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T - DENIPOTI, CLAUDIO.pdf - Universidade Federal do Paraná

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leitor a descrever suas impressões foi Rocha Pombo, em sua leitura <strong>do</strong> romance A<br />

Carne, mencionada acima. Pombo descreveu seu percurso de leitura com bastante<br />

precisão, demonstran<strong>do</strong> as emoções mistas que a obra lhe despertou:<br />

172^<br />

Quan<strong>do</strong> li as primeiras páginas <strong>do</strong> livro de Julio Ribeiro, senti-me<br />

arrebata<strong>do</strong> de enthusiasmo pelo grande talento <strong>do</strong> autor. De perío<strong>do</strong> a<br />

perío<strong>do</strong> eu intercalava umas interjeições que bem significavam a<br />

minha alegria por ter uma prova tão brilhante de que meu paiz já não<br />

tinha que invejar ao velho Portugal, com toda a sua opulenta geração<br />

de grandes homens. A algum amigo cheguei mesmo a dizer que já<br />

estava orgulhoso de poder oppor um igual a Eça de Queiroz. Continuei<br />

a leitura, com um interesse que eu mesmo estranhava. Do capítulo<br />

XIII em diante comecei a suspeitar que o talento <strong>do</strong> autor tivesse de<br />

cahir adiante, pois ele subira muito. O capítulo immediato feriu-me.<br />

Mas de pé, ainda, alevanta<strong>do</strong>, o romancista se me apresentava cada<br />

vez mais admirável através daquellas páginas scintillantes, de<br />

immaculada correção e de elegancia infinita.<br />

Julio Ribeiro porém, deu-me bem cara essa admiração, esse prazer,<br />

esse orgulho que me fez sentir. Fez-me pagar tu<strong>do</strong> com uma decepção<br />

tremenda. Vingou-se com uma crueldade incrível, com uma espécie de<br />

brutalidade genial que arrepiou-me até a raiva... 167<br />

Falamos, há pouco, sobre a leitura que o crítico Nestor Victor fez das obras<br />

de Emile Zola, e como ele esperava ver essas emoções em outros leitores. Zola foi, de<br />

resto, um autor bastante li<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong>, conforme o grande número de alusões feitas<br />

a ele durante to<strong>do</strong> este texto - alusões estas que são freqüentes no material<br />

pesquisa<strong>do</strong>. Um outro de seus leitores, o crítico literário Andrade Muricy, nos fala de<br />

sua leitura da obra de Zola. Muricy considerava O Germinal um livro tenebroso e<br />

grandioso, "a anunciação <strong>do</strong> evento collosal". A pregação revolucionária de Zola foi<br />

feita "num livro popular [O trabalho], n'um romance comovente, evidencian<strong>do</strong>,<br />

mostran<strong>do</strong> as conseqüências fataes das idéas novas na pratica". Segun<strong>do</strong> Muricy,<br />

"quan<strong>do</strong> o leitor enterneci<strong>do</strong> termina a sua leitura [<strong>do</strong> Idilio] fica também a sonhar,<br />

167 ROCHA POMBO. A carne ... p. 28

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