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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE<br />

FACULDADE DE MEDICINA<br />

DEPARTAMENTO DE RADIOLOGIA<br />

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO<br />

NA AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM SARCOMA DE<br />

KAPOSI PULMONAR E SÍNDROME DA<br />

IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA<br />

Fer<strong>na</strong>ndo Antônio Palma da Silva Filho<br />

Dissertação submetida ao Corpo Docente da<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medici<strong>na</strong> da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, como parte <strong>dos</strong><br />

requisitos necessários à obtenção do Grau <strong>de</strong><br />

Mestre em Medici<strong>na</strong> (Radiologia). Área <strong>de</strong><br />

Concentração:Radiodiagnóstico.<br />

Orientador: Edson Marchiori<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2006


FICHA CATALOGRÁFICA<br />

Silva Filho, Fer<strong>na</strong>ndo Antônio Palma<br />

<strong>Tomografia</strong> Computadorizada <strong>de</strong> Alta Resolução <strong>na</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> pacientes<br />

com sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r e síndrome da imuno<strong>de</strong>ficiência adquirida /<br />

Fer<strong>na</strong>ndo Antônio Palma da Silva Filho. -- Rio <strong>de</strong> Janeiro: UFRJ /Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Medici<strong>na</strong>, 2006.<br />

ix,55 f.:il.;31cm.<br />

Orientador:Edson Marchiori<br />

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medici<strong>na</strong>/ Departamento<br />

<strong>de</strong> Radiologia, 2006.<br />

Referências bibliográficas:f. 52 - 55<br />

1.sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r . 2.Síndrome da Imuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida.<br />

3. <strong>Tomografia</strong> Computadorizada por Raios X. 4. Diagnóstico por Imagem.<br />

5.Radiologia – Tese. I. Marchiori, Edson. II.Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medici<strong>na</strong>, Radiologia. III. Título.


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE<br />

FACULDADE DE MEDICINA<br />

DEPARTAMENTO DE RADIOLOGIA<br />

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO<br />

NA AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM SARCOMA DE<br />

KAPOSI PULMONAR E SÍNDROME DA<br />

IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA<br />

Fer<strong>na</strong>ndo Antônio Palma da Silva Filho<br />

Orientador: Edson Marchiori<br />

Banca Exami<strong>na</strong>dora:<br />

Prof.Dr. Antonio Carlos Pires Carvalho<br />

Prof.Dr. Domenico Capone<br />

Profa.Dra. Maria Lúcia <strong>de</strong> Oliveira Santos<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2006


AGRADECIMENTOS<br />

Ao meu orientador e Professor Edson Marchiori, mais que um professor, um<br />

amigo, agra<strong>de</strong>ço pela imensa paciência, <strong>de</strong>dicação, sincerida<strong>de</strong>, incentivo e pela<br />

amiza<strong>de</strong>, acima <strong>de</strong> tudo. Pela simplicida<strong>de</strong> com que abriu os caminhos para que<br />

este trabalho pu<strong>de</strong>sse ser concretizado, sempre indicando a direção a ser tomada<br />

nos momentos <strong>de</strong> maior dificulda<strong>de</strong> e principalmente pela honestida<strong>de</strong>,<br />

transparência e ensi<strong>na</strong>mentos, que vão muito além das sessões e conhecimentos<br />

teóricos, ficarão para a vida... Muito obrigado!!!<br />

Aos coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dores do Programa <strong>de</strong> Pós Graduação em Radiologia, que<br />

pela <strong>de</strong>dicação a este projeto permitem que tenhamos gran<strong>de</strong> orgulho da nossa<br />

formação.<br />

A to<strong>dos</strong> os médicos e professores do Serviço <strong>de</strong> Radiodiagnóstico do<br />

HUCFF, por estarem, apesar <strong>de</strong> todas as dificulda<strong>de</strong>s, sempre disponíveis para<br />

nos ajudar, ensi<strong>na</strong>r e aconselhar da melhor maneira possível. Agra<strong>de</strong>ço a to<strong>dos</strong>!<br />

Aos meus amigos <strong>de</strong> residência, Guigui, Miguelito, Tati, Dani e Carol,<br />

pessoas que agra<strong>de</strong>ço a sorte <strong>de</strong> ter convivido, por todo apoio nos momentos<br />

mais difíceis e por tor<strong>na</strong>rem o dia-a-dia mais <strong>de</strong>scontraído, e o mais importante,<br />

pela gran<strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>.<br />

Aos <strong>de</strong>mais resi<strong>de</strong>ntes do Serviço <strong>de</strong> Radiodiagnóstico do HUCFF.<br />

A to<strong>dos</strong> os funcionários do Departamento <strong>de</strong> Radiologia da UFRJ,<br />

especialmente a Dalila, Bia, Enith, Regi<strong>na</strong> e Nézia, por todo apoio e convívio.


DEDICATÓRIA<br />

Aos meus pais, que com amor, confiança e incentivo, tor<strong>na</strong>ram tudo isso<br />

possível.<br />

Aos meus amigos, por toda ajuda.<br />

À minha família, que mesmo à distância, torceu intensamente.<br />

À Carol, por tudo que representa...<br />

A Deus,...


RESUMO<br />

O sarcoma <strong>de</strong> Kaposi é a neoplasia mais freqüente nos pacientes com a síndrome<br />

da imuno<strong>de</strong>ficiência adquirida (SIDA), evoluindo <strong>na</strong> maioria <strong>dos</strong> casos <strong>de</strong> forma<br />

agressiva, inclusive com dissemi<strong>na</strong>ção pulmo<strong>na</strong>r. Neste trabalho, foram estudadas<br />

9 tomografias <strong>computadorizada</strong>s <strong>de</strong> <strong>alta</strong> <strong>resolução</strong> do tórax <strong>de</strong> pacientes com<br />

diagnóstico <strong>de</strong> sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r e SIDA. As principais alterações<br />

tomográficas foram o espessamento do interstício axial, ao longo das bainhas<br />

peribroncovasculares, os nódulos <strong>de</strong> margens irregulares e o espessamento <strong>dos</strong><br />

septos interlobulares, evi<strong>de</strong>ncia<strong>dos</strong> respectivamente em 100%, 55,5% e 55,5%<br />

<strong>dos</strong> casos. A presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrame pleural foi <strong>de</strong>tectada em 55,5% <strong>dos</strong> pacientes,<br />

e em to<strong>dos</strong> os casos estava acompanhado <strong>de</strong> doença parenquimatosa, sendo<br />

geralmente bilateral e <strong>de</strong> pequeno volume. Outros acha<strong>dos</strong> menos freqüentes<br />

foram a presença <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco, consolidações, nódulos<br />

centrolobulares e do espaço aéreo, e estreitamento irregular da luz <strong>de</strong> brônquios.<br />

A presença <strong>de</strong> cissuras nodulares, observadas em quatro (44,4%) pacientes, foi<br />

<strong>de</strong>scrita somente por dois autores. Foi encontrado em um paciente (11,1%), o<br />

padrão <strong>de</strong> “pavimentação em mosaico”, caracterizado por áreas <strong>de</strong> atenuação em<br />

vidro fosco superpostas a espessamento <strong>dos</strong> septos interlobulares e<br />

intralobulares.


ABSTRACT<br />

Kaposi´s sarcoma is the commonest neoplasm in patients with acquired<br />

immuno<strong>de</strong>ficiency syndrome (AIDS), usually having an aggressive course,<br />

including pulmo<strong>na</strong>ry involvement. In this study, 9 chest computed tomographies of<br />

patients with diagnosed pulmo<strong>na</strong>ry Kaposi´s sarcoma were evaluated. The<br />

predomi<strong>na</strong>nt tomographic findings were axial intersticial thickening, along<br />

bronchovascular bundle, poorly <strong>de</strong>fined nodules, interlobular septal thickening,<br />

observed in 100%, 55,5% and 55,5% respectively. Pleural effusion was <strong>de</strong>tected in<br />

55,5% of patients, being associated with parenchymal involvement in all and<br />

usually bilateral and small. Least common findings were areas of ground-glass<br />

attenuation, consolidation, central lobular and air space nodules, and irregular<br />

lumi<strong>na</strong>l bronquial <strong>na</strong>rrowing. . The presence of fissural nodularity were seen in<br />

four (44%) patients, was only <strong>de</strong>scribed by two authors. We found in one patient<br />

(11,1%), a “crazy-paving” pattern caractherized by areas of groung glass<br />

attenuation superimposed with interlobular and intralobular septal thickening.


LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS<br />

FCEV: fator <strong>de</strong> crescimento endotelial vascular<br />

HHV-8:herpes vírus humano do tipo 8<br />

HIV: vírus da imuno<strong>de</strong>ficiência huma<strong>na</strong><br />

HUAP: Hospital Universitário Antônio Pedro<br />

HC: Hospital das Clínicas<br />

HUCFF: Hospital Universitário Clementino Fraga Filho<br />

HUPE: Hospital Universitário Pedro Ernesto<br />

LDH: lactato <strong>de</strong>sidroge<strong>na</strong>se<br />

PCP: pneumonia por Pneumocystis carinii<br />

SIDA: síndrome da imuno<strong>de</strong>ficiência adquirida<br />

SK: sarcoma <strong>de</strong> Kaposi<br />

TCAR: tomografia <strong>computadorizada</strong> <strong>de</strong> <strong>alta</strong> <strong>resolução</strong><br />

UERJ: Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

UFPR: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná<br />

UFRJ: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

UFF: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

UH: unida<strong>de</strong>s Hounsfield


SUMÁRIO<br />

FICHA CATALOGRÁFICA<br />

FOLHA DE APROVAÇÃO<br />

AGRADECIMENTOS<br />

DEDICATÓRIA<br />

RESUMO<br />

ABSTRACT<br />

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS<br />

SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVO<br />

2. REVISÃO DE LITERATURA<br />

2.1. Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />

2.2. Quadro clínico<br />

2.2.1 Lesões cutâneas<br />

2.2.2 Lesões orais<br />

2.2.3 Trato gastrintesti<strong>na</strong>l<br />

2.2.4 Trato respiratório<br />

2.2.5 Linfono<strong>dos</strong><br />

2.2.6 Linfe<strong>de</strong>ma<br />

2.2.7 Outros locais<br />

2.3. Diagnóstico<br />

2.3.1 Acha<strong>dos</strong> laboratoriais<br />

2.3.2 Diagnóstico por imagem<br />

2.3.3 Acha<strong>dos</strong> broncoscópicos<br />

2.3.4 Acha<strong>dos</strong> histopatológicos<br />

3. PACIENTES, MATERIAL E MÉTODO<br />

4. RESULTADOS<br />

5. DISCUSSÃO<br />

6. CONCLUSÕES<br />

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ii<br />

iii<br />

iv<br />

v<br />

vi<br />

vii<br />

viii<br />

ix<br />

1<br />

4<br />

4<br />

13<br />

13<br />

14<br />

15<br />

15<br />

16<br />

16<br />

17<br />

17<br />

17<br />

18<br />

24<br />

25<br />

27<br />

31<br />

44<br />

50<br />

52


1- INTRODUÇÃO E OBJETIVO<br />

O sarcoma <strong>de</strong> Kaposi (SK) é uma neoplasia conhecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1872,<br />

quando Moritz Kaposi <strong>de</strong>screveu a forma clássica (européia) da doença. Des<strong>de</strong><br />

então foram i<strong>de</strong>ntificadas ao todo, até hoje, cinco formas da neoplasia, todas com<br />

os mesmos acha<strong>dos</strong> histopatológicos, porém com apresentação clínica e evolução<br />

distintas, acometendo populações específicas (1,2,32) .<br />

A forma associada à síndrome da imuno<strong>de</strong>ficiência adquirida (SIDA)<br />

