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N.º 180 - Março 2007 - 2,00 euros - Inatel

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N.<strong>º</strong> <strong>180</strong> - <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> - 2,<strong>00</strong> <strong>euros</strong>


PLANOS NACIONAIS DE APOIO ETNOGRAFIA . MÚSICA . TEATRO<br />

CCD’s – Centros de Cultura e Desporto filiados no INATEL<br />

Este conjunto de apoios destina-se<br />

a agrupamentos pertencentes<br />

a CCD’s filiados no INATEL.<br />

CANDIDATURAS<br />

1 a 31 <strong>Março</strong><br />

Apresentadas nas respectivas Delegações<br />

e Sub-delegações Distritais do INATEL<br />

INFORMAÇÕES E CONSULTA<br />

DE REGULAMENTOS<br />

INATEL – Departamento Cultural<br />

Tel. 210 027 150 / Fax. 210 027 140<br />

E-mail: cultura@inatel.pt<br />

www.inatel.pt<br />

Delegações Distritais e Sub-delegações<br />

www.inatel.pt/contactosdel.htm<br />

ETNOGRAFIA E FOLCLORE<br />

Plano Nacional de Apoio à Etnografia<br />

- Instrumentos Musicais Tradicionalizados (fabrico industrial)<br />

para Grupos Etnográficos de todo o território nacional<br />

- Instrumentos Musicais Tradicionais (fabrico artesanal)<br />

para Grupos Etnográficos da Região Sul<br />

e Regiões Autónomas dos Açores e Madeira<br />

- Trajes e Calçado (vertente de carácter regional)<br />

para Grupos Etnográficos da Região Centro<br />

MÚSICA<br />

Plano Nacional de Apoio à Música<br />

- Instrumentos Musicais<br />

para Bandas Filarmónicas, Escolas de Música<br />

(sem paralelismo pedagógico) e Coros<br />

TEATRO<br />

Plano Nacional de Apoio ao Teatro<br />

- Equipamentos de sonorização cénica<br />

para Grupos de Teatro<br />

OUTROS<br />

· Plano Nacional de Apoio a Edições Etnográficas, Musicais e Teatrais<br />

· Plano Nacional de Apoio a Boletins Culturais de Centros<br />

de Cultura e Desporto<br />

· Plano Nacional de Apoio a Organizadores de Festivais CIOFF<br />

INATEL SEDE: Calçada de Sant’Ana, <strong>180</strong> . 1169-062 LISBOA . Tel. 210 027 150 . www.inatel.pt


N.<strong>º</strong> <strong>180</strong> - <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> - 2,<strong>00</strong> <strong>euros</strong><br />

NA CAPA<br />

Foto: Casa da Imagem<br />

TURISMO<br />

E TERMALISMO<br />

SÉNIOR <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Com os programas em curso<br />

para <strong>2<strong>00</strong>7</strong>, o Turismo Sénior e o<br />

Saúde e Termalismo Sénior<br />

deverão, no conjunto, e desde a<br />

sua criação, em 1996 e 1997,<br />

respectivamente, totalizar cerca<br />

de meio milhão de utentes.<br />

18<br />

4<br />

EDITORIAL<br />

10<br />

CARTAS E COLUNA<br />

DO PROVEDOR<br />

11<br />

NOTÍCIAS<br />

14<br />

CONCURSO DE<br />

FOTOGRAFIA<br />

18<br />

TERRA NOSSA<br />

IDANHA-A-<br />

VELHA: PEDRAS<br />

COM HISTÓRIA<br />

Pode visitar-se<br />

Idanha-a-Velha numa<br />

hora ou então<br />

prolongar-se esse<br />

prazer por um dia<br />

inteiro. Ruas onde<br />

quase sempre há<br />

tufos de flores,<br />

roseiras<br />

principalmente, como<br />

se fossem um selo<br />

distintivo. Da Torre<br />

Templária pode ver-se<br />

Idanha no seu todo.<br />

Uma povoação que<br />

tem monumentos,<br />

tem paisagem, tem<br />

História, tem<br />

autenticidade. Um<br />

lugar ao mesmo<br />

tempo áspero e<br />

amável onde a vida<br />

não é uma encenação<br />

para turista ver.<br />

22<br />

PORTUGAL E A<br />

LUSOFONIA<br />

24<br />

ÓPERAS<br />

EM PORTUGUÊS<br />

NO TRINDADE<br />

A FLAUTA<br />

MÁGICA<br />

Encerrou a temporada<br />

lírica do Trindade, em<br />

Outubro de 1975.<br />

Tratou-se de uma<br />

cuidada versão<br />

portuguesa de Maria<br />

de Lourdes Martins –<br />

todo o libreto, partes<br />

cantadas e faladas–<br />

encomendada à ilustre<br />

compositora pelo então<br />

director do Teatro Dr.<br />

José Serra Formigal.<br />

Sumário<br />

26<br />

OLHO VIVO<br />

27<br />

O TEMPO<br />

E O MUNDO<br />

28<br />

VIAGENS<br />

NA HISTÓRIA<br />

29<br />

BOA VIDA<br />

42<br />

CLUBE TEMPO LIVRE<br />

48<br />

O CHEFE SUGERE<br />

<strong>Inatel</strong> Porto Santo:<br />

Bacalhau com azeite<br />

de alho<br />

49<br />

O TEMPO<br />

E AS PALAVRAS<br />

Maria Alice Vila<br />

Fabião<br />

50<br />

CRÓNICA<br />

Baptista-Bastos<br />

Esta edição inclui<br />

destacável 32 páginas<br />

TURISMO<br />

SOCIAL <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Revista Mensal: e-mail: tl@inatel.pt - Propriedade do INATEL (Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores) Presidente: José Alarcão Troni Vice-<br />

Presidentes: Luís Ressano Garcia Lamas e Vítor Ventura Sede do INATEL: Calçada de Sant’Ana, <strong>180</strong>, 1169-062 LISBOA, Tel. 21<strong>00</strong>27<strong>00</strong>0 Fax 21<strong>00</strong>27061, N<strong>º</strong> Pessoa Colectiva:<br />

5<strong>00</strong>122237 Director: José Alarcão Troni Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: Ana Santos, André Letria,<br />

Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Eduardo Raposo, Francisca Rigaud, Gil Montalverne, Helena Aleixo, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho, Joaquim Durão, José Jorge<br />

Letria, Lurdes Féria, Maria Augusta Drago, Marta Martins, Paula Silva, Pedro Barrocas, Pedro Soares, Rodrigues Vaz, Sérgio Barrocas, Susana Neves,Tharuga Lattas, Vítor Ribeiro.<br />

Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos, Duarte Ivo Cruz, Maria Alice Vila Fabião, Fernando Dacosta, João Aguiar, Luís Miguel<br />

Pereira, Pedro Cid.. Redacção: Calçada de Sant’Ana, <strong>180</strong> – 1169-062 LISBOA Telef. 21<strong>00</strong>27<strong>00</strong>0 Fax: 21<strong>00</strong>27061 E-Mail tl@inatel.pt Publicidade: Tel. 21<strong>00</strong>27187 Préimpressão<br />

e impressão – Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, SA. Casal Stª Leopoldina, 2730-052 Queluz de Baixo. Telef. 2143454<strong>00</strong> Dep. Legal: 41725/90. Registo<br />

de propriedade na D.G.C.S. n<strong>º</strong> 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. n<strong>º</strong> 214483. Preço: 2,<strong>00</strong> <strong>euros</strong> Tiragem deste número: <strong>180</strong>.884 exemplares


Editorial<br />

JOSÉ ALARCÃO TRONI<br />

4 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Turismo e Lusofonia<br />

Nos passados dias 8, 9 e 10 de Fevereiro decorreu, na Sociedade de Geografia<br />

de Lisboa, o Congresso Internacional da Lusofonia, feliz iniciativa da FLUBE –<br />

Fundação Lusófona Boa Esperança – de que é instituidora e principal<br />

animadora a ULHT – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.<br />

Pediram-me a Fundação e a Universidade<br />

que reflectisse, com o congresso, sobre a<br />

situação actual e perspectivas futuras do<br />

turismo no espaço lusófono, bem como a<br />

avaliação da sua importância enquanto actividade<br />

económica e social estruturante da C.P.L.P. –<br />

Comunidade dos Países de Língua Portuguesas – e<br />

dos Países e Regiões de Língua Portuguesa.<br />

Aceitando o interessante desafio, compartilhei<br />

com os congressistas, e agora com os leitores da<br />

Tempo Livre, o que penso dever ser a estratégia de<br />

abordagem dos mercados turísticos, tradicionais e<br />

emergentes, da Lusofonia pelo INATEL, acentuando<br />

a internacionalização dos seus setenta e dois<br />

anos de experiência adquirida no segmento do turismo<br />

social português.<br />

QUADRO<br />

INSTITUCIONAL<br />

A<br />

FNAT – Fundação Nacional para a Alegria<br />

no Trabalho – foi, como é sabido, criada<br />

em 1935 como a grande fundação pública de<br />

acção social do Estado Novo, ainda este era bem<br />

jovem, destinada, precisamente, à ocupação dos<br />

tempos livres dos trabalhadores, no turismo<br />

social, na cultura tradicional e no desporto<br />

amador. Sucedeu-lhe, em 1974, o INATEL –<br />

Instituto Nacional para Aproveitamento dos<br />

Tempos Livres dos Trabalhadores – que a Constituição<br />

de 1976, logo no seu texto inicial, viria a<br />

constitucionalizar, com idênticos missão e objecto<br />

estatutário. Nos trinta e três anos subsequentes, o<br />

INATEL adaptou-se, exemplarmente, aos princípios<br />

orientadores da política social da Democracia<br />

Portuguesa, sendo, hoje, ainda no fi-<br />

gurino de instituto público, o grande agente<br />

económico e social do Estado, para a tripla vertente<br />

do Turismo para Todos, da Cultura para<br />

Todos e do Desporto para Todos.<br />

Por um lado, historicamente, o binómio FNAT/-<br />

INATEL é, de longe, na sociedade portuguesa, das<br />

gerações dos nossos pais e avós e da nossa, o maior<br />

operador de turismo social, entendendo-se como<br />

turismo social o destinado às classes média e trabalhadora,<br />

nos mercados interno e externo, com<br />

óbvia e massiva preponderância do mercado português.<br />

Por outro lado, na última década, mais precisamente,<br />

desde 1995, com a gestão dos programas<br />

estatais de inclusão social – Turismo Sénior, Saúde<br />

e Termalismo Sénior e Portugal no Coração, este<br />

destinado aos concidadãos da Diáspora – o INA-<br />

TEL é, também, de longe, o maior operador português<br />

no segmento do turismo e férias dos nossos<br />

concidadãos, carenciados ou não, com mais de 60<br />

anos de idade.<br />

Os Programas Seniores do INATEL animam, nas<br />

épocas baixa e média do Turismo, a hotelaria, a<br />

restauração, o restante comércio – especialmente o<br />

comércio tradicional – e o artesanato de Portugal<br />

continental e insular – assumindo, ainda, a valência<br />

de motor do desenvolvimento regional e local e<br />

da animação cultural no período da mais baixa<br />

ocupação das indústrias turísticas.<br />

Os Programas Seniores abrangem, ainda, residualmente,<br />

a nossa vizinha Espanha, através de<br />

convénios com o IMSERSO – Instituto de Maiores<br />

e Serviços Sociais, envolvendo, anualmente, oito<br />

mil seniores, dos quais quatro mil de cada um dos<br />

países ibéricos.<br />

Os Programas Seniores – co-financiados a 50%<br />

pelo Estado e integrados nas políticas sociais de


inclusão e de desenvolvimento regional – concluíram<br />

a sua primeira década de existência, envolvendo<br />

mais de 5<strong>00</strong>.<strong>00</strong>0 portugueses, com mais de 60 anos.<br />

O Programa Turismo Sénior foi criado, em 1995,<br />

no Governo do Prof. Aníbal Cavaco Silva e os<br />

Programas Saúde e Termalismo Sénior e Portugal<br />

no Coração, em 1996 e 1997, respectivamente,<br />

ambos no Governo subsequente do Eng<strong>º</strong>. António<br />

Guterres.<br />

Recordo que cerca de um quarto da população<br />

portuguesa – 2,5 milhões de concidadãos – é<br />

sénior, ou seja, tem mais de 60 anos de idade.<br />

Estes 2,5 de milhões de portugueses – pensionistas<br />

do Estado e da Segurança Social – constituem<br />

a classe média e trabalhadora reformada e<br />

são o mercado alvo preferencial do turismo empresarial<br />

e do turismo social e sénior.<br />

Este enorme mercado – o mercado sénior – é o<br />

mais disponível para o turismo internacional, com<br />

especial destaque para o turismo lusófono. O pilar<br />

Turismo da Lusofonia e da C.P.L.P.<br />

TURISMO SOCIAL<br />

NA C.P.L.P. E LUSOFONIA<br />

C<br />

ontinuando a olhar para os destinos turísticos<br />

lusófonos das classes média e trabalhadora<br />

portuguesa, hierarquizaria em três categorias<br />

de países e regiões as preferências dos portugueses<br />

que viajam no espaço da Lusofonia:<br />

Destinos tradicionais, progressivamente mais<br />

acessíveis;<br />

Destinos tradicionais, longínquos e caros;<br />

Destinos emergentes ou futuros.<br />

a) Os destinos tradicionais, crescentemente aces-<br />

síveis aos quadros e às classes média e trabalhadora<br />

são, obviamente, o Brasil e Cabo Verde.<br />

Considerando que o que encarece as viagens no<br />

triângulo Portugal-Cabo Verde-Brasil é o custo da<br />

transportadora aérea – no Aeroporto de Lisboa o<br />

tráfego low-cost não excede os 11% do tradicional<br />

– o factor custo do preço do bilhete de avião terá de<br />

ser, paulatinamente, atenuado pelo seu progressivo<br />

embaratecimento, se queremos, verdadeiramente,<br />

criar o pilar Turismo da C.P.L.P.<br />

BRASIL<br />

P<br />

ara o português adulto, culto ou sénior, a<br />

apelatividade óbvia do destino Brasil está na<br />

afectividade do povo-irmão, no património cultural,<br />

em grande parte herdado de Portugal e classificado<br />

pela UNESCO como Património Cultural da<br />

Humanidade, e no exotismo e multiculturalidade<br />

da grande Nação de Língua Portuguesa – quase<br />

2<strong>00</strong> milhões de falantes – que nasceu e cresceu,<br />

politicamente unida, na América do Sul, há quase<br />

duzentos anos.<br />

No próximo dia 29 de Novembro perfazem-se,<br />

precisamente, duzentos anos sobre a transmigração<br />

para o Brasil do Estado Português e da<br />

soberania de Portugal, com o embarque do<br />

Príncipe Regente, da Rainha D. Maria I e da Corte<br />

de Lisboa, na sequência da primeira invasão<br />

napoleónica.<br />

Para o quadro jovem, o destino Brasil, para além<br />

dos referidos motivos de interesse cultural e histórico,<br />

revela-se, no plano natural, como paraíso balnear.<br />

A grande afabilidade dos nossos irmãos brasileiros<br />

e os seus excelentes panoramas, património<br />

cultural e gastronomia, vêm sendo contrariados,<br />

infelizmente, pela crescente insegurança das<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 5


6 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

>>>Editorial<br />

grandes metrópoles urbanas – São Paulo, Rio de<br />

Janeiro e Recife.<br />

PORTUGAL<br />

P<br />

ara a esmagadora maioria dos nossos irmãos<br />

brasileiros, Portugal é a pátria-mater dos<br />

seus pais e avós.<br />

No destino Portugal, o brasileiro procura, sucessivamente,<br />

o recolhimento, em Fátima; a memória<br />

do antepassado emigrante na localidade de<br />

origem da família; Belmonte, senhorio de Pedro<br />

Álvares Cabral; a Universidade de Coimbra, que<br />

formou as elites brasileiras até 1916, data do seu<br />

encerramento, com a entrada de Portugal na I<br />

Guerra Mundial; Guimarães, berço da pátriamater,<br />

e Lisboa e Porto, cidades do embarque dos<br />

seus antepassados.<br />

CABO VERDE<br />

C<br />

abo Verde afirma-se, cada vez mais, como<br />

país luso - afro - atlântico, que se assume<br />

como ultra periferia de Portugal, da União<br />

Europeia e até da NATO.<br />

População idêntica ou superior à residente em<br />

Cabo Verde vive e trabalha em Portugal e na União<br />

Europeia, com destaque para Itália, Holanda e<br />

Luxemburgo.<br />

Como me confidenciou, há alguns anos, o então<br />

Ministro da Saúde de Cabo Verde, o maior hospital<br />

do jovem país é o Hospital de Santa Maria, em<br />

Lisboa.<br />

Cabo Verde é, também, o país lusófono – eu<br />

diria, luso – afro - atlântico – geográfica e culturalmente,<br />

mais próximo de Portugal e do Brasil e<br />

grande destino de férias para os portugueses, mas<br />

também de investimento, seja o investimento no<br />

turismo seja o decorrente da deslocalização das<br />

indústrias tradicionais de trabalho intensivo, designadamente<br />

o têxtil, o calçado, a cerâmica, as<br />

indústrias metalúrgicas e metalo-mecânicas e até a<br />

construção e reparação naval.<br />

O Brasil está, também, presente no investimento<br />

turístico e hoteleiro, sobretudo nos espaços lúdicos<br />

afro-brasileiros da Ilha do Sal, porta do pequeno<br />

país arquipelágico para a comunidade internacional.<br />

b) São destinos tradicionais, longínquos e caros, o<br />

antigo Estado Português da Índia e Macau. Quer a<br />

Velha Goa quer os conjuntos monumentais, portugueses<br />

e chineses de Macau – cerca de 20 monumentos<br />

– estão classificados pela UNESCO como<br />

Património Cultural da Humanidade, classificações<br />

que decorreram de propostas da Índia e da<br />

China, após o termo da soberania portuguesa nos<br />

enclaves do Oriente.<br />

O INATEL – em colaboração com as autoridades<br />

da Região Administrativa Especial de Macau –<br />

quer, progressivamente, integrar Macau como destino<br />

obrigatório, de visita e pernoita, nas excursões<br />

de turismo social para a China.<br />

Não conseguimos, ainda, incluir nos nossos<br />

roteiros regulares a Índia e, em especial, o destino<br />

Goa-Damão-Diu-Baçaim e Chaúl, embora acompanhemos,<br />

com o maior interesse, os excelentemente<br />

organizados itinerários do Centro Nacional<br />

de Cultura, da Sociedade Histórica da Independência<br />

de Portugal e do Grémio Literário ao<br />

antigo Estado Português da Índia.<br />

Quanto ao tradicional, bem próximo e relativamente<br />

acessível, destino Marrocos, vamos propor,<br />

como alternativa ou valorização do circuito das<br />

Cidades Imperiais, o roteiro das antigas praças fortes<br />

portuguesas; Ceuta, Arzila, Tânger e Mazagão, esta,<br />

igualmente, classificada, muito recentemente, pela<br />

UNESCO, como Património da Cultural da<br />

Humanidade, por proposta do Reino de Marrocos.<br />

c) São, claramente, destinos emergentes ou futuros<br />

do turismo social português, Angola, Moçambique,<br />

Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e<br />

Timor.<br />

TIMOR<br />

T<br />

imor constituirá, no futuro, que desejamos<br />

próximo, destino exótico e balnear, necessariamente<br />

muito caro. Quando a situação política<br />

e social se estabilizar, Timor pode e deve ser incluído<br />

no destino Austrália-Nova Zelândia- Ilhas do


Pacífico, só acessível às classes alta e média-alta de<br />

Portugal e do Brasil.<br />

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE<br />

É<br />

destino de progressiva emergência – exótico<br />

e balnear – resolvidos que sejam os graves<br />

problemas de saúde pública, com a erradicação ou<br />

controle da doença do sono, da cólera e da malária.<br />

ANGOLA – MOÇAMBIQUE – GUINÉ BISSAU<br />

S<br />

ão três importantíssimos países-destino do<br />

turismo executivo e de negócios de Portugal<br />

e do Brasil e de acolhimento de milhares de<br />

empresários e quadros técnicos e profissionais altamente<br />

qualificados, portugueses e brasileiros.<br />

Com óbvia prioridade para Angola e Moçambique<br />

– atenta a crónica instabilidade política e<br />

social na Guiné-Bissau – o investimento de<br />

Portugal e do Brasil apoiará o esforço gigantesco de<br />

construção da Paz nos dois grandes países lusófonos<br />

de África, constituindo Angola e Moçambique<br />

decisivos cenários de afirmação internacional<br />

da Língua Portuguesa, da Engenharia, da<br />

Saúde, da Educação e da Formação Profissional de<br />

Portugal e do Brasil.<br />

Para várias centenas de milhares de portugueses,<br />

que nasceram, cresceram, trabalharam e combateram<br />

em Angola e Moçambique – mas também na<br />

Guiné -, o gigantesco destino turístico - Saudade,<br />

só aguarda a regularização dos transportes urbanos<br />

em Luanda e Maputo e a progressiva reabilitação<br />

das redes rodoviária e ferroviária dos dois<br />

países.<br />

Na verdade – a exemplo do Vietname e ainda da<br />

Coreia para os velhos veteranos de guerra americanos<br />

– as centenas de milhar de avós portugueses,<br />

que viveram e amaram Angola, Moçambique e Guiné<br />

sonha com a possibilidade de revisitar os lugares da<br />

sua memória, acompanhados dos filhos e netos.<br />

São, hoje, centenas de milhares os seniores americanos<br />

que, com suas famílias, revisitam os locais<br />

onde combateram, quando jovens, nas décadas de<br />

cinquenta, na Coreia e nas de sessenta e inícios de<br />

setenta, no Vietname.<br />

Constitui, para mim, uma das mais vivas recordações<br />

de viagem, a possibilidade de ter pisado as<br />

areias da China Beach, no Vietname, e mergulhado<br />

nas suas tranquilas águas, sem a imagem impressionante<br />

– que há quarenta anos dominou a imprensa<br />

mundial – daquele lindíssimo areal coberto<br />

pelas tendas que abrigavam milhares de feridos e<br />

deficientes militares americanos, tendo por pano<br />

de fundo a gigantesca ponte aérea da sua evacuação.<br />

A liberalização do sistemas de vistos turísticos,<br />

com a sua concessão nos aeroportos de Luanda,<br />

Maputo e Bissau, em muito viria ajudar as novas<br />

gerações portuguesas a revisitarem os lugares de<br />

memória de seus pais e avós.<br />

O INATEL E A C.P.L.P<br />

E<br />

m breve síntese, diria que o INATEL se<br />

disponibiliza a celebrar com a C.P.L.P. e com<br />

os Governos dos Países da Lusofonia, da Região<br />

Administrativa Especial de Macau e a Xunta de<br />

Galicia, protocolos de cooperação, nos quais<br />

assumiria a natureza de parceiro estratégico para a<br />

construção do pilar turismo e turismo social da C.<br />

P. L. P. e da Lusofonia.<br />

Quanto à C.P.L.P., o INATEL gostaria de se converter<br />

– à semelhança da Universidade Lusófona –<br />

em seu observador-convidado e parceiro para o<br />

turismo de desenvolvimento e – na esteira do que<br />

está em negociação com Macau – negociar com os<br />

Governos dos Países e Regiões da Lusofonia convénios<br />

de parceria estratégica e de intercâmbio,<br />

designadamente apoiando os países e regiões de<br />

Língua Portuguesa a aderirem e beneficiarem da<br />

experiência das quatro grandes organizações internacionais<br />

de que o INATEL não só é membro como<br />

lidera: O BITS – Bureau International du Tourisme<br />

Social, a CSIT – Conféderation Sportive International<br />

du Travail, a ISCA - International Sport<br />

and Culture Organization e o CIOFF – Conselho<br />

Internacional das Organizações de Festivais de<br />

Folclore e Artes Tradicionais.<br />

Palavra final para a Convenção da UNESCO –<br />

em fase de recolha de ratificações – que permitirá<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 7


classificar a Cultura Tradicional como Património<br />

Cultural Imaterial da Humanidade. A Cultura<br />

Tradicional de Portugal e dos Países e Regiões da<br />

Lusofonia representa, também, área imensa de<br />

colaboração do INATEL com a C.P.L.P. e os Países e<br />

Regiões de Língua Portuguesa na preservação da<br />

respectiva memória e no desenvolvimento do seu<br />

turismo, com respeito pela cultura e ambiente dos<br />

povos e países de acolhimento.<br />

FUNDAÇÃO INATEL<br />

N<br />

o dia em que escrevo estas linhas - no qual,<br />

por coincidência, completo quatro anos de<br />

mandato na instituição – concluo, também, o<br />

anteprojecto do articulado dos Estatutos da futura<br />

Fundação INATEL – Investimentos e Actividade<br />

dos Tempos Livres dos Trabalhadores – o qual, após<br />

aprovação de princípio por Sua Exa. o Ministro<br />

do Trabalho e da Solidariedade Social, entrará em<br />

processo legislativo, com o envolvimento dos<br />

restantes órgãos estatutários, em ordem à prevista<br />

externalização do INATEL da Administração<br />

Central do Estado e sua quase empresarialização,<br />

no âmbito da economia social - mantendo-se inalterados<br />

o altruísmo da missão e o objecto<br />

estatutário - no dia 1 de Janeiro do próximo ano.<br />

Simultaneamente, recebo a notícia, esperada mas<br />

sempre gratificante, de que o Tribunal de Contas<br />

acaba de aprovar o relatório e contas da Direcção, a<br />

que tenho a honra de presidir, relativos ao ano de<br />

2<strong>00</strong>5, permitindo que o INATEL-Fundação herde<br />

do INATEL-Instituto uma situação financeira equilibrada,<br />

transparente, confiável e certificada pelo<br />

órgão jurisdicional competente.<br />

PROGRAMAS SÉNIOR <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

P<br />

8 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

>>>Editorial<br />

or fim, posso, desde já, anunciar que o início<br />

dos Programas Turismo Sénior e Saúde e<br />

Termalismo Sénior <strong>2<strong>00</strong>7</strong> terá lugar, sucessivamente,<br />

a 6 de <strong>Março</strong> e 9 de Maio próximos.<br />

O despacho n<strong>º</strong> 351/<strong>2<strong>00</strong>7</strong>, de 9 de Janeiro, que<br />

aprovou o Programa Saúde e Termalismo Sénior<br />

<strong>2<strong>00</strong>7</strong>, mandata o INATEL para celebrar com o<br />

