligibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fala.<br />

Mesmo com essas alterações a comunicação dos glossectomizados totais não é<br />

limitada, pois conseguem se expressar <strong>de</strong> forma inteligível sem utilizar outros recursos.<br />

(Fúria, 2000)<br />

Radioterapia<br />

Tem como objetivo o controle regional e local da doença. A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cura<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da extensão do t<strong>um</strong>or na época do tratamento. A irradiação po<strong>de</strong> controlar a lesão<br />

pre<strong>ser</strong>vando as partes anatômicas, e consequentemente sua função e aspecto estético<br />

local. Esta pre<strong>ser</strong>vação anatômica implica em que os canceres sejam limitados em tamanho<br />

e, com isto, não facilitam <strong>um</strong>a distribuição significativa nos tecidos normais.<br />

Alguns t<strong>um</strong>ores necessitam <strong>de</strong> altas doses <strong>de</strong> irradiação, precisando incluir <strong>um</strong>a<br />

margem para fora das células cancerosas, <strong>de</strong> modo que se torne comparável àquela que<br />

<strong>ser</strong>ia removida cirurgicamente. Os ossos e os nervos periféricos são barreiras anatômicas<br />

que se tornam obstáculos para as cirurgias mais do que para radioterapia. Dessa forma os<br />

canceres que surgem a partir da mucosa da nasofaringe e da pare<strong>de</strong> posterior da faringe<br />

são tratados através <strong>de</strong> irradiação, <strong>de</strong>vido a estas barreiras anatômicas.<br />

Gran<strong>de</strong>s doses <strong>de</strong> irradiação são necessárias para erradicar os carcinomas <strong>de</strong><br />

células escamosas (mucosas). Se o t<strong>um</strong>or estiver com o crescimento acelerado ou que já<br />

tenha atingido <strong>um</strong> tamanho consi<strong>de</strong>rável, a dose habitual po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> liberada em intervalos<br />

44


inferiores a 24 horas (fracionamento acelerado) ou diversos incrementos menores po<strong>de</strong>m<br />

<strong>ser</strong> empregados a cada 24 horas (hiperfracionamento).<br />

A radioterapia pré-operatória <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong> realizada quando o t<strong>um</strong>or apresenta <strong>um</strong>a<br />

extensão gran<strong>de</strong>. A dose não é calculada com o objetivo <strong>de</strong> erradicar todas as células<br />

t<strong>um</strong>orais, visa mantê-las em <strong>um</strong> estágio que não interfere na cirurgia, que <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong><br />

programada quando da cessação dos efeitos <strong>de</strong>sta conduta.<br />

A radioterapia pós-operatória po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> eficiente em doses relativamente inferiores<br />

e, por isso, bem tolerada pelos tecidos normais. Frequentemente para os canceres<br />

restantes <strong>de</strong> cabeça e pescoço é planejada <strong>um</strong>a radiação logo que a ferida cicatrize, <strong>de</strong><br />

forma a minimizar a proliferação <strong>de</strong> quaisquer células t<strong>um</strong>orais remanescentes.<br />

Os efeitos colaterais da radioterapia ocorrem imediatamente ou logo após o<br />

tratamento, po<strong>de</strong>ndo se esten<strong>de</strong>r durante alg<strong>um</strong>as semanas. Estas seqüelas po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong><br />

locais ou constitucionais que incluem a anorexia, náusea, esofagite, diarréia, erupções<br />

cutâneas, reações <strong>de</strong> mucosa, queda <strong>de</strong> pêlos e supressão hematopoiética. As reações,<br />

com freqüência, são progressivas ao invés <strong>de</strong> autolimitadas.<br />

O emprego <strong>de</strong> <strong>um</strong>a dose menor <strong>de</strong> irradiação ajuda a reduzir ou mesmo evitar a<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas reações temporárias. O que para o paciente e sua família é <strong>um</strong> alívio.<br />

Especificando o papel da radioterapia para as regiões da cavida<strong>de</strong> oral é <strong>de</strong>scrita<br />

por Ferrígno (1999):<br />

Câncer dos lábios – a radioterapia é usualmente indicada nas lesões mo<strong>de</strong>radas<br />

gran<strong>de</strong>s, com mais <strong>de</strong> três centímetros e que seja infiltrativas, cuja cirurgia traria resultados<br />

cosméticos e funcionais <strong>de</strong>sfavoráveis à região labial. Outra indicação é para os pacientes<br />

idosos que apresentam complicações com o uso <strong>de</strong> anestesia geral ou que possuem<br />

doença que afastam a intervenção cirúrgica. A radioterapia também po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> aplicada <strong>de</strong><br />

forma pós-operatória nos casos <strong>de</strong> comprometimento cirúrgico, na invasão <strong>de</strong> partes e<br />

45


quando há linfonodos cervicais. O resultado do tratamento para t<strong>um</strong>ores T1 e T2 são <strong>de</strong> 90%<br />

à 100% dos casos e para os t<strong>um</strong>ores T3 é <strong>de</strong> 50% a 80%, segundo dados literários.<br />

Câncer <strong>de</strong> língua – a radioterapia nessa região é utilizada em casos <strong>de</strong> estados<br />

iniciais do <strong>câncer</strong> e tendo como vantagem a pre<strong>ser</strong>vação da função. Se o t<strong>um</strong>or já estiver<br />

em estágio avançado, a radioterapia é utilizada <strong>de</strong> forma pós-operatória para evitar recidiva<br />

local, principalmente em casos <strong>de</strong> invasão óssea e comprometimento linfonodal. A<br />

radioterapia po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> utilizada <strong>de</strong> forma paliativa nos casos <strong>de</strong> lesões avançadas e<br />

irressecáveis para alívio <strong>de</strong> sintomas como dor e sangramento.<br />

Feito a radioterapia o resultado obtido é <strong>de</strong> 70% a 90% em pacientes portadores<br />

<strong>de</strong> t<strong>um</strong>ores T1 e T2. Já as lesões T3 os resultados variam <strong>de</strong> 30% a 70% <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos<br />

diferentes fatores prognósticos.<br />

Câncer do soalho da <strong>boca</strong> – a radioterapia é <strong>um</strong>a opção <strong>de</strong> tratamento com<br />

finalida<strong>de</strong> curativa para os t<strong>um</strong>ores em estádios I e II e para os casos <strong>de</strong> estágio III é<br />

selecionado, quando há invasão do t<strong>um</strong>or na mandíbula, múltiplos linfonodos<br />

comprometidos ou intenso envolvimento mesmo na língua, nos estádios III e IV, é indicado a<br />

combinação <strong>de</strong> cirurgia seguida <strong>de</strong> radioterapia. Já os t<strong>um</strong>ores avançados dos estádios III e<br />

IV, se proce<strong>de</strong> combinando a quimioterapia com a radioterapia.<br />

O controle dos t<strong>um</strong>ores no estágio T1 e T2 <strong>de</strong> soalho <strong>de</strong> <strong>boca</strong> apresentam 70% a<br />

100% <strong>de</strong> cura após a radioterapia.<br />

Câncer da mucosa oral – essas lesões po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> tratado tanto <strong>pela</strong> cirurgia<br />

como <strong>pela</strong> radioterapia. Sendo que para os t<strong>um</strong>ores T2 existe <strong>um</strong>a preferência <strong>pela</strong><br />

radioterapia, por pre<strong>ser</strong>var as funções e os tecidos normais. Os t<strong>um</strong>ores mo<strong>de</strong>radamente<br />

avançados que inva<strong>de</strong>m ossos ou linfonodos cervicais são melhores tratados com cirurgia e<br />

em seguida a radioterapia. Sendo que para t<strong>um</strong>ores avançados e irressecáveis, a<br />

radioterapia tem <strong>um</strong> efeito paliativo.<br />

46


Câncer da gengiva - a cirurgia é o tratamento escolhido para os carcinomas da<br />

gengivas, por se tratar <strong>de</strong> t<strong>um</strong>ores que inva<strong>de</strong>m precocemente o osso e haver risco <strong>de</strong><br />

exposição óssea quando esses t<strong>um</strong>ores são irradiados. A radioterapia é eficaz em<br />

pacientes altamente selecionados que possuam t<strong>um</strong>ores iniciais e superficiais. Para<br />

t<strong>um</strong>ores avançados, a radioterapia é utilizado <strong>de</strong> forma pós-operatória com o objetivo <strong>de</strong><br />

reduzir o índice <strong>de</strong> recidiva local.<br />

O controle local dos carcinomas <strong>de</strong> gengiva tratados somente com radioterapia<br />

obtiveram para t<strong>um</strong>ores T1=72%, T2=70%, T3=59%, T4=29%.<br />

Câncer do Retromolar - Os t<strong>um</strong>ores T1 e T2 <strong>de</strong>ssa região são tratados com<br />

radioterapia ou cirurgia. Sendo que os mais avançados são tratados com cirurgia e seguido<br />