é a <strong>de</strong> maior notorieda<strong>de</strong> e repercussão mundial, <strong>de</strong>vido ao seu caráter epidêmico<br />

no início da década <strong>de</strong> 80 e por sua evolução agressiva, muitas vezes fatal.<br />

Dentre as neoplasias associadas à SIDA, o SK permanece sendo a mais<br />

freqüente, apesar do <strong>de</strong>clínio ocorrido no inicio da década <strong>de</strong> 90, quando<br />

constataram-se percentuais inferiores a 20%, após a introdução da terapia<br />

antiretroviral efetiva (7,19,32) .<br />

Apesar da pele ser o local mais afetado, nesses pacientes a<br />

apresentação ten<strong>de</strong> a ser multicêntrica, inclusive dissemi<strong>na</strong>ndo para os pulmões<br />

em cerca <strong>de</strong> 18 a 47% <strong>dos</strong> casos, existindo contudo trabalhos que relatam<br />

incidências <strong>de</strong> até 50 a 65% (10,26) .<br />

1


A etiopatogenia do SK está intrinsecamente ligada a alterações do<br />

sistema imunológico que promovam imuno<strong>de</strong>pressão. Além disso, a partir <strong>de</strong><br />

observações realizadas quanto aos grupos populacio<strong>na</strong>is acometi<strong>dos</strong> e a<br />

distribuição geográfica da neoplasia, aventou-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que um fator<br />

transmitido sexualmente participasse também do <strong>de</strong>senvolvimento do SK. Nesse<br />

contexto, em 1994, um vírus até então <strong>de</strong>sconhecido foi encontrado em lesões<br />

cutâneas <strong>de</strong> pacientes com todas as formas do SK, sendo chamado <strong>de</strong> herpes<br />

vírus humano do tipo 8 (HHV-8), consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> importância primária <strong>na</strong><br />

etiopatogenia da doença (2,3,31,32) .<br />

O diagnóstico precoce do envolvimento pulmo<strong>na</strong>r é difícil. O quadro<br />

clínico, assim como os exames laboratoriais são inespecíficos (7) . O principal<br />

achado <strong>na</strong> radiografia do tórax é a infiltração perihilar bilateral, que também não é<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia, visto que outras comorbida<strong>de</strong>s que acometem os pacientes com<br />

SIDA po<strong>de</strong>m manifestar-se <strong>de</strong>sta forma. A tomografia <strong>computadorizada</strong> <strong>de</strong> <strong>alta</strong><br />

<strong>resolução</strong> (TCAR) do tórax, em contrapartida, po<strong>de</strong> fornecer subsídios capazes <strong>de</strong><br />

estreitar o diagnóstico e, em algumas situações, sugerir o SK como principal<br />

possibilida<strong>de</strong>. De uma maneira geral os acha<strong>dos</strong> mais comuns <strong>na</strong> TCAR são o<br />

espessamento do interstício axial, ao longo das bainhas peribroncovasculares, os<br />

nódulos <strong>de</strong> margens irregulares, a nodularida<strong>de</strong> das cissuras, o espessamento<br />

<strong>dos</strong> septos interlobulares e os nódulos centrolobulares (13,26,29) .<br />

2


O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é <strong>de</strong>screver os principais acha<strong>dos</strong> <strong>na</strong> TCAR<br />

do tórax do envolvimento pulmo<strong>na</strong>r pelo sarcoma <strong>de</strong> Kaposi em pacientes com<br />

SIDA.<br />

3


2- REVISÃO DE LITERATURA<br />

2.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS<br />

A síndrome da imuno<strong>de</strong>ficiência adquirida foi inicialmente <strong>de</strong>scrita em<br />

1981 nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, a partir <strong>de</strong> relatos <strong>de</strong> casos inexplicáveis <strong>de</strong> pneumonia<br />

por Pneumocystis carinii e candidíase mucosa em cinco pacientes jovens,<br />

homossexuais do sexo masculino*, e <strong>de</strong> sarcoma <strong>de</strong> Kaposi em vinte e seis<br />

homossexuais masculinos, com <strong>de</strong>feitos da imunida<strong>de</strong> humoral e celular** (1,19) .<br />

A SIDA é causada por um retrovírus, o vírus da imuno<strong>de</strong>ficiência<br />

huma<strong>na</strong>, com tropismo pelos linfócitos T, sendo caracterizada por imunossupressão<br />

intensa associada a infecções oportunistas, manifestações neurológicas e<br />

neoplasias secundárias, <strong>de</strong>ntre elas o sarcoma <strong>de</strong> Kaposi (1) .<br />

A SIDA foi i<strong>de</strong>ntificada no Brasil, pela primeira vez, em 1980 e<br />

apresentou um crescimento <strong>na</strong> incidência até 1998, quando foram registra<strong>dos</strong><br />

25.732 casos novos, com um coeficiente <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> 15,9 casos/100.000<br />

habitantes. A partir <strong>de</strong> então verificou-se uma <strong>de</strong>saceleração <strong>na</strong>s taxas <strong>de</strong><br />

incidência no País.<br />

*Center for Disease Control: Pneumocystis pneumonia - Los Angeles. MMWR,30:250-252,1981.<br />

**Center for Disease Control: Kaposi´s sarcoma and Pneumocystis pneumonia among homosexual men – New York and<br />

California. MMWR,30:306-308,1981.<br />

4


Atualmente, verifica-se uma tendência <strong>de</strong> heterossexualização,<br />

feminização, envelhecimento e pauperização da epi<strong>de</strong>mia, aproximando-a cada<br />

vez mais do perfil socioeconômico do brasileiro médio. Des<strong>de</strong> o início da década<br />

<strong>de</strong> 80 até setembro <strong>de</strong> 2003, foram notifica<strong>dos</strong> 277.154 casos <strong>de</strong> SIDA no Brasil.<br />

Desse total, 197.340 foram verifica<strong>dos</strong> em homens e 79.814 em mulheres (39) .<br />

Estima-se que mais <strong>de</strong> 15000 pessoas sejam infectadas por dia em<br />

todo o mundo (da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> 1999); 40 milhões estão atualmente infectadas, e 3<br />

milhões morreram somente em 2003. A esmagadora maioria <strong>dos</strong> casos ocorre <strong>na</strong><br />

África, on<strong>de</strong> a principal forma <strong>de</strong> transmissão é o sexo heterossexual e o uso <strong>de</strong><br />

prostitutas. Regiões em risco com alto crescimento <strong>de</strong> novas infecções são o leste<br />

da Europa, a Índia e o Su<strong>de</strong>ste Asiático (39) .<br />

2.1.1- Formas do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi<br />

Em 1872, Moritz Kaposi, <strong>de</strong>rmatologista húngaro, <strong>de</strong>screveu a forma<br />

clássica ou européia do SK, que é caracterizada pela presença <strong>de</strong> nódulos ou<br />

placas cutâneas <strong>de</strong> coloração azulada e crescimento lento, que acometem<br />

principalmente os membros inferiores <strong>de</strong> homens i<strong>dos</strong>os, originários do Leste<br />

Europeu (freqüentemente os Ju<strong>de</strong>us) (1,10,18,30,37) . Hoje são i<strong>de</strong>ntificadas cinco formas<br />

5


<strong>de</strong> sarcoma <strong>de</strong> Kaposi, que apesar <strong>de</strong> possuírem acha<strong>dos</strong> histopatológicos<br />

essencialmente iguais, manifestam-se clinicamente e evoluem <strong>de</strong> maneiras<br />

distintas (1,31) .<br />

A forma clássica (européia) é consi<strong>de</strong>rada rara, ocorrendo <strong>na</strong> maioria<br />

das vezes em homens, com uma razão <strong>de</strong> 10 a 15 homens para cada mulher. Essa<br />

forma usualmente atinge pessoas entre 50 e 70 anos. A doença geralmente é<br />

limitada a uma ou múltiplas lesões, <strong>na</strong> maioria das vezes distribuídas nos membros<br />

inferiores, especialmente em torno <strong>dos</strong> tornozelos e <strong>na</strong> planta do pé. Po<strong>de</strong>m ser<br />

assimétricas, acometendo um só membro. As lesões caracteristicamente são<br />

assintomáticas, <strong>de</strong>finidas como pápulas ou nódulos, <strong>de</strong> coloração vermelha, azul,<br />

violácea ou marron. A cor varia <strong>de</strong> acordo com a pigmentação da pele normal. Na<br />

imensa maioria <strong>dos</strong> casos essa forma tem uma evolução arrastada, por 10 a 15<br />

anos, com crescimento lento e surgimento <strong>de</strong> novas lesões. Estase venosa e<br />

linfe<strong>de</strong>ma <strong>dos</strong> membros inferiores são complicações freqüentes. Quanto maior o<br />

tempo <strong>de</strong> doença maior a chance <strong>de</strong> envolvimento sistêmico, com acometimento do<br />

trato gastrintesti<strong>na</strong>l, linfono<strong>dos</strong> e outros órgãos. As lesões viscerais geralmente são<br />

assintomáticas e <strong>de</strong>scobertas <strong>na</strong> autópsia, entretanto existem relatos <strong>de</strong> hemorragia<br />

gastrintesti<strong>na</strong>l franca. Mais <strong>de</strong> um terço <strong>dos</strong> pacientes <strong>de</strong>senvolvem neoplasia<br />

secundária, com freqüência o linfoma não Hodgkin (1,2,31) .<br />

6


A forma Africa<strong>na</strong> do SK, <strong>de</strong>scrita pela primeira vez <strong>na</strong> década <strong>de</strong> 50, é<br />

consi<strong>de</strong>rada endêmica <strong>na</strong>s populações <strong>na</strong>tivas da África equatorial, sendo<br />

responsável por aproximadamente 9% das neoplasias malig<strong>na</strong>s que acometem os<br />

homens <strong>de</strong>ssa região. Essa forma po<strong>de</strong> manifestar-se como uma neoplasia<br />

indolente, idêntica à forma européia, ou como uma doença localmente agressiva,<br />

com lesões vegetantes, invasão do tecido subcutâneo e até <strong>dos</strong> ossos. Ambas as<br />

apresentações são muito mais freqüentes no sexo masculino, com proporções<br />

semelhantes à forma européia clássica, no entanto <strong>na</strong> forma Africa<strong>na</strong> os pacientes<br />

são significativamente mais jovens. Existem relatos <strong>de</strong> uma terceira forma, que<br />

acomete mais crianças pré-púberes, com linfonodomegalias generalizadas<br />

associadas muitas vezes com doença visceral. O prognóstico é péssimo, com 100%<br />

