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A Atividade Humana do Trabalho [Labor] em Hannah Arendt ...

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Marx define o hom<strong>em</strong> como um animal laborans para levá-lo depois a uma sociedade<br />

na qual esta força, a maior e mais humana de todas, já não é necessária. Resta-nos a<br />

triste alternativa entre a escravidão produtiva e a liberdade improdutiva” (HC, p. 91).<br />

Uma vez que a contradição fundamental, que se encontraria <strong>em</strong> toda a obra de<br />

Marx, é anunciada nestes termos, gostaríamos de r<strong>em</strong>eter o texto de <strong>Arendt</strong> à Ideologia<br />

Al<strong>em</strong>ã:<br />

“A produção da vida, tanto da própria pelo trabalho quanto da alheia pela<br />

procriação, aparece agora já de imediato como uma relação dupla -de um<br />

la<strong>do</strong> como relação natural, de outro como relação social-, social no senti<strong>do</strong><br />

de que com isto se entende a cooperação de vários indivíduos, não<br />

importan<strong>do</strong> sob que condições, de que mo<strong>do</strong> e para que finalidade.<br />

Depreende-se disto que um determina<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção ou estágio<br />

industrial está s<strong>em</strong>pre uni<strong>do</strong> a um determina<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de cooperação ou<br />

estágio social, este mo<strong>do</strong> de cooperação sen<strong>do</strong> ele mesmo uma “força<br />

produtiva”, [depreende-se disto] que a quantidade das forças produtivas<br />

acessíveis aos homens condiciona o esta<strong>do</strong> social e que portanto a “história<br />

da humanidade” precisa ser trabalhada e estudada s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> conexão com<br />

a história da indústria e da troca. (...) Os homens têm história porque têm<br />

que produzir a sua vida, e a têm que produzir de mo<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>: isto<br />

está da<strong>do</strong> por sua organização física; da mesma maneira que a sua<br />

consciência”. 61<br />

Antes de tu<strong>do</strong>, portanto, o hom<strong>em</strong> não é considera<strong>do</strong> por Marx como um<br />

“animal laborans” mas como ser social e, desde o início, ao produzir<strong>em</strong>, os homens não<br />

ag<strong>em</strong> apenas sobre a natureza: “Eles somente produz<strong>em</strong> colaboran<strong>do</strong> de uma<br />

determinada forma e trocan<strong>do</strong> entre si suas atividades. Para produzir<strong>em</strong>, contra<strong>em</strong><br />

vínculos e relações mútuas, e somente dentro <strong>do</strong>s limites desses vínculos e relações<br />

sociais é que se opera sua ação sobre a natureza, isto é, se realiza a produção”. 62 A<br />

própria idéia de uma produção realizada por um indivíduo isola<strong>do</strong>, fora da sociedade, é<br />

absurda para Marx, tão absurda quanto o “desenvolvimento da linguag<strong>em</strong> s<strong>em</strong><br />

indivíduos que viv<strong>em</strong> juntos e fal<strong>em</strong> entre si”. 63<br />

A nenhum momento Max define o hom<strong>em</strong> como um “animal laborans” - seu<br />

ponto de partida é a produção <strong>do</strong>s homens determinada socialmente e, portanto, ele não<br />

propõe depois para esses homens (produzin<strong>do</strong> <strong>em</strong> sociedade) uma sociedade na qual o<br />

61. K. Marx, L'Idéologie All<strong>em</strong>ande, in K. Marx, Oeuvres III - Philosophie, pp. 1060-1061 (os grifos são<br />

nossos). Tradução brasileira de Viktor von Ehrenreich, in K. Marx, F. Engels: História, p. 196.<br />

62. K. Marx, Travail Salarié et Capital[1849], in K. Marx, Oeuvres-Economie I, p. 212 (os grifos são<br />

nossos).<br />

63. K. Marx, Introdução à Crítica da Economia Política, p. 4.<br />

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