IMSERSO novo acordo de intercâmbio, agora no<br />

domínio do turismo de saúde e bem estar, permitindo<br />

que mil termalistas de cada um dos países ibéricos<br />

passe a usufruir de tratamentos e férias na rede<br />

de estâncias termais do estado vizinho. Saliento,<br />

ainda, pela importância crescente do estatuto e<br />

condição do idoso, assim como dos programas<br />

seniores, na política social de Espanha, que o nosso<br />

homólogo IMSERSO acaba de ver alterada a sua<br />

sigla de Instituto das Migrações e Serviços Sociais<br />

para Instituto de Maiores e Serviços Sociais, entendendo-se<br />

a palavra maior como sinónimo de sénior.<br />

Nas próximas semanas, o INATEL proporá ao<br />

Governo os projectos de despacho, contendo os<br />

Programas Seniores para 2<strong>00</strong>8, procurando realizar<br />

o objectivo da indústria hoteleira e termal – que é,<br />

também, o nosso – no sentido do possível início<br />

dos próximos programas, respectivamente nas terceiras<br />

semanas de Janeiro, o Turismo Sénior, e de<br />

<strong>Março</strong>, o Saúde e Termalismo Sénior.<br />

1<strong>00</strong> ANOS DA LINHA<br />

DO TUA – 1906/2<strong>00</strong>6<br />

N<br />

o âmbito da responsabilidade social do<br />

INATEL pela preservação e divulgação da<br />

memória histórica de Portugal e da Cultura<br />

Tradicional Portuguesa, foi lançada, em Bragança,<br />

a publicação “1<strong>00</strong> anos da Linha do Tua –<br />

1906/2<strong>00</strong>6”, da autoria de Luís Ferreira, nosso<br />

Delegado em Bragança, e Luís Canotilho, professor<br />

do Instituto Politécnico de Bragança e excelente<br />

pintor e fotógrafo.<br />

A obra, evocativa do centenário de uma das mais<br />

belas linhas ferroviárias panorâmicas da Europa –<br />

revelada pela subida do Tua no pequeno comboio,<br />

cuja linha está, infelizmente, extinta, até como<br />

mero instrumento de divulgação turística do<br />

Nordeste Transmontano, reduzindo-se, hoje, ao<br />

metropolitano de superfície de Mirandela – honra<br />

o INATEL e os autores, pela qualidade do conteúdo,<br />

histórico e literário, das excelentes aguarelas<br />

das estações e apeadeiros do Comboio do Tua e<br />

pela dignidade e bom gosto do grafismo. ■


Entre-os-Rios<br />

Festival daLAMPREIA<br />

<strong>Março</strong><br />

Stª Maria da Feira<br />

Oeiras<br />

5 a 8 de Abril<br />

GASTRONOMIA<br />

E DIVERTIMENTO<br />

são os ingredientes<br />

que lhe oferecemos<br />

para desfrutar<br />

de momentos diferentes.<br />

INFORMAÇÕES:<br />

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<strong>Março</strong><br />

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Programa PÁSCOA<br />

FOTO: JOSÉ MANUEL<br />

VIVA 4 DIAS DE FÉRIAS E LAZER COM A SUA FAMÍLIA<br />

5 (5ª Feira) Recepção . Jantar . Animação;<br />

6 (6ª Feira) Pequeno-almoço . Manhã livre. Almoço<br />

Visita Forte S. Julião da Barra . Jantar . Animação;<br />

7 (Sábado) Pequeno-almoço . Visita ao Convento de Mafra . Almoço volante no Jardim do Cerco<br />

Visita à Tapada de Mafra em mini-comboio, com merenda . Jantar . Animação;<br />

8 (Domingo) Pequeno-almoço . Actividade ao ar livre no Parque dos Poetas<br />

Almoço . Partida.<br />

INFORMAÇÕES:<br />

CENTRO DE FÉRIAS DE OEIRAS<br />

Tel. 210 029 8<strong>00</strong> Fax: 210 029 840<br />

E-mail: cf.oeiras@inatel.pt www.inatel.pt


A correspondência para estas secções deve ser enviada para<br />

a Redacção de “Tempo Livre”, Calçada de Sant’Ana, <strong>180</strong> - 1169-062<br />

Lisboa, ou por e-mail: tl@inatel.pt<br />

10 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Cartas<br />

Teatro da Trindade<br />

O meu marido é sócio do INATEL. Recebemos a revista<br />

TEMPO LIVRE todos os meses, que lemos com muito interesse.<br />

O grande artigo sobre os 140 anos do Teatro da<br />

Trindade, que se vai comemorar a 30 de Setembro próximo,<br />

captou particularmente a nossa atenção.<br />

E foi precisamente por causa desse assunto que resolvemos<br />

escrever esta mensagem.<br />

Da última vez que fomos ao Teatro da Trindade ficamos<br />

admirados com a degradação das belas fachadas do edifício.<br />

Tanto a fachada virada para a Rua Nova da Trindade como<br />

a da Rua da Misericórdia apresentam sinais evidentes de<br />

degradação.<br />

Está na altura de recuperar as fachadas do nosso querido<br />

Teatro da Trindade!<br />

E que melhor altura do que este ano, quando se vai festejar<br />

os seus 140 anos de idade.<br />

Esperamos que a festa dos 140 anos não se realize com as<br />

fachadas sujas e a descascar do teatro.<br />

Lucinda Augusta Silva e Fernando Domingos da Silva (Lisboa)<br />

Animais de Estimação (IV)<br />

Têm vindo a ser publicado na revista “Tempo Livre” algumas<br />

cartas nas quais se pede para que sejam criadas<br />

condições para que os centros de férias tenham condições<br />

para receberem animais de estimação/incomodação.<br />

Já não bastava o incómodo, os dejectos pelos passeios /<br />

jardins e a falta de respeito dos donos dos animais de estimação,<br />

para eles e de incomodação para os outros, que<br />

maior parte de nós tem que aguentar durante todo o ano<br />

que ainda teríamos que nas férias ser perturbados. Deixemnos<br />

descansados pelo menos nas férias!<br />

José Meireles, Porto<br />

Sócios há 50 anos<br />

Completaram, este mês, 50 anos de ligação ao <strong>Inatel</strong>, os associados:<br />

Orlando Fernandes Tavares, Manuel Nunes, Fernando<br />

António Moura, Álvaro Teixeira Machado, Lisboa; José<br />

Fernandes Gomes, Queluz, Rui António Ferreira Ramos, Cruz<br />

Quebrada-Dafundo; António Filipe Figueiredo, Monte Estoril.<br />

[ Kalidás Barreto ]<br />

COLUNA<br />

DO PROVEDOR<br />

O ano que está a decorrer (com uma velocidade que<br />

mal nos apercebemos terem já passado dois meses e<br />

termos entrado no terceiro) muitos associados interrogam-se<br />

e têm-nos interrogado como vai ser a<br />

Fundação INATEL que, em 2<strong>00</strong>8, sucederá ao actual<br />

modelo estatutário. É uma legítima questão que os<br />

preocupa, bem como a todos os trabalhadores da<br />

empresa (aliás, eles também, associados). Passos<br />

importantes já foram dados: a Resolução do Conselho<br />

de Ministros n<strong>º</strong> 39/2<strong>00</strong>6, de 21 de Abril, determina,<br />

consequentemente, a saída do INATEL da Administração<br />

Central do Estado sob a forma de uma<br />

Fundação de Direito Privado e Utilidade Pública,<br />

estando em elaboração os novos estatutos. Na reforma<br />

estatutária, conforme já informou o Dr. Alarcão<br />

Troni, Presidente da Direcção, é estabelecido um modelo<br />

de fundação de Utilidade Pública, de Direito<br />

Privado, com inteiro respeito pela cultura institucional<br />

de sete décadas de binómio FNAT/INATEL, a<br />

manutenção da natureza desinteressada dos objectivos<br />

e missão, a integração na economia social, bem<br />

como garantida a governabilidade e quase empresarialização.<br />

Não se trata de uma simples mudança de nome<br />

(Instituto para Fundação), mas de colocar uma importante<br />

e ímpar estrutura (Turismo, Cultura e Desporto)<br />

com instalações nos quatro cantos do rectângulo continental<br />

e no espaço insular, enquadrada nas regras de<br />

competição com o mercado aberto, salvaguardando os<br />

direitos dos seus trabalhadores e dos associados em<br />

geral. Haverá, certamente, mudanças de métodos e de<br />

ritmos, maiores exigências de formação profissional,<br />

outros estímulos também; direitos e deveres. Desafios<br />

que se colocam a todos que trabalham nesta casa, afinal<br />

ao serviço dos trabalhadores e de cujo interesse e<br />

esforço (desde chefias até aos que delas dependem<br />

organicamente). E ninguém regateará esse esforço<br />

colectivo nem lhes será negada justiça social! Afinal<br />

só com esforço e a competência de todos é que esta<br />

reforma será um êxito! ■<br />

Tel: 21<strong>00</strong>27197 Fax: 21<strong>00</strong>27179<br />

e-mail: provedor@inatel.pt


Apoios à cultura popular<br />

Cerca de mil instrumentos musicais, equipamento<br />

luminotécnico e trajes e calçado,<br />

foram distribuídos, em Fevereiro, a mais de<br />

quinhentos CCD’s (Centros de Cultura e<br />

Desporto), filiados no <strong>Inatel</strong>, em cerimónias<br />

realizadas na Maia e no Cartaxo.<br />

Inscrito no plano nacional de promoção da<br />

etnografia, música popular e teatro amador,<br />

desenvolvido pelo Departamento Cultural<br />

do <strong>Inatel</strong>, o apoio, relativo a 2<strong>00</strong>6, envolveu<br />

uma verba de cerca de 350 mil <strong>euros</strong>.<br />

As cerimónias de entrega dos instrumentos<br />

incluíram, este ano, um espectáculo<br />

de carácter exclusivamente teatral,<br />

Pormenor da actuação do CCD Associação<br />

Amigos do Alentejo - Loulé<br />

Tendo em conta o aproveitamento das<br />

potencialidades de ambas as instituições,<br />

o <strong>Inatel</strong> e a Universidade Técnica de Lisboa<br />

(UTL) vão desenvolver uma “colaboração<br />

institucional mútua na<br />

definição, discussão e<br />

implementação de técnicas<br />

e procedimentos<br />

capazes de responder<br />

com eficácia aos problemas<br />

de lazer, cultura,<br />

desporto e apoio à<br />

saúde”. Nos termos do<br />

protocolo assinado por<br />

Alarcão Troni e Lopes<br />

da Silva, responsáveis<br />

máximos das duas en-<br />

Manuel Soares da Silva, Delegado do <strong>Inatel</strong> em<br />

Setúbal, entrega um dos instrumentos à Casa<br />

do Povo de Corroios<br />

por parte de três CCD’s, Casa do Povo de<br />

Aveiras de Cima, Associação Amigos do<br />

Alentejo-Loulé e Grupo de Teatro Infantil de<br />

Braga, que apresentaram trabalhos premiados<br />

em anteriores concursos promovidos<br />

pelo <strong>Inatel</strong>, nomeadamente o Animar<br />

Portugal 2<strong>00</strong>4 e Teatrália 2<strong>00</strong>5 e 2<strong>00</strong>6.<br />

Presente na cerimónia realizada no Cartaxo,<br />

Alarcão Troni sublinhou a importância<br />

do apoio do <strong>Inatel</strong> aos agrupamentos folclóricos,<br />

etnográficos, musicais e cénicos,<br />

associados do Instituto, como entidades<br />

decisivas para a preservação da identidade<br />

e cultura nacionais.<br />

Cooperação INATEL/ UTL<br />

tidades, poderão ainda ser desenvolvidos<br />

“projectos conjuntos de I&D, a candidatar<br />

a programas nacionais e comunitário de<br />

financiamento”.<br />

Notícias<br />

“O Trindade de<br />

Portas Abertas”<br />

Conhecer o Teatro da<br />

Trindade, as suas histórias,<br />

os seus bastidores, a forma<br />

como se organiza e as<br />

equipas que nele trabalham<br />

é o objectivo de “O Trindade<br />

de Portas Abertas”, um<br />

programa de visitas, sob<br />

marcação, dirigidas à<br />

população escolar e grupos<br />

organizados.<br />

A iniciativa pretende<br />

fornecer uma visão mais<br />

completa sobre a vida do<br />

Teatro da Trindade, que com<br />

os seus 140 anos é um dos<br />

mais antigos Teatros de<br />

Lisboa. Embora dirigida a<br />

grupos de todas as idades,<br />

aposta privilegiadamente na<br />

relação com o meio escolar,<br />

e por isso tem um programa<br />

específico para escolas,<br />

apoiando previamente os<br />

professores na preparação<br />

da visita, que dura entre<br />

sessenta a noventa minutos.<br />

Local: Vários espaços do<br />

Teatro da Trindade; Horário:<br />

mediante reserva; Preço: 2<br />

Euros;<br />

Condições: máximo de 20<br />

participantes / mínimo 10;<br />

Informações e Reservas:<br />

Joaquim Paulo Nogueira.<br />

Contactos:<br />

jpnogueira@inatel.pt | Tel.<br />

21 342 32 <strong>00</strong><br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 11


Notícias<br />

Tertúlias no Trindade<br />

Numa iniciativa do Teatro do Trindade, e<br />

com o objectivo de promover, num ambiente<br />

de grande informalidade, conversas<br />

em torno da vida e da história recente do<br />

Teatro, estão a decorrer, desde Fevereiro<br />

último, todas as terças-feiras, a partir das<br />

19h<strong>00</strong>, no Teatro Bar, as “Tertúlias do<br />

Trindade”<br />

No dia 13 de <strong>Março</strong>, com moderação de<br />

Rui Cintra, e a participação de José Carlos<br />

Barros e Carlos Cabral, serão recordados<br />

o Ciclo dos Autores de Teatro<br />

Portugueses e o Teatro de Portas Abertas,<br />

duas importantes actividades rea-<br />

"O Teatro Lírico no Trindade" foi, a 13 de Fevereiro, o tema da primeira tertúlia das<br />

terças-feiras, moderada por Joaquim Paulo Nogueira, com a participação de Carlos<br />

Fragateiro, Serra Formigal e Cesário Costa.<br />

BTT "Rota da Estrela"<br />

A prova de BTT "Rota da Estrela" vai ter<br />

lugar no próximo dia 18 de <strong>Março</strong>, com<br />

concentração às 08h30 em Videmonte<br />

(Guarda), junto ao campo de futebol. São<br />

12 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

lizadas pelo Teatro da Trindade na década<br />

de 90 a que os dois conferencistas<br />

convidados estiveram associados.<br />

No dia 27, Dia do Teatro, o tema será “O<br />

Trindade e o Feminino”, moderado por<br />

Cláudia Almeida, com a participação de<br />

Eva Cabral, Rafaela Mapril, São José<br />

Lapa, Filomena Oliveira e Leonor Areal,<br />

criadoras e actrizes que já passaram<br />

pelo Trindade. Uma boa oportunidade<br />

para abordar a situação das mulheres na<br />

actividade teatral do nosso país.<br />

A entrada é livre. Informações:<br />

jpnogueira@inatel.pt | Tel. 21 342 32 <strong>00</strong><br />

cerca de 40 Km de percurso, com dificuldade<br />

média, fitado e com guias, por<br />

estradões e trilhos da freguesia de Videmonte<br />

em pleno Parque Natural da Serra<br />

da Estrela. O preço, 10 Euros, inclui apoio<br />

logístico, abastecimento a meio do percurso,<br />

banhos quentes, almoço e seguro.<br />

A "Rota da Estrela" é uma organização<br />

conjunta da ADS Videmonte e Delegação<br />

da Guarda do INATEL. Mais informações<br />

pelos telefones 963080727 (Sacadura) e<br />

966338399 (Rui Melo)<br />

Jornais escolares<br />

no Museu<br />

da Imprensa<br />

Dezenas de jornais<br />

escolares integram uma<br />

exposição patente, até 31 de<br />

<strong>Março</strong>, no Museu Nacional<br />

da Imprensa, no Porto. A<br />

mostra, co-organizada por<br />

aquele museu e pelo jornal<br />

Público, apresenta os<br />

jornais que participaram na<br />

última edição do Concurso<br />

Nacional de Jornais<br />

Escolares promovido pelo<br />

Projecto “Público na<br />

Escola”. O mote para este<br />

concurso foi a educação<br />

para o consumo.<br />

A exposição, constituída por<br />

mais de 150 trabalhos,<br />

destaca as duas dezenas de<br />

publicações premiadas,<br />

provenientes de escolas do<br />

ensino básico e secundário<br />

de todo o país. Incluindo os<br />

vencedores do “Prémio<br />

Melhor Grafismo”, as<br />

publicações presentes na<br />

mostra distribuem-se por<br />

escalões correspondentes<br />

ao grau de ensino da escola<br />

participante. Os jornais<br />

electrónicos premiados<br />

estarão disponíveis através<br />

de uma aplicação<br />

multimédia.


CGTP: concurso de poesia e conto<br />

A CGTP promoveu a realização do Concurso<br />

“Conto e Poesia” aberto a “amantes da escrita<br />

criativa e da criação literária, trabalhadores<br />

sindicalizados no Movimento Sindical<br />

Unitário, trabalhadores em geral, estudantes<br />

e aposentados”. Os direitos humanos,<br />

a cultura, o trabalho, a sociedade, o<br />

homem e a mulher trabalhadora, são os temas<br />

sugeridos pela organização do concurso,<br />

cujo Júri é constituído por Urbano Tavares<br />

Rodrigues, Domingos Lobo, José Carlos<br />

Vasconcelos, Paulo Sucena e Fernando<br />

Gomes (representante da CGTP-IN).<br />

O 1<strong>º</strong> prémio de Conto é de 750.<strong>00</strong> Euros +<br />

5 Noites para 2 pessoas em regime de<br />

meia pensão no Centro de Férias do INA-<br />

TEL em Albufeira. O de Poesia é 750.<strong>00</strong><br />

Euros + 5 Noites para 2 pessoas em<br />

regime de alojamento e pequeno almoço<br />

no INATEL Piódão.<br />

O prazo de entrega dos trabalhos termina<br />

Nadir Afonso na Galeria do Casino<br />

a 27 de Abril de <strong>2<strong>00</strong>7</strong> e os resultados serão<br />

divulgados até o dia 15 de Junho próximo<br />

por carta dirigida a todos os participantes,<br />

através da imprensa e dos canais habituais<br />

do movimento sindical.<br />

Os trabalhos a concurso têm de ser inéditos.<br />

Os participantes poderão concorrer<br />

indistintamente às áreas de conto e de<br />

poesia; cada trabalho deverá ser entregue<br />

em suporte informático e em papel (6<br />

cópias), nos seguintes termos: no invólucro<br />

exterior deverá constar a indicação do<br />

pseudónimo. Os trabalhos deverão ser<br />

entregues por mão ou enviados por correio<br />

para o seguinte endereço: CGTP-IN/-<br />

Departamento de Cultura e Tempos Livres<br />

1.<strong>º</strong> Concurso “Conto e Poesia”, Rua Vítor<br />

Cordon, n.<strong>º</strong> 1 – 2.<strong>º</strong>, 1249-102 LISBOA. Mais<br />

informações pelo tel: 21 323 65 <strong>00</strong>; e-mail<br />

carla.alves@cgtp.pt ou através da consulta<br />

do site www.cgtp.pt.<br />

Na Galeria de Arte do Casino<br />

Estoril está patente, até Abril,<br />

uma exposição individual de<br />

Nadir Afonso. Nascido em Chaves,<br />

em 1922, Nadir Afonso é<br />

um dos mais importantes pintores<br />

portugueses contemporâneos,<br />

pela escrita pictórica,<br />

que adoptou, inserida na linha<br />

da arte cinética e do abstraccionismo<br />

geométrico.<br />

Vera de Matos retomou, em<br />

Fevereiro, a direcção do Departamento<br />

de Turismo do <strong>Inatel</strong>. Pormenor do acto<br />

de posse na presença da Direcção do<br />

Instituto.<br />

Dia do Teatro<br />

O <strong>Inatel</strong> vai assinalar o dia 27 de<br />

<strong>Março</strong>, Dia do Teatro, com a peça<br />

“Flor de um dia”, um espectáculo ao<br />

vivo no centro de Lisboa, entre a Rua<br />

Augusta e a zona comercial do<br />

Chiado. O espectáculo, com texto e<br />

encenação de Martin Joab, terá<br />

como intérpretes Paulo Patraquim,<br />

Pedro Saavedra, Rita Rodrigues,<br />

Sofia Cabrita e Luciano Burgos.