<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> em 3 anos (1,2,31) .<br />

A forma associada a pacientes transplanta<strong>dos</strong> que recebem <strong>alta</strong>s<br />

<strong>dos</strong>es <strong>de</strong> imunossupressores, foi relatada pela primeira vez no ano <strong>de</strong> 1969 em um<br />

paciente pós-transplante re<strong>na</strong>l (31) . Estima-se que os pacientes transplanta<strong>dos</strong><br />

possuam 150 a 200 vezes mais chance <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a neoplasia que a<br />

população geral. Des<strong>de</strong> então, diversos casos foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> em<br />

transplanta<strong>dos</strong> re<strong>na</strong>is e <strong>de</strong> outros órgãos que recebem azatiopri<strong>na</strong> e predniso<strong>na</strong>,<br />

<strong>de</strong>senvolvendo SK geralmente um ano e meio em média após o inicio da terapia<br />

imunossupressora. Manifesta-se comumente entre 2 a 5 anos após o transplante,<br />

com lesões predomi<strong>na</strong>ntemente <strong>na</strong> pele, porém, po<strong>de</strong>m origi<strong>na</strong>r metástases. As<br />

lesões regri<strong>de</strong>m com o controle da imunossupressão (1,2,31,37) .<br />

7


A forma não epidêmica do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi relacio<strong>na</strong>da a<br />

homossexuais, foi <strong>de</strong>scrita mais recentemente em pacientes com exames<br />

laboratoriais negativos para o HIV. Manifesta-se por lesões cutâneas <strong>de</strong> evolução<br />

indolente, principalmente nos membros inferiores e genitália, po<strong>de</strong>ndo contudo<br />

ocorrer em qualquer local (9) .<br />

A forma do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi associada à SIDA (forma epidêmica),<br />

ocorre em 20 a 30% <strong>dos</strong> homossexuais e homens bissexuais infecta<strong>dos</strong> pelo HIV,<br />

3% <strong>dos</strong> heterossexuais usuários <strong>de</strong> drogas injetáveis e em somente 1% das<br />

mulheres infectadas pelo vírus (19,31) .<br />

Apesar do SK associado à SIDA acometer a pele <strong>na</strong> maioria das<br />

vezes, nestes pacientes a neoplasia tem uma apresentação multicêntrica e<br />

agressiva, com envolvimento <strong>de</strong> órgãos viscerais em até 50% <strong>dos</strong> casos, po<strong>de</strong>ndo<br />

também dissemi<strong>na</strong>r-se para os linfono<strong>dos</strong>, trato gastrintesti<strong>na</strong>l, árvore respiratória e<br />

mucosas (11,16,17,18,33,37) . A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dissemi<strong>na</strong>ção do SK po<strong>de</strong> causar<br />

morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong>s significantes (19,30) .<br />

A maioria <strong>dos</strong> pacientes com SK pulmo<strong>na</strong>r apresenta lesões cutâneas<br />

prévias, porém a ausência <strong>de</strong> lesões cutâneas aparentes não exclui a possibilida<strong>de</strong><br />

8


do acometimento pulmo<strong>na</strong>r isolado (13,32) . Alguns estu<strong>dos</strong> relatam a ocorrência<br />

isolada do acometimento pulmo<strong>na</strong>r, que varia <strong>de</strong> 0 a 11% (13) . Estudo realizado por<br />

Huang e cols (13) , com 168 pacientes com diagnóstico <strong>de</strong> SK pulmo<strong>na</strong>r, relatou a<br />

ausência <strong>de</strong> lesões cutâneas em 26% <strong>dos</strong> pacientes. Nos pacientes que<br />

apresentam SK cutâneo prévio, o tempo médio entre o diagnóstico <strong>de</strong> SK cutâneo e<br />

do pulmo<strong>na</strong>r é <strong>de</strong> 268 dias. O primeiro caso <strong>de</strong>scrito <strong>de</strong> SK pulmo<strong>na</strong>r em pacientes<br />

com SIDA foi <strong>de</strong> um homem homossexual com febre, perda <strong>de</strong> peso, diarréia,<br />

nenhuma lesão cutânea e radiografia do tórax com infiltração intersticial nodular<br />

bilateral (13,32) .<br />

A incidência <strong>de</strong> comprometimento do pulmão varia muito <strong>na</strong> literatura,<br />

não existindo um consenso em torno <strong>de</strong> uma porcentagem especifica. O pulmão é<br />

mais freqüentemente acometido <strong>na</strong> forma associada à SIDA. Alguns autores<br />

encontraram 18 a 47% <strong>de</strong> acometimento do pulmão (11) ; no entanto, séries <strong>de</strong><br />

autópsias relataram até 50 a 65% (22) . Na realida<strong>de</strong> acredita-se que a incidência seja<br />

maior do que a conhecida até hoje, pois <strong>na</strong> maioria <strong>dos</strong> casos o diagnóstico correto<br />

é muito difícil, <strong>de</strong>vido a inespecificida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> si<strong>na</strong>is e sintomas clínicos, a freqüente<br />

associação <strong>de</strong> diversas enfermida<strong>de</strong>s que acometem simultaneamente os pacientes<br />

com SIDA, e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> méto<strong>dos</strong> invasivos para o diagnóstico, como a<br />

broncoscopia e até a biópsia pulmo<strong>na</strong>r (11,13,26,32,33) .<br />

9


2.1.2- Etiopatogenia e Transmissão do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi<br />

O sarcoma <strong>de</strong> Kaposi representa uma alteração proliferativa <strong>de</strong> células<br />

mesenquimais, em resposta à infecção pelo vírus HIV e a <strong>de</strong>sregulação do sistema<br />

imune mediada pelo HIV, em conjunto com um agente infeccioso, o herpes vírus<br />

humano tipo 8 (HHV-8), <strong>de</strong>sconhecido até o início <strong>dos</strong> anos 90 (2,3,30) .<br />

Em 1994 foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> fragmentos <strong>de</strong> DNA do HHV-8, <strong>na</strong>s<br />

lesões cutâneas do SK em pacientes com SIDA, SK clássico, SK africano e em<br />

pacientes transplanta<strong>dos</strong>, não sendo encontra<strong>dos</strong> os mesmos fragmentos <strong>na</strong> pele<br />

normal <strong>de</strong>sses pacientes (2,11,12,30,31) . Os herpesvírus são dividi<strong>dos</strong> em três famílias,<br />

sendo que o HHV-8 pertence à subfamilia <strong>dos</strong> Gamaherpesvírus. Os vírus membros<br />

<strong>de</strong>ssa subfamília são associa<strong>dos</strong> a tumores, principalmente ao linfoma. Sabe-se<br />

que o HHV-8 está diretamente associado, além do SK, ao linfoma <strong>de</strong> células B<br />

primário das cavida<strong>de</strong>s corporais e à doença <strong>de</strong> Castleman (2,3,6,31) .<br />

Mais <strong>de</strong> 95% das lesões do SK são infectadas pelo HHV-8,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da forma clínica ou do local das lesões. Os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> vários<br />

estu<strong>dos</strong> sorológicos comprovaram que a infecção pelo HHV-8 é praticamente<br />

onipresente nos pacientes com SK. Anticorpos específicos foram <strong>de</strong>tecta<strong>dos</strong> em 70<br />

10


a 90% <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os pacientes com SK e em 100% <strong>dos</strong> pacientes com SK<br />

imunocompetentes (3,6,30,31) .<br />

A transmissão do HHV-8 não é completamente conhecida. Evidências<br />

epi<strong>de</strong>miológicas indicam que a via sexual é, talvez, a principal forma nos países<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong>, principalmente em homens homossexuais. A prevalência do vírus<br />

aumenta <strong>de</strong> acordo com o número <strong>de</strong> parceiros sexuais e com o sexo a<strong>na</strong>l<br />

receptivo. Outros mo<strong>dos</strong> foram observa<strong>dos</strong> em países africanos. A transmissão<br />

mater<strong>na</strong> <strong>na</strong>s áreas endêmicas parece exercer um papel importante <strong>na</strong><br />

dissemi<strong>na</strong>ção da infecção, visto que a mesma po<strong>de</strong> ocorrer durante o trabalho <strong>de</strong><br />

parto e até mesmo pela via transplacentária. Pelo fato <strong>de</strong> a infecção pelo HHV-8 ter<br />

sido encontrada em crianças em ida<strong>de</strong> escolar e adolescentes, e pela <strong>de</strong>tecção do<br />

DNA viral <strong>na</strong> saliva, outras formas <strong>de</strong> transmissão estão sendo propostas; no<br />

entanto, ainda não foram comprovadas (1,2,6,30) .<br />

A infecção pelo HHV-8 é um fator primário e essencial para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> todas as formas do SK. No entanto, outros fatores parecem<br />

atuar em conjunto o vírus. Dentre esses fatores po<strong>de</strong>-se citar a alteração da<br />

expressão e da resposta aos fatores <strong>de</strong> crescimento celular e citoci<strong>na</strong>s, e a<br />

modulação do crescimento tumoral pelos produtos do gen do HIV (1,2,30) .<br />

11


O vírus HIV atua em conjunto com o HHV-8 <strong>na</strong> patogênese do SK. A<br />

interação entre esses dois vírus é i<strong>de</strong>ntificada a partir da ação sinérgica entre a<br />

proteí<strong>na</strong> tat, uma transativadora da transcrição do genoma viral para a replicação do<br />

HIV, ligada ao RNA e secretada pelas células infectadas pelo vírus, e o fator básico<br />

