A Atividade Humana do Trabalho [Labor] em Hannah Arendt ...
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<strong>Arendt</strong> termina finalmente esta primeira divisão mencionan<strong>do</strong> uma contradição,<br />
apenas aparente segun<strong>do</strong> ela, da sociedade moderna: por um la<strong>do</strong>, o intelectual é<br />
considera<strong>do</strong> como um trabalha<strong>do</strong>r improdutivo (ele o era para Smith), por outro la<strong>do</strong>, a<br />
d<strong>em</strong>anda e a estima dessa sociedade <strong>em</strong> relação a certos trabalhos “intelectuais”, diz ela,<br />
“aumentaram de mo<strong>do</strong> s<strong>em</strong> precedentes <strong>em</strong> nossa história, com a exceção <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de<br />
declínio <strong>do</strong> Império romano” (HC, p. 80).<br />
2 – O caráter-de-coisa <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> [The Thing-Character of the World]<br />
<strong>Arendt</strong> inicia esta segunda divisão, dizen<strong>do</strong> que o desprezo pelo trabalho na<br />
Antiguidade e a sua glorificação pelas teorias modernas são orienta<strong>do</strong>s pela atitude ou<br />
atividade subjetiva <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, ora desconfian<strong>do</strong> de seu duro esforço, ora louvan<strong>do</strong><br />
sua produtividade; e ela volta a dizer que, pelo menos no caso de Marx, a<br />
“produtividade <strong>do</strong> trabalho é medida <strong>em</strong> relação às necessidades <strong>do</strong> processo vital para<br />
fins de sua própria reprodução” (HC, p. 81).<br />
Já vimos que a produtividade <strong>do</strong> trabalho, se nos referirmos à produção<br />
capitalista, significa s<strong>em</strong>pre para Marx, reprodução <strong>do</strong> valor da força de trabalho e<br />
produção de mais-valia. O valor da força de trabalho é determina<strong>do</strong> pelo t<strong>em</strong>po de<br />
trabalho necessário à sua produção. Marx explicita melhor sua concepção <strong>do</strong> valor da<br />
força de trabalho:<br />
“Enquanto valor, a própria força de trabalho representa apenas determina<strong>do</strong><br />
quantum de trabalho social médio nele objetiva<strong>do</strong>. (...) As próprias<br />
necessidades naturais, como alimentação, roupa, aquecimento, moradia, etc.,<br />
são diferentes de acor<strong>do</strong> com o clima e outras peculiaridades naturais de um<br />
país. Por outro la<strong>do</strong>, o âmbito das assim chamadas necessidades básicas,<br />
assim como o mo<strong>do</strong> de sua satisfação, é ele mesmo um produto histórico<br />
[os grifos são nossos] e depende, por isso, grand<strong>em</strong>ente <strong>do</strong> nível cultural de<br />
um país. (...) a determinação <strong>do</strong> valor da força de trabalho contém, por<br />
conseguinte, um el<strong>em</strong>ento histórico e moral”. 44<br />
44. K. Marx, O Capital, Livro Primeiro, vol. I, p. 141.<br />
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