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contos de fadas: a construção discursiva ea ... - ICHS/UFOP

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eve panorama da importância das figuras femininas para o surgimento e para a consolidação<br />

<strong>de</strong>sse gênero e como os <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong> foram apropriados pela burguesia.<br />

A hipótese que se levanta neste artigo é a <strong>de</strong> que o caráter subversivo <strong>de</strong> Carter atribui-<br />

se não à consumação do ato sexual que existe entre Chapeuzinho Vermelho e o lobo, mas à<br />

sensualida<strong>de</strong> que paira entre os dois. No conto, a protagonista não se <strong>de</strong>ixa ser <strong>de</strong>vorada pelo<br />

lobo como nas histórias antigas; na verda<strong>de</strong>, ela se entrega ao lobo. Neste artigo levantamos<br />

algumas questões que serão objeto <strong>de</strong> investigação mais sistemática ao longo da pesquisa.<br />

A CONFECÇÃO DO CAPUZ VERMELHO<br />

Em uma época mo<strong>de</strong>rna os <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong> assumiram funções civilizadoras e<br />

didáticas. Escritores como Charles Perrault e Jacob e Wilhelm Grimm, ao transcreverem<br />

histórias calcadas na tradição oral, não só procuravam consolidar a literatura vernácula e<br />

sistematizar a unida<strong>de</strong> cultural dos povos <strong>de</strong> suas respectivas nações, como também alertar as<br />

pessoas sobre os vários perigos da vida. À luz da feminilida<strong>de</strong> nos <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong>, analisar a<br />

trajetória i<strong>de</strong>ológica que constitui a personagem Chapeuzinho Vermelho nos enredos dos<br />

<strong>contos</strong> analisados neste artigo significa analisar como a posição das mulheres na socieda<strong>de</strong> se<br />

modificou <strong>de</strong>ntro da socieda<strong>de</strong> no <strong>de</strong>correr dos séculos.<br />

Os <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong> se consolidaram a partir do século XVII, com a publicação <strong>de</strong><br />

Histoires ou contes du temps passé (1697) <strong>de</strong> Perrault. Percebemos, ao analisar <strong>contos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>fadas</strong> <strong>de</strong> Perrault e dos irmãos Grimm, que a presença das figuras femininas também está<br />

associada ao contexto cultural em que foram escritos. O modo como as mulheres são<br />

representadas na maioria <strong>de</strong>sses <strong>contos</strong> nos revela certas estereotipias; geralmente elas são<br />

princesas, <strong>fadas</strong>, bruxas, madrastas, mães, filhas, etc., e são <strong>de</strong>scritas como ingênuas,<br />

passivas, sempre a espera <strong>de</strong> seus príncipes encantados. Essa representação mostra-nos que<br />

tais personagens são construídas a partir <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> feminilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />

patriarcal.<br />

De acordo com Marina Warner, em seu minucioso estudo sobre os <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong> Da<br />

Fera à Loira (1999), o gênero começa a se <strong>de</strong>stacar na França no século XVII, antes mesmo<br />

<strong>de</strong> Perrault, com escritoras como Marie-Catherine d’Aulnoy e Marie-J<strong>ea</strong>nne L’Héritier. As<br />

précieuses, como ficaram conhecidas, eram mulheres que frequentavam salões on<strong>de</strong><br />

aconteciam círculos literários, em que histórias folclóricas eram contadas e escritas. Conforme<br />

Warner, elas apresentavam um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> celibato, o que as impulsionou a serem consi<strong>de</strong>radas

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