<strong>de</strong> radioterapia. O relato <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>sses t<strong>um</strong>ores tratados <strong>pela</strong> radioterapia para as<br />

lesões T1 é <strong>de</strong> 71% para as lesões T2 é <strong>de</strong> 70% e para as lesões T3 é <strong>de</strong> 76%.<br />

Câncer do Palato Duro - são tratados primeiramente <strong>pela</strong> ressecção cirúrgica. A<br />

radioterapia vem no pós-operatório com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar a recidiva local nos casos <strong>de</strong><br />

t<strong>um</strong>ores gran<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>ixaram margens comprometidas.<br />

Sendo <strong>um</strong> t<strong>um</strong>or <strong>de</strong> difícil acometimento, supõe-se que os resultados para as lesões<br />

no estágio I seja <strong>de</strong> 75%, para o estágio II <strong>de</strong> 45% e para o estágio III <strong>de</strong> 40%.<br />

47


Quimioterapia<br />

A quimioterapia consiste na utilização <strong>de</strong> drogas anticoplásicas com o objetivo <strong>de</strong><br />

curar <strong>de</strong>terminadas neoplasias malignas; minimizar os sistemas <strong>de</strong>correntes da proliferação<br />

t<strong>um</strong>oral (reduzindo células neoplásicas); tratar o paciente assintomático quando o <strong>câncer</strong> for<br />

agressivo, sendo que o tratamento comprovadamente diminui o índice <strong>de</strong> recaídas,<br />

a<strong>um</strong>entando o intervalo livre da doença.<br />

Po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> indicada isoladamente, ou antes ou <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>um</strong>a ressecção, também<br />

sendo administrada em conjunto com a radioterapia. O planejamento do tratamento está<br />

relacionado <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> t<strong>um</strong>or, localização e estágio da doença, a partir <strong>de</strong>stes<br />

dados são <strong>de</strong>finidos os tipos <strong>de</strong> drogas e as quantida<strong>de</strong>s a <strong>ser</strong>em utilizadas. (Sabbaga,<br />

1996)<br />

Depen<strong>de</strong>ndo da dose a quimioterapia é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir <strong>de</strong> 20 a 99% <strong>de</strong> células<br />

t<strong>um</strong>orais. Para que haja <strong>um</strong>a redução <strong>de</strong> massa t<strong>um</strong>oral, o paciente necessita <strong>de</strong> várias<br />

doses <strong>de</strong> quimioterápicos por <strong>um</strong> tempo prolongado. Essas aplicações po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> diárias,<br />

semanais, mensais, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do programa feito pelo médico.<br />

A administração da quimioterapia é feita n<strong>um</strong>a sala especial, ou <strong>de</strong>ntro do próprio<br />

ambulatórios, sem que seja necessário a internação do paciente. Geralmente são<br />

enfermeiros habilitados ou auxiliar <strong>de</strong> enfermagem treinado que realizam esse tratamento.<br />

Existem várias maneiras <strong>de</strong> administrar medicamento, po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> feito por via oral<br />

(comprimidos); através da veia; por meio <strong>de</strong> soro; ou através <strong>de</strong> injeções intramusculares. O<br />

paciente não apresenta sintomas durante a aplicação.<br />

Embora seja muito difícil a erradicação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a neoplasia <strong>pela</strong> quimioterapia, a<br />

utilização <strong>de</strong>sta possibilita a redução do t<strong>um</strong>or. O sistema imune do organismo tem como<br />

função <strong>de</strong>struir os restantes das células.<br />

48


A quimioterapia é mais efetiva quanto maior o grau <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> t<strong>um</strong>oral e as <strong>de</strong><br />

grau menor são menos sensíveis ao tratamento, sendo potencialmente mais perigosa.<br />

Mesmo assim ela <strong>de</strong>verá <strong>ser</strong> tratada com ciclos repetidos <strong>de</strong> quimioterapia, inibindo o ciclo<br />

celular. (Gonzalez, 1994)<br />

As células são <strong>de</strong>struidas durante a quimioterapia, principalmente em 2 fases<br />

específicas do ciclo celular. Na fase S (fase <strong>de</strong> síntese), na qual ocorre a duplicação do<br />

material genético (DNA), com duração aproximada entre 10 e 30 horas interferindo na<br />

síntese do DNA; e na fase M (fase <strong>de</strong> mitose), na qual ocorrem a separação dos<br />

cromossomos e a formação <strong>de</strong> duas células-filhas idênticas, com duração aproximada <strong>de</strong><br />

30 a 60 segundos interrompendo a formação do fuso mitótico.<br />

Abaixo segue os tipos <strong>de</strong> agentes quimioterápicos:<br />

- Antimetabólicos – específicos do ciclo celular na fase S;<br />

- Agentes alquilantes – alteram a estrutura do DNA, rompem a molécula do DNA; são<br />

específicos em relação ao ciclo celular;<br />

- Nitrosouréias – atuam <strong>de</strong> modo semelhante aos agentes alquilantes e são inespecíficos<br />

em relação ao ciclo celular; cruzam a barreira hematoencefálica;<br />

- Antibióticos antit<strong>um</strong>orais – alteram a síntese do DNA e impe<strong>de</strong>m a síntese do RNA; são<br />

inespecíficos em relação ao ciclo celular;<br />

- Alcalói<strong>de</strong>s vegetais – inibem a formação tubular mitótica, a síntese <strong>de</strong> DNA e <strong>de</strong><br />

proteína, promovendo assim a interrupção da proliferação das metástases. Os<br />

alcalói<strong>de</strong>s vegetais são específicos da fase M do ciclo celular;<br />

- Agentes hormonais – atuam nos sítios receptores hormonais que alteram o crescimento,<br />

bloqueando a ligação <strong>de</strong> estrogênio a seus sítios receptores e inibindo a síntese <strong>de</strong><br />

RNA. São inespecíficos em relação ao ciclo. (Gonzalez, 1994)<br />

49


As drogas quimioterápicas se distribuem por todos os locais do corpo, atingindo<br />

todos as células do corpo. Por <strong>ser</strong>em também atingidas as células normais, surgem alguns<br />

efeitos colaterais em <strong>de</strong>terminados pacientes. Dentre as alterações mais com<strong>um</strong>ente<br />

apresentadas se <strong>de</strong>stacam:<br />

- Náuseas e vômitos – as drogas causam irritação nas pare<strong>de</strong>s do estômago e intestino;<br />

- Feridas na <strong>boca</strong> – alguns quimioterápicos po<strong>de</strong>m provocar aftas, irritação nas gengivas,<br />

na garganta e até feridas na <strong>boca</strong>;<br />

- Febre – alguns dias após a quimioterapia, <strong>pela</strong> falta <strong>de</strong> diminuição temporária das<br />

<strong>de</strong>fesas do organismo. A febre é <strong>um</strong> sinal que existe infeção no organismo;<br />

- Diarréia – as drogas quimioterápicas po<strong>de</strong>m causar diarréia;<br />

- Queda <strong>de</strong> cabelo – alg<strong>um</strong>as células que dão origem ao cabelo, po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> atingidas<br />

<strong>pela</strong>s drogas quimioterápicas, causando a queda do cabelo. Esse processo é<br />

temporário, logo após o término da quimioterapia ou mesmo durante, po<strong>de</strong> se reunificar<br />

o nascimento <strong>de</strong> novos cabelos;<br />

- Alteração da pele e unha – o paciente po<strong>de</strong> apresentar vermelhidão, coceira<br />

<strong>de</strong>scamação, ressecamento e manchas na pele. As unhas também po<strong>de</strong>m apresentar<br />

escurecimento e rachaduras. (Casciato e Lowitz, 1991)<br />

A atuação fonoaudiológica na orientação pré e pós operatória no <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong><br />