Fotos Premiadas<br />

[ 1 ]<br />

[ 1 ] Luís Hierro, Maia – Sócio n.<strong>º</strong> 449857<br />

[ 2 ] José Serpa, Funchal – Sócio n.<strong>º</strong> 569<strong>00</strong><br />

[ 3 ] Fernando Bento, Damaia – Sócio n.<strong>º</strong> 218486<br />

Menções Honrosas<br />

[ a ] Jaime Gonçalves,<br />

Corroios<br />

– Sócio n.<strong>º</strong> 223036<br />

[ b ] João Rodrigues,<br />

Montijo<br />

– Sócio n.<strong>º</strong> 433272<br />

[ a ]<br />

[ c ] Emídio dos Santos,<br />

Lisboa<br />

– Sócio n.<strong>º</strong> 5621<br />

[ b ] [ c ]


[ 2 ]<br />

[ 3 ]<br />

REGULAMENTO<br />

1. Concurso Nacional de Fotografia da<br />

revista Tempo Livre. Periodicidade<br />

mensal. Podem participar todos os<br />

sócios do <strong>Inatel</strong>, excluindo os seus funcionários<br />

e os elementos da redacção e<br />

colaboradores da revista Tempo Livre.<br />

2. Enviar as fotos para: Revista Tempo<br />

Livre - Concurso de Fotografia, Calçada<br />

de Sant’Ana, <strong>180</strong> - 1169-062 Lisboa.<br />

3. A data limite para a recepção dos trabalhos<br />

é o dia 10 de cada mês.<br />

4. O tema é livre e cada concorrente<br />

pode enviar, mensalmente, um máximo<br />

de 3 fotografias de formato mínimo de<br />

10x15 cm e máximo de 18x24 cm., em<br />

papel, cor ou preto e branco, sem qualquer<br />

suporte.<br />

5. Não são aceites diapositivos e as<br />

fotos concorrentes não serão devolvidas.<br />

6. O concurso é limitado aos sócios do<br />

<strong>Inatel</strong>. Todas as fotos devem ser assinaladas<br />

no verso com o nome do autor,<br />

direcção, telefone e número de associado<br />

do <strong>Inatel</strong>.<br />

7. A Tempo Livre publicará, em cada<br />

mês, as seis melhores fotos (três premiadas<br />

e três menções honrosas), seleccionadas<br />

entre as enviadas no prazo<br />

previsto.<br />

8. Não serão seleccionadas, no mesmo<br />

ano, as fotos de um concorrente premiado<br />

nesse ano<br />

9. Prémios: cada uma das três fotos<br />

seleccionadas terá como prémio um fim<br />

de semana (duas noites) para duas pessoas<br />

num dos Centros de Férias do<br />

<strong>Inatel</strong>, durante a época baixa, em<br />

regime APA (alojamento e pequeno<br />

almoço). O premiado(a) deve contactar<br />

a redacção da «TL»<br />

10. Grande Prémio Anual: uma viagem<br />

a escolher na Brochura <strong>Inatel</strong> Turismo<br />

Social até ao montante de 1750 Euros. A<br />

este prémio, a publicar na revista<br />

Tempo Livre de Setembro de <strong>2<strong>00</strong>7</strong>, concorrem<br />

todas as fotos premiadas e publicadas<br />

nos meses em que decorre o<br />

concurso.<br />

11. O júri será composto por dois<br />

responsáveis da revista Tempo Livre e<br />

por um fotógrafo de reconhecido<br />

prestígio.


PROGRAMAS <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Turismo e Termalismo Sénior b<br />

Herdeiro do programa “Turismo na<br />

Terceira Idade” (1995), o Turismo<br />

Sénior - promovido pelos Ministérios<br />

da Economia e da Inovação e<br />

do Trabalho e da Solidariedade Social<br />

para a melhoria da qualidade<br />

de vida da população sénior, combatendo<br />

a solidão e favorecendo a<br />

troca de experiências - tem prevista<br />

para <strong>2<strong>00</strong>7</strong> uma participação de<br />

cerca de 46 mil seniores. Gerido<br />

pelo INATEL, o programa tem previstas<br />

955 viagens no continente e<br />

regiões autónomas e assume-se,<br />

ainda, como dinamizador do turismo<br />

durante a época baixa, quer<br />

para as regiões abrangidas quer<br />

para as próprias unidades hoteleiras,<br />

localizadas em zonas de elevada<br />

beleza paisagística, fixando<br />

empregos e desenvolvendo outros<br />

serviços.<br />

A primeira fase, a decorrer entre<br />

<strong>Março</strong> e Maio, envolve, também, 11<br />

16 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Combater<br />

a solidão,<br />

dinamizar<br />

o turismo<br />

Com os programas em curso<br />

para <strong>2<strong>00</strong>7</strong>, o Turismo Sénior e o<br />

Saúde e Termalismo Sénior<br />

deverão, no conjunto, e desde a<br />

sua criação, em 1996 e 1997,<br />

respectivamente, totalizar cerca<br />

de meio milhão de utentes.


eneficiam 5<strong>00</strong> mil portugueses<br />

Centros de Férias do <strong>Inatel</strong>, disponíveis,<br />

também para a segunda<br />

fase, de Setembro a Dezembro. O<br />

programa, com estadas de oito dias,<br />

e a participação de meia centena de<br />

animadores, inclui um intercâmbio<br />

com Espanha, no âmbito de um<br />

protocolo estabelecido em 1997,<br />

entre o <strong>Inatel</strong> e a Imserso (Instituto<br />

de Mayores y Servicios Sociales).<br />

Este ano, estão previstas viagens à<br />

Galiza e Astúrias de cerca de quatro<br />

mil seniores portugueses.<br />

O Turismo Sénior, recorde-se, é<br />

destinado aos cidadãos portugueses<br />

com idade igual ou superior a 60<br />

anos, que podem ser acompanhados<br />

dos respectivos cônjuges e<br />

de uma terceira pessoa, filho(a) do<br />

participante e com um grau de deficiência<br />

não superior a 60 por cento.<br />

Os seniores terão à disposição em<br />

cada unidade hoteleira um animador<br />

permanente, além de um vasto<br />

programa de animação, composto<br />

por visitas turístico-culturais à região<br />

na qual se insere a unidade,<br />

animação regional e outras actividades<br />

lúdico-recreativas que irão<br />

fomentar o convívio e troca de experiências<br />

entre participantes.<br />

Dada a preocupação, eminentemente<br />

social, de privilegiar as classes<br />

economicamente mais desfavorecidas,<br />

o programa estabelece<br />

escalões diferenciados no custo da<br />

estada, de acordo com os rendimentos<br />

de cada sénior, a comprovar<br />

mediante apresentação de Nota de<br />

Liquidação do IRS/Declaração de<br />

IRS.<br />

“TURISMO DA SAÚDE”<br />

Relativamente ao Programa Saúde e<br />

Termalismo Sénior, a decorrer entre<br />

Maio e Julho e de Setembro a Novembro,<br />

o número de utentes tem<br />

crescido de ano para ano e estão pre-<br />

vistos em <strong>2<strong>00</strong>7</strong> cerca de sete mil participantes<br />

para um total de 146 viagens<br />

rumo a dezena e meio de balneários<br />

termais de todo o País.<br />

Iniciado, há 10 anos, com 2. 4<strong>00</strong><br />

participantes, o aumento progressivo<br />

de inscritos neste programa<br />

comprova as conclusões do recente<br />

estudo “Das Termas aos Spas: reconfigurações<br />

de uma prática terapêutica”,<br />

coordenado pela profª<br />

Cristiana Bastos, segundo o qual,<br />

em Portugal, a procura das termas<br />

como meio terapêutico ou como<br />

simples forma de relaxamento tem<br />

vindo a aumentar nos últimos cinco<br />

anos. Com efeito, a maioria das termas<br />

portuguesas, habitualmente<br />

procuradas para tratamento de<br />

doenças crónicas, sofreu uma evolução<br />

positiva nos últimos dez anos<br />

assumindo-se, actualmente, como<br />

locais de lazer orientados para o<br />

“turismo da saúde”. ■<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 17


TERRA NOSSA<br />

Idanha-a-Velha<br />

Pedras com História<br />

Idanha-a-Velha fica situada no meio da<br />

campina beirã, perto da fronteira com<br />

Espanha. A região é essencialmente plana<br />

embora do lado norte o monte-ilha de<br />

Monsanto lhe tape o horizonte.<br />

Uma única estrada põe a povoação<br />

em contacto com o mundo e é dessa<br />

estrada, depois de se dobrar uma<br />

curva, que se tem a melhor vista da<br />

aldeia. Já na povoação encontram-se<br />

vestígios de uma outra estrada que<br />

no seu tempo foi muito mais importante<br />

do que actual via. A estrada ligava<br />

Emérita Augusta (Mérida) a<br />

Bracara Augusta (Braga) e num troço<br />

desse itinerário imperial, a ponte de<br />

Alcântara, uma inscrição datada de<br />

105 depois de Cristo menciona<br />

Idanha como um dos municípios que<br />

contribuíram para a sua construção.<br />

Mas em matéria de escrita epigráfica<br />

a mais antiga referência conhecida<br />

relata a doação de Quintus Iallius,<br />

cidadão da Emérita Augusta, de um<br />

relógio de sol aos habitantes da<br />

Civitas Igaeditanorum, no ano 16<br />

antes de Cristo. Este foi portanto o<br />

primeiro nome da localidade, que no<br />

período visigótico passou a Egitânia,<br />

que os muçulmanos transformaram<br />

em Idania ou Eydaia e os portugueses<br />

em Idanha, a que se acrescentou o<br />

adjectivo “Velha” para a distinguir de<br />

Idanha-a-Nova fundada em 1187<br />

pelos Templários.<br />

18 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Voltando à estrada romana. Na<br />

Idanha antiga a entrada do lado<br />

nascente fazia-se por uma ponte<br />

ainda em uso. Edificada com grossos<br />

blocos de granito a simplicidade da<br />

construção é valorizada pelos arcos<br />

ogivais que lhe transmitem uma certa<br />

leveza.<br />

Desses tempos fundacionais, portanto<br />

romanos, há outros vestígios,<br />

uns à vista, outros à espera do trabalho<br />

dos arqueólogos. À vista está o<br />

que resta da muralha, partes de<br />

habitações, um importante conjunto<br />

de lápides; depois vieram os invasores<br />

germânicos e os visigodos cunharam<br />

moeda e edificaram uma catedral,<br />

seguiram-se os mouros e, no<br />

reinado de D. Sancho I, Idanha<br />

tornou-se definitivamente portuguesa.<br />

Os Templários ergueram logo<br />

uma fortíssima torre rectangular e no<br />

tempo de D. Manuel ganhou direito<br />

a ter pelourinho. Mas a mais avantajada<br />

das construções de Idanha é<br />

recente, talvez de meados do século<br />

passado. É a Casa Marrocos, um palácio<br />

agora devoluto pertença de uma<br />

abastada família da região. A par com<br />

construções emblemáticas estão as<br />

casas despretensiosas da população<br />

aconchegadas umas às outras e é o<br />

todo que faz de Idanha um monumento.<br />

Entrei em Idanha-a-Velha pela Porta<br />

Norte, como toda a gente, pois esse<br />

é o único caminho permitido aos<br />

automóveis, que ficou logo ali arrumado.<br />

Mas já estou no meio da<br />

aldeia, no Largo da Amoreira delimitado,<br />

de um dos lados pela Casa<br />

Marrocos. Eu que da terra só sei elementares<br />

generalidades fico surpreendido<br />

com tamanho casarão.<br />

Um habitante contou-me uma breve<br />

história do edifício, acrescentado que<br />

no futuro deverá ser um hotel. No<br />

Posto de Turismo, um pequeno<br />

espaço assente sobre ruínas romanas<br />

que o chão de vidro transparente<br />

desoculta, há abundante material<br />

editado sobre a região. Há também<br />

uma revista chamada Adufe cuidada<br />

na apresentação atractiva nos conteúdos.<br />

É o funcionário que me indica<br />

o caminho a tomar para a<br />

Catedral, a jóia do património local.<br />

Encontro-a ao fundo da rua, próximo<br />

da muralha e da Porta Sul. De proporções<br />

equilibradas, um pouco seca


Ponte Romana<br />

e, em baixo,<br />

vista de Idanha-a-Velha<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 19


TERRA NOSSA<br />

GUIA<br />

Ir:<br />

De Lisboa: seguir pela A1<br />

até ao nó de Torres Novas e<br />

aí apanhar a A23 até ao nó<br />

de Castelo Branco Norte.<br />

Seguir pela EN 233 em<br />

direcção a Idanha-a-Nova<br />

/Penamacor. De Idanha-a-<br />

Nova a Idanha-a-Velha são<br />

cerca de 15 quilómetros.<br />

Do Porto: seguir pela A1 até<br />

Pombal e aí apanhar o IC8<br />

em direcção a Castelo<br />

Branco. Depois de alcançada<br />

a A23 seguir as mesmas<br />

indicações do item anterior.<br />

Comer:<br />

Idanha-a-Velha não possui<br />

restaurantes mas o concelho<br />

de Idanha-a-Nova está<br />

bem servido deste tipo de<br />

estabelecimentos destacan-<br />

de formas, sem dúvida, esta é a<br />

famosa igreja de fundação visigótica<br />

que, ao longo do tempo, foi acolhendo<br />

intervenções. O interior é igualmente<br />

despretensioso e a minha<br />

atenção acaba por se fixar nos frescos,<br />

ignorados até há poucos anos. No<br />

exterior, em volta, há pedras transpirantes<br />

de passado, segmentos de colunas,<br />

blocos aparelhados, troços de<br />

paredes, de várias épocas e que serviram<br />

fins diversos. Ao lado, num edifício<br />

recente que se integrou numa<br />

construção do período romano está a<br />

famosa colecção epigráfica de Idanha-a-Velha.<br />

O betão e o vidro protegem<br />

as lápides das agressões do<br />

tempo mas também de certas mãos<br />

com apetite por antiguidades. Encontro<br />

entretanto os primeiros visitantes:<br />

famílias com filhos pequenos<br />

e uma excursão que enche o Lagar de<br />

20 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

do-se as casas que se especializaram<br />

em pratos da<br />

cozinha regional, nomeadamente<br />

a caça.<br />

Baroa: Tapada do Sobral,<br />

Lote 75, Idanha-a-Nova, Tel:<br />

277 202 920<br />

A especialidade da casa é a<br />

queixada de porco com<br />

batata assada e esparregado<br />

de favas. A caça e os<br />

ensopados de borrego e<br />

cabrito são outras opções.<br />

Portão Velho: Rua do<br />

Castelo, 38, Idanha-a-Nova,<br />

Tel: 277 201 010<br />

Edifício dos finais do século<br />

XIX foi adaptado a restaurante.<br />

As especialidades da<br />

casa são o javali e o veado<br />

no que diz respeito à caça,<br />

mas serve outros pratos<br />

como sejam os grelhados e<br />

panados com arroz de feijão.<br />

Lapa da Moura: Rua do<br />

Castelo, 15, Monsanto, Tl:<br />

960 022 629<br />

Restaurante instalado<br />

numa casa típica monsantina<br />

serve diversos pratos da<br />

cozinha tradicional.<br />

Dormir:<br />

Idanha-a-Velha não possui<br />

qualquer tipo de alojamento<br />

mas a região é particularmente<br />

bem fornecida de<br />

estabelecimentos<br />

hoteleiros de diversos tipos<br />

e categorias.<br />

Hotel Fonte Santa: Termas<br />

de Monfortinho, Tel: 277 430<br />

3<strong>00</strong>. Hotel de 4 estrelas que<br />

foi recentemente renovado.<br />

Possui vários equipamentos<br />

de apoio como seja campo<br />

Varas. Suponho que o número de<br />

pessoas de fora é agora superior ao<br />

conjunto dos habitantes de Idanha-a-<br />

Velha. Este é, desde há décadas, o<br />

drama da terra: de ano para ano há<br />

menos moradores. A pergunta é: até<br />

onde pode ir este emagrecimento? A<br />

verdade é que os residentes são<br />

de ténis, piscina e jardim.<br />

Preços a partir de 90 <strong>euros</strong>.<br />

Estalagem de Monsanto:<br />

Rua da Capela, 3, Tel: 277<br />

314 471. Antiga casa de<br />

família que foi recuperada e<br />

adaptada pela Enatur.<br />

Possui 10 quartos. Preços a<br />

partir de 45 <strong>euros</strong>.<br />

Casa das Jardas: Monte<br />

das Jardas, Idanha-a-Nova,<br />

Tel: 277 202 199.<br />

Casa de turismo rural situada<br />

no meio do campo a 7<br />

quilómetros de Idanha-a-<br />

Nova. Possui 8 quartos.<br />

Preços a partir de 45 <strong>euros</strong>.<br />

Informações:<br />

Posto de Turismo de<br />

Idanha-a-Velha, Rua da Sé<br />

Tel: 277 914 280; Aberto<br />

todos os dias.<br />

maioritariamente idosos. Como o<br />

casal que no Forno Comunitário está<br />

a confeccionar tabuleiros de bolos. E<br />

voltam a ser idosos que encontro sentados<br />

na base do Pelourinho.<br />

Pode visitar-se Idanha-a-Velha<br />

numa hora ou então prolongar-se<br />

esse prazer por um dia inteiro.<br />

Fiquei-me pelo meio-termo, pelo<br />

meio-dia. Percorri as ruas, que não<br />

são muitas, ladeadas de casas simples<br />

com paredes por vezes de pedra nua<br />

mas onde quase sempre há tufos de<br />

flores, roseiras principalmente, como<br />

se fossem um selo distintivo. Deixei o<br />

centro, passando junto dos Antigos<br />

Palheiros de São Dâmaso, edifício<br />

singular onde convivem - ou deverei<br />

dizer dialogam - duas linguagens<br />

arquitectónicas diferentes, o antigo e<br />

o contemporâneo, as paredes de<br />

pedra e o betão. Obra recente é a casa


do Gabinete de Arqueologia. Adiante<br />

está a velha ponte sobre o rio Pônsul<br />

por onde terão circulado legionários<br />

romanos, conquistadores diversos,<br />

peregrinos medievais e viandantes<br />

de toda a espécie.<br />

Guardei para o final a Torre<br />

Templária, de onde se pode ver<br />

Idanha no seu todo. Uma povoação<br />

que tem monumentos, tem paisagem,<br />

tem História, tem autenticidade.<br />

Um lugar ao mesmo tempo<br />

áspero e amável onde a vida não é<br />

uma encenação para turista ver.<br />

Faltam-lhe as crianças, é verdade.<br />

Mas uma terra que conta mais de<br />

vinte séculos de vida, que mudou de<br />

mãos diversas vezes, que ao longo do<br />

tempo conheceu a prosperidade mas<br />

também os apertos, duma terra assim<br />

espera-se que tenha futuro. ■<br />

José Luís Jorge [texto e fotos]<br />

Pormenor<br />

da Igreja Matriz<br />

e Porta sul<br />

Igreja visigótica,<br />

forno comunitário<br />

e lagar de varas<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 21


PORTUGAL E A LUSOFONIA | PEDRO CID<br />

Uma herança notável:<br />

a língua portuguesa<br />

Espartilhado entre o mar e a longa<br />

fronteira de um só País, a Espanha, com<br />

quem teve guerras sem fim que, todavia<br />

não perturbaram a sua estabilidade como<br />

Pátria e como povo, Portugal lançou-se,<br />

um dia, há meio milénio, na aventura das<br />

Descobertas.<br />

Andámos por toda a parte, deixámos uma<br />

marca forte e indelével nas cinco partidas<br />

do mundo. Hoje importa pouco realçar<br />

esse facto, é até difícil imaginar Portugal<br />

como uma grande potência mundial, que efectivamente<br />

foi há mais de quatro séculos.<br />

O que restou do Império, desvaneceu-se há<br />

menos de 40 anos. E a descolonização, efectiva, só se<br />

fechou com a independência de Timor, já no principio<br />

do século XXI. Macau não era uma colónia, no<br />

sentido real do termo, porque juridicamente foi<br />

sempre um território chinês sob administração portuguesa,<br />

mesmo assim lá permaneceu até ao fim do<br />

século passado.<br />

Em 1822, não falta muito para os dois séculos, tendo<br />

como instrumento activo um príncipe português,<br />

aliás herdeiro do trono, o Brasil declarou a sua independência<br />

política e tornou-se uma grande metrópole<br />

sul americana, embrião da potência regional em<br />

que progressivamente foi tornando. Por todo o Brasil<br />

subsistem marcas profundas da presença de Portugal,<br />

seja na traça das igrejas ou em outros monumentos.<br />

Porém, a herança eterna, verdadeiramente única que<br />

Portugal deixou no Brasil é a língua comum, que<br />

mantém vínculos muito intensos entre os dois países<br />

que costumam chamar-se de irmãos.<br />

Em 1822, o Brasil seguiu a onda independentista<br />

que, na altura, varreu a América Latina, produzindo<br />

novas nações expurgadas do domínio espanhol,<br />

como a Argentina. o Chile ou a Colômbia o Uruguai,<br />

o Paraguai, etc. Foi um facto natural, pacifico, quase<br />

uma consequência de uma permanência alongada<br />

da corte portuguesa, no Brasil, em virtude das<br />

22 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

A língua de Camões tem<br />

sido enriquecida com as<br />

notáveis contribuições dos<br />

povos que dela fazem o seu<br />

modo de comunicação, e<br />

são testemunhados por<br />

notáveis escritores desses<br />

países.


