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A Atividade Humana do Trabalho [Labor] em Hannah Arendt ...

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“extingue-se no produto”, isto é, num valor de uso, uma “matéria natural adaptada às<br />

necessidades humanas mediante transformação da forma. O trabalho uniu-se com seu<br />

objetivo. O trabalho está objetiva<strong>do</strong> e o objeto, trabalha<strong>do</strong>”. 55<br />

Para <strong>Arendt</strong>, o ciclo vital –o eterno ciclo da vida biológica– é sustenta<strong>do</strong> pelo<br />

consumo e a “atividade [o grifo é nosso] que provê os meios de consumo é o trabalho”<br />

(HC, p. 86). Marx, diz aqui <strong>Arendt</strong> (na nota 35), “chamava o trabalho de “consumo<br />

produtivo” (...) e nunca perdia de vista o fato de que se tratava de uma condição<br />

fisiológica” (HC, p. 330). Logo após ter analisa<strong>do</strong> o processo de trabalho nos seus<br />

el<strong>em</strong>entos simples e abstratos, Marx diz que os produtos não são apenas resulta<strong>do</strong>s, mas<br />

também condições de existência <strong>do</strong> processo de trabalho 56 - o produto torna-se meio de<br />

produção de um outro produto. Só então é que Marx fala <strong>do</strong> consumo produtivo:<br />

“O trabalho gasta seus el<strong>em</strong>entos materiais, seu objeto e seu meio, os devora<br />

e é, portanto, processo de consumo. Esse consumo produtivo distingue-se <strong>do</strong><br />

consumo individual por consumir, o último, os produtos como meios de<br />

subsistência <strong>do</strong> indivíduo vivo, o primeiro, porém, como meios de<br />

subsistência <strong>do</strong> trabalho. (...) O produto <strong>do</strong> consumo individual é, por isso,<br />

o próprio consumi<strong>do</strong>r, o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> consumo produtivo um produto<br />

distinto <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r”. 57<br />

<strong>Arendt</strong> confunde assim o que Marx distingue –o consumo individual (cujo<br />

produto é o próprio consumi<strong>do</strong>r) e o consumo produtivo (cujo resulta<strong>do</strong> é um produto<br />

distinto <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r)– e ela atribui a Marx uma definição <strong>do</strong> consumo produtivo que<br />

não se encontra nos textos de Marx aos quais se refere. Esta expressão “consumo<br />

produtivo” não significa, pelo menos nos textos de Marx, um simples metabolismo<br />

entre o hom<strong>em</strong> e a natureza: “Na medida <strong>em</strong> que seu meio e objeto mesmos já sejam<br />

produtos, o trabalho consome produtos para criar produtos ou gasta produtos como<br />

meios de produção de produtos”. 58 Seria esta, e não outra, a definição de consumo<br />

produtivo <strong>em</strong> Marx.<br />

A obra, diz <strong>Arendt</strong>, e nesse aspecto a atividade humana da fabricação se<br />

distingue <strong>do</strong> trabalho (tal como ela concebe esta última atividade), “não prepara a<br />

matéria para incorporá-la, mas transforma-a <strong>em</strong> material a ser trabalha<strong>do</strong> e utiliza<strong>do</strong><br />

55. Ibid<strong>em</strong>; os grifos são nossos.<br />

56. Ibid<strong>em</strong>, p. 153.<br />

57. Ibid<strong>em</strong>; os grifos são nossos.<br />

58. Ibid<strong>em</strong>.<br />

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