<strong>de</strong> crescimento <strong>dos</strong> fibroblastos no crescimento tumoral. Outras células que<br />

promovem o crescimento do tumor são a interleuci<strong>na</strong>-1 e o fator <strong>de</strong> necrose<br />

tumoral (1,2,30) .<br />

A angiogênese é um achado característico do SK. Estu<strong>dos</strong><br />

experimentais recentes têm <strong>de</strong>monstrado a importância do fator <strong>de</strong> crescimento<br />

endotelial vascular (FCEV) e <strong>dos</strong> seus receptores <strong>na</strong> patogênese da neoplasia. As<br />

células em forma <strong>de</strong> fuso características do SK contém e secretam gran<strong>de</strong>s<br />

quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> FCEV. O FCEV é o principal regulador tanto da neovascularização<br />

fisiológica como da patológica, e também é responsável pela hiperpermeabilida<strong>de</strong><br />

vascular in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da histami<strong>na</strong>, que leva ao extravasamento do líquido<br />

intravascular e, por fim, e<strong>de</strong>ma. Foi visto que o uso <strong>de</strong> inibidores <strong>dos</strong> receptores do<br />

FCEV po<strong>de</strong> promover redução do crescimento tumoral e do e<strong>de</strong>ma associado ao<br />

SK (2,3) .<br />

O risco <strong>dos</strong> pacientes com SIDA <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverem SK varia <strong>de</strong><br />

acordo com os diferentes mo<strong>dos</strong> <strong>de</strong> infecção pelo vírus HIV. Comprovadamente os<br />

pacientes homens homossexuais possuem maior chance <strong>de</strong> apresentarem SK<br />

durante a evolução da SIDA do que os pacientes infecta<strong>dos</strong> através <strong>de</strong> relações<br />

12


heterossexuais ou do uso <strong>de</strong> drogas injetáveis (27) . Fatores genéticos, tempo <strong>de</strong><br />

infecção pelo HIV, baixas contagens <strong>de</strong> linfócito T CD4, infecção pelo HHV-8, assim<br />

como a carga viral <strong>de</strong>ste vírus, também são fatores atribuí<strong>dos</strong> ao maior risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento do SK (3,30) .<br />

2.2- QUADRO CLÍNICO<br />

O SK tem progressão variável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um curso indolente, po<strong>de</strong>ndo ter<br />

remissão espontânea, até formas agressivas com comprometimento visceral. Como<br />

já mencio<strong>na</strong>do anteriormente, o SK <strong>na</strong> SIDA é uma neoplasia que acomete<br />

múltiplos sistemas orgânicos. Sendo assim, a <strong>avaliação</strong> clinica inicial <strong>de</strong>ve ser<br />

ampla e minuciosa, com atenção especial para a pele e mucosas (1,2,3,30,31) .<br />

2.2.1-Lesões cutâneas<br />

As lesões cutâneas po<strong>de</strong>m ocorrer em toda a superfície da pele.<br />

Usualmente são máculas, pápulas, nódulos ou placas pigmentadas, porém nódulos<br />

subcutâneos po<strong>de</strong>m surgir sem pigmentação cutânea. Po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns<br />

milímetros até lesões confluentes com vários centímetros. Quanto à coloração as<br />

lesões variam muito. As lesões mais recentes são <strong>de</strong> coloração rosa, avermelhada<br />

13


ou violácea, as quais, com o passar do tempo, escurecem. Nos negros e par<strong>dos</strong> as<br />

lesões ten<strong>de</strong>m a ser marrom escuras ou pretas. Em alguns pacientes as lesões<br />

po<strong>de</strong>m apresentar um halo <strong>de</strong> coloração esver<strong>de</strong>ada, provavelmente representando<br />

extravasamento <strong>de</strong> pigmentos eritrocitários (1,30) .<br />

Após o tratamento as lesões tor<strong>na</strong>m-se acinzentadas, castanhas ou<br />

amarronzadas e, em alguns casos, a pigmentação po<strong>de</strong> persistir mesmo <strong>na</strong><br />

ausência <strong>de</strong> tumor <strong>de</strong>monstrável à biópsia. As pápulas e nódulos mais exuberantes<br />

ten<strong>de</strong>m a diminuir e as lesões maiores, confluentes, po<strong>de</strong>m apresentar uma área <strong>de</strong><br />

hipopigmentação central (1,31) .<br />

2.2.2- Lesões Orais<br />

Lesões orais po<strong>de</strong>m ser encontradas em até um terço <strong>dos</strong> pacientes<br />

com SK associado à SIDA. O acometimento do palato duro é visto com maior<br />

freqüência. As lesões po<strong>de</strong>m ser focais ou difusas e apresentarem-se como placas<br />

ou máculas <strong>de</strong> coloração vermelha ou violácea, <strong>na</strong> maioria das vezes<br />

assintomáticas. Po<strong>de</strong>m também assumir uma forma vegetante, exofítica,<br />

distribuindo-se difusamente pelo palato duro e palato mole e apresentarem<br />

sangramento. Outros locais <strong>de</strong> acometimento da cavida<strong>de</strong> oral são as gengivas,<br />

língua, úvula, tonsilas e orofaringe. Essas lesões po<strong>de</strong>m comprometer a fala,<br />

alimentação, respiração e até os <strong>de</strong>ntes (31) .<br />

14


2.2.3- Trato Gastrintesti<strong>na</strong>l<br />

Autores relataram o envolvimento do trato gastrintesti<strong>na</strong>l em até 40%<br />

<strong>dos</strong> pacientes com SK associado a SIDA no momento do diagnóstico, e em até 80%<br />

<strong>dos</strong> casos <strong>na</strong> autópsia. Não é infreqüente a ausência <strong>de</strong> lesões cutâneas. A maioria<br />

<strong>de</strong>sses pacientes é assintomática, não necessitando <strong>de</strong> investigação formal, pois o<br />

prognóstico não é alterado pela presença ou não das lesões gastrintesti<strong>na</strong>is, e os<br />

acha<strong>dos</strong> são inespecíficos, incluindo hepatoesplenomegalia, linfonodomegalias e<br />

ascite. Somente em casos sintomáticos, por exemplo hemorragias, a investigação<br />

formal é pertinente (20,31) .<br />

Algumas vezes o exame digital do reto po<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar lesões maiores.<br />

A maior parte das lesões encontra-se <strong>na</strong> submucosa, necessitando <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong><br />

en<strong>dos</strong>cópica, sendo o clister com duplo contraste freqüentemente normal (2,31) .<br />

2.2.4- Trato Respiratório<br />

No trato respiratório o SK po<strong>de</strong> envolver os pulmões, a árvore<br />

traqueobrônquica e as superfícies pleurais. Os si<strong>na</strong>is e sintomas são inespecíficos,<br />

po<strong>de</strong>ndo os pacientes apresentar dispnéia, tosse, roncos, hemoptise e, nos casos<br />

15


graves, insuficiência respiratória. Os sintomas manifesta<strong>dos</strong> pelos pacientes com<br />

envolvimento pulmo<strong>na</strong>r são indistinguíveis daqueles com infecções pulmo<strong>na</strong>res.<br />

Num estudo publicado por Huang e cols. (13) os principais sintomas foram tosse,<br />

dispnéia e febre. Os pacientes que cursam com <strong>de</strong>rrame pleural po<strong>de</strong>m apresentar<br />

alterações ao exame físico e o <strong>de</strong>rrame sempre vai estar associado à doença do<br />

parênquima (2,13,31) .<br />

2.2.5- Linfono<strong>dos</strong><br />

É comum ocorrer aumento <strong>de</strong> linfono<strong>dos</strong> em pacientes com SK<br />

associado à SIDA. Esse achado não guarda qualquer relação com a evolução<br />

clínica, somente sendo indicada a biópsia com estudo a<strong>na</strong>tomopatológico <strong>de</strong>vido às<br />

<strong>de</strong>mais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aumento linfonodal no cenário da SIDA, como o linfoma e<br />

algumas infecções (27) .<br />

2.2.6- Linfe<strong>de</strong>ma<br />

É uma complicação freqüente nos pacientes com SK associado à<br />

SIDA, e sua gravida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sproporcio<strong>na</strong>l à extensão do acometimento<br />

cutâneo. Os locais mais comuns são os pés e as per<strong>na</strong>s, mas a região ingui<strong>na</strong>l,<br />

genitália exter<strong>na</strong> e região periorbitária são também sítios freqüentes (31) .<br />

16


2.2.7- Outros Locais<br />

O envolvimento <strong>de</strong> locais como baço, fígado, coração, pericárdio e<br />

medula óssea não é habitual. Os casos relata<strong>dos</strong> <strong>na</strong> literatura são, <strong>na</strong> sua maioria,<br />

em séries <strong>de</strong> autópsia (2,27) .<br />

2. 3- DIAGNÓSTICO<br />

2.3.1- Acha<strong>dos</strong> Laboratoriais<br />

Dentre os exames laboratoriais, a contagem <strong>de</strong> linfócitos T CD4 é o <strong>de</strong><br />

maior valor no contexto <strong>dos</strong> pacientes com SIDA, visto que o sarcoma <strong>de</strong> Kaposi<br />

predomi<strong>na</strong>ntemente ocorre <strong>na</strong>queles com baixa imunida<strong>de</strong>. Num estudo realizado<br />

por Huang e cols. (13) , 68% <strong>dos</strong> pacientes que <strong>de</strong>senvolveram sarcoma <strong>de</strong> Kaposi<br />

apresentavam contagem <strong>de</strong> linfócitos T CD4 menor que 50 células/ml.<br />

A concentração sérica da enzima <strong>de</strong>sidroge<strong>na</strong>se lática (LDH) po<strong>de</strong><br />

ajudar a diferenciar pacientes com SK pulmo<strong>na</strong>r isolado ou associado a outras<br />

infecções oportunistas, sendo expressivamente mais elevada nos pacientes com<br />

17


infecções associadas. Porém, existe muita sobreposição <strong>dos</strong> valores <strong>de</strong> LDH<br />

nesses dois grupos <strong>de</strong> pacientes, o que limita seu uso como exame <strong>de</strong><br />

rastreamento <strong>dos</strong> pacientes com SK pulmo<strong>na</strong>r (13) .<br />