invasões francesas, que ameaçaram a independência<br />

portuguesa.<br />

Em África, na Índia e na Oceânia, fomos mais<br />

lentos na saída ou, se se preferir, mais teimosos na<br />

permanência. Em 1961, Nehru invadiu o Estado<br />

Português da Índia, que era uma espécie de “jóia” da<br />

coroa das colónias portuguesas. Essa invasão, não<br />

destruiu as marcas portuguesas que por lá persistem,<br />

como pôde há poucas semanas testemunhar o<br />

Presidente da República de Portugal, a quem foi<br />

dada a enorme distinção de ser o primeiro doutorado<br />

honoris causa da Universidade de Goa.<br />

Deixámos sinais de presença, mas não soubemos<br />

preservar a língua, que, apesar de ainda ser falada<br />

por muita gente, não é um veículo de comunicação<br />

universal.<br />

Em 1961 e até ao 25 de Abril de 1974 decorreu<br />

uma desgastante guerra colonial, em<br />

três frentes – a Guiné-Bissau, Angola e<br />

Moçambique. Aquele tão célebre “orgulhosamente<br />

sós” de Salazar isolou Portugal internacionalmente<br />

e só o retorno da democracia ao<br />

pequeno rectângulo europeu permitiu o parto tardio<br />

de cinco novos países no Continente africano.<br />

Unidos por essa herança fabulosa que é a língua<br />

portuguesa. Em Angola e em Moçambique há<br />

muitos idiomas, mas a língua de Camões é o traço de<br />

união, o veículo primordial de comunicação entre<br />

todos os cidadãos.<br />

Em Timor, a secular presença portuguesa determinou<br />

que os timorenses alcançassem, ao longo dos<br />

séculos, um forte sentimento diferenciador dos<br />

restantes povos que vieram em 1947, a constituir a<br />

Indonésia. Essa identidade própria já era reconhecida,<br />

muito antes do 25 de Abril e está testemunhada,<br />

por exemplo, num documento assinado em Paris,<br />

uns anos antes do 25 de Abril (1965, salvo erro) após<br />

um encontro entre representantes dos partidos<br />

comunistas de Portugal e da Indonésia, onde se<br />

ressalvava a especificidade do povo de Timor.... A<br />

longa luta pela sobrevivência depois da invasão<br />

indonésia em 1975 e até à independência, cimentou<br />

o português, como língua de comunicação entre os<br />

timorenses.<br />

Vale a pena referir ainda que, já depois da<br />

independências das antigas colónias<br />

africanas, os dirigentes desses novos países<br />

algumas vezes criaram embaraços aos<br />

governantes emergentes da revolução de Abril, por<br />

causa da língua comum... Em reuniões internacionais,<br />

muitos dirigentes africanos exprimiam-se<br />

em português, em contraponto, com os de Lisboa,<br />

que preferiam o inglês ou o francês...<br />

A língua de Camões tem sido enriquecida com as<br />

notáveis contribuições dos povos que dela fazem o<br />

seu modo de comunicação, e são testemunhados<br />

por notáveis escritores desses países. Contribuições<br />

assimiladas pelos portugueses, de modo absolutamente<br />

natural com a utilização, já vulgarizada, de<br />

termos importados ou de África ou do Brasil.<br />

O Português é assim o património, a herança mais<br />

valiosa, o testemunho mais eloquente da nossa<br />

influência no mundo, dos sonhos visionários que<br />

desenvolvemos e concretizámos, desde a Escola de<br />

Sagres. Num planeta cada vez mais povoado, nossa<br />

língua é a sexta mais falada no mundo!<br />

Este é talvez o tempo, de valorizarmos e rentabilizarmos<br />

essa herança em proveito recíproco de<br />

todos os herdeiros, incluindo Portugal. As parcerias<br />

dos países que falam português, no âmbito da CPLP,<br />

as associações com terceiros países para investimentos<br />

onde eles se mostrarem necessários e adequados,<br />

a circulação de pessoas e bens e a intervenção activa<br />

no desenvolvimento e no progresso, de todos e de<br />

cada um, são projectos que decorrerão, sempre, sob<br />

a égide da língua portuguesa. Que pena que nem<br />

sempre esta ideia esteja subjacente nas decisões<br />

políticas das diversas capitais onde se fala português!<br />

Este é o tempo de pôr termo a muitas oportunidades<br />

perdidas... ■<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 23


HISTÓRIAS DO TRINDADE<br />

A Flauta Mágica<br />

Na cuidada versão portuguesa de Maria<br />

de Lourdes Martins – todo o libreto, partes<br />

cantadas e faladas (1) – encomendada à ilustre<br />

compositora pelo então director do Teatro<br />

Dr. José Serra Formigal, os espectáculos de A<br />

Flauta Mágica de Wolfgang Amadeus Mozart<br />

(Salzburg 1756-Viena 1791), obtiveram grande<br />

êxito em duas Temporadas Líricas Populares<br />

da Companhia Portuguesa de Ópera.<br />

Emanuel Schikaneder (1748-1812) solicitou<br />

a Mozart a composição musical<br />

da ópera, fornecendo-lhe um fantasioso<br />

libreto em língua alemã de sua<br />

autoria – uma história orientalizante,<br />

em que o Bem e o Mal se confrontam<br />

e a magia aliada a misteriosas valencias<br />

maçonicas conduzem os personagens<br />

a um fim feliz. Schikaneder,<br />

poeta, cantor, actor e encenador, amigo<br />

de Mozart dos tempos de Salzburg,<br />

dirigia desde 1789 o Teatro Auf<br />

der Wieden, em Viena, e pretendia<br />

uma ópera que suscitasse o imediato<br />

apego do público.<br />

Mozart criou a partitura entre<br />

Maio e Julho de 1791, instalado por<br />

Schikaneder numa pequena caseta<br />

perto do teatro – que se visita desde<br />

1877 nos jardins da Academia Superior<br />

Mozarteum em Salzburg (2) ; a<br />

récita de estreia da ópera realizou-se<br />

no referido Teatro vienense em 30 de<br />

Setembro de 1791. Mozart dirigiu<br />

alguns dos espectáculos iniciais, tarefa<br />

que cedo abandonou pelo agravamento<br />

do estado de saúde, que o<br />

conduziria à morte em 5 de Dezembro<br />

do mesmo ano.<br />

24 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

A Flauta Mágica, desde a estreia,<br />

nunca mais abandonou os palcos,<br />

não só austríacos mas em todas as<br />

cidades europeias, cantada no original<br />

alemão e nas diversas línguas<br />

nacionais.<br />

Curiosamente, chegou muito tarde<br />

ao Teatro de São Carlos: os primeiros<br />

espectáculos realizaram-se<br />

em 1953 (3) , por um magnífico elenco<br />

de artistas alemães dirigido por Fritz<br />

Rieger, ressurgindo depois na prestigiosa<br />

sala com certa frequência.<br />

As primeiras seis récitas em língua<br />

portuguesa verificaram-se portanto<br />

no Teatro da Trindade, na Temporada<br />

Lírica Popular de 1972, aplaudidas<br />

por mais de 45<strong>00</strong> espectadores; a<br />

Temporada completou-se com La<br />

Traviata de Verdi, A Vingança da<br />

Cigana de Leal Moreira, Lakmé de<br />

Léo Delibes e A Viúva Alegre de<br />

Franz Léhar, também seis espectáculos<br />

de cada título.<br />

O primeiro elenco “mágico” do<br />

Trindade agrupou excelentes artistas:<br />

Elsa Saque (Pamina), Elizette Bayan<br />

(Rainha da Noite), Fernando Serafim<br />

(Tamino), Álvaro Malta (Papagueno),<br />

Carla Viegas (Papaguena), Carlos<br />

Fonseca (Sarastro), Guilherme Kjölner<br />

(Monostatos), João Veloso (Orador),<br />

Helena de Pina Manique, Manuela<br />

Piçarra e Helena Cláudio (Três<br />

Damas), Sara Rosa, Joana Silva e<br />

Helena Cláudio (Três Rapazes), Armando<br />

Guerreiro e João Veloso (Sacerdotes<br />

e Homens Armados).<br />

Colaboraram a Orquestra da Emissora<br />

Nacional, o Coro do Teatro<br />

Nacional de São Carlos, elementos da<br />

Escola de Dança Clássica de Anna<br />

Mascolo; cenários e figurinos de Óscar<br />

Casero, encenou Gino Bechi e tive eu<br />

a felicidade de dirigir estas primeiras<br />

Flautas Mágicas em português!<br />

Em Outubro de 1975, na última<br />

Temporada Lírica Popular da Companhia<br />

Portuguesa de Ópera do Teatro<br />

da Trindade, tornei a dirigir mais seis<br />

récitas desta inesquecível obra-prima;<br />

o elenco manteve-se quase o mesmo,<br />

com as alterações que seguidamente<br />

indico: Palmira Viegas, 2ª Dama; Maria<br />

de Lourdes Coutinho, 2<strong>º</strong> Rapaz; Costa<br />

Coutinho, 2<strong>º</strong> Homem Armado; Luís<br />

Brunner, Sacerdote; tocou a Orquestra<br />

Filarmónica de Lisboa, cantou o Coro<br />

do INATEL dirigido por D. Ascenso de<br />

Siqueira, foi ensaiador da encenação<br />

Giovanni Voyer.<br />

Completaram esta Temporada final<br />

da Companhia Portuguesa de Ópera<br />

do Teatro da Trindade La Bohéme de<br />

Puccini, Serrana de Alfredo Keil, e<br />

ainda um espectáculo, também regido<br />

por mim, agrupando 3 óperas em<br />

um acto: Ida e Volta de Paul Hindemith;<br />

O Telefone de Gian-Carlo<br />

Menotti; La Cambiale di Matrimonio<br />

de Rossini. Como estas duas primeiras<br />

peças foram cantadas na<br />

nossa língua, a elas voltarei oportunamente.<br />

A encerrar a Temporada devo referir<br />

ainda duas récitas que abriram<br />

horizontes de esperança a todo o<br />

meio lírico português, por tituladas


“Jovens Artistas Líricos Finalistas do<br />

Conservatório Nacional”, espectáculo<br />

constituído pelas óperas em um<br />

acto Bastien e Bastienne de Mozart,<br />

em português, e La Serva Padrona de<br />

Pergolesi, no original italiano, respectivamente<br />

dirigidas por mim e por<br />

Ascenso de Siqueira, com encenações<br />

de Hugo Casaes e a Orquestra Filarmónica<br />

de Lisboa. Na rubrica que<br />

estou presentemente abordando –<br />

óperas em versões portuguesas – a<br />

seu tempo lembrarei o autor de<br />

tradução e recordarei o elenco de<br />

“Promessas” que interpretou a pequena<br />

obra-prima mozartiana – novos<br />

artistas que se afirmaram depois<br />

na actividade operística portuguesa.<br />

Voltando à Flauta Mágica, a magnífica<br />

versão portuguesa tão competentemente<br />

elaborada por Maria de<br />

Lourdes Martins voltou a ser utilizada,<br />

no Teatro de São Carlos em Junho<br />

de 1982, nas cinco récitas que dirigi<br />

com o elenco da então activa Companhia<br />

Residente do Teatro; e em<br />

Setembro do mesmo ano no Teatro<br />

Nacional de Brasília, pelo seu elenco<br />

próprio, em mais seis espectáculos<br />

que também dirigi.<br />

Rematando o tema, não resisto a<br />

evocar ao benévolo leitor que a<br />

minha ligação à Flauta Mágica<br />

levou-me ainda à direcção musical<br />

de uma longa tournée em Espanha,<br />

da internacional Companhia Lírica<br />

Europeia, no original alemão, iniciada<br />

em Fevereiro de 1998, com<br />

numerosos espectáculos em Salamanca,<br />

Segóvia, Madrid, Saragoça,<br />

Vitória, Requeña, Alicante e Barcelona...<br />

e finalmente em Julho de<br />

2<strong>00</strong>0, às representações novamente<br />

em português no Auditório de Vila<br />

Nova de Gaia, encenação de Fernanda<br />

Correia, elenco, montagem,<br />

coro e orquestra do Conservatório<br />

de Música desta boa cidade! ■<br />

Maestro Manuel Ivo Cruz<br />

Cena de «A Flauta Mágica» no Teatro da Trindade em 1972. Em baixo, o figurinista Óscar<br />

Casero, o maestro Manuel Ivo Cruz e o encenador Gino Bechi<br />

Notas<br />

1) A compositora e professora<br />

Maria de<br />

Lourdes Martins era, de<br />

facto, a artista ideal<br />

para efectuar esta delicada<br />

tradução. Além da<br />

sua formação no<br />

Conservatório lisboeta,<br />

cursou também a<br />

Academia de Música de<br />

Munique e trabalhou<br />

intensamente com o<br />

grande mestre Carl Orff,<br />

vindo a ser a 1ª directora<br />

do Instituto Orff em<br />

Lisboa. A sua versão foi<br />

inteiramente conseguida,<br />

no respeito pela partitura,<br />

nas acentuações<br />

rítmicas, nos desenhos<br />

melódicos e na prosódia,<br />

na graça do libreto,<br />

conseguindo a imediata<br />

compreensão do público.<br />

2) Recordo com<br />

saudade e emoção a<br />

visita efectuada em<br />

finais da década de<br />

sessenta, quando cursava<br />

Direcção de<br />

Orquestra no<br />

Mozarteum, onde tive<br />

como colegas contemporâneos<br />

os cantores<br />

Mário Mateus, Fernanda<br />

Correia, Helena de Pina<br />

Manique, Ana Lagoa,<br />

Elizette Bayan,<br />

Fernando Serafim, o<br />

maestro Tobias Cardoso,<br />

as irmãs Catarina e<br />

Adriana Latino que frequentavam<br />

o Curso<br />

Orff...<br />

3) In Mário Moreau – O<br />

Teatro Nacional de São<br />

Carlos, Dois Séculos de<br />

História – Lisboa,<br />

Hugin, 1999.<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 25


OlhoVivo<br />

Marta Martins [ textos ] André Letria [ ilustrações ]<br />

Ciência<br />

a público<br />

Um estudo de opinião<br />

pública sobre a Ciência,<br />

realizado na Suécia desde<br />

2<strong>00</strong>2, revelou este ano que<br />

quase um quarto dos<br />

inquiridos (23%) valoriza a<br />

astrologia científica. Das<br />

mais de mil respostas<br />

sobressai, porém uma<br />

atitude positiva e confiante<br />

em relação às<br />

potencialidades da ciência<br />

como agente de mudança<br />

social: Nove em dez<br />

acreditam que o<br />

desenvolvimento científico<br />

tem melhorado a vida das<br />

pessoas comuns, e<br />

observam-se níveis<br />

semelhantes de confiança<br />

nas possibilidades de<br />

desenvolver novas e<br />

melhores fontes de<br />

energia, diminuir as<br />

alterações climáticas,<br />

reduzir a segregação nas<br />

cidades e aumentar o<br />

desenvolvimento<br />

económico. No entanto,<br />

cada vez mais suecos<br />

gostariam de ver os<br />

resultados verificados por<br />

outros cientistas antes de<br />

serem divulgados ao<br />

público, e dois terços<br />

acreditam que há<br />

demasiadas notícias<br />

alarmistas na<br />

comunicação social.<br />

26 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~<br />

Estatuto e idade<br />

Uma análise realizada na Universidade de Warwick (Reino Unido)<br />

demonstrou uma interessante relação entre o status e a<br />

longevidade. Andrew Oswald e Matthew Rablen<br />

examinaram ao pormenor a longevidade dos homens<br />

nomeados e vencedores de prémios Nobel de física e<br />

química entre 1901 e 1950 e chegaram à conclusão<br />

que os vencedores viveram em média mais dois anos<br />

do que os apenas nomeados. Os investigadores atribuem esta diferença ao impulso de status social que<br />

os vencedores recebem com a atribuição do prémio (uma vez que eliminaram qualquer relação com o<br />

seu valor monetário), sugerindo a hipótese de que um aumento súbito do status social pode, efectivamente,<br />

aumentar a esperança de vida.<br />

Marmota adivinha<br />

Os fãs de Bill Murray lembram-se certamente do filme Groundhog Day / O Feitiço<br />

do Tempo, onde o mote do enredo era uma viagem à pequena cidade de<br />

Punxsutawney. Neste local real, a marmota Phil faz, há muitos<br />

anos, um prognóstico sobre a chegada da Primavera: se Phil<br />

tiver sombra no dia 2 de Fevereiro, isso significa que o<br />

Inverno irá durar mais seis semanas; caso contrário, a<br />

Primavera chega mais cedo. Por muito folclórica que a<br />

crença possa parecer, uma análise recente mostra que, na verdade,<br />

a marmota de Punxsutawney tem vindo a acompanhar<br />

as alterações climáticas e poderia servir de aviso aos mais<br />

atentos. Segundo o Dr. Doug Inkley, biólogo da National Wildlife<br />

Federation, que analisou as previsões de Phil ao longo do séc. XX,<br />

o roedor previu a chegada antecipada da Primavera apenas quatro<br />

vezes nos primeiros 75 anos, mas já oito vezes apenas nos últimos 25 anos,<br />

um alerta de que o Inverno está, cada vez mais, a acabar antes da data.<br />

Verdadeira maresia<br />

Daqui a algum tempo poderemos ter, em casa, o genuíno cheiro da maresia – não as<br />

imitações dos ambientadores mas the real thing. Isto graças ao trabalho<br />

do Prof. Andrew Johnston, da University of East Anglia<br />

(Reino Unido), que isolou o gene responsável pelo cheiro<br />

característico da beira-mar. Johnston e a sua equipa encontraram<br />

o micróbio nas salinas pantanosas de Stiffkey, em<br />

Inglaterra, e identificaram o gene que provoca a emissão<br />

do “aromático” gás, dimetil sulfito. Embora a importância<br />

deste gás no cheiro a maresia fosse já conhecida, ainda não tinham<br />

sido identificados os genes que efectivamente provocam o<br />

odor. As aplicações possíveis para os resultados deste estudo ficam<br />

à imaginação de todos os que têm memórias da beira-mar…


O TEMPO E O MUNDO | DUARTE IVO CRUZ<br />

Economia da cultura<br />

Em França, país de incomparável capacidade de apoio e intervenção cultural - ou pelo menos,<br />

incomparavelmente superior à nossa... - estalou em Janeiro uma polémica acerca da disponibilidade<br />

e rentabilidade económica dos bens culturais e da legitimidade da respectiva expatriação.<br />

Trata-se, muito concretamente, da disponibilização,<br />

por parte do Museu do Louvre, de obras certamente<br />

das suas inesgotáveis reservas, para consórcios<br />

museológicos simultâneos em Atlanta,<br />

EUA, e no Abou Dhabi.<br />

A simultaneidade não facilitará as coisas, ainda por cima<br />

quando se processa também a instalação de um novo<br />

Museu da Fundação Guggenheim nos<br />

Emiratos. Mas em rigor, são situação diferentes,<br />

na medida em o que o modelo de<br />

expatriação dos Museus da Fundação<br />

valem mais em si, como formidáveis objectos<br />

arquitectónicos, do que pelas respectivas<br />

colecções. Bilbau é o maior exemplo,<br />

mas a animação cultural, turística e institucional<br />

que trouxe à cidade ultrapassa em muito os lucros de<br />

bilheteira des exposições.<br />

O problema que se levanta em França nasce do envolvimento<br />

directo do Louvre nas duas iniciativas, e na transferência,<br />

em depósito de maior ou menor duração, de<br />

obras indiscutíveis das colecções, dando de barato, repitase,<br />

que as reservas são inesgotáveis e que ninguém pretende<br />

exportar ou alienar a Mona Lisa. Muito embora: os<br />

problemas que a operação levanta têm causado largas<br />

ondas de emotividade na opinião publica. Sinal, também,<br />

que a opinião publica francesa está muito atenta á cultura.<br />

“A CIDADE DA COCA-COLA” E O “PEQUENO LOUVRE”<br />

No caso de Atlanta, fala-se numa transferência de obras de<br />

Rafael ou de Poussin para a cidade sede da Coca-Cola. Se,<br />

de um lado, não faltam argumentos contra, também<br />

surtem obviamente os argumentos a favor. E estes prendem-se<br />

com a própria dinâmica económica e politica da<br />

cidade, que dará à colecção uma visibilidade que, nas<br />

reservas do Louvre, de certeza que a não terá. Com o<br />

acréscimo da dimensão financeira da operação, que será<br />

aplicadas na renovação de salas do Museu.<br />

O “Pequeno Louvre” do Golfo é muito mais complexo.<br />

Para já, trata-se de um consórcio de Museus franceses com o<br />

Emirato, envolvendo uma grande variedade de obras e de<br />

estabelecimentos culturais. Numa primeira fase, o Museu,<br />

que se chamaria “O Pequeno Louvre”, seria monitorizado a<br />

partir da França, na base de empréstimo, altamente remunerado,<br />

de peças das colecções e não só do Louvre, até que<br />

o novo Museu constitua suas próprias colecções. Esse<br />

empréstimo é, repita-se altamente remunerador, durará de<br />

3 meses a 10 anos,mas levanta problemas.<br />

E, desde logo, para lá da segurança, das peças, a sua adequação<br />

aos padrões culturais e religiosos do Golfo, e<br />

mesmo considerando a abertura relativa do<br />

Abou Dhabi. O Governo respectivo reserva-se<br />

o direito de vetar as obras propostas.<br />

Muito concretamente: vão ser expostos<br />

nus? E obras de natureza religiosa? E se<br />

não, como fica a expressão da pintura, da<br />

escultura, da cultura ocidental? E se sim,<br />

não haverá riscos de atentados? Dir-se á<br />

que o mesmo tem ocorrido nos Museus europeus e americanos:<br />

mas o problema existe, e a época não está muito<br />

para tolerâncias..<br />

O contrato terá a duração de 20 anos e, no total, representa<br />

algo como 7<strong>00</strong> milhões de <strong>euros</strong> que reverterão<br />

para o conjunto dos Museus franceses. E esse argumento<br />

evidentemente que pesa numa decisão, mas como pesa,<br />

em contrapartida,a possibilidade de o novo Museu gerir ou<br />

cogerir a denominação e a marca Louvre. O que não é fácil<br />

de contratualizar.<br />

Aexpatriação secular de obras de arte á um problema<br />

insolúvel, como o é também a tentativa<br />

de devolução aos países de origem, sobretudo<br />

quando as peças foram roubadas, conquistadas<br />

no rescaldo de guerras, contrabandeadas ou vandalizadas.Mas<br />

a maior ironia é que, no mesmo ano de 2<strong>00</strong>6, a<br />

França inaugurou o seu formidável Museu do Quay<br />

Branli, em Paris projecto arquitectónico de Jean Nouvel,<br />

onde concentra inúmeras colecções de arte não europeia.<br />

E a sua inauguração está a provocar um movimento semelhante<br />

em dezenas de cidades francesas: melhor para os<br />

respectivos habitantes!<br />

A Cultura custa caro. E há que a financiar. Mas tem um<br />

retorno económico imenso. E não se trata d mercantilismo,<br />

pois a conservação da arte é uma das prioridades da<br />

sociedade. Mas não o de ser feita a qualquer preço! ■<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong>TempoLivre 27


VIAGENS NA HISTÓRIA | JOÃO AGUIAR<br />

Um desconhecido...<br />

Sim, um desconhecido (um dos muitos), que não deveria sê-lo. Tenho o prazer de vos convidar<br />

para um passeio até ao século XVI, para aí encontrarmos um senhor chamado Fernando<br />

Oliveira.<br />

Quem é ele? Aí começam as dificuldades,<br />

mas também os motivos pelos quais os<br />

Portugueses deviam recordá-lo. Porque foi<br />

muitas coisas: padre, erudito, gramático,<br />

navegador, historiador e sabe-se lá que<br />

mais. O problema, verdadeiramente, está no pouco conhecimento<br />

que temos da sua vida pessoal. Mas também,<br />

a verdade é que ele foi um homem do Renascimento e<br />

nessa época os homens com dois ou mais dedos de<br />

cabeça eram sempre várias coisas ao mesmo tempo.<br />

No entanto, Fernando Oliveira merece menção (e,<br />

repito, recordação) especial porque, em mais do que um<br />

domínio, foi o primeiro. Antes de mais nada: foi o<br />

primeiro a escrever e a publicar uma gramática da língua<br />

portuguesa — intitulada, justamente, Gramática da<br />

Linguagem Portuguesa. Este não é um pequeno feito; e<br />

tendo em conta os constantes e arrepiantes pontapés<br />

que hoje são dados nessa pobre senhora (a Gramática,<br />

entenda-se), a nossa gratidão para com este pioneiro<br />

devia ser enorme, embora melancólica. Acresce, ainda,<br />

que além de ser a primeira em Portugal esta foi a segunda<br />

obra do género publicada na Europa e referente a<br />

qualquer das línguas modernas. Está bem: para a mentalidade<br />

de hoje, é bem menos do que uma goleada<br />

num desafio internacional de futebol, mas eu vou<br />

esperando que tal doença acabe por passar.<br />

Adiante. Fernando de Oliveira, que ingressou na<br />

ordem dos dominicanos, terá fugido do convento,<br />

depois de professar, e, mais tarde, terá pedido a sua secularização<br />

ao Papa Paulo III. Segundo afirmou, ela foilhe<br />

concedida por carta apostólica, mas a verdade é que,<br />

mais tarde, nos aparece de novo com funções eclesiásticas.<br />

Não cabem, neste espaço, todas as suas andanças,<br />

nem todas as suas actividades; porém, é indispensável<br />

referir que a dada altura resolveu tornar-se marinheiro<br />

a bordo de uma galé francesa — e ei-lo feito piloto, sob<br />

o nome de Martinho, tendo como comandante o barão<br />

de Saint-Blancard. Por voltas de 1546, é feito prisioneiro<br />

pelos ingleses e vai para Londres, onde, não se sabe por<br />

que artes, ganha a confiança e a simpatia do rei<br />

Henrique VIII. Também não se sabe porquê, regressa a<br />

28 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Portugal em 1547, portador de uma carta do sucessor de<br />