Devido as alterações <strong>de</strong>scritas anteriormente, o fonoaudiológico tem <strong>um</strong> papel<br />

importante na orientação do paciente. O profissional <strong>de</strong>verá usar <strong>um</strong>a linguagem acessível,<br />

pois a utilização <strong>de</strong> termos técnicos contribui ainda mais para confundir e afligir o indivíduo.<br />

Essa orientação, sempre que possível <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong> realizada na presença <strong>de</strong> alg<strong>um</strong> familiar,<br />

para que posteriormente contribua no processo da reabilitação (Martins e colaboradores,<br />

1999).<br />

50


De forma geral a orientação pré-operatória visa estabelecer vínculo e prover suporte<br />

e segurança para o doente, possibilitando o mesmo a expressar seus sentimentos, po<strong>de</strong>ndo<br />

esclarecer suas dúvidas em relação a cirurgia e à reabilitação. Segundo Martins e<br />

colaboradores (1999) o paciente ao saber quem é o profissional <strong>de</strong> fonoaudiologia e qual a<br />

sua função, consegue diminuir <strong>um</strong> pouco a sua ansieda<strong>de</strong> antes da cirurgia.<br />

O contato do fonoaudiólogo com o médico é imprescindível para a provisão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>talhes específicos que a pessoa não saiba. Consultar a ficha técnica (ver Anexo II) do<br />

doente facilita o terapeuta a saber <strong>de</strong>talhadamente sobre a proposta cirúrgica do mesmo e<br />

consequentemente po<strong>de</strong>rá esclarecer ao paciente sobre o local e extensão da lesão, o tipo<br />

<strong>de</strong> cirurgia e reconstrução a <strong>ser</strong>em realizados, assim como as possíveis alterações <strong>de</strong> fala e<br />

<strong>de</strong>glutição <strong>de</strong>correntes (Vicente e colaboradores, 1997).<br />

Na maioria das vezes se faz necessário a realização da traqueostomia provisória<br />

com a função <strong>de</strong> prevenir a aspiração e a utilização da sonda nasogatrica.<br />

Temporariamente é preciso que o paciente esteja ciente <strong>de</strong>ssa situação. A retirada <strong>de</strong><br />

ambas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do processo cicatricial, que se dá n<strong>um</strong> período <strong>de</strong> 10 à 15 dias,<br />

associado do sucesso na reintrodução da alimentação por via oral.<br />

Os indivíduos são orientados quanto ao processo <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong> fala e/ou<br />

<strong>de</strong>glutição, que se dará <strong>pela</strong> utilização <strong>de</strong> estruturas remanescentes e funções<br />

compensatórias. Segundo Carrara <strong>de</strong> Angelis e Martins (2000), as orientações <strong>de</strong>verão<br />

abranger virando a melhoria <strong>de</strong> sua comunicação (voz / fala); a retomada <strong>de</strong> sua<br />

alimentação; e a utilização das estruturas e funções não afetadas. Visando compensar as<br />

alterações da voz, fala e <strong>de</strong>glutição.<br />

Para Vicente e colaboradores (1997) durante a anamnese realizada pelo<br />

fonoaudiólogo é importante que ele perceba o padrão <strong>de</strong> fala, as características <strong>de</strong><br />

51


personalida<strong>de</strong> e o estado psicológico dos pacientes, que freqüentemente se isolam do<br />

convívio social e <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> exercer a sua ativida<strong>de</strong> profissional.<br />

Durante a entrevista <strong>de</strong>vemos avaliar: os órgãos fonoarticulatórios; o padrão<br />

característico <strong>de</strong> fala; função laríngea; comunicação gráfica, já que durante o pós-operatório<br />

ele é orientado a utilizar a escrita; audição, características <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> e a sua<br />

integração social, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar se existe ocorrência ou não <strong>de</strong><br />

comprometimentos <strong>de</strong>sses aspectos antes da ressecção.<br />

No momento pós-operatório, alguns pacientes relatam que não sabem o que<br />

aconteceu, principalmente sobre cirurgia e as formas <strong>de</strong> reabilitação já relatada à eles.<br />

Cabe ao profissional retomar com os pacientes e seus familiares alguns pontos essenciais<br />

sobre a reabilitação. Durante esta consulta, a maioria dos pacientes relatam suas<br />

preocupações quanto a traqueostomia e a sonda nasoenteral. Alg<strong>um</strong>as vezes o profissional<br />

é solicitado antes <strong>de</strong>ssa consulta, para que confirme a retirada <strong>de</strong>sses aparelhos. (Martins e<br />

colaboradores, 1999).<br />

A consulta pós-operatória é realizada após a liberação médica, a fim <strong>de</strong> reavaliar as<br />

conduções morfofisiológica das estruturas remanescentes para enten<strong>de</strong>r melhor os novos<br />

mecanismos <strong>de</strong> fala e <strong>de</strong>glutição utilizados. A sensibilida<strong>de</strong> intra e extra-oral também é<br />

avaliado, já que auxiliam a propriocepção, que é importante no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>stas funções.<br />

(Vicente e colaboradores, 1997)<br />

Avaliação fonoaudiológica<br />

A avaliação fonoarticulatória <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da integrida<strong>de</strong> das estruturas do sistema<br />

estomatognático que po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> avaliadas através dos órgão fonoarticulatórios em<br />

diferentes situações: fonemas isolados, sílabas, palavras, frases, textos e fala enca<strong>de</strong>ada,<br />

52


ob<strong>ser</strong>vando a velocida<strong>de</strong>, tipo articulatório, rítmo e presença <strong>de</strong> sotaques. (Vincent e<br />

colaboradores, 1997)<br />

Além da avaliação da qualida<strong>de</strong> vocal, ressonância e articulação, a fonoaudiologia<br />

engloba outras estruturas a <strong>ser</strong>em ob<strong>ser</strong>vadas como:<br />

- Região cervical e cintura escapular – e<strong>de</strong>ma e mobilida<strong>de</strong> cervical, <strong>de</strong> ombro e<br />

braços;<br />

- Face – assimetria faciais, e<strong>de</strong>mas, paresias e paralisias;<br />

- Boca e orofaringe – postura labial e continência salivar; aspecto, extensão,<br />

reconstrução, mobilida<strong>de</strong>, sensibilida<strong>de</strong> extra e extra-oral, taxa diadococinética<br />

das estruturas remanescentes; reflexos <strong>de</strong> gag, palatal, <strong>de</strong>glutição e tosse;<br />

- Funções neurovegetativas:<br />

• respiração<br />

• <strong>de</strong>glutição, se ob<strong>ser</strong>va sua habilida<strong>de</strong> espontânea <strong>de</strong> saliva, e realiza testes<br />

com alimentos, variando quantida<strong>de</strong> e consistência. A técnica dos quatro<br />

<strong>de</strong>dos <strong>de</strong> Logmann (1983) (ver figura), nos ajuda a avaliar:<br />

- Introdução do alimento em cavida<strong>de</strong> oral;<br />

- Preparação do bolo (mastigação);<br />

- Movimento <strong>de</strong> propulsão do bolo alimentar;<br />

- Tempo <strong>de</strong> disparo <strong>de</strong> reflexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição;<br />

- Presença <strong>de</strong> resíduos alimentares em sulcos, língua, soalho <strong>de</strong> <strong>boca</strong>,<br />

palato e pilares;<br />

- Movimentação vertical <strong>de</strong> laringe durante a <strong>de</strong>glutição;<br />

- Presença <strong>de</strong> tosse antes, durante ou após a <strong>de</strong>glutição e;<br />

- Qualida<strong>de</strong> vocal do paciente após a <strong>de</strong>glutição.<br />

53


Tendo como finalida<strong>de</strong> ob<strong>ser</strong>var a ocorrência ou não <strong>de</strong> comprometimentos, é que<br />

se faz necessário <strong>um</strong>a avaliação pré-cirugica, pois alguns aspectos que caracterizam o<br />

paciente, nos facilitará n<strong>um</strong>a comparação no pós-cirúrgico, consequentemente no<br />

planejamento e no acompanhamento da evolução do indivíduo tratado por <strong>câncer</strong> bucal.<br />