A sorologia para o HHV-8 é importante para i<strong>de</strong>ntificar os pacientes<br />

infecta<strong>dos</strong>, visto que esse vírus está fortemente associado ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

todas as formas clínicas do SK (1,2,3,30,31) .<br />

2.3.2- Diagnóstico por Imagem<br />

O diagnóstico do comprometimento pulmo<strong>na</strong>r pelo SK é, <strong>na</strong> gran<strong>de</strong><br />

maioria <strong>dos</strong> casos, difícil, <strong>de</strong>vido ao quadro clínico pouco específico, à baixa<br />

suspeição diagnóstica e à freqüente associação <strong>de</strong> comorbida<strong>de</strong>s nos pacientes<br />

com SIDA. Sendo assim, a Radiologia, principalmente através da tomografia<br />

<strong>computadorizada</strong> <strong>de</strong> <strong>alta</strong> <strong>resolução</strong> do pulmão, atua <strong>de</strong> forma fundamental como<br />

mais uma ferramenta no diagnóstico do SK pulmo<strong>na</strong>r. Alguns acha<strong>dos</strong> são bastante<br />

característicos, po<strong>de</strong>ndo estreitar ou muitas vezes realizar o diagnóstico correto. A<br />

TCAR é superior à radiografia convencio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> pacientes com ou<br />

sem doença torácica, e no diagnóstico diferencial das complicações pulmo<strong>na</strong>res <strong>na</strong><br />

SIDA (14,21,26) .<br />

18


A radiografia convencio<strong>na</strong>l do tórax não oferece acha<strong>dos</strong> específicos<br />

para o diagnóstico do SK pulmo<strong>na</strong>r, porém alguns acha<strong>dos</strong> po<strong>de</strong>m auxiliar <strong>na</strong><br />

diferenciação entre os pacientes que apresentam SK pulmo<strong>na</strong>r isolado daqueles<br />

com SK pulmo<strong>na</strong>r associado a pneumonia por Pneumocystis carinii (PCP), a qual é<br />

uma das principais infecções pulmo<strong>na</strong>res nos pacientes com SIDA. Pacientes com<br />

SK pulmo<strong>na</strong>r isolado geralmente não apresentam anormalida<strong>de</strong>s radiográficas que<br />

predominem nos campos pulmo<strong>na</strong>res superiores, áreas císticas e opacida<strong>de</strong>s<br />

nodulares. Esses três acha<strong>dos</strong> sugerem PCP isolado ou associado (13) . Estudo<br />

realizado por Naidich e cols. (28) <strong>de</strong>monstrou que a principal alteração radiográfica do<br />

SK foi a presença <strong>de</strong> infiltração perihilar bilateral, encontrada em 22 <strong>dos</strong> 24<br />

pacientes (92%). Nesse mesmo estudo, nódulos espicula<strong>dos</strong> foram <strong>de</strong>scritos em<br />

40% <strong>dos</strong> pacientes. (28)<br />

Num estudo <strong>de</strong> Gru<strong>de</strong>n e cols. (11) foi realizado estadiamento quanto a<br />

extensão da doença <strong>na</strong> radiografia convencio<strong>na</strong>l. No estágio 0 a radiografia é<br />

normal. A doença no estágio 1 é caracterizada por espessamento isolado das<br />

pare<strong>de</strong>s brônquicas com opacida<strong>de</strong>s em “trilho <strong>de</strong> trem”. No estágio 2 encontram-se<br />

pequenos nódulos com ou sem os acha<strong>dos</strong> do estágio 1. E no estágio 3, estão<br />

presentes gran<strong>de</strong>s nódulos ou consolidação com ou sem broncograma aéreo,<br />

associa<strong>dos</strong> ou não aos acha<strong>dos</strong> do estágio 1 ou 2 (11) .<br />

19


Os principais acha<strong>dos</strong> <strong>na</strong> TCAR são nódulos <strong>de</strong> limites mal <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong>,<br />

espessamento do interstício peribroncovascular, espessamento <strong>dos</strong> septos<br />

interlobulares, nodulação das cissuras, nódulos subpleurais, <strong>de</strong>rrame pleural,<br />

linfonodomegalias, opacida<strong>de</strong>s em “vidro-fosco” e também nódulos<br />

centrolobulares (8,14,16,19,21,23,24,25,26,33,35,37) .<br />

Os nódulos são irregulares, com contornos mal <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> e aspecto<br />

espiculado, e representam proliferação tumoral no interstício com invasão<br />

progressiva <strong>dos</strong> espaços alveolares adjacentes (26) . O achado <strong>de</strong> nódulos irregulares<br />

varia <strong>de</strong> 79% a 100% (16,26,35,37) . Nos pacientes com SIDA a principal característica<br />

<strong>dos</strong> nódulos, e que mais auxilia <strong>na</strong> diferenciação entre infeccções oportunistas, SK<br />

e linfoma, é a distribuição. Segundo Edinburgh e cols. (8) , 88% <strong>dos</strong> pacientes com<br />

SIDA e nódulos <strong>de</strong> distribuição peribroncovascular apresentam SK pulmo<strong>na</strong>r.<br />

Apesar do tamanho do nódulo maior que 1 centímetro favorecer o diagnóstico <strong>de</strong><br />

condições malig<strong>na</strong>s, não foi significativo o auxílio <strong>na</strong> diferenciação entre as diversas<br />

complicações pulmo<strong>na</strong>res da SIDA (8) .<br />

O espessamento do interstício peribroncovascular ocorre em direção à<br />

periferia <strong>dos</strong> pulmões. Durante a evolução da doença o espessamento tor<strong>na</strong>-se<br />

progressivamente nodular e o acometimento é mais acentuado nos terços inferiores<br />

e médios. Esse espessamento do interstício ao longo do feixe peribroncovascular<br />

representa a rota linfática do tumor. O espessamento septal também po<strong>de</strong> resultar<br />

20


<strong>de</strong>sse mecanismo ou do e<strong>de</strong>ma secundário à obstrução linfática central (23,24,25,26,32) .<br />

O espessamento do feixe peribroncovascular é encontrado numa freqüência que<br />

varia <strong>de</strong> 66% a 93,3% (16,26,35,37) .<br />

Num estudo realizado por Sivit e cols. (33) a doença parenquimatosa foi<br />

dividida em localizada e difusa. A forma localizada é <strong>de</strong>finida pela presença <strong>de</strong> um<br />

foco único em um lobo ou menos, e a difusa por um envolvimento maior que a<br />

localizada (33) .<br />

Os acha<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrame pleural e linfonodomegalias, que são<br />

encontra<strong>dos</strong> numa freqüência que varia <strong>de</strong> 28% a 76% e 15% a 50%,<br />

respectivamente, po<strong>de</strong>m auxiliar no diagnóstico do SK pulmo<strong>na</strong>r quando associa<strong>dos</strong><br />

aos acha<strong>dos</strong> <strong>de</strong>scritos acima (16,23,24,25,26,28,35,37) . O mecanismo <strong>de</strong> formação do<br />

<strong>de</strong>rrame pleural não está claro. A presença <strong>de</strong> doença subpleural po<strong>de</strong> influenciar.<br />

A forma do sarcoma <strong>de</strong> “Kaposi-linfangioma-like” po<strong>de</strong> ocasio<strong>na</strong>r <strong>de</strong>rrame pleural<br />

por linfe<strong>de</strong>ma (26) . Gru<strong>de</strong>n e cols. (11) sugerem que o envolvimento pleural só ocorre<br />

associado a lesões do parênquima.<br />

A presença <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco envolvendo um ou<br />

mais nódulos e <strong>de</strong> áreas em vidro fosco afastadas <strong>dos</strong> nódulos também têm sido<br />

<strong>de</strong>scritas e não indicam, obrigatoriamente, doença associada (26) .<br />

21


O encontro <strong>dos</strong> acha<strong>dos</strong> acima <strong>na</strong> TCAR <strong>de</strong> pacientes com SIDA<br />

sugere fortemente o diagnóstico do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi<br />

pulmo<strong>na</strong>r (8,14,16,19,23,24,25,26,28,35,37) .<br />

Recentemente, Bautista e cols. (5) <strong>de</strong>screveram um caso <strong>de</strong> um<br />

paciente portador da SIDA que apresentou a síndrome do lobo médio como<br />

manifestação do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r. Essa síndrome é uma alteração<br />

pulmo<strong>na</strong>r que envolve o lobo médio, sendo caracterizada por colapso, obstrutivo ou<br />

não. Nos pacientes HIV positivos já havia sido <strong>de</strong>scrita no linfoma e <strong>na</strong>s infecções<br />

por micobactérias (5) .<br />

Poucos estu<strong>dos</strong> foram realiza<strong>dos</strong> para avaliar a eficácia da<br />

ressonância magnética no diagnóstico das manifestações pulmo<strong>na</strong>res da SIDA,<br />

inclusive o sarcoma <strong>de</strong> Kaposi (15) .<br />

Os principais acha<strong>dos</strong> <strong>na</strong> ressonância magnética do pulmão nos<br />

pacientes acometi<strong>dos</strong> pelo sarcoma <strong>de</strong> Kaposi são: aumento irregular da<br />

intensida<strong>de</strong> do si<strong>na</strong>l <strong>na</strong>s seqüências pon<strong>de</strong>radas em T1; importante diminuição da<br />

intensida<strong>de</strong> do si<strong>na</strong>l <strong>na</strong>s seqüências pon<strong>de</strong>radas em T2 no segundo eco<br />

(TE=100ms), e realce significativo das lesões após administração do gadolínio<br />

endovenoso. O percentual <strong>de</strong> redução da intensida<strong>de</strong> do si<strong>na</strong>l <strong>na</strong>s seqüências<br />

pon<strong>de</strong>radas em T2 no segundo eco variou entre 30 e 70% (15,16) .<br />

22


A explicação para a diminuição da intensida<strong>de</strong> do si<strong>na</strong>l <strong>na</strong>s seqüências<br />

pon<strong>de</strong>radas em T2 provavelmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da presença <strong>de</strong> hemorragia alveolar ou<br />

da magnitu<strong>de</strong> do componente fibrótico do tumor (15) .<br />

Esse padrão <strong>de</strong> comportamento das lesões, particularmente quando<br />

distribuem-se ao longo da bainha peribroncovascular, é sugestivo <strong>de</strong> sarcoma <strong>de</strong><br />

Kaposi (15) .<br />

Outro método pouco estudado para <strong>avaliação</strong> do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi<br />

pulmo<strong>na</strong>r é a cintilografia seqüencial com Tálio e Gálio. Alguns estu<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong>monstraram a captação do Tálio e a não captação do Gálio pelas lesões<br />

pulmo<strong>na</strong>res do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi. No contexto da SIDA, <strong>de</strong>ve-se ress<strong>alta</strong>r que<br />

áreas do pulmão acometidas por processo infeccioso caracteristicamente não<br />

apresentam captação do tálio, e sim captação do gálio. O linfoma, que também é<br />

uma neoplasia freqüente <strong>na</strong> SIDA, apresenta tanto captação do Gálio como do<br />

