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T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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criar longas séries de informação homogênea, repetitiva e<br />

comparável. 11<br />

É isso que Robert Darnton chama de tentativa francesa de "medir<br />

comportamentos através da contagem" e que ele critica na proposta de Pierre Chaunu<br />

de uma "história serial ao terceiro nível". 12 Isso, alia<strong>do</strong> ao "tu<strong>do</strong> deriva da curva", 13<br />

de Labrousse, unificou as preocupações <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res <strong>do</strong> livro naquele perío<strong>do</strong>.<br />

Chartier, embora defenden<strong>do</strong> a tradição <strong>do</strong>s Annates, reitera as limitações <strong>do</strong><br />

quantitativismo e aponta caminhos:<br />

IB<br />

Uma quantificação que reifica o que está conti<strong>do</strong> no pensamento foi<br />

criticada como ilusória, já que supõe-se que ou as entidades culturais e<br />

intelectuais estão imediatamente disponíveis em objetos quantificáveis,<br />

ou que o pensamento coletivo deve ser capta<strong>do</strong> em suas expressões<br />

mais repetitivas e menos pessoais, reduzi<strong>do</strong> assim a um limita<strong>do</strong><br />

conjunto de fórmulas a serem estudadas meramente como presentes<br />

em uma dada sociedade em número maior ou menor. Para combater<br />

esse reducionismo <strong>do</strong>s pensamentos a objetos ou a "objetivações" -<br />

para ir contra um sociologismo simplista que estabelece<br />

correspondências estritas entre os vários níveis sociais e formas<br />

culturais - surgiu uma definição da história primordialmente sensível<br />

às desigualdades na apropriação de materiais ou práticas comuns. 14<br />

A necessidade para uma história "<strong>do</strong> ato ou atos de leitura" surgiu como a<br />

extensão inevitável da história <strong>do</strong> livro devi<strong>do</strong> a <strong>do</strong>is des<strong>do</strong>bramentos<br />

meto<strong>do</strong>lógicos. 15 Segun<strong>do</strong> Chartier, o acúmulo de trabalhos - na tradição francesa 16 -<br />

passou a permitir a visão de uma "síntese que ligue a oficina de impressão, os<br />

11 CHARTIER, Roger. Frenchness in the History of the boot, from the history of publishing to the<br />

history of reading. Worchester: American Antiquarian Society, 1988, p. 7-8.<br />

12 DARNTON, O grande massacre de gatos..., p. 330. Sobre o uso da história quantitativa nessa<br />

abordagem ver: BURKE, Peter. A escola <strong>do</strong>s Annales-, a revolução francesa da historiografia. São<br />

Paulo: Edunesp, 1992, p.88-93.<br />

13 A "curva" a que se refere o texto cita<strong>do</strong> é a curva estatística, estabelecida em gráficos elabora<strong>do</strong>s<br />

com da<strong>do</strong>s relativos a perío<strong>do</strong>s bastante longos, nos quais se observam mudanças no comportamento<br />

em estu<strong>do</strong> pelo historia<strong>do</strong>r quantitativo.<br />

14 CHARTER, Roger. Textos, símbolos e o espírito francês. História: Questões e Debates 13 (24).<br />

Curitiba, jul., dez./ 1996, p. 15.<br />

15 CHARTIER, Frenchness in the History of the book..., p.14.<br />

16 Inclusive a tradição abraçada pelo próprio Chartier, que alia os trabalhos <strong>do</strong>s Annales com<br />

preocupações provocadas pelas obras de Michel Foucault e Michel de Certeau.

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