(Vicente e colaboradores, 1997)<br />

Fonoterapia<br />

Para que se faça <strong>um</strong>a reabilitação a<strong>de</strong>quada é necessário que se conheça as<br />

seqüelas funcionais <strong>de</strong> cada paciente, tenha ele sido tratado cirurgicamente e/ou com<br />

radioterapia. Quanto mais extensa for a cirurgia e mais estruturas envolver, pior <strong>ser</strong>á o<br />

prognóstico. Cabe ao fonoaudiólogo reconhecer e aceitar as limitações dos pacientes, e<br />

ajudar os mesmos a conviver com suas dificulda<strong>de</strong>s (Vicente e colaboradores, 1997)<br />

Geralmente a fonoterapia é direcionada para a adaptação da <strong>de</strong>glutição, tendo<br />

como objetivo a reintrodução da alimentação via oral e a retirada da sonda nasogástrica, já<br />

que o paciente permanece por alg<strong>um</strong> tempo com <strong>um</strong>a alimentação mista (nasogástrica e via<br />

oral). O nutricionista trabalha junto ao fonoaudiólogo fazendo <strong>um</strong> acompanhamento <strong>de</strong> seu<br />

estado nutricional e a sua aceitação da dieta.<br />

A medida que o paciente for evoluindo na fonoterapia, na aceitação da dieta e na<br />

sua condição clínica, a consistência da dieta é modificada, passará da alimentação mista<br />

para via oral, com quantida<strong>de</strong> suficiente para suporte e tempo <strong>de</strong> trânsito orofaríngeo com a<br />

duração próxima <strong>de</strong> <strong>um</strong>a refeição normal. Durante essa fase é importante ob<strong>ser</strong>var as<br />

dificulda<strong>de</strong>s do doente, como por exemplo engasgo, incontinência <strong>de</strong> líquidos, aspirações<br />

durante a <strong>de</strong>glutição e ansieda<strong>de</strong>.<br />

54


O profissional também <strong>de</strong>ve alertar quanto a higienação oral, incluindo limpeza das<br />

secreções e salivação excessiva, sendo o pigarro com facilitador para expeli-las. (Fúria,<br />

2000)<br />

A fonoterapia das disfagias<br />

A fonoterapia das disfagias é direcionada para a causa e não para o sintoma das<br />

aspirações. Segundo Logemann e colaboradores, 1993) essa terapia po<strong>de</strong> <strong>ser</strong> direta ou<br />

indireta. A terapia indireta objetiva a a<strong>de</strong>quação da <strong>de</strong>glutição por meio <strong>de</strong> exercícios que<br />

melhorem o OFA (mobilida<strong>de</strong>, tônus, resistência, sensibilida<strong>de</strong>), como: os exercícios <strong>de</strong><br />

sensibilida<strong>de</strong> oral que visam a estimulação da sensibilida<strong>de</strong> tátil, térmica e gustativa da<br />

região intra oral, são utilizados diferentes texturas, temperaturas e sabores, sendo que cada<br />

estímulo é dado até 1 minuto. Os exercícios isotônicos, isométricos e isocinéticos também<br />

são utilizados para a melhora do controle motor oral.<br />

A terapia direta tem como objetivo reforçar <strong>de</strong>terminados comportamentos durante<br />

a <strong>de</strong>glutição e a introdução <strong>de</strong> alimentos na <strong>boca</strong>. Os primeiros trabalhos realizados são as<br />

técnicas posturais por exigirem menos tempo, menor esforço do paciente e dispensam<br />

esforço muscular.<br />

Elas ajudam o paciente a <strong>de</strong>glutir com eficiência e protegem as vias aéreas durante<br />

a <strong>de</strong>glutição. Cabe ressaltar que as posturas não alterem a fisiologia da <strong>de</strong>glutição e sem o<br />

fluxo do alimento. As técnicas mais com<strong>um</strong>ente usadas são:<br />

- Cabeça virada para o lado é utilizada para pacientes com alteração musculares<br />

unilaterais, com abertura cricofaríngea reduzida e movimentação laríngea<br />

anterior diminuída, os que apresentam aspiração durante a <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong>vido a<br />

paralisia ou paresia <strong>de</strong> pregas vocais;<br />

55


- Cabeça inclinada para o lado é indicada quando a limpeza faríngea é reduzida,<br />

com penetração <strong>de</strong> resíduos para as vias aéreas após <strong>de</strong>glutição;<br />

- Queixo abaixado, essa técnica é para os pacientes que apresentam atrasos do<br />

reflexo da <strong>de</strong>glutição, pois essa postura possibilita acúmulo <strong>de</strong> alimento nos<br />

espaços valeculares, dificultando a entrada nas vias aéreas;<br />

- Cabeça levemente inclinada para trás, para pacientes que apresentam<br />

dificulda<strong>de</strong>s na ejeção do bolo da cavida<strong>de</strong> oral para a faringe. Essa postura<br />

ajuda a impulsionar o alimento para faringe.<br />

As manobras da <strong>de</strong>glutição são usadas quando as técnicas posturais e a<br />

estimulação da sensibilida<strong>de</strong> oral não conseguem eliminar a aspiração. Logemann e<br />

colaboradores (1993) <strong>de</strong>screve essas manobras <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição como supraglótica, super-<br />

supraglótica, com esforço e <strong>de</strong> Men<strong>de</strong>lson.<br />

A <strong>de</strong>glutição supraglótica ajuda no fechamento das vias aéreas antes e <strong>de</strong>pois da<br />

<strong>de</strong>glutição ao nível da glote. O terapeuta pe<strong>de</strong> que o paciente prenda a respiração, <strong>de</strong>gluta e<br />

comece a tossir com força imediatamente. Outra manobra é a <strong>de</strong>glutição super-supraglótica,<br />

que apresenta a mesma função da supraglótica, mas ao nível do vestíbulo laríngeo e da<br />

glote. O paciente <strong>de</strong>ve segurar o ar com força, manter a tensão nos músculos abdominais,<br />

<strong>de</strong>glutir e tossir. A manobra <strong>de</strong> esforço ajuda a melhorar a movimentação posterior da base<br />

da língua durante a <strong>de</strong>glutição, visando limpar o bolo que ficou na base da língua. O paciente<br />

<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>glutir com esforço, procurando manter por 2 minutos a laringe elevada durante a<br />

<strong>de</strong>glutição e <strong>de</strong>pois relaxá-la.<br />

Com a <strong>de</strong>scoberta da manobra <strong>de</strong> Men<strong>de</strong>lsom facilitou o a<strong>um</strong>ento da extensão e a<br />

duração da elevação laríngea e sua movimentação anterior durante a <strong>de</strong>glutição, o paciente<br />

<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>glutir normalmente e durante o ato, perceber quando a laringe estiver elevada,<br />

manter essa elevação por 2 segundos, <strong>de</strong>pois relaxá-la.<br />

56


Se as manobras mesmo realizadas corretamente não forem capazes <strong>de</strong> alterar a<br />

<strong>de</strong>glutição, eliminando a aspiração, significa que o paciente não po<strong>de</strong>rá <strong>ser</strong> alimentado por<br />

via oral. O fonoaudiólogo <strong>de</strong>verá praticar a técnica até melhorar a eficácia da manobra.<br />

A reabilitação do paciente disfágico é consi<strong>de</strong>rada quando ele apresenta as<br />

manobras automatizadas, sua alimentação via oral já está conseguindo nutri-lo e o tempo<br />

que leva para se alimentar fique próximo ou igual ao que ele tenha antes da cirurgia.<br />

(Logemann e colaboradores, 1992)<br />

Fonoterapia da Palatotomias<br />

Nas ressecções que envolvem apenas <strong>um</strong>a parte do véu palatino, a terapia <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong><br />

enfocada para exercícios <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> daquela região, usando estimulação térmica<br />

gelada, fonação sussurrada e emissão <strong>de</strong> fonemas plosivos-velares. O que facilitará no<br />

fechamento velofaríngeo diminuindo o reflexo nasal <strong>de</strong> alimentos líquidos (principalmente) e<br />

a hipernasalida<strong>de</strong>.<br />

Quando a ressecção envolve apenas o palato duro é indicado que se coloque <strong>um</strong>a<br />

prótese obturadora palatina para <strong>de</strong>volver a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição e ajudar na fonação.<br />

Durante a confecção da placa, é indicado que o fonoaudiólogo faça avaliação <strong>de</strong> fala e<br />

