T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
cultura e de símbolo deveriam ser utiliza<strong>do</strong>s pelo historia<strong>do</strong>r. 32 Consideran<strong>do</strong> o<br />
universo cultural como eminentemente simbólico, e que toda expressão individual<br />
existe dentro de um "idioma geral", um quadro cultural que fornece a estrutura para o<br />
pensamento e as visões de mun<strong>do</strong>, Darnton quer que o historia<strong>do</strong>r busque as leituras<br />
(de cidades e rituais, da mesma forma que da palavra impressa) no ponto de maior<br />
opacidade no <strong>do</strong>cumento, ou seja, aquele no qual não seja mais possível compreender<br />
o significa<strong>do</strong> de "um provérbio, uma piada, um ritual ou um poema". 33 Chartier<br />
construirá sua critica a Darnton sobre os pontos específicos <strong>do</strong> símbolo e da cultura.<br />
As perguntas que Chartier coloca são l)"como pode-se postular que as formas<br />
simbólicas são organizadas em um 'sistema'?" Para ele uma tal idéia apagaria as<br />
diferenças culturais nas diversas clivagens da sociedade francesa (<strong>do</strong> Andén Regime),<br />
diferenças essas que não permitem supor que 2) "havia uma cultura simbólica que<br />
podia englobar as outras e propor um sistema de símbolos aceito por to<strong>do</strong>s?" 34 Ainda<br />
que as respostas que Chartier apresente não sejam absolutamente satisfatórias, ele<br />
coloca em discussão o problema da polissemia <strong>do</strong> símbolo a partir da perspectiva<br />
acima, qual seja a de questionar a validade das generalizações de Darnton quanto aos<br />
significa<strong>do</strong>s e elementos cômicos <strong>do</strong> massacre de gatos, por ele estuda<strong>do</strong>, para<br />
aqueles que o perpetraram. Para Darnton, é exatamente nessa ampla gama de<br />
significa<strong>do</strong>s possíveis que reside a compreensão da "natureza sobredeterminada <strong>do</strong><br />
massacre [de gatos], na qual os trabalha<strong>do</strong>res se empenharam em uma espécie de<br />
bricolage de elementos preexistentes no repertório cultural: feitiçaria, carnaval,<br />
32 CHARTIER, Textos, símbolos p. 16-19; DARNTON, Robert. History and Anthropology.<br />
In: . The kiss of Lamourette; reflections in cultural history. New York: Norton, 1990, p.329-<br />
353.<br />
33 DARNTON, O grande massacre de gatos..., p. XIV-XV.<br />
25