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T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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psicologia, psicanálise (a leitura sen<strong>do</strong> uma atividade "econômica, no senti<strong>do</strong><br />

psicanalítico <strong>do</strong> termo") 6<br />

Talvez o questionamento inicial da escritora e crítica literária Elizabeth<br />

Hardwick, ao escrever sobre o assunto, elucide as dificuldades em que essa discussão<br />

se enreda:<br />

16<br />

Leitura? Que tipo de matéria é essa? Há "índices de leitura", e<br />

"minhas leituras juvenis", e "leitura <strong>do</strong> futuro". Há neurologia e<br />

pedagogia e lingüística e dislexia e leitura de lábios. E há ainda a<br />

simples leitura para informação e prazer - de fato nada simples.<br />

Ao escrever sobre a leitura, impõe-se mais leitura [...] Virtude e prazer<br />

estão liga<strong>do</strong>s a nossa matéria. Virtude que lhe é conferida de fora, e o<br />

prazer de ser subjetiva. Não parece adequa<strong>do</strong> assumir um tom<br />

legislativo para invadir, pela censura ou aconselhamento, esse ato<br />

solitário, priva<strong>do</strong>. 7<br />

A história da leitura deve lidar com questões tão variadas e complexas quanto<br />

estas, mas sua origem é diversa daquela específica da literatura que suscita os<br />

conceitos e discussões acima. Ela é, antes de tu<strong>do</strong>, oriunda <strong>do</strong>s trabalhos<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s em torno da história da produção e difusão <strong>do</strong> livro. Portanto, a<br />

história da leitura é também, em essência, a história <strong>do</strong> livro, já que sua origem na<br />

historiografia recente pode ser traçada até a obra seminal de Henry-Jean Martin e<br />

Lucién Febvre sobre O aparecimento <strong>do</strong> livro* Esse tipo de história também pode ser<br />

chama<strong>do</strong> "de história social e cultural da comunicação impressa [...] porque seu<br />

6 "O ato de 1er ocupa todas as principais instituições da mente: prova o id ao simular a satisfação <strong>do</strong>s<br />

instintos, lisonjeia o ego com belezas formais, aplaca o superego ao incluir o leitor numa<br />

comunidade moral invisível em que é feita justiça aos maus e aos inocentes (o que satisfaria a mais<br />

persegui<strong>do</strong>ra das consciências) em que o sofrimento assola a to<strong>do</strong>s como parte da condição humana.<br />

Os prazeres trazi<strong>do</strong>s pela leitura advêm <strong>do</strong> fato de ser uma atividade econômica, no senti<strong>do</strong><br />

psicanalítico <strong>do</strong> termo: ela encena, com um gasto de energia bem inferior ao que seria exigi<strong>do</strong> pela<br />

ação na realidade, aventuras esplêndidas e prazeres proibi<strong>do</strong>s, e tu<strong>do</strong> com pouquíssimo risco para o<br />

consumi<strong>do</strong>r". GAY, Peter. A experiência burguesa da Rainha Vitória a Freud; a paixão terna. São<br />

Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 145.<br />

7 HARDWICK, Elisabeth. Reading. Daedalus 112 (1), winter, 1983, p. 13.<br />

8 FEBVRE, Lucién & MARTIN, Henry-Jean. O aparecimento <strong>do</strong> livro. São Paulo: Editora da<br />

<strong>Universidade</strong> Estadual Paulista/Hucitec, 1992.

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