<strong>de</strong>glutição, para que a adaptação da mesma não cause nenh<strong>um</strong> transtorno ao paciente. A<br />

terapia fonoaudiológica <strong>ser</strong>á indicada somente para pacientes que apresentarem<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> articular, <strong>de</strong>glutir e <strong>um</strong>a ressonância nasal.<br />

Em relação a <strong>de</strong>glutição, o terapeuta orienta que se coloque o alimento com a<br />

cabeça ligeiramente para trás, evitando o refluxo nasofaringe ou nasal. Manobras para<br />

proteção <strong>de</strong> vias aéreas são indicadas quando apresentar <strong>de</strong>scontrole do alimento. A<br />

terapia <strong>de</strong> fala é direcionada para o fluxo oral em fonemas fricativos e plosivos,<br />

57


sobrearticulação e redução da velocida<strong>de</strong> da fala, tendo como objetivo reduzir a<br />

hipernasalida<strong>de</strong> e a<strong>um</strong>entar a oralida<strong>de</strong>. (Vicente e colaboradores, 1997)<br />

Fonoterapia <strong>de</strong> lábios<br />

A gran<strong>de</strong> preocupação é em relação ao processo alimentar que com a<br />

incompetência labial, associada a hipofunção <strong>de</strong> bucinador em manter o bolo alimentar<br />

entre as arcadas, o que impe<strong>de</strong> a mastigação. Ao iniciar o tratamento orientamos ao<br />

paciente que os exercícios <strong>de</strong> sucção <strong>de</strong> bochechas, sucção com oposição <strong>de</strong> força<br />

(espátula) ajudam a melhorar o controle motor oral.<br />

Para o paciente que é submetido a <strong>um</strong>a ressecção total dos lábios a terapia <strong>de</strong>verá<br />

<strong>ser</strong> enfocada principalmente para a contenção salivar e alimentar e a melhora da<br />

articulação.<br />

Os exercícios <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>, com diferentes texturas, temperaturas, variação <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>, direção e força são indicados para ajudar o paciente perceber quando está<br />

ocorrendo escape <strong>de</strong> saliva e do alimento. Orientar-se também a <strong>de</strong>glutição com mais<br />

freqüência tentando manter os lábios unidos, conseguida somente por meio <strong>de</strong> postura<br />

compensatória <strong>de</strong> mandíbula.<br />

Para a reabilitação da articulação são indicados os exercícios <strong>de</strong> sobrearticulação<br />

e <strong>de</strong> diminuição do ritmo e velocida<strong>de</strong> da fala. As emissões <strong>de</strong> fonemas plosivos com<br />

maiores pressões, também ajudam a terapia. (Vicente e colaboradores, 1997)<br />

58


• Glossectomia parcial<br />

Fonoterapia da língua<br />

Quando a ressecção é na parte anterior da língua, <strong>de</strong>vem <strong>ser</strong> realizados exercícios<br />

que melhorem a mobilida<strong>de</strong> da porção remanescente, que influencia a fala. Exercícios <strong>de</strong><br />

protusão-retração, lateralização com resistência, elevação e abaixamento <strong>de</strong> ponta, rotação,<br />

são sugeridos pelo terapeuta. Trabalhar a sobrearticulação ajuda na precisão articulatória e<br />

<strong>de</strong>senvolve compensações que facilitam a fala, como por exemplo pedir ao paciente que<br />

toque o palato duro e produza os fonemas linguo<strong>de</strong>ntais e linguoalveolares. Geralmente<br />

nessas ressecções a <strong>de</strong>glutição não apresenta alteração e o terapeuta <strong>de</strong>verá sempre<br />

avaliá-la.<br />

Porém, quando a porção ressecada for maior, o paciente apresenta dificulda<strong>de</strong> na<br />

formação e propulsão do bolo alimentar. Nestes casos a terapia <strong>de</strong>ve enfatizar exercícios <strong>de</strong><br />

lateralização (melhor mastigação), <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> ântro-posterior (protusão e retração) e<br />

elevação da porção remanescente da língua, a fim <strong>de</strong> ajudar no transporte do bolo.<br />

Colocando o alimento na região média-posterior da língua facilita este processo.<br />

Na ressecção posterior da língua os exercícios <strong>de</strong>vem objetivar a região posterior,<br />

como elevação e retração, facilitando a emissão dos fonemas /k/, /g/, /R/ e /r/. Quando o<br />

paciente não consegue <strong>um</strong>a melhora da mobilida<strong>de</strong> dificultando os fonemas /k/ e /g/, po<strong>de</strong><br />

se usar o golpe <strong>de</strong> glote, para o fonema /R/ a vibração uvular e o fonema /r/, pressionar a<br />

língua contra o palato duro.<br />

Nos casos da ressecção lateral os exercícios <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> são os mesmos já<br />

mencionados. Para melhorar a clareza articulatória, os exercícios <strong>de</strong>vem enfatizar a tentativa<br />

<strong>de</strong> centralizar o máximo a língua durante a fala, além <strong>de</strong> exercícios <strong>de</strong> sobrearticulação.<br />

59


Deve-se orientar o paciente para que durante a alimentação ele <strong>de</strong>ve posicionar o<br />

bolo alimentar sempre do lado não ressecado, facilitando para facilitar o transporte do bolo<br />

para a faringe, sem que ac<strong>um</strong>ule na cavida<strong>de</strong> oral.<br />

O indivíduo que apresenta a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala a<strong>um</strong>entado <strong>de</strong>ve torná-la lenta, para<br />

que sua articulação e a inteligibilida<strong>de</strong> melhorem. Mas para que consiga <strong>um</strong> padrão <strong>de</strong> fala<br />

a<strong>de</strong>quado, o paciente <strong>de</strong>verá <strong>ser</strong> alertado quanto às suas dificulda<strong>de</strong>s e se esforce em<br />

controlar a sua velocida<strong>de</strong>. (Vicente e colaboradores, 1997)<br />

• Glossectomia total<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento dos movimentos compensatórios neste tipo <strong>de</strong> cirurgia é<br />

essencial para minimizar as alterações da articulação e <strong>de</strong>glutição. Para que consiga <strong>um</strong>a<br />

fala inteligível, o terapeuta orienta o paciente para encostar o lábio inferior atrás dos <strong>de</strong>ntes<br />

ou alvéolo superior para produzir os fonemas /T, d, n/ ou esticar os lábios para aproximar<br />

auditivamente as fricativas /s, z/. Outros exercícios são o <strong>de</strong> sobrearticulação e diminuição<br />

do ritmo e velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala, que ajudam a diminuir a hipernasalida<strong>de</strong>.<br />

Esses pacientes apresentam <strong>um</strong> atraso no disparo do reflexo da <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong>vido<br />

a falta <strong>de</strong> contato do dorso da língua com os pilares palatoglosso. O terapeuta <strong>de</strong>verá<br />

estimular os pilares com toques repetidis, com espelho laringeo 0.0 embebido em gelo.<br />

Manobras da <strong>de</strong>glutição já citadas, po<strong>de</strong>m <strong>ser</strong> ensinadas aos pacientes, a fim <strong>de</strong><br />

que ele consiga proteger as vias aéreas durante a <strong>de</strong>glutição. Os exercícios mais realizados<br />

são com escalas <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> tons graves e agudos, pois ajudam na elevação laríngea<br />

que consequentemente relaxa o esfíncter cricofaríngeo.<br />

A alimentação <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong> iniciada por alimentos líquidos ou líquido engrossado,<br />

facilitando a passagem do bolo para faringe. Vencida essa etapa e o controle muscular<br />

estiver a<strong>de</strong>quado, é indicado que passe para alimentos pastosos. Já a alimentação com<br />

sólidos praticamente é impossível. É preciso que se coloque <strong>um</strong>a prótese <strong>de</strong> língua ou <strong>de</strong><br />

60


a<strong>um</strong>ento palatal, para que diminua o diâmetro vertical intra-oral, o que favorece <strong>um</strong>a boa<br />