Tálio (17,18) .<br />

Sendo assim, a cintilografia seqüencial com Tálio e Gálio é um método<br />

complementar que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> benefício para o diagnóstico do sarcoma <strong>de</strong><br />

Kaposi pulmo<strong>na</strong>r, e sua diferenciação das outras complicações pulmo<strong>na</strong>res da<br />

SIDA, como o linfoma e as infecções (17) .<br />

23


2.3.3- Acha<strong>dos</strong> Broncoscópicos<br />

Apesar das lesões endobrônquicas prece<strong>de</strong>rem a doença<br />

parenquimatosa, a incidência das mesmas é incerta. A presença <strong>de</strong> lesões <strong>na</strong><br />

árvore brônquica abaixo da cari<strong>na</strong> é sempre acompanhada por doença<br />

parenquimatosa. A TCAR é um método com baixa sensibilida<strong>de</strong> para essas<br />

lesões (19,23,26,27) .<br />

O diagnóstico do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi traqueobrônquico é realizado<br />

através da visualização <strong>de</strong> placas pla<strong>na</strong>s ou elevadas, <strong>de</strong> coloração vermelha ou<br />

violácea, <strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> bifurcação da árvore traqueobrônquica. Quanto ao<br />

acometimento, este po<strong>de</strong> ser localizado ou difuso. O acometimento localizado é<br />

caracterizado pelo envolvimento <strong>de</strong> um brônquio segmentar <strong>de</strong> um único lobo ou da<br />

pare<strong>de</strong> da traquéia. O difuso é <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do quando encontram-se lesões<br />

simultâneas da traquéia e <strong>de</strong> um lobo, ou <strong>de</strong> um brônquio segmentar <strong>de</strong> dois ou<br />

mais lobos (11,13,19,35,38) . O achado broncoscópico <strong>de</strong> lesões características <strong>na</strong> árvore<br />

traqueobrônquica é suficiente para presumir o diagnóstico do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi,<br />

visto que muitas vezes, mesmo através da biópsia brônquica, a confirmação é<br />

difícil (19,23) .<br />

Gru<strong>de</strong>n e cols. (11) classificaram a extensão das lesões<br />

traqueobrônquicas em três graus. Grau 1 representa as lesões restritas à traquéia,<br />

24


epiglote ou laringe, sem lesões <strong>na</strong> cari<strong>na</strong> ou abaixo; grau 2 refere-se a lesões<br />

brônquicas, limitadas a três ou menos lobos pulmo<strong>na</strong>res (a língula foi consi<strong>de</strong>rada<br />

um lobo isolado); grau 3 consi<strong>de</strong>ra o acometimento difuso, extenso ou doença<br />

confluente em quatro ou mais lobos (11) .<br />

2.3.4- Acha<strong>dos</strong> Histopatológicos<br />

Os acha<strong>dos</strong> histológicos do sarcoma <strong>de</strong> Kaposi incluem dois<br />

componentes: um componente angiomatoso, resultante da neoangiogênese, e<br />

proliferação das células fusiformes que têm origem no endotélio e nos macrófagos,<br />

sendo consi<strong>de</strong>radas as células tumorais. As células fusiformes são infectadas pelos<br />

HHV-8. O outro componente é formado por infiltrado celular <strong>de</strong> macrófagos,<br />

linfócitos, mastócitos e neutrófilos (3,15, 21) .<br />

O padrão histopatológico é caracterizado por espaços vasculares<br />

dilata<strong>dos</strong> com pare<strong>de</strong>s fi<strong>na</strong>s, entremea<strong>dos</strong> por agrega<strong>dos</strong> <strong>de</strong> células fusiformes,<br />

contendo núcleos atípicos e mitoses ocasio<strong>na</strong>is. Essas células fusiformes,<br />

presentes no estroma, contêm espaços irregulares, em forma <strong>de</strong> fenda, cheios <strong>de</strong><br />

hemácias com <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> hemossi<strong>de</strong>ri<strong>na</strong> e revesti<strong>dos</strong> por endotélio, interliga<strong>dos</strong><br />

com ca<strong>na</strong>is vasculares normais (3,16,26,28,31,32) .<br />

25


O infiltrado <strong>de</strong> células neoplásicas dissemi<strong>na</strong>-se pelo interstício,<br />

seguindo uma rota linfática ao longo das bainhas peribrincovasculares, veias<br />

pulmo<strong>na</strong>res e superfícies pleurais. A partir <strong>de</strong>ssas regiões as células se esten<strong>de</strong>m<br />

como “tentáculos” para os septos alveolares adjacentes e enchem os alvéolos,<br />

formando nódulos ou massas sóli<strong>dos</strong> que po<strong>de</strong>m medir até 4 a 5cm (23,26,32) .<br />

26


3- PACIENTES, MATERIAL E MÉTODO<br />

3.1- Pacientes<br />

Neste trabalho foi realizado um estudo observacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong>scritivo<br />

retrospectivo das tomografias <strong>computadorizada</strong>s <strong>de</strong> <strong>alta</strong> <strong>resolução</strong> do tórax <strong>de</strong> 9<br />

pacientes com diagnóstico confirmado <strong>de</strong> sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r. O estudo<br />

foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa da UFRJ sob o número 089/06-<br />

CEP. Estes exames foram provenientes <strong>dos</strong> arquivos nosológicos <strong>de</strong> 4 instituições<br />

médicas diferentes, localizadas no estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro e do Paraná (quadro<br />

1). O diagnóstico foi confirmado através da associação <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> clínicos com<br />

acha<strong>dos</strong> da broncoscopia, anátomo-patológicos e radiológicos. Dentre os nove<br />

pacientes, to<strong>dos</strong> eram portadores da SIDA, sendo oito homossexuais do sexo<br />

masculino e uma mulher heterossexual.<br />

Quadro 1: Listagem <strong>dos</strong> pacientes<br />

Casos Procedência Sexo Ida<strong>de</strong><br />

1 HUPE-UERJ masculino 34<br />

2 HUAP-UFF masculino 34<br />

3 HUPE-UERJ masculino 36<br />

4 HUAP-UFF masculino 33<br />

5 HUCFF-UFRJ masculino 35<br />

6 HUCFF-UFRJ masculino 43<br />

7 HC-UFPR masculino 26<br />

8 HC-UFPR masculino 52<br />

9 HUCFF-UFRJ feminino 40<br />

HUPE-UERJ: Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro; HUAP-UFF: Hospital<br />

Universitário Antônio Pedro, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense, Niterói; HUCFF-UFRJ: Hospital Universitário Clementino<br />

Fraga Filho, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro; HC-UFPR: Hospital das Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná,<br />

Curitiba.<br />

27


Os pacientes foram incluí<strong>dos</strong> no estudo após exaustiva <strong>avaliação</strong><br />

clínica, laboratorial e radiológica, com o intuito <strong>de</strong> afastar outras doenças<br />

associadas.<br />

3.2- Método<br />

As tomografias foram realizadas em tomógrafos diferentes, mas em<br />

to<strong>dos</strong> os pacientes foi feita a técnica <strong>de</strong> <strong>alta</strong> <strong>resolução</strong>, utilizando-se algoritmo <strong>de</strong><br />

reconstrução <strong>de</strong> <strong>alta</strong> <strong>resolução</strong> espacial. As imagens foram obtidas com cortes<br />

axiais <strong>de</strong> 1 a 2mm <strong>de</strong> espessura e 10mm <strong>de</strong> incremento, feitos em inspiração<br />

profunda, com filtro <strong>de</strong> <strong>alta</strong> <strong>resolução</strong> espacial para reconstrução das imagens (filtro<br />

<strong>de</strong> osso), utilizando 120 kV e 200mA, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os ápices até as bases pulmo<strong>na</strong>res.<br />

Os exames foram registra<strong>dos</strong> em janela <strong>de</strong> parênquima, com largura entre 1000 e<br />

1500 Unida<strong>de</strong>s Hounsfield (UH) e centro entre –650 e –750 UH. Foram registra<strong>dos</strong><br />

também em janela para o mediastino, com largura entre 350-400 UH e centro entre<br />

40 e 60 UH.<br />

Os exames foram a<strong>na</strong>lisa<strong>dos</strong> por dois observadores, <strong>de</strong> forma<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, e os casos discordantes foram resolvi<strong>dos</strong> por consenso. O estudo<br />

incluiu a <strong>avaliação</strong> do parênquima pulmo<strong>na</strong>r quanto à presença <strong>de</strong> espessamento<br />

do interstício axial, ao longo das bainhas peribroncovasculares, nódulos com<br />

margens mal <strong>de</strong>finidas, espessamento <strong>dos</strong> septos interlobulares, cissura nodular,<br />

nódulos centrolobulares, consolidações e áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco. Os<br />

critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>stes acha<strong>dos</strong> são aqueles <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> no Glossário <strong>de</strong> Termos<br />

28


da Socieda<strong>de</strong> Fleischner (4) e a terminologia utilizada é aquela apresentada no<br />

consenso <strong>de</strong> terminologia do Colégio Brasileiro <strong>de</strong> Radiologia (34) , adotado também<br />

pela Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Tisiologia e Pneumologia (29) .<br />

Em relação ao padrão das alterações, consolidação foi <strong>de</strong>finida como<br />

aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do parênquima pulmo<strong>na</strong>r, mais freqüentemente homogêneo,<br />

po<strong>de</strong>ndo manifestar-se <strong>de</strong> forma heterogênea, que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> a perda da superfície<br />

<strong>de</strong> contraste <strong>na</strong>tural entre o ar <strong>dos</strong> espaços aéreos e o tecido <strong>dos</strong> vasos ou das<br />

pare<strong>de</strong>s brônquicas, tor<strong>na</strong>ndo os vasos imperceptíveis no interior da zo<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />

consolidação; opacida<strong>de</strong> em vidro fosco como aumento discreto da atenuação do<br />

parênquima pulmo<strong>na</strong>r não associado a obscurecimento <strong>dos</strong> vasos e pare<strong>de</strong>s das<br />

vias aéreas, seja por comprometimento <strong>dos</strong> interstícios ou por preenchimento<br />

parcial <strong>dos</strong> espaços aéreos; ou, alter<strong>na</strong>tivamente, por colapso parcial <strong>dos</strong> espaços<br />

aéreos, por inspiração insatisfatória ou por mecanismos diversos (4,29,34) .<br />

