T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Assim, tornou-se possível fazer a história de uma instituição oficial sem ser<br />
necessária uma história institucional. A Biblioteca foi analisada a partir de seu acervo<br />
e, principalmente através de seus leitores. Foi também possível estudar hábitos de<br />
leitura a partir <strong>do</strong>s escritos <strong>do</strong>s leitores, estabelecen<strong>do</strong> vínculos com aquilo que eles<br />
leram na biblioteca e que foi transmiti<strong>do</strong> por seus escritos. Embora um grande<br />
universo de leitores fosse levanta<strong>do</strong>, poucos foram aqueles que permitiram<br />
conclusões sobre suas formas de leitura. Mas estes - como Raul Gomes, por exemplo<br />
- deixaram indícios de que as obras lidas na BPPR foram fundamentais para mudanças<br />
de opinião e atitude com relação à sexualidade e, no caso de Gomes, às relações de<br />
gênero.<br />
O que podemos verificar, nos estu<strong>do</strong>s sobre a leitura no passa<strong>do</strong>, é que há<br />
uma riqueza muito grande de fontes e possibilidades que, ao serem estudadas,<br />
permitem o acesso a diferenças culturais no tempo. Embora se tenha busca<strong>do</strong> um<br />
modelo de como a leitura era feita, mesmo essas situações modelares eram permeadas<br />
por nuances variadas. Os diferentes usos desenvolvi<strong>do</strong>s para a leitura mostram que a<br />
diversidade é um conceito fundamental para sua compreensão. A história da leitura,<br />
nas formas que os historia<strong>do</strong>res acima buscaram escrevê-la, é a busca por essas<br />
diferenças e suas implicações nas sociedades que as forjaram culturalmente.<br />
É devi<strong>do</strong> a esta riqueza que a história da leitura pode contribuir para a históra<br />
cultural, seja ela compreendida no senti<strong>do</strong> que lhe atribui R. Darnton, como o "estu<strong>do</strong><br />
da cultura no senti<strong>do</strong> antropológico, incluin<strong>do</strong> visões de mun<strong>do</strong> e mentalités<br />
coletivas" 52 seja na acepção de uma "Nova História" que se interessa "por<br />
52 DARNTON, The kiss of ¿amourette... p. 207.<br />
32