<strong>de</strong>glutição e fala.<br />

Durante a terapia, o paciente po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver outras compensações não<br />

ensinadas, pois o mesmo, na tentativa <strong>de</strong> <strong>um</strong>a melhora rápida, acaba elaborando meios<br />

apropriados às suas necessida<strong>de</strong>s e com <strong>um</strong> resultado satisfatório. (Vicente e<br />

colaboradores, 1997)<br />

Fonoterapia <strong>de</strong> retromolar<br />

Ressecção simples apenas na região dos molares po<strong>de</strong>m apresentar <strong>um</strong>a disfagia<br />

temporária. Sua adaptação é espontânea, o que muitas vezes não se faz necessário <strong>um</strong>a<br />

terapia.<br />

Nos casos em que a língua é utilizada para a reconstrução, po<strong>de</strong> ocorrer atraso no<br />

reflexo da <strong>de</strong>glutição do lado acometido e dificulda<strong>de</strong>s na emissão dos fonemas linguo-<br />

<strong>de</strong>ntais. A terapia nestes casos <strong>de</strong>verá <strong>ser</strong> enfocada visando a estimulação tátil e térmica<br />

da região posterior referente a do pilar ressecado; elevação máxima <strong>de</strong> dorso <strong>de</strong> língua,<br />

para favorecer o contato com a região dos pilares; introdução do alimento o mais<br />

posteriormente possível ou do lado não-afetado; a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> tono e mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> OFA,<br />

proporcionando <strong>um</strong>a articulação mais precisa e inteligível; sobrearticulação, a fim <strong>de</strong> se<br />

obter <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento na oralida<strong>de</strong> e diminuição da hipernasalida<strong>de</strong>.<br />

Esses pacientes freqüentemente apresentam Trismo, conseqüência da fibrose pós-<br />

radioterápica. Exercícios <strong>de</strong> abertura e fechamento da <strong>boca</strong> com ou sem resistência,<br />

massagens circulares e compressas com água morna, são alg<strong>um</strong>as maneiras <strong>de</strong> propiciar a<br />

redução do Trismo. (Vicente e colaboradores, 1997)<br />

O fonoaudiólogo <strong>de</strong>verá estar atento ao término do tratamento, pois este momento<br />

nem sempre é bem acatado pelo paciente. O mesmo têm dificulda<strong>de</strong>s para admitir a alta e<br />

61


procuram permanecer o máximo que pu<strong>de</strong>rem na terapia. O medo <strong>de</strong> <strong>um</strong>a recidiva da<br />

doença é <strong>um</strong> dos obstáculos enfrentado pelo paciente.<br />

Mesmo vivendo durante meses, as vezes anos com dor e sofrimento, o paciente no<br />

ambiente hospitalar se sente cuidado e protegido. Portanto o momento da alta <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong><br />

partilhado com todos os profissionais que atuaram junto ao caso. (Vicente e colaboradores,<br />

1997)<br />

Procedimento <strong>de</strong> controle do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong><br />

A prevenção do carcinoma é possível, levando em consi<strong>de</strong>ração que poucos<br />

t<strong>um</strong>ores são <strong>de</strong> origem genéticas. Se tratando <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> bucal, sabemos que os fatores <strong>de</strong><br />

ricos possibilitam o surgimento das lesões, portanto facilmente evitáveis .<br />

O Ministério da Saú<strong>de</strong> (1996) <strong>de</strong>staca que é preciso que exista mais a integração<br />

dos profissionais da saú<strong>de</strong> no Brasil, com instituições e grupos que estejam<br />

instr<strong>um</strong>entalizados para trabalhar o tema tabagismo, cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> álcool, ocupacional,<br />

hábitos alimentares, no contexto <strong>de</strong> suas rotinas <strong>de</strong> trabalho, com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientar e<br />

acompanhar o indivíduo se necessário.<br />

Dentre as estratégias preconizadas pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> ( 1996) para o<br />

controle do <strong>câncer</strong> bucal, esta as bases técnicas, as quais se divi<strong>de</strong>m os quatro níveis. O<br />

nível <strong>de</strong> atendimento primário está ligado à especialização em educação para a saú<strong>de</strong> no<br />

qual forneceu informações gerais sobre hábitos saudáveis, e dá atendimento<br />

multidisciplinar, com o objetivo preventivo e diagnosticando precocemente a doença e<br />

dispondo <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> mínima. Como por exemplo : difundir<br />

informações científicas sob os fatores <strong>de</strong> risco entre os profissionais da saú<strong>de</strong>, professores,<br />

legisladores e autorida<strong>de</strong>s sanitárias.<br />

62


O nível <strong>de</strong> atendimento secundário exige profissionais específicos mais treinados<br />

para realizar o exame da <strong>boca</strong>, avaliar e proce<strong>de</strong>r ao diagnóstico <strong>de</strong> <strong>um</strong>a da doença em<br />

fase pré-clinica e também realizar exames na população <strong>de</strong> risco assintomático entre eles o<br />

da <strong>boca</strong>.<br />

O nível <strong>de</strong> atendimento terciário / quaternário se <strong>de</strong>stinam a realizar o tratamento e<br />

reabilitar a lesão benigna complexa do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>. Nesta fase é necessário que se<br />

reuna médicos com treinamento em diversas áreas, para que se possa compor <strong>um</strong>a equipe<br />

multiprofissional; criando centros especializados <strong>de</strong> tratamento; promovendo educação<br />

contínua do pessoal envolvido; integração <strong>de</strong> hospitais especializados e instituições <strong>de</strong><br />

ensino e a incorporação dos avanços científicos na prática clínica .<br />

É preciso que se chame a atenção sobre o <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> criando <strong>um</strong> programa <strong>de</strong><br />

prevenção que consiga abranger toda a população. Para que este programa tenha sucesso,<br />

precisamos contar com a ajuda <strong>de</strong> todos os profissionais já citados, não só na questão da<br />

informação, mais também na prática <strong>de</strong> proteção da vida e no comprometimento real do<br />

controle do <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> (Kowalski, 1999).<br />

Consi<strong>de</strong>rações Finais:<br />

Pesquisar sobre <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong> era <strong>um</strong> <strong>de</strong>sejo antigo, e aproveitei essa<br />

oportunida<strong>de</strong> para realizá-lo. No entanto, ele se tornou <strong>um</strong> <strong>de</strong>safio, já que não existem<br />

muitos dados coligados sobre a experiência clínica na área. A curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer<br />

mais sobre esse tema, a<strong>um</strong>entou quando <strong>de</strong>scobri que poucos fonoaudiólogos tinham<br />

publicado suas experiências com pacientes portadores <strong>de</strong> t<strong>um</strong>ores bucais malignos.<br />

Tendo como objetivo <strong>de</strong>sta pesquisa teórica <strong>de</strong>spertar o interesse <strong>de</strong> meus colegas<br />

para <strong>um</strong> novo <strong>campo</strong> <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>cidi escrever <strong>de</strong> forma acessível essa monografia. A<br />

cada termo técnico <strong>de</strong>sconhecido <strong>pela</strong> fonoaudiologia, tento explicar o mais <strong>de</strong>talhadamente<br />

63


possível, pois é preciso que todos entendam essa patologia e façam sua opção por<br />

trabalhar com pessoas portadoras <strong>de</strong> <strong>câncer</strong> bucal.<br />

As ressecções <strong>de</strong> <strong>boca</strong> apresentam seqüelas importantes que dificultam a fala,<br />

mastigação e a <strong>de</strong>glutição. Sendo assim se faz necessário alertar aos fonoaudiólogos a<br />

importância <strong>de</strong> seu trabalho junto a esses pacientes.<br />

Avanços das técnicas nessa área tem contribuído para auxiliar cada vez mais a<br />

avaliação e o planejamento terapêutico. Mas, por se tratar <strong>de</strong> <strong>um</strong>a área tão nova quanto<br />

ampla é que se faz necessário ampliar os estudos e pesquisas, beneficiando o paciente na<br />

qualida<strong>de</strong> da reabilitação.<br />

O trabalho <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong>ve <strong>ser</strong>, portanto, <strong>um</strong> processo partilhado, no qual<br />

cirurgiões, radioterapeutas, oncologistas clínicos, enfermeiros, nutricionistas,<br />

fonoaudiólogos, fisioterapêutas e psicólogos atuem conjuntamente, <strong>de</strong> tal forma que<br />

possibilite a redução da mobilida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong>.<br />