Henrique VIII, o jovem Eduardo VI, para D. João III.<br />

Contudo, o que importa é que da sua experiência marítima<br />

— e sem dúvida dos seus estudos — surgiram três<br />

obras que, em conjunto, são únicas na época: a Arte da<br />

Guerra do Mar, a Arte Náutica e o Livro da Fábrica das<br />

Naus. Mais uma vez, de grande qualidade, tal como a<br />

gramática.<br />

Eresta agora referir aquela que, apesar de tudo,<br />

é a grande razão para honrar e lembrar este<br />

homem. Já tarde na vida, escreveu outras duas<br />

obras: o Livro da Antiguidade, Nobreza,<br />

Liberdade e Imunidade do Reino de Portugal e uma<br />

História de Portugal — a primeira no género. Ambas<br />

são apresentadas como obras históricas; o que não é<br />

exacto. Foram escritas num momento muito grave da<br />

vida do país — aproximadamente, entre 1579 e 1581: o<br />

momento em que Filipe II de Espanha, pela corrupção<br />

e pela força, conseguiu impor-se como rei de Portugal e<br />

ser aclamado em Tomar. Pois bem: ambos os livros de<br />

Fernando Oliveira se destinam a «provar» a grande<br />

antiguidade do reino português, que existia desde o<br />

Dilúvio e tinha como tal a primazia em toda a<br />

Península. Ou seja: são obras de polémica e de propaganda<br />

a favor da independência portuguesa. E a<br />

semente que elas lançaram viria a ter fruto mais tarde,<br />

sessenta anos mais tarde…<br />

E mais vale tarde do que nunca. ■


BOAVIDA<br />

CONSUMO<br />

As antenas de<br />

telemóveis põem em<br />

risco a saúde dos<br />

moradores do prédio<br />

onde está instalada?<br />

Microondas,<br />

telemóveis e<br />

computadores são<br />

perigosos?<br />

Página 30<br />

MÚSICAS<br />

“Not Too Late”<br />

é o título do mais<br />

recente trabalho de<br />

Nora Jones.<br />

Simplesmente<br />

irresistível, garante<br />

Vítor Ribeiro.<br />

Página 34<br />

FILMES MEMÓRIA<br />

“Bobby”,<br />

do mexicano Emílio<br />

Estevez, sobre o<br />

assassinato<br />

de Robert Kennedy,<br />

evoca um período<br />

angular da história<br />

dos EUA<br />

Página 37<br />

INFORMÁTICA<br />

Há uma caneta<br />

que funciona como<br />

uma esferográfica<br />

normal e transforma<br />

a escrita num ficheiro<br />

do Word ou num<br />

email ou fax.<br />

Página 40<br />

LIVRO ABERTO<br />

Em destaque, pela<br />

oportunidade<br />

e pela qualidade<br />

literária, o romance<br />

“Epidemia -<br />

um Tempo para<br />

Viver” de Reina<br />

James.<br />

Página 32<br />

NO PALCO<br />

Hamlet, obra-prima<br />

do mais traduzido e<br />

representado<br />

dramaturgo da<br />

história do teatro,<br />

volta à sala principal<br />

do Trindade.<br />

Página 35<br />

À MESA<br />

Os kiwis produzidos<br />

em Portugal são de<br />

grande qualidade,<br />

tanto ao nível do<br />

sabor como do ponto<br />

de vista nutricional.<br />

Página 38<br />

PALAVRAS DA LEI<br />

Sobre os condóminos<br />

ausentes ou que não<br />

participam nas<br />

assembleias. Poderão<br />

esses condóminos<br />

analisar os<br />

documentos no seu<br />

domicílio?<br />

Página 41<br />

ARTES<br />

A ver: “Provocação”,<br />

uma exposição<br />

de pintura de David<br />

de Almeida patente,<br />

actualmente,<br />

no Centro Cultural<br />

de Cascais<br />

Página 33<br />

CINEMA EM CASA<br />

O grande destaque<br />

do mês de <strong>Março</strong><br />

vai para o filme<br />

de Davis<br />

Guggenheim,<br />

“Uma Verdade<br />

Inconveniente”.<br />

Página 36<br />

SAÚDE<br />

Reabilitação cardíaca<br />

é o nome que os<br />

médicos dão a um<br />

conjunto de medidas<br />

práticas que<br />

diminuem os factores<br />

de risco<br />

cardiovascular.<br />

Página 39<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 29


BOAVIDA<br />

C O N S U M O<br />

RADIAÇÕES: CAUTELAS,<br />

MAS SEM ALARME!<br />

As antenas de telemóveis põem em risco a saúde dos moradores do<br />

prédio onde está instalada? Os microondas são aparelhos perigosos?<br />

Que cuidados devemos ter ao utilizar um telemóvel ou um computador?<br />

São questões colocadas pela vida moderna e para as quais fomos<br />

procurar resposta.<br />

■ Carlos Barbosa de Oliveira<br />

Há tempos atrás, os<br />

jornais noticiavam a<br />

preocupação de algumas<br />

associações de<br />

Pais, pelo facto de estarem a ser instaladas<br />

antenas de telemóveis nas<br />

escolas. Alegadamente, a sua instalação<br />

colocaria em risco a saúde<br />

dos alunos, devido à emissão de<br />

radiações.<br />

Mais recentemente, pessoa amiga<br />

lamentava o facto de os condóminos<br />

do prédio onde vive, terem<br />

rejeitado a proposta de uma operadora<br />

para instalação de uma<br />

antena de telemóvel, com alegação<br />

similar. E, inconformado com a<br />

decisão que permitiria aliviar substancialmente<br />

as mensalidades do<br />

condomínio, perguntava-me se a<br />

decisão tinha sido acertada.<br />

A verdade é que há vários estudos<br />

sobre o assunto com conclusões<br />

aparentemente contraditórias, mas<br />

mesmo aqueles que apontam para<br />

alguma perigosidade, realçam que<br />

“não há razões para as pessoas se<br />

alarmarem”. No mesmo sentido<br />

apontam os resultados do Projecto<br />

monIT que, nos últimos anos, tem<br />

vindo a monitorizar, em todo o País,<br />

a radiação electromagnética em<br />

comunicações móveis. Os resultados<br />

obtidos em 380 locais, distribuídos<br />

por 20 distritos, concluíram que<br />

apenas no aeroporto da Portela e<br />

30 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

num grande centro comercial de<br />

Lisboa se registaram valores mais<br />

elevados do que o normal.<br />

Uma constante na análise dos<br />

diversos estudos efectuados em<br />

Portugal e noutros países da União<br />

Europeia, é a recomendação para “<br />

a incidência das radiações não cair<br />

no espaço escolar (recreio, etc)”.<br />

No que concerne à situação colocada<br />

pelos condóminos, as formas<br />

como as ondas se propagam<br />

vai atingir áreas exteriores<br />

ao prédio, estando os<br />

moradores mais ou menos<br />

protegidos por um “chapéu”<br />

protector. Coloca-se então a<br />

questão de saber de que<br />

modo poderão ser afectadas<br />

as pessoas que habitam<br />

na vizinhança desse<br />

prédio... mas também<br />

não correm grandes riscos,<br />

porque as radiações<br />

emitidas estão cerca de<br />

150 vezes abaixo dos<br />

valores recomendados<br />

pela União Europeia.<br />

A tendência é para<br />

que o perigo seja<br />

cada vez mais reduzido,<br />

pois à<br />

medida que vão<br />

sendo instaladas<br />

mais antenas reduz-se<br />

a sua<br />

potência e, por<br />

consequência, os efeitos da radiação<br />

Ao contrário do que muitas pessoas<br />

pensam, existem mais perigos<br />

na utilização de telemóveis, do que<br />

na instalação de uma antena no<br />

prédio onde vivemos, pois o<br />

campo eléctrico gerado em torno<br />

de um telemóvel é muito superior<br />

ao gerado por uma antena..<br />

PERIGO EM CASA<br />

Do computador ao televisor, passando<br />

pelo microondas ou alguns<br />

brinquedos, convivemos diariamente<br />

com um conjunto de objectos<br />

que emitem radiações não<br />

ionizantes.<br />

Os quartos dos nossos filhos são,<br />

muitas vezes, locais de risco. Um<br />

quarto onde convive um computador,<br />

um telemóvel, uma<br />

aparelhagem de alta fidelidade,<br />

um televisor e<br />

vários telecomandos, é<br />

um espaço onde as crianças<br />

se estão a expôr<br />

a riscos desnecessários<br />

e muito mais elevados<br />

do que os causados por uma<br />

antena de telemóvel instalada<br />

na escola. Ainda dentro<br />

de casa, há que tomar<br />

alguns cuidados com o<br />

microondas, nomeadamente<br />

mantendo-se sempre<br />

afastado do aparelho<br />

em funcionamento, pelo<br />

menos 150 centímetros.<br />

Outra coisa que deverá<br />

abster-se, é meter os<br />

olhos lá dentro, ara verificar<br />

se a comida está<br />

pronta, pois a exposição<br />

ocular pode provocar<br />

cataratas. ■<br />

André Letria


12 Km<br />

ATLETISMO INTERNACIONAL<br />

MAIORES DE 18 ANOS CLASSIFICAÇÕES: MASCULINA E FEMININA<br />

PRÉMIOS DE CLASSIFICAÇÃO<br />

3 primeiros de cada categoria (associado INATEL):<br />

UM FIM-DE-SEMANA PARA DUAS PESSOAS<br />

regime de meia pensão, época baixa<br />

PRÉMIOS DE SORTEIO<br />

TRÊS FINS-DE-SEMANA PARA DUAS PESSOAS.<br />

regime de meia pensão, época baixa<br />

NOTA: NÃO HAVERÁ ACUMULAÇÃO DE PRÉMIOS.<br />

PRÉMIO GERAL T-SHIRT (aos que terminem a prova).<br />

40 km (aprox.) • dificuldade média • em<br />

pleno Parque Natural da Serra da Estrela •<br />

Concentração • 08h30 – Videmonte (Campo<br />

Futebol) – Guarda • Preço: €10,<strong>00</strong> (inclui: apoio<br />

logístico, abastecimento, banho quente, almoço e seguro)<br />

Organização: ADS Videmonte<br />

e INATEL - Delegação da Guarda<br />

Informações e Inscrições:<br />

Carlos Sacadura – 963 080 727<br />

Rui Melo – 966 338 399<br />

Departamento Desportivo<br />

Calçada de Sant’Ana, <strong>180</strong> . 1169-062 LISBOA<br />

Tel. 210 027 130 /131 l Fax. 210 027 139<br />

SETÚBAL 15 de Abril às 10h<br />

EVENTO ANUAL COM MAIS<br />

DE 70 MIL PRATICANTES,<br />

PARTICIPANDO EM SIMULTÂ-<br />

NEO NA MESMA PROVA, EM<br />

VÁRIAS CIDADES DO MUNDO<br />

VIVICITTÁ<br />

MINI VIVICITTÁ<br />

DISTÂNCIA: 3 Km A PARTIR DOS 10 ANOS<br />

PRÉMIO GERAL T-SHIRT E BONÉ (todos os participantes)<br />

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES até 12 Abril <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

INATEL - Delegação de Setúbal<br />

Praça da República . 29<strong>00</strong>-587 SETÚBAL<br />

Tel. 265 543 8<strong>00</strong> . Fax 265 543 819 . e-mail: del.setubal@inatel.pt<br />

BTTRota da Estrela<br />

VIDEMONTE 18 <strong>Março</strong> ‘07


BOAVIDA<br />

LIVRO ABERTO<br />

A PNEUMÓNICA EM TEMPO<br />

DE GRIPE AVIÁRIA<br />

Num momento em que tanto se fala da iminência da gripe aviária, estando presente<br />

na memória colectiva a tragédia da Gripe Espanhola, ou Pneumónica, que<br />

custou a vida a milhões de europeus, entre os quais se encontrava Amadeo de<br />

Souza Cardoso, faz sentido que se destaque, pela oportunidade e pela qualidade<br />

literária, o romance “Epidemia - um Tempo para Viver” de Reina James, com a<br />

chancela da Dom Quixote.<br />

■ José Jorge Letria<br />

Dedicado à memória dos<br />

avós, vitimados por essa<br />

epidemia, a autora escreveu<br />

um relato poderoso,<br />

com uma assinalável capacidade<br />

efabulatória, recordando que essa enfermidade<br />

matou mais pessoas que a<br />

própria Primeira Grande Guerra.<br />

O livro põe em evidência a componente<br />

humana e social de uma<br />

tragédia colectiva que moldou o<br />

imaginário europeu do princípio<br />

do século XX.<br />

ENCONTRA-SE em circulação mais<br />

um número da excelente revista<br />

Janus, o que assinala os 10 da publicação.<br />

Janus é editada pela Universidade<br />

Nova de Lisboa e pelo jornal<br />

“Público”, tendo como âmbito de<br />

reflexão e intervenção a área das<br />

Relações Internacionais. De destacar<br />

ainda a excelência gráfica da publicação<br />

e a sua qualidade académica e<br />

científica. A não perder, seja por<br />

parte dos especialistas seja do público<br />

em geral. A leitura dos textos<br />

desta revista ajudam a compreender<br />

melhor o mundo em que vivemos.<br />

“O DOUTOR PASAVENTO” é o título<br />

do mais recente romance do espanhol<br />

Enrique Vila-Matas, distinguido,<br />

por esta obra, com o Prémio do<br />

32 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Melhor Romance Publicado em<br />

Espanha em 2<strong>00</strong>6 e com o Prémio da<br />

Real Academia Espanhola no mesmo<br />

ano. Estamos em presença de um<br />

livro excepcional de um mais importantes<br />

escritores da actualidade.<br />

Ainda da Teorema são os títulos<br />

“Enterrar os Mortos”, narrativa<br />

biográfica de grande qualidade que<br />

coloca em destaque a amizade do<br />

republicano espanhol José Robles,<br />

entretanto assassinado, e do escritor<br />

norte-americano de origem portuguesa<br />

John dos Passos, e “Damas,<br />

Ases e Valetes”, uma interessante<br />

experiência de escrita a duas vozes<br />

de Ana Benavente, socióloga e exmembro<br />

de governos do PS, e<br />

Maria Manuela Viana, professora<br />

do ensino secundário.<br />

COM A CHANCELA da Campo das<br />

Letras, acaba de ser publicado o excelente<br />

álbum de fotografias “Registos<br />

do Olhar”, de Ricardo Fonseca, com<br />

um texto de Mário Cláudio, e ainda<br />

“À Sombra das Montanhas Esquecidas”,<br />

de Alice Machado, autora nascida<br />

em Trás-os-Montes.<br />

DRAMATURGO com vasta obra publicada<br />

e levada à cena em Portugal e<br />

no estrangeiro, Norberto Ávila, um<br />

açoriano do mundo, acabada de<br />

editar a recolha poética “Percurso<br />

de Poeta”, distinguido com o Prémio<br />

Natália Correia 1999. Estamos<br />

na presença de uma escrita madura<br />

e carregada de emoções e afectos,<br />

que revela o talento poético de um<br />

homem de teatro com obra reconhecida<br />

e consagrada.<br />

NA ÁREA DA FICÇÃO narrativa,<br />

duas propostas com a chancela de<br />

Publicações Europa-América: “Catavento”,<br />

de Glen Duncan, autor de<br />

“Eu, Lúcifer”, e “A Cidade do Pecado”,<br />

de Harold Robbins, que pretende<br />

demonstrar o princípio segundo<br />

o qual “todas as pessoas têm<br />

um preço”.<br />

“A ÚLTIMA CEIA Invadida Pelas<br />

Ondas”, da Alma Azul, é o mais recente<br />

título de poesia de Gilda<br />

Nunes Barata, nascida em Lisboa em<br />

1973 e Mestre em Literatura Comparada.<br />

Uma escrita ágil, sensível<br />

cuja simplicidade é apenas aparente.<br />

A autora confirma qualidades reveladas<br />

em obras anteriores.


“PROVOCAÇÕES” DE<br />

DAVID DE ALMEIDA<br />

“Provocação”, a exposição de pintura que David de Almeida apresenta<br />

actualmente no Centro Cultural de Cascais, revela decididamente a mestria<br />

de um pintor inquieto que utiliza o perfeccionismo como meta e a síntese<br />

como etapa última da criação artística.<br />

■ Rodrigues Vaz<br />

Efectivamente, nesta mostra,<br />

um dos mais ecléticos<br />

artistas plásticos portugueses<br />

apresenta alguns<br />

dos trabalhos mais representativos<br />

da sua produção mais recente,<br />

prosseguindo iniludivelmente o seu<br />

estilo despojado de elementos,<br />

onde, como diz o crítico espanhol<br />

Tomás Paredes, «essa matéria que<br />

parece não existir mas incita, excita<br />

como um canto sem nome, cuja voz<br />

alarga a sensação de sentir. O que<br />

Almeida faz com o branco e o negro<br />

– independentemente da técnica e<br />

do suporte – é muito poderoso, é<br />

como se Miles Davis tocasse o<br />

trompete depois de ler Juan de<br />

Yepes, San Juan de la Cruz: é<br />

semear a luz na obscuridade, balbuciando.»<br />

Realmente, consagrado como um<br />

dos maiores gravadores portugue-<br />

ses, David de Almeida não foge aos<br />

seus arquétipos, sendo facilmente<br />

reconhecíveis as características do<br />

género em que se tornou exímio, e<br />

onde a música e a poesia se entrelaçam<br />

de uma maneira tão marcada<br />

como fluente e cheia de ductilidade,<br />

apresentando-se como novas formas<br />

de perceber a realidade.<br />

JOVENS CONSOLIDAM PERCURSOS<br />

Esta temporada artística tem sido<br />

fértil, de vários modos, na apresentação<br />

de jovens artistas que se vão<br />

consolidando em percursos bastante<br />

diferentes mas de inegável<br />

qualidade geral.<br />

Desde José Loureiro, que apresenta<br />

na Chiado 8 pinturas de<br />

pequeno formato e rarefeitas<br />

inscrições onde ainda pulsa a<br />

emoção visual, conforma acentua<br />

Celso Martins, a Engrácia Cardoso,<br />

João Nuno, Domingos Rego e<br />

Adriano Mesquita, há toda uma<br />

série de propostas a reflectirem uma<br />

dinâmica que nos últimos anos<br />

começou a ser impulsionada.<br />

Utilizando com alguma recorrência<br />

a leveza dos amarelos e de tons<br />

ocres em confronto com matizes<br />

azuis de um encantamento muitas<br />

vezes quase etéreo, enquanto que,<br />

por outro lado, aproveita sabiamente<br />

a vivacidade dos vermelhos<br />

contrapondo-a ao fulgor de verdes<br />

e negros de radiosa cintilação, Jorge<br />

Nuno, que apresenta actualmente<br />

BOAVIDA<br />

A R T E S<br />

“Linhas da Memória” na Galeria<br />

Artela, Lisboa, acaba por apresentar<br />

uma pintura que se afirma por<br />

peças corpóreas e expressivas, matizadas<br />

por texturas e volumes de<br />

resultados surpreendentes, ao deixar<br />

de lado a tradicional concepção<br />

plana da sua execução e realizando<br />

com mestria a corporeidade do bidimensional.<br />

Por seu lado, igualmente em<br />

Lisboa, Adriano Mesquita apresenta<br />

“Migrações” na Galeria Trema, onde<br />

mistura humor, sabedoria, sátira e<br />

poesia de uma maneira falsamente<br />

“naif”, fazendo, de modo diferente<br />

do de David de Almeida, as suas<br />

“provocações”, enquanto Engrácia<br />

Cardoso mostra pintura e desenho<br />

na Corrente d’Arte, com uma proposta<br />

marcada por uma matéria que<br />

a artista resume cada vez mais a<br />

uma abstracção de cores, preferindo<br />

interpretar o seu motivo sob o registo<br />

da monocromia para lhes exultar<br />

a essência. Recusando, na maior<br />

parte das vezes, o artifício das<br />

regras do jogo cromático e a exacerbação<br />

do colorido, Engrácia prefere<br />

comunicar as suas emoções através<br />

de algumas ressurgências figurativas<br />

expressas com um grande sentido<br />

de conjunto. ■<br />

Óleo de João Nuno.<br />

Em cima, uma<br />

composição<br />

de David de Almeida<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 33


BOAVIDA<br />

M Ú S I C A S<br />

A IRRESISTÍVEL NORAH JONES<br />

“Not Too Late” é o título genérico do mais recente trabalho discográfico de Nora Jones. Irresistível.<br />

