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contos de fadas: a construção discursiva ea ... - ICHS/UFOP

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Através da comparação entre a versão francesa e a alemã <strong>de</strong> Chapeuzinho Vermelho<br />

com A Companhia dos Lobos, po<strong>de</strong>mos perceber que Carter, além <strong>de</strong> subverter a função das<br />

personagens femininas, criticando, assim, a cultura patriarcal e a passivida<strong>de</strong> que a elas são<br />

<strong>de</strong>stinadas, re-elabora algumas funções do gênero <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong>, tais como, a economia das<br />

palavras, como fora afirmado anteriormente, a presença da sensualida<strong>de</strong> em seus <strong>contos</strong> e a<br />

<strong>construção</strong> <strong>discursiva</strong> das personagens, como explicitaremos a seguir.<br />

DESAMARRANDO O XALE VERMELHO<br />

Chapeuzinho Vermelho é uma história em que é narrada a trajetória <strong>de</strong> uma menina muito<br />

bonita, mas ao mesmo tempo ingênua, que <strong>de</strong>ve levar uma cesta contendo bolo e manteiga<br />

para sua avó, que mora do outro lado da floresta. Ao analisar <strong>discursiva</strong>mente os <strong>contos</strong> <strong>de</strong><br />

Perrault e dos irmãos Grimm, verificamos que há entre as histórias características particulares<br />

que possibilitam interpretações diferentes. Nesta parte do artigo, preten<strong>de</strong>mos comparar os<br />

<strong>contos</strong> em foco, analisando algumas <strong>de</strong>ssas características e mostrando como Carter re-<br />

elabora tais elementos.<br />

Assim como na versão dos Grimm, a Chapeuzinho Vermelho <strong>de</strong> Perrault é construída<br />

<strong>de</strong> uma maneira simplista e categórica. A <strong>de</strong>scrição inicial da protagonista feita por um<br />

narrador heterodiegético nos mostra como algumas atribuições que são dadas a essa heroína,<br />

como por exemplo, a beleza e a ingenuida<strong>de</strong> constroem a personagem <strong>discursiva</strong>mente.<br />

Aten<strong>de</strong>ndo a um pedido <strong>de</strong> sua mãe, Chapeuzinho vai à casa <strong>de</strong> sua avó. Diferentemente da<br />

versão alemã, no conto <strong>de</strong> Perrault não há nenhum tipo <strong>de</strong> advertência ou alerta por parte da<br />

mãe. A menina, ao passar pelo bosque, encontra o lobo que “teve muita vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> comê-la,<br />

mas não ousou, porque havia por ali alguns lenhadores na floresta” (p. 67). A “pobre<br />

menina”, que não sabia o quão perigoso era conversar com um lobo diz a ele para on<strong>de</strong> vai. O<br />

lobo, então, vai para casa da “ingênua avó”, que é enganada e <strong>de</strong>vorada. Quando chega à casa<br />

da avó, a menina teme, ao ouvir a voz grossa do lobo, “mas <strong>de</strong>pois achou que era só um<br />

resfriado” da velha. Chapeuzinho, sob o pedido da falsa avó, tira a roupa e se <strong>de</strong>ita na cama.<br />

Após um envolvente diálogo, a menina é <strong>de</strong>vorada pelo lobo e o conto termina.<br />

Nos diversos <strong>contos</strong> que escreveu, Perrault insere uma moralida<strong>de</strong>, que segundo<br />

Mariza Men<strong>de</strong>s, em “Em busca dos Contos Perdidos” (2000), ele atribui como sendo o

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