É fundamental que o fonoaudiólogo conheça bem todos os aspectos relacionados<br />

ao <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>, para que diante <strong>de</strong>sse novo paciente, possa auxiliá-lo, esclarecendo-o<br />

sobre seu problema, o caminho a <strong>ser</strong> seguido para o tratamento, suas possibilida<strong>de</strong>s e<br />

limitações, evitando <strong>um</strong> tratamento <strong>de</strong>snecessário.<br />

Acredito que ao pesquisar e publicar sobre este tema, estarei contribuindo para o<br />

<strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> novos caminhos.<br />

64


Referências Bibliográficas<br />

BARBOSA J.F. Câncer da área Retromolar. Fundo Editorial Prócienx, 1962. p.218-28.<br />

BARROS, B.P.A.; CARRARA DE ANGELIS, E. – Deglutição: correlatos anátomo-<br />

fisiológicas. In: KOWALSKI, P.L.; DIB, L.L.; IKEDA, K.M.; ADDE, C. Prevenção<br />

diagnóstico e tratamento do <strong>câncer</strong> bucal. Hospital do Câncer e Associação<br />

Paulista <strong>de</strong> Cirurgiões Dentistas. São Paulo, Frôntis Editorial, 1999. p.461-65.<br />

BECKER, W.; NAUMANN, H.H.; PLALTZ, R.C. Otorrinolaringologia prática: diagnóstico<br />

e tratamento. Rio <strong>de</strong> janeiro, Revinter, 1999. p.299-387.<br />

BERMAN, G.E.; SUGAYA, N.N. – Citologia: no diagnóstico do <strong>câncer</strong> bucal. In: KOWALSKI,<br />

P.L.; DIB, L.L.; IKEDA, K.M.; ADDE, C. Prevenção diagnóstico e tratamento do<br />

<strong>câncer</strong> bucal. Hospital do Câncer e Associação Paulista <strong>de</strong> Cirurgiões<br />

Dentistas. São Paulo, Frôntis Editorial, 1999. p.107-12.<br />

CARRARA DE ANGELIS, E.; MARTINS, M.N.; IKEDA, P.A.; FURIA, B.L.C. – R<strong>um</strong>os atuais<br />

da fonoaudiologia em oncologia. Revista do Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Fonoaudiologia, 1(1): 1998. p.46-53.<br />

CARVALHO, B.M. – Base do tratamento do <strong>câncer</strong> bucal. In: KOWALSKI, P.L.; DIB, L.L.;<br />

IKEDA, K.M.; ADDE, C. Prevenção diagnóstico e tratamento do <strong>câncer</strong> bucal.<br />

Hospital do Câncer e Associação Paulista <strong>de</strong> Cirurgiões Dentistas. São Paulo,<br />

Frôntis Editorial, 1999. p.179-86. In: KOWALSKI, P.L.; DIB, L.L.; IKEDA, K.M.;<br />

ADDE, C. Prevenção diagnóstico e tratamento do <strong>câncer</strong> bucal. Hospital do<br />

Câncer e Associação Paulista <strong>de</strong> Cirurgiões Dentistas. São Paulo, Frôntis<br />

Editorial, 1999. p.331-37.<br />

CASCIATO, A.D.; LOWITZ, B.B. Manual <strong>de</strong> Oncologia Clínica. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Médica e<br />

científica, 1991. p.109-26.<br />

65


DIB, L.L.; CURI, M.M. – Lesões cancerizáveis da mucosa oral. In: Kowalski, P.L.; Sabbaga,<br />

J.; Fogaroli, C.R.; Lopes, F.L. Manual <strong>de</strong> condutas diagnósticas e terapêuticas<br />

em oncologia. Fundação Antônio Pru<strong>de</strong>nte – Hospital A.C. Camargo. São<br />

Paulo, Âmbito Editores, 1996. p.262-68.<br />

FEHRENBACH, J.M.; HERRING, W.S. Anatomia ilustrada da cabeça e do pescoço. São<br />

Paulo, Manole, 1998. p.258-63.<br />

FERRIGIO, R. – O papel da radioterapia no <strong>câncer</strong> bucal. In: KOWALSKI, P.L.; DIB, L.L.;<br />

IKEDA, K.M.; ADDE, C. Prevenção diagnóstico e tratamento do <strong>câncer</strong> bucal.<br />

Hospital do Câncer e Associação Paulista <strong>de</strong> Cirurgiões Dentistas. São Paulo,<br />

Frôntis Editorial, 1999. p.331-37.<br />

FÚRIA, C.L.B. – Reabilitação fonoaudiológica das ressecções da <strong>boca</strong> e orofaringe. In:<br />

Carrara <strong>de</strong> Angelis, E; Fúria, B.L.C.; Mourão, F.L.; Kowalski, P.L. A atuação da<br />

fonoaudiologia no <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> cabeça e pescoço. São Paulo, Louise, 2000.<br />

p.209-18.<br />

GONZALEZ, H. Enfermagem em oncologia. São Paulo, SENAC, 1994. p.43-52.<br />

KIGNEL, S.; JACOB, S.L.; MISTRO, Z.F. – Câncer bucal: comunicação do diagnóstico ao<br />

paciênte. In: KOWALSKI, P.L.; DIB, L.L.; IKEDA, K.M.; ADDE, C. Prevenção<br />

diagnóstico e tratamento do <strong>câncer</strong> bucal. Hospital do Câncer e Associação<br />

Paulista <strong>de</strong> Cirurgiões Dentistas. São Paulo, Frôntis Editorial, 1999. p.119-24.<br />

KOWALSKI, G.S.I. – Prevenção do <strong>câncer</strong>. In: KOWALSKI, P.L.; DIB, L.L.; IKEDA, K.M.;<br />

ADDE, C. Prevenção diagnóstico e tratamento do <strong>câncer</strong> bucal. Hospital do<br />

Câncer e Associação Paulista <strong>de</strong> Cirurgiões Dentistas. São Paulo, Frôntis<br />

Editorial, 1999. p.43-56.<br />

66


KOWALSKI, P.L.; PARESE JR, O. – Carcinoma da orofaringe. In: Kowalski, P.L.; Sabbaga,<br />

J.; Fogaroli, C.R.; Lopes, F.L. Manual <strong>de</strong> condutas diagnósticas e terapêuticas<br />

em oncologia. Fundação Antônio Pru<strong>de</strong>nte – Hospital A.C. Camargo. São<br />

Paulo, Âmbito Editores, 1996. p.278 –85.<br />

LOGEMANN, J. A. – Evaluation and Treatment of Swallowing disor<strong>de</strong>rs. In: Evaluation and<br />

Treatment of Swallowing disor<strong>de</strong>rs. San Diego, College – hill Press, 1983. p.91-<br />

185<br />

MARTINS, S.M.; CARRARA DE ANGELIS, E.; FURIA, B.L.C.; BRANDÃO, A.P. – Orientação<br />

fonoaudiológica pré e pós operatória nos t<strong>um</strong>ores <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> oral. In: KOWALSKI,<br />

P.L.; DIB, L.L.; IKEDA, K.M.; ADDE, C. Prevenção diagnóstico e tratamento do<br />

<strong>câncer</strong> bucal. Hospital do Câncer e Associação Paulista <strong>de</strong> Cirurgiões<br />

Dentistas. São Paulo, Frôntis Editorial, 1999. p.255-460.<br />

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> lesões suspeitas: <strong>câncer</strong> <strong>de</strong> <strong>boca</strong>.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, Instituto Nacional <strong>de</strong> Câncer / Pró Onco, 1996. p.1-47.<br />

NEMR, N.R. – Câncer <strong>de</strong> Cabeça e Pescoço. In: MARCHESAN, I.Q. Fundamentos em<br />

fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricida<strong>de</strong> oral. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

Guanabara Koogan, 1998. p.85-90.<br />

PARKER, G.R.; RICE, H.D.; CASCIATO. A.D. – Câncer <strong>de</strong> cabeça e pescoço. In:<br />

CASCIATO, A.D.; LOWITZ, B.B. Manual <strong>de</strong> oncologia clínica. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

Médica e Científica, 1991. p.127-56<br />

RAMOS JR, J. Oncologia clínica. São Paulo, Sarvier, 1984. p.269-72<br />

RASLEY, A; LOGEMANN, J.A; DODDS, W.J; PAULOSKI, B.R; KAHRILAS, P.L;<br />

RADEMAKER, A.W – Prevention of bari<strong>um</strong> aspiration during<br />

67


vi<strong>de</strong>ofluoroscopia swallowing studies: value of change in posture. Am J<br />

