A Crise oculta: conflitos armados e educação ... - unesdoc - Unesco
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RELATÓRIO DE MONITORAMENTO GLOBAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS 2011 RELATÓRIO<br />
CONCISO<br />
Prólogo<br />
A Organização das Nações Unidas foi criada para libertar o mundo do flagelo da<br />
guerra. Ela manteve a promessa de um futuro a ser vivido livre do medo. A UNESCO<br />
foi criada para ajudar a construir este futuro. Nas palavras comoventes da nossa<br />
Constituição, estamos comprometidos com o combate, por meio da <strong>educação</strong>, à<br />
“ignorância sobre as práticas e sobre as vidas uns dos outros” que tem alimentado<br />
os <strong>conflitos</strong> <strong>armados</strong> ao longo dos tempos.<br />
O Relatório de Monitoramento Global de Educação Para Todos deste ano traz<br />
um lembrete oportuno da história, das ideias e dos valores sobre os quais se baseia<br />
a Organização das Nações Unidas. Estes valores estão consagrados na Declaração<br />
Universal dos Direitos Humanos, de 1948. Eles também se refletem nos objetivos<br />
de Educação para Todos, estabelecidos pela comunidade internacional em 2000.<br />
Infelizmente, ainda estamos muito longe do mundo previsto pelos arquitetos da<br />
Declaração Universal – e de nossos objetivos comuns na <strong>educação</strong>. E estamos<br />
falhando coletivamente ao confrontar os imensos desafios estabelecidos pelos<br />
<strong>conflitos</strong> <strong>armados</strong>.<br />
Como a nova edição do Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos<br />
deixa claro, <strong>conflitos</strong> continuam a assolar a vida de milhões das pessoas mais<br />
vulneráveis do mundo. A guerra também está destruindo as oportunidades<br />
educacionais em uma escala que não é suficientemente conhecida. Os fatos<br />
mostram isso. Mais de 40% das crianças que estão fora da escola vivem em países<br />
afetados por <strong>conflitos</strong>. Os mesmos países têm algumas das maiores desigualdades<br />
de gênero e os mais baixos níveis de alfabetização no mundo. Ao voltar as atenções<br />
para o que até agora tem sido uma “crise <strong>oculta</strong>“ na <strong>educação</strong>, espero que o<br />
Relatório ajude a estimular a ação nacional e internacional em quatro áreas-chave.<br />
Em primeiro lugar, precisamos levar a sério a interrupção de flagrantes violações<br />
dos direitos humanos que ocorrem no centro da crise da <strong>educação</strong> em países<br />
afetados por <strong>conflitos</strong>. Não podemos construir sociedades pacíficas em uma noite.<br />
Mesmo assim, não há justificativa para os ataques contra crianças ou a violação<br />
generalizada e sistemática de meninas e mulheres, nem para a destruição das<br />
instalações de escolas, documentados neste Relatório. É inaceitável que, apesar<br />
da sucessão de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o<br />
terrorismo sexual continue a ser arma de guerra – uma arma que causa sofrimento<br />
incalculável, medo e insegurança em meninas e mulheres, bem como danos<br />
incalculáveis a sua <strong>educação</strong>. Estou empenhada em trabalhar com meus colegas<br />
de todo o sistema das Nações Unidas para fortalecer a proteção dos direitos<br />
humanos das crianças atingidas pelos <strong>conflitos</strong>.<br />
Em segundo lugar, o sistema de ajuda humanitária precisa ser ajustado.<br />
Quando visito comunidades nos países afetados por emergências, geralmente<br />
fico impressionada com os extraordinários esforços que são feitos para manter a<br />
<strong>educação</strong>. Infelizmente, os países doadores de ajuda internacional não<br />
correspondem a essa determinação. O setor educacional atualmente recebe<br />
apenas 2% da ajuda humanitária – e o próprio sistema de ajuda humanitária<br />
é subfinanciado. Todos nós, parceiros na iniciativa de Educação para Todos,<br />
precisamos trabalhar para posicionar a <strong>educação</strong> no centro dos esforços<br />
de ajuda humanitária.<br />
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