A Atividade Humana do Trabalho [Labor] em Hannah Arendt ...
A Atividade Humana do Trabalho [Labor] em Hannah Arendt ...
A Atividade Humana do Trabalho [Labor] em Hannah Arendt ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
4 – <strong>Trabalho</strong> e fertilidade [<strong>Labor</strong> and Fertility] (pp. 88-95).<br />
5 – O caráter priva<strong>do</strong> da propriedade e da riqueza [The Privacy of Property and Wealth]<br />
(pp. 95-101).<br />
6 – Os instrumentos da obra e a divisão <strong>do</strong> trabalho [The Instruments of Work and the<br />
Division of <strong>Labor</strong>] (pp. 102-110).<br />
7 – Uma sociedade de consumi<strong>do</strong>res [A Consumer’s Society] (pp. 110-117).<br />
Logo no início, <strong>Arendt</strong> nos diz que vamos encontrar neste capítulo uma crítica a<br />
Karl Marx e que isso é incômo<strong>do</strong> “numa época [esta obra foi publicada <strong>em</strong> 1958] <strong>em</strong><br />
que tantos autores (...) decidiram tornar-se antimarxistas profissionais” (HC, p. 72).<br />
T<strong>em</strong>os de explicitar primeiro esta crítica e o que ela visa. Começamos então com a<br />
primeira divisão.<br />
1 – “O trabalho <strong>do</strong> nosso corpo e a obra de nossas mãos” [“The Labour of Our<br />
Body and the Work of Our Hands”]<br />
O pequeno trecho de Locke que <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong> cita e retoma aqui –trata-se de<br />
parte de um parágrafo que se encontra no Second Treatise of Civil Government [1690] 7 ,<br />
na seção 27 e não na seção 26 como indica a nota 2 da pagina 72– não estabelece no<br />
fun<strong>do</strong> nenhuma distinção entre trabalho e obra, ou seja, entre duas atividades humanas<br />
diferentes. Esta seção encontra-se no Capítulo V, “Of Property”, no qual Locke defende<br />
a propriedade privada, ou melhor, defende o caráter priva<strong>do</strong> da apropriação. Convém<br />
citar a seção 27:<br />
“Embora a terra e todas as criaturas inferiores sejam comuns a to<strong>do</strong>s os<br />
homens, cada hom<strong>em</strong> t<strong>em</strong> uma propriedade <strong>em</strong> sua própria pessoa; a esta<br />
ninguém t<strong>em</strong> qualquer direito senão ele mesmo. O trabalho <strong>do</strong> seu corpo e a<br />
obra das suas mãos, pode dizer-se, são propriedade dele [The labour of his<br />
body and the work of his hands, we may say, are properly his]. Seja o que<br />
for que ele retire <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> que a natureza lhe forneceu e no qual o deixou,<br />
fica-lhe mistura<strong>do</strong> ao próprio trabalho, juntan<strong>do</strong>-se-lhe algo que lhe<br />
7. J. Locke, Second Treatise of Civil Government [1690]. Tradução brasileira de E. Jacy Monteiro:<br />
Segun<strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> sobre o Governo - Ensaio Relativo à Verdadeira Orig<strong>em</strong>, Extensão e Objetivo <strong>do</strong><br />
Governo Civil, Coleção Os Pensa<strong>do</strong>res, São Paulo, Abril Cultural, 1978, pp. 33-131.<br />
8