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A Atividade Humana do Trabalho [Labor] em Hannah Arendt ...

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produtividade <strong>do</strong> trabalho, essas distinções são realmente de importância secundária”<br />

(HC, p. 78).<br />

Não foi para defender a produtividade <strong>do</strong> trabalho que Marx deixou de separar o<br />

trabalho manual <strong>do</strong> trabalho intelectual; esta unidade está ligada justamente à sua<br />

própria concepção <strong>do</strong> processo de trabalho, <strong>do</strong> trabalho “numa forma que pertence<br />

exclusivamente ao hom<strong>em</strong>”. A unidade <strong>do</strong> trabalho intelectual e <strong>do</strong> trabalho manual<br />

caracteriza, diz Marx, o processo de trabalho: os el<strong>em</strong>entos simples deste processo,<br />

considera<strong>do</strong> de início independent<strong>em</strong>ente de qualquer forma social determinada, são os<br />

seguintes: 1) a atividade orientada a um fim ou o próprio trabalho; 2) o objeto sobre o<br />

qual o trabalho atua; 3) o meio (ou meios) pelo qual (pelos quais) ele atua. 36 Esta<br />

concepção <strong>do</strong> trabalho especifica três componentes constitutivos desse processo: um<br />

componente subjetivo e consciente - o projeto <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>; um componente ato - o ato de<br />

transformar a natureza; um componente liga<strong>do</strong> ao resulta<strong>do</strong> - criar um valor de uso<br />

particular que sirva para satisfazer as necessidades <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>. A estes três<br />

componentes, poder-se-ia ainda acrescentar um outro: o hom<strong>em</strong>, ao atuar, por meio <strong>do</strong><br />

trabalho, sobre a natureza externa a ele e ao modificá-la, “modifica, ao mesmo t<strong>em</strong>po,<br />

sua própria natureza. Ele desenvolve as potências nela a<strong>do</strong>rmecidas e sujeita o jogo de<br />

suas forças a seu próprio <strong>do</strong>mínio”. 37<br />

No processo de trabalho, assim defini<strong>do</strong>, a atividade <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> efetua, portanto,<br />

uma modificação consciente de seu objeto. O meio de trabalho é uma “coisa ou um<br />

complexo de coisas que o trabalha<strong>do</strong>r coloca entre si mesmo e o objeto de trabalho e<br />

que lhe serve como condutor de sua atividade sobre esse objeto”. 38 O uso e a criação de<br />

meios de trabalho caracterizam, segun<strong>do</strong> Marx, o processo de trabalho especificamente<br />

humano. E Marx cita aqui a definição de Benjamin Franklin: o hom<strong>em</strong> é um “animal<br />

que faz ferramentas [a toolmaking animal]”. 39 O processo de trabalho assim defini<strong>do</strong>,<br />

independent<strong>em</strong>ente de toda forma social determinada, extingue-se no produto, isto é,<br />

num valor de uso, “uma matéria natural adaptada às necessidades humanas mediante<br />

transformação da forma”. 40 O trabalho, ao unir-se com seu objetivo, “está objetiva<strong>do</strong> e o<br />

36. Ibid<strong>em</strong>, p. 150.<br />

37. Ibid<strong>em</strong>, p. 149.<br />

38. Ibid<strong>em</strong>, p. 150.<br />

39. Ibid<strong>em</strong>, p. 151.<br />

40. Ibid<strong>em</strong>.<br />

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