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T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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serem apreendidas <strong>do</strong>s "como" e "porquê" da leitura no passa<strong>do</strong>. A dificuldade<br />

reside, para além das esparsas fontes, no desconhecimento <strong>do</strong> processo interno<br />

através <strong>do</strong> qual as palavras impressas são compreendidas pelo leitor. Para Darnton, a<br />

leitura não é mera alfabetização, ou seja, capacidade de 1er, mas é também uma<br />

maneira culturalmente variável de estabelecer significa<strong>do</strong>, e é nisso que reside a<br />

especificidade e importância de fazer-se a história da leitura.<br />

Darnton afirma que:<br />

20<br />

a leitura tem uma história. Não foi sempre e em toda a parte a mesma.<br />

Podemos pensar nela como um processo direto de se extrair<br />

informação de uma página; mas se a considerássemos um pouco mais,<br />

concordaríamos que a informação deve ser esquadrinhada, retirada e<br />

interpretada. Os esquemas interpretativos pertencem a configurações<br />

culturais, que têm varia<strong>do</strong> enormemente através <strong>do</strong>s tempos. Como<br />

nossos ancestrais viviam em mun<strong>do</strong>s mentais diferentes, devem ter<br />

li<strong>do</strong> de forma diferente, e a história da leitura pode ser tão complexa,<br />

de fato, quanto a história <strong>do</strong> pensamento. 20<br />

Porém, não há caminhos diretos ou atalhos para a história da leitura. A<br />

relação entre leitor e texto não deve ser reduzida a uma cronologia das variações. Em<br />

seus trabalhos, Darnton resenha os estu<strong>do</strong>s sobre "quem lê o que" a partir de duas<br />

abordagens, uma macro e uma microanalítica. Os historia<strong>do</strong>res franceses,<br />

principalmente os oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grupo Livre et société, dedicaram-se principalmente à<br />

macroanálise, realizan<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s a partir de inventários, testamentos e catálogos de<br />

feiras de livros, por exemplo. Desta produção podemos destacar o já cita<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> de<br />

Febvre e Martin sobre o aparecimento <strong>do</strong> livro, em que os autores apresentam um<br />

panorama <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> da impressão e <strong>do</strong> comércio <strong>do</strong> livro na Europa (particularmente<br />

na França): Ainda que os leitores não sejam estuda<strong>do</strong>s, trabalhos como o de Febvre e<br />

Martin lançaram as bases para estu<strong>do</strong>s da leitura e <strong>do</strong> livro como bem de consumo. 2 '<br />

20 Ibid., p. 233.<br />

21 FEBVRE, & MARTIN, O aparecimento <strong>do</strong> livro...

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