contos de fadas: a construção discursiva ea ... - ICHS/UFOP
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Cin<strong>de</strong>rela ou a A Bela Adormecida. O lenhador que ao se <strong>de</strong>parar com o lobo na casa da<br />
vovózinha, pensou que ele po<strong>de</strong>ria ter <strong>de</strong>vorado a velha. Surpreso ficou, quando abriu a<br />
barriga do lobo e saiu <strong>de</strong> lá não só a avó, mas também a menina. Chapeuzinho, mesmo após<br />
se vingar do lobo, não tem um final semelhante ao das outras protagonista dos <strong>contos</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>fadas</strong>, pois ela termina sozinha. No conto <strong>de</strong> Carter, é como se a escritora não quisesse dar o<br />
mesmo fim solitário para sua protagonista, pois em seu conto, a protagonista não só termina<br />
na cama da avó, on<strong>de</strong> dorme em paz nas “guarras do lobo afetuoso”, mas também na<br />
companhia dos selvagens e ferozes lobos.<br />
Conclusão<br />
Através <strong>de</strong>ste artigo, traçamos um paralelo entre a apropriação da “ficção dos pobres” pela<br />
burguesia para o seu entretenimento a partir do século XVII e a apropriação <strong>de</strong> Carter dos<br />
<strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong> tradicionais no século XX, para atualizar a posição i<strong>de</strong>ológica sobre as figuras<br />
femininas. Portanto, o que une todas essas protagonistas <strong>de</strong> xales vermelhos é que esses<br />
<strong>contos</strong> nos mostram como a mulher era vista nos séculos passados e como sua posição <strong>de</strong>ntro<br />
da socieda<strong>de</strong> mudou no <strong>de</strong>correr dos séculos. Diante <strong>de</strong>ssas mudanças, Carter necessitava<br />
atualizar as velhas tradições dos <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong>.<br />
Como <strong>de</strong>monstramos, ao se apropriar dos <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong>, Angela Carter não só<br />
ressignificou o modo <strong>de</strong> olhar as personagens femininas, como também re-elaborou várias<br />
características do gênero <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong>. Além disso, a escritora britânica não tem pudores<br />
em evi<strong>de</strong>nciar a sensualida<strong>de</strong> que paira entre Chapeuzinho e lobo, que nos <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong><br />
tradicionais era subentendida. A ousadia é uma característica não só dos <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong> <strong>de</strong><br />
Angela Carter, como também <strong>de</strong> todas as suas obras, o que impulsionou o enorme sucesso <strong>de</strong><br />
uma das escritoras britânicas mais consagradas do século XX.<br />
Referência Bibliográfica<br />
BACCHILEGA, C. “An Introduction the Innocent Persecuted Heroines Fairy Tales”. In:<br />
Perspectives on the Innocent Persecuted in Fairy Tale. Published by: Western Folklore, Vol.<br />
52, Nº1, 1993, p. 1-12.