O espessamento <strong>dos</strong> septos interlobulares é caracterizado por<br />

opacida<strong>de</strong> linear fi<strong>na</strong> correspon<strong>de</strong>nte ao septo interlobular, po<strong>de</strong>ndo ser lisa,<br />

irregular ou nodular; o espessamento do interstício axial como sendo uma<br />

opacida<strong>de</strong> linear correspon<strong>de</strong>nte ao interstício peribroncovascular que reveste os<br />

brônquios e as artérias pulmo<strong>na</strong>res, po<strong>de</strong>ndo ser liso, irregular ou nodular; nódulo<br />

como uma opacida<strong>de</strong> arredondada, mo<strong>de</strong>radamente bem margi<strong>na</strong>da e não maior<br />

do que 3cm no diâmetro maior (4,29,34) . A presença <strong>de</strong> nódulos com margens<br />

29


irregulares ou mal <strong>de</strong>finidas foi pesquisada, avaliando inclusive sua distribuição em<br />

relação ao interstício peribroncovascular.<br />

Os nódulos centrolobulares são caracteriza<strong>dos</strong> por sua distribuição<br />

central em relação às estruturas do lóbulo pulmo<strong>na</strong>r secundário. Nódulos do espaço<br />

aéreo são <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> como a presença <strong>de</strong> nódulos ocupando o espaço interno <strong>dos</strong><br />

alvéolos, ductos e sacos alveolares (29,34) .<br />

Na análise das pleuras, foi avaliada a presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrame pleural,<br />

assim como o achado <strong>de</strong> nodularida<strong>de</strong> do interstício subpleural adjacente às<br />

fissuras. As fissuras são <strong>de</strong>finidas como sendo uma opacida<strong>de</strong> linear com 1mm ou<br />

menos <strong>de</strong> espessura, que correspon<strong>de</strong>, em posição e extensão, à separação<br />

a<strong>na</strong>tômica <strong>dos</strong> lobos pulmo<strong>na</strong>res ou porções <strong>dos</strong> lobos. Quando acometida por<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>dos</strong> processos patológicos, ela po<strong>de</strong> apresentar-se <strong>de</strong> aspecto nodular,<br />

per<strong>de</strong>ndo parcial ou totalmente sua linearida<strong>de</strong> (4,29,34) .<br />

30


4- RESULTADOS<br />

4.1- Aspectos epi<strong>de</strong>miológicos<br />

Foram estuda<strong>dos</strong> os casos <strong>de</strong> nove pacientes, oito homens e uma<br />

mulher, com diagnóstico <strong>de</strong> sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r e SIDA. A faixa etária<br />

variou entre 26 e 52 anos, com média <strong>de</strong> 37 anos (gráfico 1).<br />

Gráfico 1: Distribuição por faixa etária<br />

Número <strong>de</strong> pacientes<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

0 0<br />

1<br />

Distribuição por faixa etária<br />

Faixa etária<br />

5<br />

2<br />

1<br />

31<br />

0 a 9 anos<br />

10 a 19 anos<br />

20 a 29 anos<br />

30 a 39 anos<br />

40 a 49 anos<br />

50 a 59 anos


4.2- Aspectos Tomográficos<br />

Na TCAR do tórax o achado mais encontrado foi o espessamento do<br />

interstício axial, comprometendo as bainhas peribroncovasculares (Figuras<br />

1,2,3,4,5,6,7 e 8). Este aspecto foi observado em to<strong>dos</strong> os pacientes (100%).<br />

O espessamento <strong>dos</strong> septos interlobulares (Figuras 1,3,4,6 e 8) e<br />

nódulos <strong>de</strong> margens irregulares (Figuras 1,4,5,6 e 7) foram constata<strong>dos</strong> em cinco<br />

pacientes (55,5%).<br />

A associação <strong>de</strong> espessamento do interstício axial, comprometendo as<br />

bainhas peribroncovasculares com nódulos <strong>de</strong> margens irregulares e com<br />

espessamento <strong>dos</strong> septos interlobulares (Figuras 1,4 e 6), foi encontrada em três<br />

(33,3%) pacientes.<br />

O <strong>de</strong>rrame pleural (Figuras 4,6,7 e 8) foi evi<strong>de</strong>nciado em cinco<br />

pacientes (55,5%), sendo bilateral em to<strong>dos</strong> eles, <strong>de</strong> pequeno volume e sempre<br />

acompanhado <strong>de</strong> doença parenquimatosa.<br />

Nodulações ao longo das cissuras (cissuras nodulares) (Figuras 1,4,5<br />

e 6) foram observadas em 4 pacientes (44,4%).<br />

32


Nódulos centrolobulares (Figuras 1 e 6), áreas <strong>de</strong> consolidação<br />

(Figuras 5 e 7) e áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco esparsas (Figura 5) foram<br />

observa<strong>dos</strong> em dois casos cada (22,2%).<br />

Estreitamento irregular da luz <strong>de</strong> brônquios (Figura 2) e nódulos do<br />

espaço aéreo (Figura 5) foram vistos em um paciente cada (11,1%).<br />

Foi encontrado, em um paciente (11,1%), o padrão <strong>de</strong> “pavimentação<br />

em mosaico”, caracterizado por áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco superpostas a<br />

espessamento <strong>dos</strong> septos interlobulares e intralobulares (Figura 9).<br />

Quanto à distribuição das lesões pelo parênquima pulmo<strong>na</strong>r, elas<br />

predomi<strong>na</strong>ram nos terços médio e inferior, distribuição esta constatada em seis<br />

pacientes (66, 6%).<br />

Os acha<strong>dos</strong> tomográficos estão representa<strong>dos</strong> no gráfico 2, sendo que<br />

no quadro 2 estão eles individualiza<strong>dos</strong> por paciente.<br />

33


10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Gráfico 2: Distribuição por acha<strong>dos</strong> tomográficos<br />

espessamento do interstício<br />

axial<br />

espessamento <strong>dos</strong> septos<br />

interlobulares<br />

nódulos <strong>de</strong> margens<br />

irregulares<br />

<strong>de</strong>rrame pleural<br />

cissuras nodulares<br />

nódulos centrolobulares<br />

consolidação<br />

estreitamento irregular da luz<br />

<strong>de</strong> brônquios<br />

atenuação em vidro fosco<br />

nódulos do espaço aéreo<br />

pavimentação em mosaico<br />

34


Quadro 2: Acha<strong>dos</strong> tomográficos individualiza<strong>dos</strong> por paciente<br />

Caso<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

Acha<strong>dos</strong> Tomográficos<br />

Espessamento do interstício axial e <strong>dos</strong> septos interlobulares. Nódulos<br />

com margens irregulares. Nódulos centrolobulares. Cissura nodular.<br />

Pequeno <strong>de</strong>rrame pleural bilateral, maior à direita.<br />

Espessamento do interstício axial, ao longo da bainha<br />

peribroncovascular. Estreitamento irregular da luz <strong>de</strong> brônquios.<br />

Espessamento do interstício axial e <strong>de</strong> septos interlobulares no lobo<br />

inferior direito.<br />

Espessamento do interstício axial e <strong>de</strong> septos interlobulares. Nódulos<br />

com margens irregulares. Cissura nodular. Derrame pleural bilateral<br />

pequeno.<br />

Espessamento do interstício axial. Nódulos com margens irregulares.<br />

Consolidação, nódulos do espaço aéreo e áreas <strong>de</strong> vidro-fosco<br />

póstero-inferiores. Cissura nodular.<br />

Espessamento do interstício axial e <strong>dos</strong> septos interlobulares. Nódulos<br />

com margens irregulares. Nódulos centrolobulares. Cissura nodular.<br />

Derrame pleural bilateral, maior à direita.<br />

Espessamento do interstício axial. Nódulos com margens irregulares.<br />

Derrame pleural bilateral. Consolidações, por confluência <strong>de</strong> nódulos.<br />

Áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco esparsas.<br />

Espessamento do interstício axial e <strong>dos</strong> septos interlobulares.<br />

Derrame<br />

pleural bilateral.<br />

Áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco com espessamento <strong>de</strong> septos<br />

interlobulares e intralobulares bilaterais, configurando padrão em<br />

“pavimentação em mosaico”. Espessamento do interstício axial<br />

peribroncovascular. Derrame pleural bilateral pequeno.<br />

35


5- DISCUSSÃO<br />

O sarcoma <strong>de</strong> Kaposi nos pacientes com SIDA manifesta-se <strong>de</strong><br />

forma agressiva e sistêmica, envolvendo órgãos viscerais em até 50% <strong>dos</strong><br />

casos (16) . De acordo com a literatura a<strong>na</strong>lisada, a incidência do acometimento<br />

pulmo<strong>na</strong>r é variável, visto que alguns autores relataram freqüência entre 18 a<br />

47% (11) , chegando, em alguns trabalhos, até a 65%, usualmente precedido pelo<br />

envolvimento cutâneo e visceral (26,33) .<br />

A partir da introdução da terapia antiretroviral efetiva, <strong>na</strong> década <strong>de</strong><br />

90, o SK associado a SIDA apresentou consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>clínio, sendo constata<strong>dos</strong><br />

percentuais inferiores a 20% (2,7) , em comparação com os da<strong>dos</strong> do início da<br />

década <strong>de</strong> 80, quando <strong>de</strong>flagrou-se a epi<strong>de</strong>mia, que chegou a freqüências <strong>de</strong> até<br />

40% (2,31) . Contudo, o SK permanece sendo a neoplasia mais freqüente nesse<br />

grupo <strong>de</strong> pacientes, acometendo notadamente homossexuais do sexo<br />

masculino (2,7,31) .<br />

As diversas comorbida<strong>de</strong>s associadas com a SIDA, a baixa suspeição<br />

diagnóstica e o quadro clínico inespecífico limitam o diagnóstico precoce do SK<br />

pulmo<strong>na</strong>r. Portanto, a TCAR do tórax é um método complementar eficaz, à medida<br />

44


em que fornece subsídios para a distinção entre as variadas complicações<br />

pulmo<strong>na</strong>res, caracterizando <strong>de</strong> forma bastante direta os processos patológicos (26,28) .<br />

A eficácia da TCAR foi bem <strong>de</strong>monstrada em estudo realizado com 34 pacientes<br />

portadores da SIDA, on<strong>de</strong> a confiança <strong>dos</strong> exami<strong>na</strong>dores em optar pelo SK como<br />

primeira hipótese diagnóstica chegou a 91% (31 <strong>dos</strong> 34 pacientes) (14) .<br />

Dentre os nove pacientes estuda<strong>dos</strong> neste trabalho, to<strong>dos</strong> tinham diagnóstico<br />

<strong>de</strong> sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r e SIDA, sendo oito homossexuais do sexo<br />

masculino e uma mulher heterossexual. A ida<strong>de</strong> variou <strong>de</strong> 26 a 52 anos, com média<br />

