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A Atividade Humana do Trabalho [Labor] em Hannah Arendt ...

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como resulta <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> processo simples de trabalho, não basta, de mo<strong>do</strong><br />

algum, para o processo de produção capitalista” 60 ;<br />

finalmente, como se explicaria então que a produtividade <strong>do</strong> trabalho humano só<br />

começa com o produto, com a objetivação ou materialização <strong>do</strong> trabalho? Justamente<br />

porque o produto, por sua vez, pode tornar-se meio de produção; e deixa assim de ser<br />

apenas um resulta<strong>do</strong>, mas é, ao mesmo t<strong>em</strong>po, uma condição <strong>do</strong> processo de trabalho. É<br />

por esse motivo que Marx considera o trabalho humano como sen<strong>do</strong> igualmente um<br />

processo de consumo (não uma simples assimilação, como o interpreta <strong>Arendt</strong>) - um<br />

consumo produtivo.<br />

Uma vez que Marx não definiu o trabalho útil como um “metabolismo <strong>do</strong><br />

hom<strong>em</strong> com a natureza” mas sim, antes de tu<strong>do</strong> -e este é um nível de análise que não o<br />

interessa- como um “processo <strong>em</strong> que o hom<strong>em</strong>, por sua própria ação, media, regula e<br />

controla seu metabolismo com a natureza” e, <strong>em</strong> seguida, na sua análise <strong>do</strong> trabalho <strong>em</strong><br />

sua forma especificamente humana –é deste ponto de vista que o trabalho interessa a<br />

Marx- como sen<strong>do</strong> a “atividade <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> que efetua mediante o meio de trabalho uma<br />

transformação <strong>do</strong> objeto de trabalho, pretendida desde o princípio”, não encontramos<br />

uma contradição quan<strong>do</strong> Marx diz aqui, neste momento de sua análise, que esse<br />

processo de trabalho termina no produto.<br />

Marx não se refere aqui ao processo vital <strong>do</strong> corpo, mas sim ao trabalho <strong>em</strong> sua<br />

forma especificamente humana; assim, é um verdadeiro absur<strong>do</strong> reduzir, o que Marx<br />

nunca fez, o trabalho útil a um processo vital <strong>do</strong> corpo.<br />

As pequenas contradições que <strong>Arendt</strong> encontra <strong>em</strong> Locke e <strong>em</strong> Smith<br />

(contradições estas que seriam, segun<strong>do</strong> ela, o resulta<strong>do</strong> da confusão entre trabalho e<br />

obra <strong>em</strong> suas análises) seriam insignificantes quan<strong>do</strong> comparadas à contradição<br />

fundamental, segun<strong>do</strong> ela, <strong>do</strong> pensamento de Marx, “que está presente tanto no terceiro<br />

volume de O Capital quanto nas obras <strong>do</strong> jov<strong>em</strong> Marx” (HC, p. 90).<br />

Em que consiste para <strong>Arendt</strong> esta contradição fundamental? O trabalho foi<br />

defini<strong>do</strong> por Marx, diz ela, por um la<strong>do</strong>, como uma “necessidade eterna imposta pela<br />

natureza”, mas, por outro la<strong>do</strong>, a revolução tal como Marx a previu não se destinava a<br />

<strong>em</strong>ancipar as classes trabalha<strong>do</strong>ras, mas a “<strong>em</strong>ancipar o hom<strong>em</strong> <strong>do</strong> trabalho” (HC, p.<br />

90). A conclusão de <strong>Arendt</strong> é, então, a seguinte: “<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os estágios de sua obra,<br />

60. Ibid<strong>em</strong> (os grifos são nossos).<br />

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