T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
eminentemente religiosas - ensinavam a leitura (em latim) de algumas orações básicas<br />
necessárias à participação das crianças na liturgia católica e estas saiam da escola<br />
antes que pudessem 1er em francês.<br />
Porém, já que a grande maioria <strong>do</strong>s leitores jamais deixou relatos ou memórias<br />
nos quais pudéssemos apreender como e porquê essas pessoas liam no passa<strong>do</strong>, a<br />
terceira sugestão de Darnton é a de buscar-se os "muitos conheci<strong>do</strong>s relatos<br />
autobiográficos - aqueles de Santo Agostinho, Santa Tereza de Ávila, Montaigne,<br />
Rousseau e Stendhal, por exemplo - e passar para fontes menos familiares" como<br />
autobiografias escritas por pessoas <strong>do</strong> povo, como a <strong>do</strong> vidraceiro Jacques-Louis<br />
Ménétra, estudada por Daniel Roche. 62 Da mesma forma que a abordagem anterior,<br />
esta pode fornecer as evidências para a leitura no passa<strong>do</strong>.<br />
A quarta proposta de R. Darnton é a de aliar a história da leitura com a teoria<br />
literária, consideran<strong>do</strong> que ambas têm em comum a preocupação com a leitura. A<br />
principal contribuição da teoria literária à história da leitura reside na proposição de<br />
que o significa<strong>do</strong> de um livro é construí<strong>do</strong> por seus leitores e não pelo conteú<strong>do</strong><br />
propriamente dito. O estu<strong>do</strong> das formas que os autores utilizaram para conduzir a<br />
atenção <strong>do</strong> leitor, conjuga<strong>do</strong> com as propostas anteriores, pode proporcionar uma<br />
melhor compreensão <strong>do</strong> processo da leitura.<br />
Finalmente, Darnton propõe que se complete o estu<strong>do</strong> da leitura pela<br />
bibliografia analítica, ou seja, pelo estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> livro como objeto físico, variável<br />
conforme os usos que uma determinada cultura faz dele. Dessa forma, as mudanças<br />
editoriais de forma, volume e material podem determinar mudanças nas formas de<br />
leitura, na amplitude <strong>do</strong> alcance da obra, etc. Darnton utiliza o exemplo <strong>do</strong>s pequenos<br />
36