A Crise oculta: conflitos armados e educação ... - unesdoc - Unesco
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34 RELATÓRIO DE MONITORAMENTO GLOBAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS 2011<br />
RELATÓRIO<br />
CONCISO<br />
A comunidade<br />
de ajuda<br />
humanitária<br />
precisa repensar<br />
o lugar da<br />
<strong>educação</strong> na<br />
sua agenda<br />
Uma abertura para o mundo:<br />
prédio de uma escola no leste do Chade<br />
Os deslocados internos têm menos direitos de proteção<br />
formal do que os refugiados. Nenhuma agência das Nações<br />
Unidas é diretamente responsável pela promoção dos<br />
interesses dessas pessoas. E elas são muitas vezes<br />
invisíveis ao planejamento nacional e às estratégias dos<br />
doadores. No entanto, existem medidas práticas que<br />
podem ser adotadas para manter a porta da <strong>educação</strong><br />
aberta para os deslocados. Na Colômbia, a lei sobre<br />
Deslocamento Interno de 1997 e as ações subsequentes<br />
do Tribunal Constitucional têm fortalecido os direitos à<br />
<strong>educação</strong> dos deslocados internos. A Convenção para a<br />
Proteção e Assistência às Pessoas Deslocadas Internamente<br />
na África, adotada em 2009 na cúpula da União<br />
Africana, em Kampala, Uganda, fornece proteção legal<br />
para a <strong>educação</strong> dos deslocados internos. Esse modelo<br />
poderia ser adotado por outras regiões, ainda que apenas<br />
dois governos africanos tenham ratificado a Convenção.<br />
Este Relatório apresenta ampla agenda para a melhoria da<br />
oferta de <strong>educação</strong> às pessoas presas ou deslocadas em<br />
razão dos <strong>conflitos</strong> <strong>armados</strong>. Entre os elementos-chave, estão:<br />
Mudar a mentalidade humanitária. A comunidade de<br />
ajuda humanitária precisa repensar o lugar da<br />
<strong>educação</strong> na sua agenda. Todas as agências<br />
envolvidas na parceria da iniciativa de Educação para<br />
Todos têm de pressionar para que seja dada maior<br />
prioridade a solicitações e envios que envolvam a<br />
<strong>educação</strong>.<br />
Articular financiamentos com necessidades. A ajuda<br />
humanitária necessita de um quadro de financiamento<br />
mais desenvolvido e flexível. O aumento do<br />
financiamento por fundos comuns pode ser usado<br />
para atender às carências entre as solicitações de<br />
financiamento da <strong>educação</strong> e a prestação de ajuda, o<br />
que, por sua vez, resulta em fluxos mais previsíveis de<br />
fundos para países em “situação de emergência<br />
esquecida" e setores esquecidos como a <strong>educação</strong>.<br />
Este Relatório recomenda que mecanismos<br />
multilaterais de financiamento comum – como o<br />
Fundo Central de Resposta a Situações de<br />
Emergência e o Fundo Comum Humanitário – devem<br />
ser ampliados para além do nível de financiamento<br />
anual corrente de cerca de 730 milhões, para cerca de<br />
2 bilhões de dólares.<br />
Realizar avaliações confiáveis das necessidades.<br />
O ponto de partida para a concretização da <strong>educação</strong><br />
para as comunidades afetadas por <strong>conflitos</strong> está<br />
na avaliação confiável acerca das necessidades. O<br />
sistema atual está muito aquém de passar no teste<br />
de credibilidade tanto para refugiados como para<br />
pessoas deslocadas. Os pedidos de ajuda humanitária<br />
para a <strong>educação</strong> estão fracamente relacionados<br />
aos níveis de necessidade. Avaliações realizadas em<br />
campos de refugiados não fornecem visão sistemática<br />
de financiamentos, nem de outros requisitos necessários<br />
ao alcance dos objetivos de Educação para<br />
Todos, ao mesmo tempo em que as necessidades<br />
dos refugiados que vivem fora dos campos são<br />
amplamente ignoradas. As avaliações efetuadas<br />
para os deslocados internos subestimam as reais<br />
necessidades. Este Relatório recomenda que o<br />
education cluster, grupo interagência dentro do<br />
sistema humanitário, responsável pela coordenação<br />
de pedidos, deve trabalhar com as agências especializadas,<br />
que possuem expertise em coleta de dados, no<br />
desenvolvimento de indicadores essenciais para a<br />
<strong>educação</strong> e na estimativa das necessidades de<br />
financiamento para a consecução de metas específicas.<br />
Reforçar o financiamento e os mecanismos de<br />
governança para o deslocamento. A distinção artificial<br />
entre refugiados e deslocados internos é uma barreira<br />
para a ação mais efetiva. A competência do ACNUR<br />
tem de ser reforçada, a fim de que a agência propor-<br />
© Sven Torfinn/Panos