■ Victor Ribeiro<br />

Aos 27 anos de idade e<br />

após mais de 30 milhões<br />

de discos vendidos em<br />

todo o mundo, a cantora<br />

e compositora norte-americana<br />

Norah Jones apresenta-nos 13<br />

novas cantigas de irrepreensível<br />

bom gosto e invulgar beleza.<br />

E os melómanos portugueses<br />

sabem bem do que estamos a falar,<br />

já que, pelo menos por duas vezes,<br />

na Aula Magna e no Coliseu de<br />

Lisboa, aplaudiram fervorosa e<br />

merecidamente a cantora.<br />

Este novo CD tem, entre outros, o<br />

mérito de justificar plenamente os<br />

oito Grammy Awards conquistados<br />

por Norah Jones em 2<strong>00</strong>3, na sequência<br />

do lançamento do álbum de<br />

estreia “Come With Me”. Hoje pode<br />

dizer-se, sem incerteza, que Norah<br />

Jones é um dos valores mais promissores<br />

da música pop do Século XXI.<br />

O segredo de Norah residirá, porventura,<br />

na simplicidade das<br />

canções que compõe de modo escorreito,<br />

sem artifícios sonoros por<br />

vezes eficazes, porém de duvidosa<br />

qualidade. Na obra de Norah Jones<br />

tudo é aparentemente fácil e directo.<br />

Também a sobriedade dos textos<br />

se revela determinante para o sucesso<br />

da intérprete que, a propósito da<br />

publicação deste terceiro álbum,<br />

afirma: “Algumas destas canções são<br />

tristes, cínicas, mas também falam<br />

de esperança. Por isso, este álbum<br />

chama-se “No Too Late”. Gosto de<br />

mensagens positivas”.<br />

E francamente positivo é também,<br />

em suma, este imprescindível<br />

“Not Too Late”. ■<br />

34 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Within Temptation<br />

no Paradise<br />

Garage<br />

A banda holandesa, Within<br />

Temptation, sobe ao palco do<br />

Paradise Garage, em Lisboa,<br />

no próximo dia 24 de <strong>Março</strong>.<br />

Um concerto da promotora<br />

Everything Is New para apreciar<br />

a voz angelical e a graciosidade<br />

de Sharon den Adel.<br />

Lenine no Tivoli<br />

Ao Vivo<br />

O músico Lenine, um dos<br />

nomes mais significativos da<br />

nova vaga de artistas<br />

brasileiros, vem apresentar o<br />

seu mais recente álbum<br />

“Acústico MTV” no Teatro<br />

Tivoli, em Lisboa, dia 28 do<br />

corrente mês. Uma promoção<br />

da Musica no Coração a não<br />

perder! GL


O REGRESSO<br />

DE HAMLET<br />

O mais traduzido e representado dramaturgo<br />

da história do teatro volta à sala principal do Trindade.<br />

■ Maria Mesquita<br />

Depois de “Macbeth”, em<br />

cena até 15 do corrente,<br />

o ciclo shakesperiano<br />

recomeça no dia 22 com<br />

a estreia da mais longa e célebre<br />

peça do genial autor inglês.<br />

Traduzida e encenada por André<br />

Gago, igualmente presente no elenco<br />

de intérpretes, “Hamlet” promete<br />

atrair a atenção dos amantes do<br />

eterno e universal talento de William<br />

Shakespeare.<br />

Definida por Francis Bacon como<br />

uma “forma selvagem de fazer<br />

justiça”, a vingança é o tema central<br />

nesta incontornável obra, escrita há<br />

quatro séculos e objecto de sucessivas<br />

interpretações. Desde Goethe<br />

que viu, em Hamlet, um jovem sen-<br />

sível e nobre, atormentado pela<br />

imposição de um acto contraditório<br />

com o seu carácter, a Sigmund<br />

Freud, que compara a figura do<br />

Príncipe da Dinamarca à de Édipo,<br />

o trágico rei de Tebas, que assassinou<br />

o próprio pai. Bem diferente é<br />

a interpretação de Harold Bloom,<br />

destacado crítico literário do século<br />

XX, que não vê em Hamlet, ao contrário<br />

de Goethe, o jovem terno e<br />

inocente, mas antes um personagem<br />

frio e astucioso quer na forma<br />

como trata a sua apaixonada Ofélia<br />

quer no modo como liquida os<br />

cortesãos que poderiam travar o<br />

seu plano de vingança do pai,<br />

assassinado pelo próprio irmão,<br />

Cláudio.<br />

Ficha Técnica<br />

Texto: William Shakespeare; tradução e<br />

BOAVIDA<br />

NO PALCO<br />

encenação: André Gago; cenário e figurinos<br />

Ana Vaz: música original:<br />

Nicholas McNair; intérpretes:<br />

Adriano Carvalho, André Gago,<br />

Cláudia Andrade, Emanuel Arada,<br />

José Mateus, José Mateus, Lia Gama,<br />

Marcantónio Del Carlo, Mário<br />

Jacques, Matze, Nuno Vinagre,<br />

Orlando Costa e Philippe Leroux. Um<br />

co-produção INATEL/Teatro da<br />

Trindade e Teatro Instável<br />

AINDA EM CENA:<br />

“Amor de Perdição” - Baseada<br />

num dos mais conhecidos<br />

romances escritos por Camilo<br />

Castelo Branco, em cena, no<br />

átrio do TNDMII, até 17 de<br />

<strong>Março</strong>.<br />

Texto, dramaturgia, encenação, cenário e<br />

figurinos: Ricardo Moura e Vera Paz<br />

Intérpretes: Maria João Pereira, Mónica<br />

Garcez, Patrícia Faustino, Vera Paz<br />

Luís Hipólito, Paulo Lázaro, Ricardo<br />

Moura, Rui Lacerda e Sérgio Grilo<br />

“Falar Verdade a Mentir” – de Almeida<br />

Garrett, pela companhia<br />

Teatrosfera, de Queluz, também em<br />

cena até 17 de <strong>Março</strong>.<br />

Encenação: Paula Sousa; intérpretes:<br />

Francisco Brás, Paula Sousa, Ricardo<br />

Neves-Neves, Rogério Jacques, Sílvia<br />

Figueiredo e Vítor Oliveira<br />

“O Beijo da Mulher Aranha“ – de<br />

Manuel Puig, uma co-produção<br />

Teatro Mundial, TNDM II e Teatro<br />

da Trindade/ INATEL, apresenta até<br />

15 de <strong>Março</strong>, na sala do Mundial, a<br />

peça o Beijo da Mulher Aranha, de<br />

Manuel Puig.<br />

“Pequenos Crimes Conjugais” – de<br />

Eric-Emmanuel Schmitt, encenação<br />

de José Fonseca e Costa, em cena no<br />

Salão Nobre do TNDM II, até 11 de<br />

<strong>Março</strong>, com Margarida Marinho e<br />

Paulo Pires<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 35


BOAVIDA<br />

CINEMA EM CASA<br />

A VERDADE (IN)CONVENIENTE<br />

■ Sérgio Barrocas<br />

NO grande destaque do mês de <strong>Março</strong> vai para o<br />

filme de Davis Guggenheim, “Uma Verdade<br />

Inconveniente”, um alerta incontornável sobre a<br />

débil saúde do nosso planeta, protagonizado por Al<br />

UMA VERDADE<br />

INCONVENIENTE<br />

> O documentário protagonizado<br />

por Al Gore,<br />

antigo vice-presidente dos<br />

EUA, foi a revelação cinematográfica<br />

do ano. Em<br />

formato de conferência, o<br />

filme tem uma mensagem<br />

bem clara: o aquecimento<br />

global é uma ameaça real,<br />

hoje! Expondo os mitos e<br />

as ideias erradas impostas<br />

pelas empresas<br />

petrolíferas e afins, Al<br />

Gore, num estilo directo e<br />

persuasivo procura convencer<br />

cada um dos<br />

espectadores a actuar no<br />

imediato para deixar de<br />

ser a causa do problema e<br />

passar a fazer parte da<br />

solução.<br />

TÍTULO ORIGINAL: An<br />

Inconvenient Truth;<br />

36 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

REALIZAÇÃO: Davis<br />

Guggenheim; COM: Al Gore;<br />

EUA, 1<strong>00</strong>m, cor, 2<strong>00</strong>6;<br />

EDIÇÃO: Lusomundo<br />

A DÁLIA NEGRA<br />

> Lee Blanchard (Aaron<br />

Eckhart) e Bucky Bleichert<br />

(Josh Hartnett), detectives<br />

da polícia de Los Angeles<br />

são chamados para investigar<br />

o homicídio de Betty<br />

Ann Short (Mia Kirshner),<br />

uma jovem actriz, conhecida<br />

como “A Dália Negra”. É<br />

o regresso do mestre do<br />

crime,<br />

Brian de<br />

Palma, com<br />

um policial<br />

baseado na<br />

obra de<br />

James<br />

Ellroy (LA Confidential).<br />

Registo interessante mas<br />

longe do brilhantismo,<br />

denotando falta de unidade<br />

e equilíbrio narrativo.<br />

TÍTULO ORIGINAL: The Black<br />

Dahlia; REALIZAÇÃO: Brian de<br />

Palma; COM: Josh Hartnett,<br />

Scarlett Johansson, Aaron<br />

Eckhart, Hilary Swank;<br />

EUA/Alemanha, 121m, cor,<br />

2<strong>00</strong>6; EDIÇÃO: Lusomundo<br />

VINICIUS<br />

> Documentário que<br />

narra a vida, o trabalho, a<br />

Gore, e já superiormente assinalado na crónica “Filmes<br />

com Memória”, em Novembro último, de Fernando<br />

Dacosta. O regresso de Brian de Palma, com “A Dália<br />

Negra”e dois documentários “Vinicius” e “Lisboetas”<br />

completam os destaques do mês.■<br />

família, os amigos e os<br />

amores do diplomata,<br />

compositor e poeta<br />

brasileiro<br />

Vinicius<br />

de<br />

Moraes. A<br />

montagem<br />

de um<br />

espectáculo<br />

em<br />

homenagem ao criador da<br />

“Garota de Ipanema” por<br />

dois actores (Camila<br />

Morgado e Ricardo Blat) é<br />

o ponto de partida para<br />

reconstituição de uma trajectória<br />

invulgar no<br />

panorama cultural do<br />

Brasil. Ocasião para<br />

entender e desfrutar a<br />

essência criativa do artista<br />

e filósofo do quotidiano e<br />

as transformações do Rio<br />

de Janeiro através de<br />

raras imagens de arquivo,<br />

entrevistas e interpretação<br />

de muitos dos seus êxitos<br />

musicais.<br />

TÍTULO ORIGINAL: Vinicius;<br />

REALIZAÇÃO: Miguel Faria<br />

Jr; COM: Adriana<br />

Calcanhoto, Caetano Veloso,<br />

Chico Buarque, Gilberto Gil;<br />

Brasil, 110m, cor, 2<strong>00</strong>5;<br />

EDIÇÃO: Lusomundo<br />

LISBOETAS<br />

> Um trabalho impor-<br />

tante de Sérgio Tréfaut,<br />

que revela uma realidade<br />

desconhecida da grande<br />

maioria dos portugueses:<br />

modos de vida, mercado<br />

de trabalho, direitos, cultosreligiosos,identidades<br />

daqueles<br />

(ucranianos,moldavos,<br />

chineses,<br />

brasileiros, africanos…)<br />

que escolheram Lisboa<br />

para trabalhar e viver.<br />

Uma cidade aberta, transformada,<br />

mais viva e<br />

plural.<br />

Prémio de Melhor Filme<br />

na primeira edição do<br />

Festival Indie de Lisboa<br />

REALIZAÇÃO: Sérgio Tréfaut;<br />

Documentário; Portugal,<br />

105m, cor, 2<strong>00</strong>4; EDIÇÃO:<br />

Atalanta<br />

OUTROS TÍTULOS<br />

■ O DIABO VESTE PRADA<br />

(Castello Lopes) David<br />

Frankel<br />

■ BALBÚRDIA NA QUINTA<br />

(Lusomundo) Steve Oedekerk<br />

■ LADRÕES DE BICICLETAS<br />

(Costa do Castelo) Vittorio<br />

de Sica


■ Fernando Dacosta<br />

Seguindo a estrutura da tragédia<br />

grega, sobretudo na<br />

unidade do tempo e do<br />

espaço (culminada no pathos<br />

final), o realizador Emílio Estevez<br />

reconstituiu o último dia de<br />

vida do segundo Kennedy a ser mortalmente<br />

baleado em público. O<br />

golpe (de golpes de Estado se tratou<br />

em ambos os casos) deu-se quando<br />

Bob, diminutivo que o imortalizou,<br />

vencia, como candidato à presidência<br />

da República, as primárias que lhe<br />

abriam as portas para a Casa Branca.<br />

Tudo sucedeu a 5 de Julho de<br />

1968, em Los Angeles, cinco anos<br />

depois do atentado, em Dallas, contra<br />

o irmão Presidente. Nessa altura,<br />

ele era, recorde-se, seu secretário de<br />

Estado da Justiça e braço direito da<br />

governação. Segundo alguns observadores,<br />

pertencia-lhe, mesmo, a<br />

primazia da estratégia política seguida<br />

por Washington, residindo<br />

em si a inspiração das medidas mais<br />

avançadas assumidas por JFK.<br />

Cada vez mais crispada pela infindável<br />

guerra do Vietname, pela<br />

massificada luta dos negros (Luther<br />

King fora abatido), pela sufocante<br />

falta de perspectivas credíveis, a<br />

América passou a ver Bob, então<br />

senador, como uma hipótese de<br />

caminho para a paz, fundamental a<br />

uma mudança proporcionadora da<br />

recuperação do orgulho nacional e<br />

da liderança mundial.<br />

Contido, o filme passa-se, misturando<br />

realidade com ficção, no interior<br />

do célebre Hotel Ambassador<br />

daquela cidade, onde se instalara o<br />

numeroso «staff» do candidato. O<br />

frenesim da campanha é-nos sugerido,<br />

mais do que mostrado, meticulosamente,<br />

encadeadamente, através<br />

das movimentações na recepção,<br />

na cozinha, no «hall», na lavandaria,<br />

nos quartos, nas câmaras de frigoríficos,<br />

nas zonas de limpeza, nas salas<br />

de imprensa, no cirandar dos empregados,<br />

dos seguranças, dos assessores,<br />

dos jornalistas, dos apoiantes,<br />

dos curiosos, em enxurradas de<br />

ondulações inesperadas.<br />

Com bonomia, com ironia, o dirigente<br />

do hotel, um soberbo Anthony<br />

Hopkins (Demi Moore e<br />

Laurence Fishburne são outros<br />

notáveis intérpretes), ordena discretamente<br />

o caos - que conhece bem,<br />

pois o seu Ambassador tornara-se há<br />

muito um emblema presidencial.<br />

Curiosíssima se revela, por exemplo,<br />

a sua postura, antiga e solene, de<br />

receber à porta do edifício os chefes<br />

de Estado (ou os que ele sabe irem<br />

sê-lo) sempre com a mesma frase,<br />

curta, sentida, orgulhosa, voluptu-<br />

BOAVIDA<br />

FILMES COM MEMÓRIA<br />

CREPÚSCULO DE UMA ÉPOCA<br />

A figura de Robert Kennedy, assassinado como o mítico irmão John, nucleariza esta película<br />

imersa num período angular da história dos EUA<br />

osa: «Bem-vindo ao nosso grande<br />

hotel!». Transformado pelo destino<br />

em grande circo, o realizador caracterizou-o<br />

magnificamente, diversificando-o<br />

de números, de magias,<br />

de frenesins, de augúrios, de duplicidades,<br />

de inquietações, como um<br />

carrossel a girar, a ondular cada vez<br />

mais descompassado, apressado.<br />

Bob Kennedy só aparece em<br />

pequenas intervenções extraídas de<br />

documentários reais, o que confere,<br />

pela luminosidade, precariedade<br />

do seu rosto, uma respiração perturbadora<br />

a toda a obra.<br />

Os estampidos finais da arma<br />

que o mata, e fere vários apoiantes,<br />

disparados à queima roupa por um<br />

anónimo individual, tornam-se, de<br />

repente, o corolário crepuscular de<br />

uma utopia, de uma época, a dos<br />

Kennedy, que dilatou para sempre<br />

o imaginário de milhões de pessoas<br />

no mundo inteiro, criando à sua<br />

volta áureas de memórias, de<br />

seduções inigualáveis ■<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 37


BOAVIDA<br />

À M E S A<br />

O ADMIRÁVEL KIWI<br />

O Kiwi é originário da Nova Zelândia e só nos anos 40 começa a sua<br />

internacionalização. Chegou a Portugal há poucos anos, mas rapidamente<br />

se enraizou, sendo hoje produzido, e bem, por agricultores portugueses.<br />

Os kiwis produzidos em Portugal são de grande qualidade,<br />

tanto ao nível do sabor como do ponto de vista nutricional.<br />

■ Pedro Soares<br />

Okiwi é uma baga com<br />

nutrientes extra que vêm<br />

das pequenas sementes<br />

pretas. Possui uma enorme<br />

riqueza em potássio, importante<br />

na regulação da pressão arterial. A<br />

quantidade de potássio presente<br />

neste fruto é bastante superior à<br />

existente na banana ou na laranja,<br />

os frutos habitualmente conotados<br />

como grandes fornecedores deste<br />

nutriente. Por outro lado, o kiwi não<br />

possui sódio e tem um valor calórico<br />

relativamente baixo, tornando-o<br />

perfeito para a alimentação dos<br />

hipertensos e não só. A sua oferta de<br />

38 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

vit. C é admirável, bastando um<br />

kiwi médio por dia para nos oferecer<br />

a dose diária recomendada<br />

desta vitamina. Ao contrário da<br />

maioria dos frutos, oferece Vit. E,<br />

outra vitamina com potencial antioxidante,<br />

protector das nossas células<br />

e da manutenção da sua integridade.<br />

Outra vitamina presente no<br />

kiwi é o ácido fólico, que se pensa<br />

ser um importante agente na promoção<br />

da saúde cardiovascular. O<br />

ácido fólico existe em quantidades<br />

elevadas nos hortícolas, mas como<br />

é destruído pelas temperaturas elevadas<br />

acaba por desaparecer, em<br />

parte, durante os processos<br />

culinários. Pelo contrário, o ácido<br />

fólico presente neste fruto é mantido<br />

quase intacto se for consumido<br />

de imediato, como acontece na<br />

maioria das vezes. O kiwi fornece<br />

ainda doses interessantes de vitamina<br />

B6, cálcio, ferro e magnésio. Se a<br />

estas vitaminas e minerais adicionarmos<br />

as quantidades importantes<br />

de fibra oferecidas por uma dose<br />

deste fruto (bastante superiores a<br />

muitos cereais de pequeno-almoço)<br />

estamos em presença de uma forma<br />

barata e saborosa de melhorarmos a<br />

nossa saúde intestinal.<br />

Resta agora aproveitar as melhores<br />

ocasiões para o incluir no<br />

nosso dia-a-dia, complementando a<br />

sua ingestão com outros frutos. O<br />

kiwi integra-se com facilidade em<br />

saladas de fruta, em gelados, batidos<br />

ou iogurtes. Um kiwi médio oferece<br />

tudo isto por apenas 47 calorias.<br />

Em conjunto com outros frutos e<br />

hortícolas pode contribuir para se<br />

atingir o objectivo de consumir pelo<br />

menos 4<strong>00</strong>g destes alimentos por<br />

dia. Dois pratos de sopa, às refeições<br />

principais, ajudam ainda a atingir<br />

estes objectivos com maior facilidade.<br />

E sabemos hoje que o<br />

consumo generoso<br />

e variado<br />

destes alimentos<br />

é uma das<br />

melhores formas<br />

de prevenir<br />

o aparecimento<br />

de doençascardiovasculares<br />

e cancro. Estima-se<br />

que uma alimentação<br />

saudável e a prática<br />

diária de actividade<br />

física de intensidade<br />

moderada poderá,<br />

por exemplo, reduzir<br />

as probabilidades<br />

de um cancro aparecer<br />

em cerca de 30-40 %.<br />

De que está à espera? ■


REABILITAÇÃO CARDÍACA<br />

■ M. Augusta Drago<br />

Estão constantemente a aumentar<br />

os doentes que se<br />

candidatam à reabilitação<br />

cardíaca. Estes programas<br />

destinam-se em primeiro lugar aos<br />

doentes cardíacos que estão a recuperar<br />

de uma cirurgia cardíaca ou de<br />

um enfarte do miocárdio, mas podem<br />

igualmente beneficiar o prognóstico<br />

de todos os doentes cardíacos<br />

com factores de risco coronários ou<br />

com doença coronária e ainda todos<br />

os que sofram de outras formas de<br />

doença cardiovascular.<br />

Um programa de reabilitação<br />

cardíaca compreende exercício físico<br />

aeróbico, treino de fortalecimento<br />

muscular e aumento da<br />

resistência cárdio-respiratória,<br />

uma dieta personalizada pobre em<br />

sal e gorduras saturadas e ainda<br />

aconselhamento psicossocial e<br />

profissional. Um programa com<br />

estas características melhora a<br />

condição física e facilita o desempenho<br />

cardíaco.<br />

Cabe-nos aos médicos de família<br />

referenciar os doentes para programas<br />

de reabilitação e encorajá-los a<br />

prosseguir. Cabe aos doentes, em<br />

diálogo com os seus médicos de família,<br />

identificar as suas necessidades<br />

e promover os ajustamentos<br />

no programa, mediante análises<br />

periódicas e outros exames que vierem<br />

a ser necessários<br />

O componente talvez mais importante<br />

de um programa desta<br />

natureza é o exercício físico e o treino<br />

de resistência, feito sob a orientação<br />

de profissionais. Deixar de<br />

fumar e, frequentemente, reduzir o<br />

peso contribuem para a diminuição<br />

dos factores de risco de uma forma<br />

tão espectacular que não é possível<br />

alcançar com nenhuma terapêutica<br />

por mais sofisticada que seja.<br />

O exercício físico moderado e regular,<br />

principalmente quando associado<br />

ao fortalecimento muscular,<br />

está associado a perda moderada de<br />

peso, com diminuição da gordura. A<br />

esta contribuição junta-se a alimentação<br />

e os medicamentos para<br />

reduzirem a tensão arterial e as gorduras<br />

no sangue. A acção conjugada<br />

destes contributos proporciona uma<br />

redução significativa dos batimentos<br />

cardíacos e da tensão arterial.<br />

A melhoria da condição física<br />

diminui a necessidade de oxigénio<br />

pelo coração em repouso e durante<br />

BOAVIDA<br />

S A Ú D E<br />

A reabilitação cardíaca é o nome que nós, profissionais de saúde, damos a um conjunto de medidas práticas que<br />

devolvem ao coração em sofrimento o bem-estar que todos desejamos. Estas medidas diminuem os factores de<br />

risco cardiovascular e não só reduzem a mortalidade nos doentes cardíacos como a reduzem de uma forma geral.<br />

o exercício físico. Este bem-estar físico<br />

traduz-se por uma melhoria da<br />

autoconfiança, diminuição da irritabilidade<br />

e da depressão e promoção<br />

da socialização.<br />

São seis os objectivos a alcançar<br />

com um programa de reabilitação<br />

cardíaca:<br />

1. Aumentar a tolerância ao esforço –<br />

exercício físico três vezes por semana,<br />

20-40 mn de cada vez para alcançar<br />

uma frequência cardíaca 70-85% da<br />

frequência inicial (a avaliar pela<br />

prova de esforço inicial). Manter o<br />

exercício durante 12 semanas e continuar<br />

depois a fazer exercício de<br />

forma regular.<br />

2. Melhorar os sintomas – melhorar a<br />

dor no peito, a falta de ar e o cansaço.<br />

3. Melhorar as gorduras no sangue<br />

– diminuir o colesterol total e o<br />

LDL-colesterol e aumentar o<br />

HDL-colesterol.<br />

4. Deixar de fumar – com a ajuda de<br />

técnicas e com o apoio de profissionais<br />

preparados, estima-se que 25%<br />

dos fumadores deixam mesmo de<br />

fumar.<br />

5. Reduzir o stress e melhorar psicológica<br />

e socialmente – o aconselhamento<br />

psicológico e o treino físico<br />

ajudam a alcançar este objectivo.<br />

6. Reduzir a mortalidade – a investigação<br />

provou que a reabilitação<br />

cardíaca pode reduzir em 25% a taxa<br />

de mortalidade após um ataque<br />

cardíaco.<br />

Não devemos ficar à espera que o<br />

ataque cardíaco nos bata à porta<br />

para mudar o nosso estilo de vida,<br />

amanhã é o dia ideal para falar com<br />

o seu médico sobre este assunto!■<br />

medicofamilia@clix.pt<br />

Ilustração: André Letria <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 39