<strong>de</strong> 37 anos.<br />

Ao comparar nossa casuística com a encontrada <strong>na</strong> literatura,<br />

observa-se concordância em relação a incidência do acometimento quanto ao<br />

sexo e ao comportamento sexual <strong>dos</strong> pacientes, bem como a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Portanto os homossexuais do sexo masculino possuem maior chance <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolverem o SK durante a evolução da SIDA, quando compara<strong>dos</strong> a<br />

pacientes infecta<strong>dos</strong> pelo HIV através do uso <strong>de</strong> drogas injetáveis ou mediante<br />

relações heterossexuais (11,13,17,18,26,28,35,37) . Esse fato é corroborado por da<strong>dos</strong><br />

epi<strong>de</strong>miológicos, que evi<strong>de</strong>nciaram o papel primordial da infecção pelo HHV-8 <strong>na</strong><br />

patogênese do SK e da constatação do mesmo ser transmitido principalmente por<br />

via sexual. Além disso, a prevalência da infecção pelo HHV-8 nos homens<br />

homossexuais está diretamente relacio<strong>na</strong>da ao número <strong>de</strong> parceiros, à prática do<br />

45


sexo a<strong>na</strong>l receptivo, do sexo oro-a<strong>na</strong>l, bem como com associação com outras<br />

doenças sexualmente transmissíveis (2,6,31) . Por último, somente 10% <strong>dos</strong> usuários<br />

<strong>de</strong> drogas injetáveis e 4% <strong>dos</strong> hemofílicos com SIDA <strong>de</strong>senvolveram a<br />

neoplasia (2,6,31) .<br />

As manifestações tomográficas <strong>dos</strong> pacientes com SK pulmo<strong>na</strong>r são<br />

variáveis e freqüentemente encontra-se associação <strong>de</strong><br />

acha<strong>dos</strong> (11,13,15,16,24,25,26,28,35,37) . Esse aspecto também foi evi<strong>de</strong>nciado em nosso<br />

trabalho, sendo o mais freqüente o espessamento do interstício axial<br />

peribroncovascular, juntamente com o espessamento septal e os nódulos com<br />

margens irregulares, encontra<strong>dos</strong> em três (33,3%) pacientes.<br />

Dentre os padrões encontra<strong>dos</strong>, o mais comum foi o espessamento<br />

do interstício axial peribroncovascular, presente em to<strong>dos</strong> os pacientes (100%),<br />

bastante característico do SK e <strong>de</strong>scrito anteriormente por vários<br />

autores (16,23,24,25,26,35,37) . Este percentual foi mais elevado do que o encontrado <strong>na</strong><br />

maior parte <strong>dos</strong> trabalhos <strong>na</strong> literatura. O espessamento resulta da expansão do<br />

infiltrado celular ao longo das bainhas peribroncovasculares, das veias<br />

pulmo<strong>na</strong>res e das superfícies pleurais (16,23,35,37) .<br />

A incidência do espessamento <strong>dos</strong> septos interlobulares, assim<br />

como <strong>dos</strong> nódulos com margens irregulares, ambos i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> em cinco<br />

46


pacientes (55,5%), é muito variável <strong>na</strong> literatura a<strong>na</strong>lisada, visto que encontramos<br />

relatos <strong>de</strong> espessamento septal que variam entre 28 a 86%, e <strong>de</strong> nódulos com<br />

margens irregulares variando <strong>de</strong> 79 a 100% (16,26,35,37) .<br />

Trabalhos <strong>na</strong> literatura sugerem que em pacientes com SIDA, <strong>na</strong><br />

presença <strong>de</strong> nódulos com margens irregulares, sejam estes múltiplos ou únicos, o<br />

SK é a principal causa (8,15,35) . A caracterização <strong>de</strong> uma distribuição <strong>dos</strong> nódulos<br />

ao longo das bainhas peribroncovasculares aumenta ainda mais a especificida<strong>de</strong><br />

para o diagnóstico <strong>de</strong>sta neoplasia, em lugar das outras possíveis<br />

comorbida<strong>de</strong>s (15,35) . Os nódulos com margens irregulares correspon<strong>de</strong>m a áreas<br />

<strong>de</strong> proliferação do tumor no interstício com invasão <strong>dos</strong> espaços alveolares<br />

adjacentes. Já o espessamento <strong>dos</strong> septos interlobulares provavelmente resulta<br />

da dissemi<strong>na</strong>ção do tumor pelos vasos linfáticos pulmo<strong>na</strong>res ou do e<strong>de</strong>ma<br />

secundário à obstrução linfática central (23,26,35) .<br />

Outro aspecto observado em nossa casuística foi o <strong>de</strong>rrame pleural,<br />

evi<strong>de</strong>nciado em cinco (55,5%) pacientes. Os da<strong>dos</strong> referentes à freqüência <strong>de</strong>ste<br />

achado, <strong>na</strong> literatura, variam entre 28 e 76%. Os cinco (55,5%) pacientes<br />

apresentaram <strong>de</strong>rrame pleural <strong>de</strong> pequeno volume, bilateral e sempre<br />

acompanhado <strong>de</strong> doença parenquimatosa, estando esses aspectos em<br />

concordância com a literatura (16,24,25,26,28,35,37) . A presença <strong>de</strong> doença subpleural<br />

po<strong>de</strong> fazer parte do processo fisiopatológico do <strong>de</strong>rrame pleural, porém o<br />

47


mecanismo ainda não está claro (14) . No estudo <strong>de</strong> Khalil e cols. (16) 29 pacientes<br />

(55%) apresentaram <strong>de</strong>rrame pleural, e em dois <strong>de</strong>les foi constatado quilotórax<br />

após a realização da toracocentese, sugerindo-se a hipótese <strong>de</strong> linfe<strong>de</strong>ma como<br />

causa.<br />

Quanto à presença <strong>de</strong> nodulação ao longo das cissuras, observada em<br />

quatro (44,4%) pacientes, somente dois autores <strong>de</strong>screveram este achado,<br />

encontrado em 50% <strong>dos</strong> pacientes no estudo <strong>de</strong> Marchiori e cols. (26) e em 100% no<br />

<strong>de</strong> Traill e cols. (35) . Estes últimos autores sugeriram que este achado representa a<br />

dissemi<strong>na</strong>ção perilinfática da neoplasia (26,35) .<br />

Áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco foram evi<strong>de</strong>nciadas em dois<br />

pacientes (22,2%) do nosso estudo. Existem poucos trabalhos que mencio<strong>na</strong>m a<br />

presença <strong>de</strong>ste aspecto, e os mesmos são divergentes com relação à freqüência.<br />

O estudo realizado por Khalil e cols. (16) constatou áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro<br />

fosco em ape<strong>na</strong>s 3 (5,6%) <strong>dos</strong> 53 pacientes, sendo que em dois <strong>de</strong>stes foi<br />

encontrada hemorragia alveolar associada; no entanto, Traill e cols. (37) relataram a<br />

presença <strong>de</strong>ste padrão em 6 (40%) <strong>dos</strong> seus 15 pacientes.<br />

Outros acha<strong>dos</strong> pouco freqüentes incluem os nódulos do espaço<br />

aéreo, a presença <strong>de</strong> estreitamento irregular da luz <strong>de</strong> brônquios, nódulos<br />

48


centrolobulares e áreas <strong>de</strong> consolidação, encontra<strong>dos</strong> respectivamente em<br />

11,1%, 11,1%, 22,2%, e 22,2% <strong>dos</strong> pacientes da nossa casuística, sendo a<br />

literatura escassa com relação a da<strong>dos</strong> sobre a freqüência <strong>de</strong>stas alterações (35) .<br />

Foi evi<strong>de</strong>nciado, em um paciente do nosso estudo (11,1%), o padrão <strong>de</strong><br />

“pavimentação em mosaico”, caracterizado por áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco<br />

superpostas a espessamento <strong>de</strong> septos interlobulares e intralobulares. Este aspecto<br />

tomográfico resulta da expansão do infiltrado celular ao longo do interstício<br />

interlobular, peribroncovascular e subpleural, associado a áreas <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma e<br />

hemorragia alveolares. Não encontramos trabalhos <strong>na</strong> literatura que mencionem<br />

este achado em pacientes com sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r (22,36) .<br />

Nenhum <strong>dos</strong> pacientes do nosso trabalho apresentou<br />

linfonodomegalias, porém alguns autores relatam a presença <strong>de</strong>ste achado em<br />

percentuais variando <strong>de</strong> 15 a 50% (16,26,37) . Segundo a literatura, a maior parte das<br />

linfonodomegalias possui diâmetro no menor eixo inferior a 1cm, representando,<br />

provavelmente, ape<strong>na</strong>s um processo reacio<strong>na</strong>l, e não infiltração neoplásica (16,35) .<br />

49


6- CONCLUSÕES<br />

Basea<strong>dos</strong> <strong>na</strong> análise das tomografias <strong>computadorizada</strong>s <strong>de</strong> <strong>alta</strong> <strong>resolução</strong><br />

<strong>de</strong> 9 pacientes com SIDA e sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r, po<strong>de</strong>mos concluir que:<br />

1) As alterações mais freqüentes foram o espessamento do interstício<br />

axial ao longo das bainhas peribroncovasculares (100%), os nódulos com margens<br />

irregulares (55,5%) e o espessamento <strong>dos</strong> septos interlobulares (55,5%). A<br />

associação <strong>de</strong>sses acha<strong>dos</strong> em pacientes com SIDA é muito sugestiva do<br />

diagnóstico <strong>de</strong> sarcoma <strong>de</strong> Kaposi.<br />

2) Derrame pleural foi observado em 5 pacientes (55,5%). A<br />

presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrame pleural foi sempre acompanhada <strong>de</strong> doença<br />

parenquimatosa, sendo geralmente <strong>de</strong> pequeno volume e bilateral.<br />

3) A presença <strong>de</strong> nodulação ao longo das cissuras, observadas em<br />

quatro (44,4%) pacientes, foi <strong>de</strong>scrita somente por dois autores.<br />

4) Outros acha<strong>dos</strong> menos freqüentes foram as consolidações<br />

(22,2%), a presença <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> atenuação em vidro fosco (11,1%), nódulos<br />

50


centrolobulares e do espaço aéreo (11,1%) e estreitamento irregular da luz <strong>de</strong><br />

brônquios (11,1%).<br />

5) O padrão <strong>de</strong> “pavimentação em mosaico” foi encontrado em um<br />

paciente do nosso estudo (11,1%). Não existem relatos <strong>na</strong> literatura da <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>de</strong>ste aspecto em pacientes com sarcoma <strong>de</strong> Kaposi pulmo<strong>na</strong>r.<br />

51


7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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