Roentgenol, 1993. p.1000-13.<br />

SABBAGA, J – Princípios gerais <strong>de</strong> quimioterapia. In: Kowalski, P.L.; Sabbaga, J.; Fogaroli,<br />

C.R.; Lopes, F.L. Manual <strong>de</strong> condutas diagnósticas e terapêuticas em<br />

oncologia. Fundação Antônio Pru<strong>de</strong>nte – Hospital A.C. Camargo. São Paulo,<br />

Âmbito Editores, 1996. p.26-9.<br />

SHEDD, P.D. – Cancer of the head and neck. In: HOLLAND, J.F.; FREI III, E. Cancer<br />

medicine. United States, Lea e Febiger, 1982. p.1671-678.<br />

VINCENT, C.C.L.; FORTE, P.A.; MARTINS L.; SONEGHET, R. – T<strong>um</strong>ores <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> oral<br />

e orofaringe – Atuação fonoaudiológica. In: Campiotto, R.A. et al Tratado <strong>de</strong><br />

fonoaudiologia. São Paulo, Roca, 1997. p.1079-102<br />

68


ANEXO I<br />

Auto Exame da Boca<br />

Em todas as literaturas pesquisadas os autores relatam que o próprio paciente<br />

po<strong>de</strong> se avaliar, buscando i<strong>de</strong>ntificar anormalida<strong>de</strong>s existentes na mucosa bucal.<br />

O auto-exame da <strong>boca</strong> é muito simples e <strong>de</strong>veria <strong>ser</strong> mais divulgada à população,<br />

principalmente pelos <strong>de</strong>ntistas. A técnica sugerida é a seguinte:<br />

1- Lave bem a <strong>boca</strong> e remove as próteses <strong>de</strong>ntárias, se for o caso.<br />

2- De frente para o espelho, ob<strong>ser</strong>ve a pele do rosto e do pescoço. Veja se encontra algo<br />

diferente que não tenha notado antes. Toque suavemente, com a ponta dos <strong>de</strong>dos todo o<br />

rosto.<br />

3- Puxe com os <strong>de</strong>dos o lábio interior para baixo, expondo a sua parte interna (mucosa).<br />

Em seguida, apalpe-o todo. Puxe o lábio superior para cima e repita a palpação.<br />

4- Com a ponta <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>do indicador, afaste a bochecha para examinar a parte interna da<br />

mesma. Faça isso nos dois lados.<br />

5- Com a ponta <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>do indicador, percorra toda a gengiva superior e inferior.<br />

6- Introduza o <strong>de</strong>do indicador por baixo da língua e o polegar da mesma mão por baixo do<br />

queixo e procure palpar todo o soalho da <strong>boca</strong>.<br />

7- Incline a cabeça para trás e abrindo a <strong>boca</strong> o máximo possível, examine atentamente o<br />

céu da <strong>boca</strong>. Em seguida diga ÁÁÁÁ... e ob<strong>ser</strong>ve o fundo da garganta. Depois, palpe<br />

com <strong>um</strong> <strong>de</strong>do indicador todo o céu da <strong>boca</strong>.<br />

8- Ponha a língua para fora e ob<strong>ser</strong>ve a sua parte <strong>de</strong> cima. Repita a ob<strong>ser</strong>vação, agora da<br />

sua parte <strong>de</strong> baixo, com a língua levantada até o céu da <strong>boca</strong>. Em seguida, puxando a<br />

língua para a esquerda, ob<strong>ser</strong>ve o lado direito da mesma. Repita o procedimento para o<br />

lado esquerdo, puxando a língua para a direita.<br />

69


9- Estique a língua para fora, segurando-a com <strong>um</strong> pedaço <strong>de</strong> gaze ou pano, e apalpe em<br />

toda a sua extensão com os <strong>de</strong>dos indicador e polegar da outra mão.<br />

10- Examine o pescoço. Compare os lados direito e esquerdo e veja se há diferença entre<br />

eles. Depois, apalpe o lado esquerdo do pescoço com a mão direita. Repita o<br />

procedimento para o lado direito, apalpando-o com a mão esquerda.<br />

11- Finalmente, introduza <strong>um</strong> dos polegares por <strong>de</strong>baixo do queixo e apalpe suavemente<br />

todo o seu contorno inferior.<br />

O que procurar<br />

- Mudanças na cor da pele e da mucosa da <strong>boca</strong><br />

- Endurecimentos<br />

- Caroços<br />

- Feridas<br />

- Inchaços<br />

- Áreas dormentes ou dolorosas<br />

- Dentes quebrados ou com mobilida<strong>de</strong><br />

- Sangramento<br />

(Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996)<br />

70


ANEXO II<br />

Ficha clínica<br />

Data <strong>de</strong> admissão:<br />

Número do código:<br />

Nome:<br />

Data <strong>de</strong> nascimento:<br />

Ida<strong>de</strong>:<br />

Sexo:<br />

Estado civil:<br />

Profissão:<br />

Local <strong>de</strong> nascimento:<br />

En<strong>de</strong>reço<br />

Masculino Feminino<br />

11) Etilismo: Sim Não Ex-usuário<br />

Tempo: Anos Meses<br />

12) Tabagismo: Sim Não Ex-usuário<br />

Tempo: Anos Meses<br />

13) Prótese: Sim Não Ex-usuário<br />

Tempo: Anos Meses<br />

14) Queixa principal dos pontos<br />

15) Tempo <strong>de</strong> evolução:<br />

16) Tratamento anteriores:<br />

17) Principal sintoma na presença do t<strong>um</strong>or:<br />

Dor<br />

Disfagia<br />

Odinofagia<br />

Trismos<br />

Síndrome<br />

constitucional<br />

Sangrado<br />

Outros<br />

18) Data do primeiro sintoma:<br />

19) Topografia:<br />

Anos Meses<br />

20) Data do primeiro diagnóstico clínico do t<strong>um</strong>or:<br />

Dia<br />

21) Lugar do primeiro diagnóstico do t<strong>um</strong>or:<br />

Mês Ano<br />

22) Data da primeira Dia Mês Ano<br />

consulta:<br />

23)Localização:<br />

24)Anátomopatológico:<br />

Dia Mês Ano<br />

CEC:Margens<br />

cirurgicas:<br />

71<br />

Livres: Comprometidas:<br />

25) Outras noplasias:<br />

26) Estadiamento TNN clínico: Tamanho do t<strong>um</strong>or (em cm):<br />

Número <strong>de</strong> gânglios linfáticos positivos (cm / localização) :


ilateral ( ) contra–lateral ( ) unilateral ( )<br />

Presença ou ausência <strong>de</strong> metástase à distancia<br />

27) Estadiamento<br />

pTNN cirúrgico<br />

PT pN pM<br />

28) Número total <strong>de</strong> gânglios linfáticos positivos / examinados<br />

29) Entrada Data da primeira Motivo da primeira<br />

entrada<br />

entrada<br />

30) Data da Segunda entrada dos pontos: Motivo da Segunda entrada:<br />

31) Primeiro Só tratamento Motivo:<br />

tratamento:<br />

32) Cirurgia:<br />

sintomático<br />

Tipo <strong>de</strong> rececção<br />

cirúrgica:<br />

Local da cirurgia:<br />

Dia Mês Ano<br />

Se não foi feita a cirurgia, motivos pelos quais não se realizou.<br />

33) Quimeoterapia:<br />

Local do início:<br />

Dia Mês Ano<br />

Data da última dose:<br />

Local da última dose:<br />

Dia Mês Ano<br />

Se não foi feita a quimioterapia motivos pelos quais não se administrou.<br />

34) Radioterapia:<br />

Data do início:<br />

Local do início:<br />

Dia Mês Ano<br />

Data da última dose:<br />

Local da última dose:<br />

Dia Mês Ano<br />

Se não foi feita a radioterapia, motivos pelos quais não se administrou.<br />

35) Reaparecimento da enfermida<strong>de</strong>:<br />

Local:<br />

Metástase:<br />

Data do reaparecimento:<br />

36) Data da última da história clínica:<br />

37) Estado do paciente:<br />

38) Data do falecimento:<br />

Ganglionar Regional<br />

72

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!