BOAVIDA<br />

TEMPO INFORMÁTICO<br />

O PRAZER DA ESCRITA<br />

O aparecimento da escrita marcou o início da transmissão correcta do<br />

conhecimento através das gerações que até então utilizavam a transmissão<br />

oral, com a inevitável falta ou alteração das ideias, dos factos e das<br />

descobertas.<br />

■ Gil Montalverne<br />

Ohomem, utilizando a<br />

mão, escrevia o que pensava<br />

ou desejava deixar<br />

aos vindouros. E a escrita<br />

manuscrita foi sempre necessária,<br />

mesmo com o aparecimento da<br />

máquina de escrever e mais tarde<br />

com o teclado do computador, como<br />

na actualidade. Em certas ocasiões o<br />

prazer e a facilidade da escrita manual<br />

é imprescindível.<br />

O aparecimento das novas tecnologias<br />

criou a necessidade da rapidez<br />

de textos prontos para serem lidos,<br />

impressos, etc. No entanto, haverá<br />

40 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

sempre situações em que uma caneta<br />

e um papel à mão são mais eficientes,<br />

cómodos e rápidos, para<br />

tomar notas ou escrever pequenos<br />

relatórios, receituários, rascunhar<br />

ideias, desenhar esboços, esquemas,<br />

etc. Depois iremos passar tais<br />

elementos para o computador,<br />

dar-lhe outra forma menos<br />

perecível, em formato digital.<br />

Uma solução inovadora reconhece<br />

o nosso idioma manuscrito<br />

numa folha de papel com<br />

uma caneta que até funciona<br />

como uma esferográfica normal<br />

e transforma a nossa escrita<br />

num ficheiro do Word ou num<br />

email ou fax que podemos enviar<br />

pelo telemóvel. Chama-se Caderno<br />

Digital, distribuído pela “In4Tools”.<br />

O conjunto é constituído por um<br />

caderno de folhas A4 (estando para<br />

breve outros formatos), uma caneta<br />

esferográfica que armazena sem darmos<br />

por isso o que tivermos escrito e<br />

um software de reconhecimento<br />

inteligente de caracteres. Todas as<br />

profissões tornem mais fácil ter uma<br />

caneta no bolso e um caderno de<br />

papel formato A4 do que um<br />

portátil, médicos, arquitectos, professores<br />

e até mesmo jornalistas, ao<br />

regressarem junto do computador<br />

colocam a caneta numa base especial<br />

ligada à porta USB e tudo é<br />

transferido de imediato para o PC.<br />

Sendo visualizados os dois formatos<br />

no monitor é possível fazer alguma<br />

correcção. A caneta e o software têm<br />

de se adaptar à nossa escrita pessoal<br />

e vão fazendo uma aprendizagem<br />

da nossa escrita. O conjunto caneta,<br />

caderno e software custa 249 Euros,<br />

e depois da compra, para evitar a<br />

pirataria, fica disponível uma<br />

licença por 75 Euros para download<br />

do ICR (o software de reconhecimento<br />

de caracteres) do site da<br />

Infor4Tools www.cadernodigital.pt<br />

(Tel: 212946591)<br />

WINDOWS VISTA<br />

Chegou o novo sistema operativo<br />

da Microsoft que vem substituir o<br />

XP. Tem um número muito maior<br />

de capacidades estruturais que foram<br />

estudadas para<br />

aumentar e aproveitar<br />

as capacidades<br />

dos computadores.<br />

O conselho que podemos<br />

dar aos nossos<br />

leitores é procurar<br />

na Internet saber<br />

se o seu computador<br />

aceita o Windows<br />

Vista. Faça o download do “Windows<br />

Vista Upgrade Advisor” e<br />

siga as instruções. Gratuito no site<br />

da Microsoft.<br />

Também podem conhecer melhor<br />

o novo S.O. lendo o Guia Prático do<br />

Windows Vista da Centro Atlântico<br />

escrito pelo jornalista António<br />

Eduardo Marques. ■<br />

ajuda@gil.com.pt


CONDÓMINOS AUSENTES<br />

Um condómino do nosso prédio, em<br />

? Vila Franca de Xira, mora na zona<br />

do Porto. Ele nunca se deslocou em trinta<br />

anos, às assembleias de condóminos.<br />

Para fazer os seus pagamentos, obriga a<br />

que lhe enviem os orçamentos das obras<br />

feitas, recibos das firmas, contas<br />

bancárias, etc., de modo a efectuar os<br />

seus pagamentos. E ele fica dois ou três<br />

anos sem pagar, se não lhe enviarmos<br />

todos os documentos que quer, relativos<br />

às deliberações. Não temos regulamento<br />

interno. Onde é que os condóminos<br />

analisam os documentos, na Assembleia<br />

ou no seu domicílio? Américo Bernardes<br />

– Sócio n.<strong>º</strong> 125340<br />

■Pedro Baptista-Bastos<br />

Omeu primeiro conselho<br />

é elaborarem e aprovarem<br />

um regulamento<br />

interno de condomínio,<br />

que completa e complemente as<br />

normas do Código Civil relativos a<br />

esta situação. Não há nenhuma<br />

norma que nos dê cabalmente o<br />

direito à informação do condómino,<br />

como, por exemplo, no Código das<br />

Sociedades Comerciais em relação<br />

aos direitos à informação que os<br />

sócios gozam nas sociedades de<br />

capitais. No entanto, podemos<br />

esclarecer o alcance de certas normas<br />

do Código Civil e do D.L.<br />

268/94, de 25 de Outubro.<br />

Os condóminos têm que comparecer<br />

pessoalmente, ou fazer-se representar<br />

por um procurador, às assembleias<br />

de condóminos, de acordo com<br />

o artigo 1431<strong>º</strong> do Código Civil. Esta<br />

exigência de comparência diz respeito<br />

ao quórum de reunião e de deliberação<br />

das assembleias. E é nestas que<br />

examinam os documentos, como os<br />

acima descritos; mais a mais, esses<br />

documentos, após a sua exposição em<br />

assembleia, ficam à guarda do administrador,<br />

só os mostrando se o<br />

condómino o pedir. Não tem que tirar<br />

cópias e enviá-las por correio – a não<br />

ser que o condómino se preste a pagar<br />

as despesas de porte e envio, o que<br />

duvidamos.<br />

O que vocês só têm que enviar a<br />

este condómino são as convocatórias<br />

das assembleias e as decisões aí<br />

tomadas por deliberação, de acordo<br />

com o artigo 1432<strong>º</strong> do Código Civil.<br />

Neste último artigo, tome-se em<br />

atenção o teor dos n.<strong>º</strong>s 5 a 9, relativos<br />

aos condóminos ausentes. As deliberações<br />

tomadas têm que ser enviadas a<br />

estes por carta registada com aviso de<br />

recepção, no prazo de 30 dias, tendo<br />

estes 90 dias para responderem do<br />

mesmo modo. Se nada disserem, as<br />

deliberações tomadas consideram-se<br />

tacitamente aprovadas por estes. As<br />

deliberações enviadas são as contidas<br />

nas actas, claro está. Tome-se em<br />

BOAVIDA<br />

PALAVRAS DA LEI<br />

atenção as exigências formais de elaboração<br />

das actas, de modo a que este<br />

condómino não possa alegar qualquer<br />

invalidade formal nas mesmas.<br />

Finalmente, o administrador deve<br />

comunicar aos condóminos todas as<br />

notificações enviadas, designadamente<br />

as provenientes das autoridades<br />

administrativas.<br />

Posto isto, podemos dizer que nem<br />

o condómino tem o direito de exigir<br />

que toda essa documentação lhe seja<br />

enviada por correio – o que é um claro<br />

abuso de direito – assim como não<br />

pode invocar a falta do envio desses<br />

documentos, aos quais julga ter direito,<br />

para não pagar as prestações.<br />

Enviem-lhe só o acima exposto e se ele<br />

insistir na sua pretensão e não pagar,<br />

movam-lhe uma injunção.<br />

Aconselho-o a que contacte um<br />

advogado o mais depressa possível.■<br />

Toda a correspondência deve ser dirigida à<br />

Redacção da «Tempo Livre»<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 41


1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

11<br />

12<br />

13<br />

CLUBE TEMPO LIVRE PASSATEMPOS<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15<br />

SOLUÇÕES<br />

1-WEBER; GIM; VERDI. 2-IDEM; VIMES; SEIS. 3-LIMITAR; DESCIDA:<br />

4-DL; LISA; UNIA; OA. 5-E; DIA; RAS; ALI; C. 6-MAO;MAÇAS, ADA.<br />

7-ROR; DE; U; OU; ETA. 8-IDA; MEDAS; CAÕ. 9-P; OPA; IAM; CAL; P.<br />

10-RA; AMOR; ATEM; SI. 11-AFAGARA; NÚMEROS. 12-GIGA;<br />

EDITA; LAPA. 13-AMARO; ATE; ROSAS:<br />

Xadrez > por Joaquim Durão<br />

Nos últimos 20 anos, a China e a Índia registaram um enorme desenvolvimento<br />

da actividade desportiva, incluindo o xadrez, com resultados<br />

que, por vezes, deixam atónito o mais avisado, pela quantidade de<br />

grandes jogadores que surgiram nas duas décadas. No sector feminino, a<br />

China já conta com campeões mundiais e a Índia, com Anand, está permanentemente<br />

no “top-5”.<br />

AS BRANCAS JOGAM E GANHAM<br />

O diagrama ilustra uma simples solução que se verificou na partida entre<br />

as chinesas Gu Xiaobing – Liu Pei, no Mundial Feminino de Jovens, 2<strong>00</strong>5.<br />

Espectacular, nestes dias, é o que se passa na Índia, em que Viswanatan<br />

Anand é figura nacional. A imprensa, ao enaltecer os seus êxitos, despoletou<br />

uma onda de interesse equiparável ao “boom” mundial desencadeado<br />

pelo “match” Fischer – Spassky, Reikjavik 1972.<br />

E vejam esta maravilha de táctica, engenho e conhecimento teórico do<br />

mestre indiano de 13 anos, Parimarjan Negi que, com brancas, levou de<br />

vencida o holandês W. Spoelman, em 13.01.<strong>2<strong>00</strong>7</strong>, no tradicional torneio<br />

de Wijk aan Zee.<br />

1. e4 e5 2. Cf3 Cc6 3.Bb5 a6 4. Ba4 Cf6 5. 0-0 b5 6. Bb3 Bb7 7. Te1 Bc5 8.<br />

c3 0-0 9. d4 Bb6 10. Be3 exd4 11. cxd4 Ca5 12. Bg5 Cxb3 (Até aqui, numa<br />

variante rara da Ruy Lopez, jogou como um livro aberto e, a seguir, joga<br />

segundo as últimas recomendações, preterindo 13. axb3 pela última<br />

palavra das análises) 13. Dxb3 (Anand – Ivantchuk, Belgrado 1997 jogouse<br />

13. axb3 h6 14. Bh4 g5 15. Cxe4 16. Cxe4 Dh4) 13. Dxb3 h6 14. Bh4 g5<br />

15. Cxg5! Cxe4 16. Txe4 Bxe4 17. Dg3! hxg5 18. Bxg5 De8 19. Bf6+ Bg6 20.<br />

Cc3! De6 21. Dh4 Bh7 22. Dg5+ Bg6 23. Cd5 Bxd4 24. Bxd4 c5 25. Cf6+<br />

Rg7 26. Ce8+ Rg8 (Se 26…, Rh7 27. Bg7 Rg8 28. Dh8 29. Cf6+ etc.) 27.<br />

Dh6, as pretas abandonam.<br />

42 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Palavras Cruzadas > por Tharuga Lattas<br />

Horizontais: 1-Físico alemão (<strong>180</strong>4-1891); Instrumento com que se<br />

encurvam as calhas das linhas férreas; Célebre compositor italiano<br />

(1813-1901). 2-Também; Varas (ramos) dos vimeiros; O sexto. 3-<br />

Demarcar; Diminuição; 4-Décima parte do litro (abrev.); Sem rugas;<br />

Ligava; Organização do Atlântico (abrev.). 5-Claridade; Chefe etíope;<br />

Acolá. 6-... (Tsé-Tung), político e filósofo chinês (1893-1976);<br />

Feiticeiras; Nome próprio feminino. 7-Grande quantidade; Prep. de<br />

“profissão”; Alternativa; Partido revolucionário do País Basco (sigla).<br />

8-Viagem; Feixes de palha; Sensitiva (planta). 9-Capa sem mangas;<br />

Caminhavam; Óxido de cálcio. 10-”Rádio” (s. q.); Paixão; Prendam;<br />

Se. 11-Acariciara; Algarismos. 12-Canastra; Publica; Calhau. 13-<br />

Amargoso; também; Aventuras.<br />

Verticais: 1-Escritor inglês (1854-19<strong>00</strong>); Maldição. 2-Vereador; Tritura;<br />

semelhante. 3-Amor; Farpão; Haja. 4-Santo martirizado em África,<br />

em 251 e festejado a 22 de Maio; Extinguir. 5-Irmã do pai ou da mãe;<br />

Adora. 6-Sucedas; Nome pessoal masculino; Reze. 7-Rodara;<br />

Terrado. 8-Pref. de “negação”; Penetrante? Italiano (abrev.). 9-Uma<br />

das três Górgonas, a quem Perseu cortou a cabeça, levando-a consigo;<br />

Que tem amor. 10-Seno (abrev.); Sinal radiotelegráfico internacional<br />

para pedir socorro; Rio afluente do Douro. 11-Fecha as asas (a<br />

ave) para descer mais depressa; Um cento. 12-Classe; Homem<br />

estúpido. 13-Monarca; Quimérico; Árras. 14-Filha de (Muto) e irmã<br />

de Pigmaleão; Ligo; Pesoa molengona. 15-Filho de Abraão de Sara;<br />

Confundes.<br />

SOLUÇÕES<br />

Fácil: 1. Txe7, abandonam. Se 1…. Txe7 segue-se o<br />

sacrifício de dama 2. Dc8+, etc.


CONCURSOS CCD’s <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

Abertura de Candidaturas<br />

Crie UM ESPECTÁCULO<br />

de 15 minutos e concorra!<br />

Concurso Etnográfico<br />

HENRIQUE<br />

RABAÇO<br />

1.<strong>º</strong> PRÉMIO - € 25<strong>00</strong>,<strong>00</strong><br />

Concurso Nacional de Música<br />

FESTIMÚSICA<br />

1.<strong>º</strong> PRÉMIO - € 25<strong>00</strong>,<strong>00</strong><br />

Concurso Nacional de Teatro<br />

TEATRÁLIA<br />

1.<strong>º</strong> PRÉMIO - € 25<strong>00</strong>,<strong>00</strong><br />

INSCRIÇÕES: 1 a 15 ABRIL ’07<br />

ELIMINATÓRIAS REGIONAIS . 26-27 MAIO ’07<br />

FINAL . ENCONTRÃO . 16-17 JUNHO ’07<br />

Informações e Regulamentos:<br />

INATEL - Departamento Cultural l tel. 210 027 150 l e-mail: cultura@inatel.pt l www.inatel.pt


CLUBE TEMPO LIVRE NOVOS LIVROS<br />

CAMPO<br />

DAS LETRAS<br />

SINAIS DE CENA<br />

Maria Helena Serôdio<br />

(Directora)<br />

128 pg. | 12 (PVP)<br />

Um espaço de<br />

documentação, debate,<br />

análise e avaliação do que<br />

se vem praticando no<br />

Teatro e noutras artes<br />

performativas, com um<br />

conjunto de reflexões para<br />

uma visão mais alargada<br />

sobre esta temática.<br />

QUE BILLY QUER VESTIR<br />

Dinâmicas sociossexuais<br />

em Willa Cather e William<br />

Faulkner<br />

Paula Elyseu Mesquita<br />

256 pg. | 14,70 (PVP)<br />

Este livro questiona as<br />

perspectivas unilaterais<br />

sobre a representação das<br />

identidades sexuais nas<br />

obras destes dois autores,<br />

Cather e Faulkner, e visa<br />

fortalecer nos respectivos<br />

campos críticos uma<br />

espécie de princípio de<br />

incerteza.<br />

COLIBRI<br />

ELITES E INDÚSTRIA NO<br />

ALENTEJO (18901960)<br />

Paulo Eduardo Guimarães<br />

588 pg. | 29,40 (PVP)<br />

Este livro analisa o<br />

comportamento económico<br />

das elites face à actividade<br />

industrial no Alentejo<br />

entre os finais do século<br />

XIX e meados do século<br />

XX. Apesar de se afirmar,<br />

neste período, a vocação<br />

agrária desta região,<br />

diferentes actores foram<br />

responsáveis pelo seu<br />

desenvolvimento<br />

industrial, integrando a<br />

economia alentejana no<br />

espaço nacional e mundial.<br />

44 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

EUROPA-AMÉRICA<br />

OS FILHOS DOS HOMENS<br />

P. D. James<br />

260 pg. | 18,50 (PVP)<br />

Ano 2021. Há um quarto de<br />

século que não nascem<br />

crianças. Os idosos são<br />

levados ao desespero e ao<br />

suicídio, e a última geração<br />

de jovens é bela, mas<br />

violenta e cruel.<br />

A ERA DAS BRUMAS – OS<br />

NOGMA<br />

Cátia Palha<br />

512 pg. | 24,90 (PVP)<br />

Num planeta distante<br />

habitado por inúmeras<br />

tribos, Dwr, o Senhor do<br />

Mal que habita as trevas,<br />

apodera-se de uma cria<br />

num baptismo de sangue<br />

que mudará para todo o<br />

sempre os destinos do<br />

mundo. Uma obra de<br />

fantasia a não perder!<br />

O ELOGIO DOS IMPÉRIOS<br />

Deepak Lal<br />

352 pg. | 23,90 (PVP)<br />

Imperialismo. Globalização.<br />

De onde vem a carga<br />

negativa destes dois<br />

conceitos? Neste livro<br />

controverso e actual, o<br />

reputado economista<br />

Deepak Lal advoga que,<br />

longe de ser uma força<br />

negativa, a globalização<br />

oferece uma promessa de<br />

prosperidade, enquanto os<br />

impérios oferecem a paz e a<br />

estabilidade essenciais<br />

para o desenvolvimento<br />

global.<br />

GRADIVA<br />

NOVA FÍSICA DIVERTIDA<br />

Carlos Fiolhais<br />

196 pg. | 13 (PVP)<br />

Uma lição de admirável<br />

rigor científico sobre as<br />

principais descobertas da<br />

Física dos séc. XX e XXI. A<br />

complexa teoria quântica e<br />

a fantástica teoria da<br />

relatividade tornadas<br />

acessíveis com o talento e a<br />

paixão que caracterizam o<br />

autor.<br />

TEXTO EDITORES<br />

ASSIM ACONTECE NA<br />

RÁDIO<br />

Carlos Pinto Coelho<br />

160 pg. | 14,99 (PVP)<br />

Um mosaico de revelações<br />

e ideias, com testemunhos<br />

únicos, frontais e muitas<br />

vezes inesperados é o que<br />

nos oferece, a obra do<br />

jornalista Carlos Pinto<br />

Coelho. Uma selecção de 30<br />

entrevistas radiofónicas a<br />

figuras marcantes do<br />

Portugal do início do século<br />

XXI, conduzidas, desde<br />

1998, por este jornalista no<br />

programa<br />

PERGAMINHO<br />

PERGUNTE A BUDA<br />

Franz Metcalf<br />

2<strong>00</strong> pg. |15 (PVP)<br />

Uma importante estratégia<br />

para aplicar a sabedoria de<br />

Buda à vida real, através de<br />

mantras modernos,<br />

minimeditações,<br />

visualizações rápidas e uma<br />

série de outros «truques»<br />

budistas para enfrentar o<br />

stresse com um sorriso.<br />

PRESENÇA<br />

CRÓNICAS DO MUNDO<br />

EMERSO - A MISSÃO DE<br />

SENNAR<br />

Licia Troisi<br />

304 pg. | 15 (PVP)<br />

A única sobrevivente do<br />

povo dos Semielfos,<br />

guerreira da Ordem dos<br />

Cavaleiros do Dragão, terá<br />

de enfrentar uma arriscada<br />

missão, enquanto o seu<br />

amigo de infância Sennar,<br />

mago do Conselho, parte<br />

em busca de aliados ao<br />

Mundo Submerso. Será<br />

que consegue alcançar o<br />

seu<br />

temerário objectivo e<br />

derrotar o demoníaco<br />

Tirano?<br />

BOCAGE - A VIDA<br />

APAIXONADA DE UM<br />

GENIAL LIBERTINO<br />

Luis Rosa<br />

224 pg. | 15 (PVP)<br />

Um romance que seduz<br />

pela riqueza da<br />

personalidade que evoca -<br />

Bocage. Um homem<br />

tumultuado, onde coabitam<br />

o sublime e o prosaico, um<br />

espírito minado por<br />

inquietações vorazes que só<br />

na poesia e no amor se<br />

apazigua.<br />

ROMA EDITORES<br />

A BEM SOADA GENTE<br />

Flávio Vara<br />

92 pg. | 10 (PVP)<br />

Sem pena a pena do autor<br />

rasga o papel envernizado<br />

de gente sonante da<br />

nossa praça. A<br />

mordacidade é a matériaprima<br />

para o trabalho<br />

deste erudito e perspicaz<br />

poeta dos nossos dias<br />

cuja verve analítica e<br />

contundente nos lembra<br />

vates como Bocage ou<br />

Tolentino. A sátira, em<br />

divertidos jogos de<br />

palavras, ousada, directa,<br />

não poupa nomes de<br />

alcandorados a altos<br />

postos nos vários<br />

quadrantes da sociedade<br />

portuguesa, tornando-se<br />

um delicioso digestivo na<br />

fartura de disparates que<br />

diariamente nos são<br />

servidos à mesa nacional.


Este cupão só é válido na compra<br />

de 1 livro constante da nossa secção<br />

“ Novos livros ”, onde está incluído<br />

o preço de venda ao público<br />

(PVP) e respectiva Editora<br />

Clube<br />

TempoLivre<br />

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NOTA: os cupões para aquisição de Livros são válidos até ao final do ano de <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

DESCONTO<br />

2,74<br />

Euros<br />

VALIDADE<br />

31de Dezembro/<strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

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CUPÕES CLUBE TEMPO LIVRE<br />

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Remeter para<br />

Clube Tempo Livre –<br />

LIVROS, Calçada de<br />

Sant’Ana n<strong>º</strong> <strong>180</strong> –<br />

1169-062 Lisboa, o<br />

seguinte:<br />

● Pedido, referenciando<br />

a editora e o título<br />

da obra pretendida;<br />

● Cheque ou Vale dos<br />

Correios, correspondente<br />

ao valor (PVP)<br />

do livro, deduzindo<br />

2,74 <strong>euros</strong> de desconto<br />

do cupão.<br />

● Portes dos Correios<br />

referente ao envio da<br />

encomenda, com<br />

excepção do<br />

estrangeiro, serão<br />

suportados pelo Clube<br />

Tempo Livre. Em caso<br />

de devolução da<br />

encomenda, os custos<br />

de reenvio deverão ser<br />

suportados pelo<br />

associado.


CLUBE TEMPO LIVRE ROTEIRO<br />

AÇORES<br />

ILHA DO FAIAL<br />

Semanas<br />

Desportivo/Culturais:<br />

dias 5 a 11 – Freguesia de<br />

Matriz e Castelo Branco;<br />

dias 10 a 18 em Feteira;<br />

dias 18 a 25 em Pedro<br />

Miguel; a partir do dia 26<br />

em Conceição.<br />

BRAGA<br />

Cultura<br />

FADOS: dia 17 às 22 - Grupo<br />

de Fados A Velha Guarda na<br />

Casa do Povo de Lousado.<br />

Cinema: filme “Ninotchka”<br />

dia 10 às 21h na Casa do<br />

Povo de Ribeirão; dia 13 às<br />

21h na Casa do Povo de<br />

Fermentões; dia16 às 21h no<br />

Centro Recr. Cult. de<br />

Campelos; dia 17 às 21h na<br />

Assoc. Cult. Desp.<br />

Valdosende; dia 23 às 21h no<br />

Centro Cult. de Moreira de<br />

Cónegos.<br />

ESCOLAS DE LAZER: cursos<br />

de Danças de Salão e Latino<br />

Americanas, Tapeçarias de<br />

Arraiolos, Bordados<br />

Regionais e Confecção, Artes<br />

Decorativas, Pintura, Curso<br />

de Educação Musical e<br />

Piano, Guitarra Clássica,<br />

Cavaquinho e Canto, informações<br />

na Delegação.<br />

Desporto<br />

FUTEBOL: dias 3, 4,10,11,17 e<br />

18 - provas do Campeonato;<br />

dia 31 – prova de Praia<br />

Pesca Mar: dia 4 e 18 – prova<br />

em Viana do Castelo<br />

VOLEIBOL: dia 9 - Torneio de<br />

Primavera em Braga<br />

ATLETISMO: dia 11 - prova de<br />

Estrada em Póvoa de<br />

Lanhoso<br />

JUDO: dia 24 – prova em<br />

Braga; aulas semanais na<br />

Delegação<br />

46 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

<br />

Roteiro <strong>Inatel</strong> de actividades culturais e desportivas<br />

GINÁSTICA: Classes na<br />

Delegação e no Pavilhão de<br />

Guimarães<br />

COIMBRA<br />

Cultura<br />

MÚSICA: dia 25 às 16h – Gr.<br />

Musica Trad. do Coro dos<br />

Professores de Coimbra no<br />

jardim da C.M de Mira; dia<br />

31 às 21h30 - Primavera<br />

Musical com o Gr. Charme<br />

na Casa do Povo de Covões<br />

em Cantanhede.<br />

FOLCLORE: dia 31 às 21h30 -<br />

Reconstituição do “Enterro do<br />

Bacalhau” em Casconha, pelo<br />

Gr. Folcl. Etnográfico “As<br />

Moleirinhas de Casconha”.<br />

CONFERÊNCIAS: dias 7 a 10<br />

às 10h - Conferências,<br />

debates, visitas e espectáculos<br />

musicais nas<br />

Comemorações do Ano<br />

Europeu da Igualdade com<br />

representantes de vários<br />

países, no Cine-Teatro da<br />

Lousã.; dia 21 às 21h30 –<br />

crítica da obra literária de<br />

Monsenhor Nunes Pereira<br />

pelo Prof. Dr. Aníbal Pinto de<br />

Castro, na Casa Municipal<br />

da Cultura de Coimbra.<br />

TEATRO: dia 24 às 21h30 – 2ª<br />

Festeama – Festival de teatro<br />

Amador no Clube União<br />

Vilanovense em Vila Nova de<br />

Outil.<br />

POESIA: dia 21 às 15h -<br />

Comemorações do Dia<br />

Mundial da Floresta e do Dia<br />

Mundial da Poesia no Jardim<br />

Botânico em Coimbra, oferta<br />

de livro de poesia pela<br />

Livraria Alma Azul e às 22h -<br />

Poesia de Monsenhor Nunes<br />

Pereira pelo Teatro Estúdio<br />

Bonifrates na Casa<br />

Municipal da Cultura de<br />

Coimbra.<br />

ESCOLA DE LAZER: Curso de<br />

“Feitura de Azulejo” no<br />

Centro Reg. de Alcoologia de<br />

Coimbra; Escola de Música<br />

na Delegação.<br />

Desporto<br />

ATLETISMO: dia 11 às 10h –<br />

XII km Verde na Mata do<br />

Choupal; dia 17 – Torneio de<br />

Pista no Estádio Cidade de<br />

Coimbra.<br />

FUTEBOL: 4, 11 e 25 -<br />

Jornadas do Camp. Dist.; dia<br />

18 - Taça <strong>Inatel</strong><br />

PESCA MAR: dia 11 e 25 -<br />

Provas do Camp. Dist. no Bico<br />

da Lusitânia, Figueira da Foz.<br />

ACTIVIDADES BÁSICAS: classes<br />

de ginástica, judo e<br />

natação, informações na<br />

Delegação.<br />

GUARDA<br />

Desporto<br />

ATLETISMO: dia 11 às 10h -<br />

Rampa Atlética do Alva,<br />

entre Seia e Sabugueiro.<br />

BTT: dia 4 às 10h - Subida<br />

Manteigas, Penhas<br />

Douradas; dia 11 às 9h30 -<br />

prova Up-hill do Alva, entre<br />

Seia e Sabugueiro; dia 17 às<br />

14h - prova em Pinhel; dia 18<br />

às 9h - Rota da Estrela (40<br />

km) em Videmonte; dia 25 às<br />

9h - Rota do Contrabando<br />

em Soito (40 km) em<br />

Sabugal.<br />

DAMAS: dia 17 às 14h –<br />

torneio Cidade de Pinhel na<br />

Casa do Povo de Pinhel.<br />

PEDESTRIANISMO: dia 11 às<br />

9h - Subida do Alva, entre<br />

Seia e Sabugueiro; dia 25 às<br />

9h - Rota do Contrabando<br />

(10 km) em Soito.<br />

TÉNIS DE MESA:dia 24 às<br />

14h30 - torneio da Escola<br />

Básica da Arrifana, em<br />

Arrifana.<br />

TIRO AO ALVO: dia 10 às<br />

14h30 - torneio da AD de<br />

Vale de Estrela, na Guarda;<br />

dia 24 às 14h30 - torneio em<br />

Sameiro.<br />

LISBOA<br />

Cultura<br />

ESCOLAS DE LAZER: dia 5 –<br />

início dos cursos de pintura,<br />

escultura, técnicas tradicionais<br />

de bordados e azulejaria,<br />

introdução e desenvolvimento<br />

em conceitos de<br />

informática e da arte do<br />

Vídeo, entre outras, informações<br />

na sede do <strong>Inatel</strong>,<br />

tel: 210 027 148 /50.<br />

T EATRO DA T RINDADE<br />

Sala Principal:<br />

até ao dia 15 – MACBETH; a<br />

partir do dia 22 - HAMLET<br />

Sala Estúdio: até ao dia 18 -<br />

PROVAVELMENTE UMA<br />

PESSOA;<br />

a partir do 1 – ANIÑANDO.<br />

Teatro-Bar: a partir do dia 8<br />

- ZEN OU O SEXO EM PAZ<br />

TERTÚLIAS: dias 13 e 27<br />

VISITAS GUIADAS: informações<br />

no teatro.<br />

Desporto<br />

JUDO: dia 31 - Torneio<br />

Nacional Preparação no<br />

Estádio 1<strong>º</strong> de Maio,<br />

Alvalade.<br />

GINÁSTICA: Classes de<br />

Manutenção no <strong>Inatel</strong><br />

Mouraria (tel. 218861315)<br />

PORTO<br />

Cultura<br />

CONFERÊNCIA NO CASTELO:<br />

dia 8 ás 21h30 - tema: A<br />

situação no Médio Oriente,<br />

no Aud. da Univ. Católica<br />

Portuguesa, Centro Regional<br />

do Porto.<br />

SANTARÉM<br />

Cultura<br />

FOLCLORE: dia 3 às 21h -<br />

Rancho Folcl. “Os<br />

Camponeses” de Peralva no<br />

Salão Paroquial de<br />

Carrazede.


TEATRO: dias 7 e 8 às 11h30 -<br />

Gr. de Palhaços pelo Veto –<br />

Teatro Oficina de Santarém<br />

na ExpoCriança.<br />

Desporto<br />

ATLETISMO: dia 17 – G.<br />

Prémio de Marcha do<br />

Alvitejo em Vale de Figueira<br />

Pedestrianismo: 25 – Passeio<br />

Pedestre (5 km) em<br />

Salvaterra de Magos.<br />

BTT: dia 25 - “Rio Maior – da<br />

Nascente ao Tejo” em Rio<br />

Maior e Valada;<br />

ACTIVIDADES BÁSICAS:<br />

Classes de Hidroginástica,<br />

Ginástica de Manutenção e<br />

Aérobica.<br />

SETÚBAL<br />

E VENTO:<br />

62<strong>º</strong>ANIVERSÁRIO<br />

DA D ELEGAÇÃO<br />

● DIA 8 ÀS 21H - Sessão<br />

Solene, Concerto Polifónico<br />

pelo Coro Carpe Diem,<br />

Apontamento musical com<br />

guitarras e às 22h30 -<br />

Danças de Salão;<br />

● DIA 9 ÀS 14H30 - Baile<br />

Sénior com Ana Almeida, na<br />

Delegação e às 21horas - no<br />

Fórum Luísa Todi, decorre a<br />

Dança Contemporânea pelo<br />

Gr. de Dança do Seixal e o<br />

Recital de Canto e Piano por<br />

Rita Santos e Lucina Silva, às<br />

22h – Fados com Nélia<br />

Romão e Luís Almada acompanhados<br />

por João Costa,<br />

Jorge Costa e Daniel Costa e<br />

às 22h30 – Espectáculo<br />

Musical com Francisco Naia<br />

e a Banda Encantos.<br />

● DIA 10 ÀS 10H - III Open de<br />

Damas, às 14h30 - Colóquio<br />

sobre o tema “A Importância<br />

do <strong>Inatel</strong> na Cultura,<br />

Desporto e Lazer” e às 21h –<br />

peça “Noite de Lua Cheia”<br />

pelo Gr. Pano Cru de Brejos<br />

de Azeitão, no II Encontro de<br />

Teatro Carlos César, na<br />

Delegação.<br />

● DIA 11 ÀS 8H - Prova do<br />

Camp. Distrital de Pesca de<br />

Mar no Cais de Setúbal<br />

Cultura<br />

COLÓQUIO: dia 10 às 14h30 -<br />

tema “A Importância do<br />

<strong>Inatel</strong> na Cultura, Desporto<br />

e Lazer”no Auditório da<br />

Delegação.<br />

BAILE: dia 16 às 14h30 – Baile<br />

Sénior por Gisela Duarte, na<br />

Delegação; dia 30 às 14h30 –<br />

Baile Sénior com os Irmãos<br />

Cabana, na Delegação.<br />

Desporto<br />

ATLETISMO: dia 10 às 10h –<br />

Torneio de Pista, informações<br />

na Delegação<br />

FUTEBOL: dias 4 a 25 –<br />

Camp. Distrital de Futebol 11<br />

TIRO: dia 17 às 9h – torneio<br />

Reg. em Palhota<br />

GINÁSTICA: Classes na<br />

Delegação.<br />

VIANA DO CASTELO<br />

Cultura<br />

TEATRO: dia 18 às 14h30 –<br />

Gr. de Teatro “Unhas do<br />

Diabo”no CCD Jovens de Sá,<br />

em Ponte de Lima.<br />

MÚSICA: dia 10 às 21h30 -<br />

Sons de Ouro, Orquestra Sopro<br />

de Cordas Teatro Sá de<br />

Miranda e Coral “Be<br />

Magnifield” do Grupo Gospel<br />

em Viana do Castelo. ESCOLAS<br />

DE LAZER: cursos de Bordados<br />

e Meias Rendadas, Folclore,<br />

Cavaquinho e Concertina,<br />

informações na Delegação.<br />

Desporto<br />

PEDESTRIANISMO: dia 24 às<br />

9h - passeio “Regresso ao<br />

Passado” em Ponte da Barca.<br />

FUTEBOL: dias 4,11,18 e 25 –<br />

provas de Futebol 11<br />

FUTSAL: dias<br />

2,3,9,10,16,17,18,24 e 23 –<br />

provas do camp. Distrital<br />

TIRO: dia 3 e 17 – torneios<br />

em Viana do Castelo; dia 31<br />

às 14h30 – torneio no Clube<br />

Tiro Desportivo de Carreço.<br />

VILA REAL<br />

Cultura<br />

TEATRO: dia 3 e 24 às 21h30 -<br />

PÁSCOA <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

peça “Um Deus dormiu lá em<br />

casa” pelo Teatro<br />

Experimental Flaviense –<br />

TEF (Chaves) no Aud.<br />

Municipal de Alijó e de<br />

Santa Marta de Penaguião,<br />

respectivamente.<br />

FADO: dia 17 às 21h30 –<br />

Espectáculo pelo grupo “Os<br />

Amantes do Fado” na Casa<br />

do Povo de Fontelas, Peso da<br />

Régua.<br />

Desporto<br />

ATLETISMO: dia 25 – Prova<br />

em Sabrosa.<br />

ATLETISMO E BTT: dia 18 –<br />

Pedala e Corre, em Faiões<br />

PEDESTRIANISMO: dia 25 –<br />

Caminhada à Srª do Viso,<br />

informações na Delegação<br />

TIRO: dia 11 – torneios em<br />

Sever e Santa Marta de<br />

Penaguião; dia 25 – torneio<br />

em Vila Real<br />

VISEU<br />

Desporto<br />

MALHA: dia 18 às 15h30 –<br />

prova em Orgens.<br />

TIRO AO ALVO: dia 3 e 17 às<br />

15h – provas do CCD Poives<br />

e CCD Pereiras de Bodiosa<br />

em Viseu<br />

FUTEBOL: dias 4,11,18 e 25<br />

às 15h – provas do Camp.<br />

Distrital<br />

GINÁSTICA: Classes no<br />

Pavilhão Gim. do <strong>Inatel</strong>, em<br />

Viseu<br />

CENTROS DE FÉRIAS . PREÇOS ESPECIAIS<br />

para um adulto acompanhado por uma ou mais crianças<br />

CONTACTE OS CENTROS DE FÉRIAS: cferias@inatel.pt www.inatel.pt<br />

ESTA PROMOÇÃO NÃO É ACUMULÁVEL COM OS DESCONTOS PREVISTOS<br />

NOS N<strong>º</strong>S 4.6, 4.7 E 4.8 DO REGULAMENTO DA BROCHURA FÉRIAS <strong>2<strong>00</strong>7</strong>.


Bacalhau com azeite de alho<br />

Bacalhau, azeite e o alho, dificilmente se encontrarão<br />

três outros alimentos mais característicos da<br />

gastronomia Portuguesa e ao mesmo tempo com<br />

uma combinação mais apreciada! Os Portugueses<br />

parecem ser os maiores consumidores de bacalhau<br />

do Mundo, o que é um facto curioso dado que não é<br />

um peixe tradicional da costa Lusa. O nosso “fiel<br />

amigo” bacalhau é habitualmente seco e salgado,<br />

tradição que remonta à época dos Descobrimentos<br />

devido à necessidade de conservação dos alimentos<br />

por longos períodos de tempo.<br />

Já lá vai o tempo em que bacalhau com batatas era<br />

um prato muito acessível, até mesmo associado a<br />

uma classe mais pobre. Hoje em dia um prato de<br />

bacalhau, acompanhado por um bom azeite e alho é,<br />

sem dúvida, estimado por todos, está presente em<br />

ocasiões festivas e quase poderá ser considerado<br />

património cultural.<br />

INGREDIENTES PARA 4 PESSOAS:<br />

8<strong>00</strong> g de bacalhau, 1 kg de batatas pequenas para<br />

assar, 150g de cebola, 1 pimento grande, 10g de alho<br />

picado, 1 dl de azeite, sal q.b.<br />

48 TempoLivre <strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong><br />

O CHEFE SUGERE |JOÃO MELIM | INATEL PORTO SANTO<br />

PREPARA-SE ASSIM:<br />

Depois de demolhado, unta-se o bacalhau no azeite e<br />

alho, e coloca-se no grelhador. Depois de bem<br />

lavadas, colocam-se as batatas com casca num<br />

tabuleiro que se leva a assar no forno, com uma<br />

pequena quantidade de sal. Passados 25 a 30 minutos<br />

juntam-se os pimentos e a cebola previamente<br />

cortados em tiras ao bacalhau. Retiram-se as batatas e<br />

colocam-se numa superfície dura para se poder dar<br />

um murro em cada uma e voltam-se a colocar no<br />

tabuleiro. Coloca-se numa travessa o bacalhau e as<br />

batatas a murro, e serve-se acompanhado com<br />

legumes ou salada.<br />

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL POR PESSOA:<br />

• 69,8 g de proteínas; • 14,6 g de gordura; • 44,7 g<br />

de hidratos de carbono; • 4,8 g de fibra; • 577,1 kcal<br />

INFORMAÇÕES E RESERVAS:<br />

INATEL PORTO SANTO<br />

Sítio da Cabeça da Ponta, 94<strong>00</strong> Porto Santo - Madeira<br />

Tel: 291 9803<strong>00</strong> - Fax: 291 980340<br />

Email: cf.psanto@inatel.pt


O TEMPO E AS PALAVRAS | MARIA ALICE VILA FABIÃO<br />

Escrever ao sábado<br />

De pé / Na tua primeira / Manhã / O gesto / É / A tua palavra.<br />

Sylvestre Clancier,* “Extrait”, in: Écritures Premières, 2<strong>00</strong>3 . Trad. do francês: MAVF<br />

Eu sei que o poema nada tem a ver com o texto.<br />

Acontece, porém, que acordei com ele a desenharme<br />

piruetas no cérebro. E é sempre bom ser um<br />

poema a acordar-nos e não o carteiro na sua distribuição<br />

mensal de contas a pagar ou o berbequim madrugador<br />

do vizinho a pendurar os últimos quadros na parede.<br />

Mas… Foi no sábado. E, como é do conhecimento geral,<br />

desde aquele sábado em que o senhor Deus criou o<br />

Homem, não há mal que não possa acontecer ao sábado.<br />

Pelo menos, assim nos garante o Vinicius**.<br />

Pessoalmente, gosto do sábado. Sobretudo porque é<br />

sempre véspera de domingo. A exemplo do senhor Deus,<br />

mas ignorando as suas ordens e o risco que corro ao fazê-lo,<br />

também eu reservo (além das noites) o dia de sábado para o<br />

pequeno trabalho criativo – o que me garante a certeza de<br />

poder prossegui-lo no domingo, num silêncio ainda mais<br />

profundo do que em qualquer outro dia da semana e sem<br />

perigo de interrupção, porque o mundo está demasiado<br />

atarefado a gozar o seu fim-de-semana para notar a minha<br />

ausência.<br />

Como ia dizendo, foi no sábado (e, indubitavelmente,<br />

porque era sábado**!). Acordada pelo poema, que<br />

aparentemente tomara a seu cargo substituir o despertador<br />

eléctrico, tento verificar as horas. Finalmente: no quadrante<br />

negro do relógio, o tempo deixara de existir! Tento o<br />

candeeiro eléctrico. Luz, não há!.<br />

(“Sozinha no escuro/ qual bicho do mato,/ sem teogonia,/<br />

sem parede nua para me encostar, /sem cavalo preto/ que<br />

fuja a galope…. Quero abrir a porta, /não existe porta;<br />

/quero morrer no mar, /mas o mar secou”***).<br />

Em ânsia, levanto a persiana: não, o mar não secou!<br />

Estendido na sua imensidão, está cinzento e raivoso, mas<br />

não secou! Secas, porém, estão todas as torneiras da casa!<br />

Nenhures uma gota de água.<br />

(“Se você gritasse, /se você gemesse, /se você tocasse a<br />

valsa vienense…”***).<br />

E se você se organizasse? – interrompe, em português do<br />

Brasil, o Pragmatismo que sempre vem em meu socorro em<br />

momentos de crise.<br />

Como viviam as pessoas quando não havia água<br />

canalizada, nem electrodomésticos emissores de CO2, nem<br />

portões eléctricos, nem… nem COMPUTADORES? (Mal,<br />

claro! Mas viviam.)<br />

A linguagem ocupa um lugar à parte entre os<br />

instrumentos culturais do Homem. O Homem foi<br />

programado para falar. A linguagem serve de veículo ao<br />

pensamento, responde a uma necessidade fundamental da<br />

espécie humana: a necessidade de comunicar. Essa é a sua<br />

função. Todo o acto de comunicação verbal implica a<br />

existência de um locutor, que dirige a mensagem, e de um<br />

interlocutor, que a recebe, mesmo quando ausente, e de um<br />

código, acessível a ambos. Além disso, para estabelecer o<br />

contacto, a comunicação exige a utilização de um canal<br />

físico – a voz, a página escrita, o gesto… o telefone…<br />

Felizmente, lembro-me, tenho um telefone – daqueles<br />

antigos, que não me fotografam, mas que não dependem de<br />

uma ligação eléctrica!<br />

Não cabe aqui a descrição das inúmeras tentativas<br />

frustradas de comunicação com os interlocutores<br />

da EDP, de quem dependia a reparação da<br />

“avaria grave” que privara parte da cidade de<br />

energia eléctrica e, consequentemente, de água e de banho<br />

e, sobretudo, de COMPUTADORES e da possibilidade de<br />

escrita. Aparentemente, os meus interlocutores usam um<br />

código linguístico diferente ou sofrem de uma glossolalia<br />

específica que os faz dizer “imediatamente” quando<br />

querem dizer “qualquer dia”. “No fim de contas”, como<br />

diria Russell Hoban,**** na sua obra The Lion of Boaz-<br />

Jachin and Jachin-Boaz, “se pensarmos nisso, quantas pessoas<br />

falam a mesma língua, mesmo quando falam a mesma<br />

língua?”<br />

Evidentemente, tudo isto aconteceu porque era sábado,<br />

dia em que ia escrever sobre a história trágica da criança ao<br />

longo dos séculos e a vantagem que as nossas crianças<br />

teriam em viver nos Países Baixos ou na Suécia – ou até<br />

mesmo aqui ao lado, na vizinha Espanha, assunto pouco<br />

adequado para sobre ele se escrever à terça-feira, sobretudo<br />

de Carnaval.<br />

Porque domingo foi dia de reparar o computador,<br />

afectado pela grave descarga eléctrica, e segunda, dia de<br />

reparar o computador, afectado por outra descarga eléctrica,<br />

escrevo em terça-feira de Carnaval. O que, como se<br />

compreende, não é o mesmo que escrever ao sábado. ■<br />

* Poeta e filósofo francês. 1949-<br />

** Referência ao poema “O dia da Criação”, do poeta brasileiro Vinicius<br />

de Moraes.<br />

*** Do poema “José”, do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade.<br />

**** Romancista americano, 1925-<br />

<strong>Março</strong> <strong>2<strong>00</strong>7</strong> TempoLivre 49


Rua até sempre<br />

O ruído manso da serração de madeiras ministrava nas pessoas da rua uma doce<br />

sonolência. A rua não estava hipotecada à beleza e desenhava<br />

um estranho ângulo entre a Damasceno Monteiro e o Largo do Intendente.<br />

Mas era uma rua perfumada com os odores<br />

provindos das campanuláceas e das rosas,<br />

dezenas e dezenas, nos jardins suspensos da<br />

Iluminante. A Iluminante, antigamente, dera<br />

nome e grandeza a uma fábrica de bicicletas, e chegara a<br />

defender cores e honra com uma equipa de ciclistas na Volta<br />

a Portugal. Fora esses escassos pormenores, a rua não dispunha<br />

de outra nomeada a não ser a celebridade pomposa<br />

de José Gomes Melancia, barbeiro, parecido com o cantor<br />

Alberto Ribeiro, e duplamente afeito às damas: ao jogo, propriamente<br />

dito, e às propriamente ditas.<br />

A rua chamava-se da Bombarda, e nunca ninguém ao certo<br />

soube o que celebrava, nem o oculto propósito que pretendia<br />

iluminar. Havia três pátios: um, da fundição de metais, cujo<br />

encarregado aceitava, paciente, a alcunha de Quasímodo,<br />

pela singela razão de que era marreco. O segundo pátio, conhecido<br />

pelo da Surda, era-o pela moradora cuja deficiência o<br />

baptizara. As pessoas evitavam a Surda. A Surda era nova,<br />

bela, imponente, e saía ao anoitecer para regressar de madrugada,<br />

O terceiro era habitado por ciganos da família Maya,<br />

gente de respeito, de posses e de orgulhos vários, que mais<br />

notória se tornara pela circunstância de um dos seus membros<br />

ser campeão de bilhar às três tabelas.<br />

Os miúdos percorriam esses pátios, aprendiam a defenderse,<br />

e encaminhavam-se para destinos certos e dinásticos: filho<br />

de marceneiro, marceneiro seria; filho de tipógrafo, tipógrafo<br />

haveria de ser. Não existiam futuros imperfeitos e as coisas<br />

eram o que eram e o que deviam ser. As sandálias amoldavamse<br />

a dilatados prazos de validade: dois, três anos. Os pés cresciam,<br />

os dedos saíam pelos intervalos das tiras de coiro, sangravam<br />

um pouco quando batiam nas pedras. Para permitir<br />

que as sandálias durassem o tempo previsto, os miúdos<br />

andavam descalços, descalços jogavam à bola. Um deles, certo<br />

dia, feriu-se num prego, o pé inchou, a perna inchou, a mãe<br />

colocou na ferida papas de linhaça, não deu nada, foram a correr<br />

para o Hospital de São José, amputaram-no até ao joelho.<br />

Foi a primeira grande desgraça ocorrida na rua. Durante três<br />

semanas tudo o que era miúdo deslocou-se à enfermaria, para<br />

o ver e, um pouco, talvez, para se horrorizar. A Surda também<br />

lá foi. E as mães e os pais cumprimentaram-na com efusão e<br />

sorriram complacentes. A partir de então, ela chegou a sentarse,<br />

depois do almoço, com outras mulheres, que apreciavam<br />

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CRÓNICA |BAPTISTA-BASTOS<br />

beber café com cheirinho na taberna do Amador Puime<br />

Dominguez, um galego que se dizia republicano e ninguém<br />

sabia, rigorosamente, o que a palavra queria significar.<br />

A segunda grande desgraça aconteceu numa manhã de<br />

sábado. A rua, preguiçosa, dormia as fadigas da semana, eis<br />

senão quando quatro carros cheios de polícias à paisana cercam<br />

o prédio 52, em cujo rés-do-chão vivia um homem baixo,<br />

taciturno e reservado, o senhor Almiro, de quem se dizia ser<br />

«político». O aparato despertou as pessoas. Viram-no ser<br />

empurrado por seis homens, que advertiam os curiosos para<br />

se enfiarem dentro de casa. «Isto não é nada com vocês! Para<br />

dentro! Para dentro!» Foi então que se ouviu a mulher do<br />

senhor Almiro a gritar: «O meu marido vai preso por ser um<br />

homem sério! Apenas por ser um homem sério!»<br />

Por vezes, a lua parecia balançar no céu. Os antigos<br />

asseveravam que algo de grave iria acontecer.<br />

Quando a lua balança, o mundo não descansa,<br />

diziam. Todavia, nada de extraordinário sucedia.<br />

Pensava-se no mal, e o mal só aparecia quando o mundo<br />

estava desprevenido. Afinal, o balanço da lua servia para<br />

avisar o mundo de que não haveria surpresas. Tudo isto surgia<br />

muito confuso, vagaroso e indecifrável como um mito.<br />

Mas estes episódios desencontrados e difusos eram lentas<br />

preparações para outras secretas melancolias premeditadas<br />

pelo futuro.<br />

Muitos anos depois, o senhor Almiro regressou à rua. Os<br />

que de ele se lembravam observavam-no com afectuosa e<br />

fascinada atenção. Parecia mais baixo e estava, certamente,<br />

muito mais magro, velho e ardido. Os seus olhos passavam<br />

pelas coisas e pelas pessoas, e nelas se sobrepunham, revelando<br />

um inesgotável cansaço de que não desaparecera um<br />

resquício de ternura. Enviuvara e revelava manifesta inabilidade<br />

para viver só. O galego Amador cuidou de lhe dar<br />

almoço e organizar-lhe a vida com horário. Gostavam de conversar<br />

um com o outro, acerca de assuntos certamente<br />

graves. Falavam baixo, vigiando quem entrava na taberna.<br />

Foi quando, um tanto a despropósito, o barbeiro Melancia<br />

lhe perguntou onde estivera tantos anos.<br />

«Num tempo sem tempo», disse o senhor Almiro.<br />

É estranho; mas pareceu que a rua ficou tocada de suave<br />

encanto. Até sempre. ■

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